quinta-feira, 30 de junho de 2016

Os perigos do conceito de identidade

Edgard Mortin, com quem concordo em vários pontos, inclusive neste, prega que devemos ser muito cuidadosos em relação ao conceito de identidade. E o maior perigo que vislumbre em relação a este conceito é o fato de aplica-lo do local para o global. A partir do momento que dou mais importância ao local, passo a olhar o mundo pela lente do meu umbigo, do meu banheiro, do meu quarto, da minha casa, no máximo, do meu quintal. Oras, se assim me vejo, não me importo nem com a rua, logo, como as pessoas que nela moram, que morrem de frio. Que olha o mundo a partir do conceito local de identidade não se reconhece como habitante da Terra. Ao passo que, se me identifico como cidadão do mundo, como alguém que é parte da Terra, passo a entender os problemas do mundo, do todo. Aí entendo que não posso ser plenamente feliz em casa, quando alguém morre de frio na rua. Não posso considera uma “raça pura”. Se a Terra é a “nossa casa comum”, cuidar dela é nosso dever. Fica mais fácil entender os perigos que nos podem causar o conceito de identidade.


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quarta-feira, 29 de junho de 2016

A luta dos Kokama transformada em tese

Participei ontem, às 15h, da Comissão Julgadora da Tese de Doutorado em Antropologia Social “A luta pelo Reconhecimento Étnico dos Kokama na Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru”, de José Maria Trajano Vieira. A tese foi defendida na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), na Sala II de defesa de teses, e promoveu a doutor o professor José Trajano, do Instituto de Natureza e Cultura (INC) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em Benjamin Constant, na Tríplice Fronteira. Os questionamentos foram extremamente profundos e rigorosos. A luta dos Kokama tem uma importância científica muito grande porque pode ser relacionada a muitos dos movimentos atuais digamos, de renascimento identitário. Na tese, ficam claros os confrontos internos e externos. São movimentos contraditórios que nos levam a refletir sobre o problema do conceito de identidade: se levado ao extremo, é capaz de provocar fissuras internas e ódios externos. Discutir o próprio conceito e a negação do mesmo por parte de muitos Kokama é algo que ainda precisa ser aprofundado.


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terça-feira, 28 de junho de 2016

O texto desnuda o autor

Caros leitores e leitoras! Há algo que precisamos estudar melhor em relação aos textos científicos: o tal distanciamento do objeto de pesquisa (que hoje denomino sujeito de pesquisa) não torna o trabalho objetivo de per si. E mais: muitas vezes, a objetividade e o distanciamento são usados como capas (protetoras) dos pesquisadores. No texto, no entanto, o autor se desnuda. Artifícios como o uso da primeira pessoa do plural ou da voz passiva não escondem quem é o autor e o que ele faz no texto. Devemos perseguir um texto científico mais objetivo no sentido do foco, de um começo, meio e fim. Que consiga ajudar o leitor e a leitora a entender o que queremos dizer. É preciso que não tenhamos medo de nos desnudar. No texto, estamos nus. Entregues a quem o ler. E não se trata apenas do caso dos textos de Literatura. Qualquer texto, inclusive o científico, é a nossa história a respeito de como os dados colhidos em uma pesquisa são vistos por nós, os cientistas. Nossa alma está em qualquer texto. Não esqueçamos disto quando escrevermos!


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