sábado, 31 de agosto de 2013

Entradas rígidas, saídas flácidas: a esquizofrenia da medição

A Educação superior brasileira convive com um problema que considero gravíssimo e que afeta todo o sistema: o controle das entradas, principalmente nas universidades federais, é extremamente rígido, e, as saídas, no mais das vezes, gelatinosamente flácidas. Por princípio, considero que nem deveria haver processo seletivo nenhum nas "entradas" se as saídas fossem rigidamente controladas, não apenas na Educação superior, mas, em todos os níveis. Acontece que até as políticas públicas são baseadas nos números de egressos, ou seja, baseadas nas "saídas". Como não se aplicam a avaliação em nenhum dos níveis, o que se tem é um mero processo de medição cujo discurso é o da meritocracia. Mede-se muito, raramente se avalia. Ao longo da vida, o estudante é obrigado a se submeter a um sem número de testes e provas que, no ano seguinte, não valem nada. O acumulo de medições feitos nos dois níveis, Básico e Médio, é totalmente jogado fora na hora do antigo vestibular, hoje Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Vive-se uma espécie de esquizofrenia da medição. Ou se muda essa estrutura carcomida e se avança para um efetivo processo de avaliação ou teremos o brejo como destino.


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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Santos descobertos na saída do Campus

Ontem precisei sair mais tarde do Campus Universitário Arthur Virgílio Filho, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Isso por volta das 22h. Tive a nítida sensação de que o santo da entrada foi perfeitamente coberto, mas, o santo da saída ficou inteiramente nu. A vazão de carros nos horários de pico, como os da saída de estudantes e professores, é muito superior à capacidade de fluidez da nova saída da Ufam, sem o retorno à direita, formam-se engarrafamentos-monstro, como o que enfrentei ontem. Talvez o temporizador do semáforo que fica em frente ao Campus tivesse de ser reprogramado para, a partir das 21h30, segurar mais o fluxo de veículos, que é mínimo, de quem vem do Japiim no sentido Coroado, à Avenida Rodrigo Octávio, solucionasse o problema. Cabe à Prefeitura Municipal de Manaus (PMM), conjuntamente como a Prefeitura do Campus da Ufam (PCU) estudarem uma forma de melhorar o processo de saída nos horários de pico para evitar tais engarrafamentos.


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O peso da etimologia do servir bem

Se você entrar em um desses mecanismos de busca da Internet com a palavra "servidor", o primeiro link que aparece é o do Portal Oficial Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (www.servidor.gov.br). Na informática, a palavra carrega o significado de ser o local no qual se armazenam todas as informações e dados necessários ao pleno funcionamento de um sistema. A internet, por exemplo, nada mais é do que uma rede de servidores que se interconectam e se alimentam mutuamente para "bem servir" a cada um de nós quando estamos on lines. Em todos os sentidos, principalmente no que diz respeito às relações trabalhistas e à prestação de serviços, ser servidor vai muito além visão preconceituosa do "ser servil". Talvez servir bem seja mesmo sempre "ser servil", mas, não no sentido vil do servilismo aos superiores, aos chefes, aos gerentes. É ser educado, gentil, servir com urbanidade aos que nos procuram; É, acima de tudo, prestar informações qualificadas que tirem todas as dúvidas de quem nos procura. O servilismo presente na etimologia do bem servir ao público não se confunde com o aulicismo característico dos lambe-botas, esses sim, que jamais podem ser considerados servidores. Muito menos públicos. São, em essência, puxa-sacos por opção.

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OBS: Post do dia 29/08/2013

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A estrutura da Educação Superior Brasileira

Parece haver uma eterna e sempre mal-resolvida confusão sobre a estrutura da Educação Superior brasileira. Genericamente só se fala em Graduação e Pós-graduação, inclusive, com um problema de gênero que, ao que se sabe, nem causa mais estranhamento. Rigorosamente, não se pode falar em "a" graduação e "a" pós-graduação. Como graduação é um curso e pós-graduação um programa e, em Língua Portuguesa, o gênero da sigla deve ser de acordo com a primeira palavra, graduação e pós deveriam ser sempre no masculino. Afora esse problema de gênero, há outras denominações que, no mais das vezes, as pessoas não conhecem. Na estrutura atual da Educação superior brasileira, os cursos são de Bacharelados, Licenciaturas, Habilitações, e Cursos profissionais de curta, média e longa durações. À revelia, faculdades, centros acadêmicos e universidades acresceram às denominações das habilitações existentes um penduricalho "com ênfase em". Isso virou um "deus-nos-acuda" a ponto de ser quase impossível a um ser humano lembrar quantas são as habilitações existentes no País. Pula-se para o guarda-chuvas "pós-graduação", ou sejam, todos os cursos feitos após se obter o diploma de graduação, e se chega aos Pós de "Lato Senso" e "Stricto Senso". No Lato temos aperfeiçoamentos, especializações, e residenciais médicas. No âmbito das especializações ainda se tem o Master Business Administration (MBA) que, rigorosamente, só deveria ser aplicado aos cursos de especialização em Administração. No Brasil, porém, se faz MBA de tudo. Avança-se para o nível Stricto Senso e temos os mestrados, que podem ser acadêmicos ou profissionalizantes e os doutorados. O que fugi disso é invenção da nossa prodigiosa mente humana.


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As atividades diferenciadas não podem ser negadas

Não se pode negar que os pilares da Administração, desde o tempo que esta, digamos, área das Ciências Sociais Aplicadas surgiu, são planejamento, organização (estrutura), direção e controle. Às dimensões se deve acrescentar uma frase essencial para o entendimento de o quê trata a Administração:"das atividades diferenciadas pela divisão do trabalho". O princípio constitucional de que todos somos iguais perante a lei, nem de longe, deve ser trazido para a discussão em se tratando de administrar uma organização, pois o processo é baseado exatamente nas "atividades diferenciadas pela divisão do trabalho." É preciso, portanto, não confundir democracia com demagogia: na hora de votar, por exemplo, todos somos iguais e assim devemos sê-los sempre. Na hora de exercer nossas atividades, temos diferenças abissais. Não fosse assim, em uma universidade, por exemplo, à falta de professores, Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) e até estudantes estariam habilitados, normalmente, a ministrar aulas. Há professores e professoras que trabalham mais que os outros? Não duvidemos! Entre os TAEs existe o mesmo problema? Também! Assim como entre os estudantes, uns se dedicam mais que os outros. Educar é um processo que pela sua própria complexidade, até os mais iguais são diferentes. O maior desafio, portanto, em uma Organização de Educação, é respeitar as diferenças. E não eliminá-las. Pensemos nisso juntos!

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OBS: Post do dia 27/08/2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Administração é mais cultura que controle

A propor a analogia com os Deuses gregos para indicar caminhos para a Administração, no livro "Deuses da Administração", Charles Handy, deixa de lado os quatro elementos considerados básicos: planejamento, organização, direção e controle para apontar um elemento fundamental na definição de Administração:"administração não é uma ciência exata, mas antes um processo criativo e político que deve muito à cultura e à tradição prevalecentes naquele lugar e naquele momento". Trazer para a Administração este olhar de "processo" é essencial quebrar essa visão quase fundamentalista de que administração é pura e simplesmente controle. Administrar é, antes de tudo, construir coletivamente projetos e metas baseados na cultura da organização. Mais do que inovações que, às vezes, se tornam moda, como a "Administração por projetos", defendo que se deve ter a perspectiva do olhar da "Administração por contratos". E esses contratos devem ser renovados permanentemente porque se tratam de contratos sociais. Porque defendo que devem ser permanentemente renegociados? Porque, como defende Handy, todos esses contratos sociais devem ser sempre baseados na "cultura e na tradição prevalecentes naquele lugar e naquele momento". Ao reconhecer a complexidade existente no ato de administrar, quem o faz tem mais chances de acertar do que de errar. Ou, pelo menos, de reconhecer os demais seres envolvidos no processo.


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domingo, 25 de agosto de 2013

A vaidade pode destruir uma organização

Um dos maiores incêndios que se deve apagar ao se assumir a gestão de qualquer organização é a "fogueira das vaidades". Em quaisquer dos segmentos, a vaidade pode destruir completamente o tecido que sustenta qualquer empresa, de qualquer setor: as relações. E quanto mais tensa são as relações, mais a organização tende a fenecer. E, se, aparentemente, os prédios e muros não parecer vergar, por dentro, a organização fica esfacelada. É mister que sejam encontrados caminhos para que as divergências transformem-se em combustível para o crescimento da organização. Em assim não sendo, mais que a produtividade, a motivação termina por ser afetada. Aceitar as diferenças como fator intrínseco ao ser humano talvez seja o caminho mais seguro para se amainar o oxigênio da discórdia quando esse se torna mais importante que as metas da própria organização. Enquanto se apaga o fogo das vaidades é essencial que a chama da humildade seja acesa. A sociedade ganha com o crescimento sadio das organizações, quer públicas, quer privadas.


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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Horário de trabalho ou metas: o que cumprir?

Particularmente, há muito não creio que o controle puro e simples do horário de trabalho dos hoje "colaboradores" pouco influencia no alcance das metas de uma organização. E, se essa organização for pública e de Educação, como é o caso de uma universidade, mais ainda. Sou daqueles que defende o processo de esclarecimento para o exercício pleno da cidadania. Algo que se baseasse nos princípios montessourianos de liberdade, responsabilidade e cidadania. Sonho com o tempo em que não se precisará nem ameaçar professores e professoras para que cumpram a obrigação de lançar as notas dos estudantes no prazo estabelecido pelo Calendário Acadêmico, nem controlar os horários das entradas e saídas dos servidores e dos estudantes. Todos, conscientemente, cumpririam suas obrigações e exigiriam seus direitos nas mesmas proporções. Infelizmente, não vivemos no Mundo de Alice e, também infelizmente, há pessoas que só cumprem os deveres se forem cobradas. Por convicção, prefiro as decisões negociadas. Baseadas em um acordo para o cumprimento diário de metas, também negociadas, estabelecidas pelo grupo. É menos opressor e funciona mais coletivamente. O controle, por outro lado, também não é mais opressivamente exercido por uma única pessoa, o chefe, mas, pelo conjunto de pessoas da organização responsável por cada um dos setores, de acordo com as metas da organização. Dá mais trabalho, é um processo lento e longo de convencimento, mas, ao final, quando se consegue trabalhar efetivamente em equipe, com o controle feito pela própria equipe, o trabalho se torna mais agradável.


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O horário de trabalho no serviço público

Tem todas as características de piada, mas, me foi contado com um tom de seriedade que até eu me assustei. Um amigo aproximou-se de mim ontem e comentou:"Gilson, tu sabias que o Atlas começou a perseguir todo mundo lá na Prefeitura do Campus?". "Não, o que foi que ele fez?", perguntei. E ele:"Rapaz, ele passou a cobrar o cumprimento do horário de trabalho de todo mundo. Até aqueles que faltam apenas dois anos para se aposentar são chamados a cumprir o horário". O Atlas ao qual se referiu o colega é Atlas Augusto Bacellar, engenheiro e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), atual prefeito do Campus Universitário da Ufam. Nada mais precisaria ser dito e soaria até como piada se não fosse trágica esta visão, quase cultural, de que "funcionário público" não deve cumprir horário. Quando o povo vai às ruas para cobrar dos políticos transparência no uso dos recursos públicos, não cumprir o horário de trabalho não seria uma forma de mal uso do dinheiro público? É importante refletirmos sobre o assunto e, juntos, concluirmos que não se trata de perseguição, mas, da exigência do cumprimento de uma obrigação.

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OBS: Post do dia 22/08/2013

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A metáfora de Adão e Eva no processo educacional

Todas as vezes que vou discutir a modalidade de Educação a Distância com outros colegas professores recebo sempre a mesma pergunta:"Mas como vou controlar o aluno?" De onde vem essa compulsão pelo controle na história da humanidade, mais ainda, na Educação? Talvez seja uma herança de Deus, registrada na metáfora de Adão e Eva e a criação do mundo. Será que a sociedade nos controla tanto para não cometermos repetidas vezes, em público, o pecado original? Dizer que o ser humano precisa ser controlado e assumir como traço cultural indelével que não se pode juntar um homem e uma mulher no paraíso que eles sempre desejarão "comer a maçã". É como se a humanidade trouxesse da passagem bíblica toda a sua gênese comportamental. Talvez por isso, contraditoriamente ao que prega a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a "educação para a liberdade" seja letra morta. Somos gestados em uma "clausura operacional" chamada útero. Quando de lá saímos ou somo arrancados à fórceps, caímos em uma prisão domiciliar chamada família. Nela, somos formatados na Igreja e na Escola, mecanismos nada sutis de controle social. No mais das vezes, nosso maior grito de liberdade é casamento ou a vida a dois. Educação, portanto, não passa de um mecanismo de controle, travestido de processo educacional, cujo objetivo é enquadrar os indivíduos aos usos e costumes vigentes. Quem for livre que escolha a forma mais sutil de ser controlado sob a égide do livre arbítrio, remanescente do pecado original de Adão e Eva.

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OBS: Post do dia 21/08/2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Diplomas vendidos em universidades do Rio

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro concluiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou as universidades particulares estabelecidas no Estado e chegou a uma conclusão que deveria acender a luz vermelha em todas as demais instituições de Educação Superior do País: havia um núcleo terceirizado que vendia diplomas por meio da modalidade de Educação a Distância. A fraude e a venda de diplomas, inclusive em cursos de graduação e pós-graduação, não é algo raro. Todas as universidades brasileiras deveriam refinar, com urgência, seus mecanismos internos de controle para evitar que diplomas, quaisquer que sejam os graus, obtidos nessas biroscas, sejam "esquentados" nos seus cursos. A ideia de que documentos autenticados garantem que não sejam falsos caiu por terra com as descobertas da CPI do Rio de Janeiro. Quantos diplomas falsos ou comprados circulam pelo sistema educacional brasileiro? Depois da descoberta da CPI do Rio é difícil precisar. O mínimo que o Ministério da Educação (MEC) deveria fazer era determinar uma auditoria minuciosa nos diplomas emitidos pelas instituições que constam no relatório final da CPI do Rio. Caso contrário, restará sempre a suspeita de que o sistema inteiro foi contaminado.


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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dúvidas em torno de uma morte brutal

Para quem conheceu recentemente a estudante de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Renata Lobato, de 23 anos, receber a notícia da sua morte, na madrugada de domingo, por volta das 3h40, da madrugada, à Avenida Torquato Tapajós, foi um choque. Ver, hoje pela manhã, as imagens do carro dela, nos jornais locais de TV e impressos aumentou a minha sensação de impotência diante da morte e da vida. Quando a terra perde algum dos seus seres, lamenta-se profundamente. Ainda mais por se tratar da namorada de um amigo, filho de um mais amigo ainda, todos esses laços construídos desde a minha época de estudante de graduação da Ufam. Paulo Castro, pai do Victor Castro, que perdeu a namorada, foi meu colega de turma no curso de Comunicação Social, habilitação em jornalismo. Victor Castro, ao final de uma disciplina que havia concluído como estudante, promoveu uma confraternização na casa da sua mãe e foi lá que conheci Renata Lobato. Conversamos por algum momento e deu para perceber a importância dela na vida do Victor. A morte é brutal e incompreensível em todas as situações, embora seja a única certeza da vida. Mas, há uma dúvida que me atormenta: o que faria Renata estar a 120km/h a ponto de a imagem do carro já provocar a sensação de dor? Não se sabe, talvez nunca se saiba, uma vez que ela morreu. Lembrei-me, porém, que a pista, exatamente onde ela se tornou a segunda vítima em pouco tempo, é a descida de uma ladeira na qual, naturalmente, o veículo já "pega o embalo". E mais, o asfalto do local é de péssima qualidade, o que provoca dificuldades imensas de aderência, mesmo que o solo não esteja molhado. Qualquer que tenha sido o motivo da morte de Renata Lobato, o poder público não pode se furtar em realizar um estudo urgente naquele local e instalar algum tipo de redutor de velocidade, além de cuidar da qualidade do asfalto na pista para evitar novas mortes. O acidente com Renata não pode se transformar apenas em uma estatística. Há problemas na pista e isso deve ser estudado imediatamente.


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Não se faz justiça só em cumprir normas

Chego a me tremer de medo quando encontro colegas professores e professoras que se arvoram em ser os bastiões da "correção" ou se nos apresentam como "cumpridores rigorosíssimos" das normas. No processo educacional, normais existem para fazer as organizações funcionarem fluentemente, no entanto, precisam ser interpretadas, não apenas cumpridas cegamente. Sob pena de se cometer injustiças. E quando toco neste tema lembro-me de uma dessas "piadas" que se recebe pela Internet, mas, que é lapidar para ilustrar a diferença quase sempre não muito óbvia entre o que e correto e o que é justo. Diz a "piada" que dois magistrados se encontram na porta de um motel. O primeiro deles saía do estabelecimento acompanhado da mulher do que entrava. Já o que entrava, estava acompanhado da mulher do que saía. Muito solícito e educado, o primeiro magistrado se dirigiu ao segundo e disse:"Vossa Excelência não considera que, uma vez que nos encontramos e já descobrimos as "fraquezas" um do outro, que o mais correto é cada um pegar sua mulher e seguirmos nosso caminhos?" O outro magistrado não se fez de rogado:"Excelência, poderia ser até o mais correto, porém, não seria o mais justo". Embora tenha sido recebido como piada, é um dos exemplos mais didático que já vi para fazer a diferença entre o correto e o justo. Qual papel devemos exercer em sala de aula? Vale uma reflexão mais profunda do que uma simples piada.

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OBS: Post do dia 18/08/2013

sábado, 17 de agosto de 2013

A estrutura que mata os gênios

Chavões como o de que o mundo é a melhor universidade e as ruas são suas salas de aula podem impressionar pela aparente profundidade. E, talvez, até o sejam mesmo. Discordo, porém, desta metáfora da sala de aula como lócus da aprendizagem. Ao contrário, há muito que a sala de aula é o pior ambiente para o desenvolvimento da aprendizagem e, mais ainda, da criatividade. A sala de aula tradicional, aliás, termina por se tornar uma espécie de "cemitério de gênios". Qualquer estudante que esteja acima da média da mediocridade pré-estabelecida pelos tradicionais "planos de aula" corre o risco de ser obrigado a se "mediocrizar" para não ser ridicularizado pelos próprios "professores". Quem já não ouviu do filho que a professora (ou o professor) "não gosta" dele? No geral, o que se ouve é que existem estudantes que "querem saber mais que os outros". Não se pode imaginar que estes estudantes são mais criativos e dominam melhor "os conteúdos", digamos, planejamos para aquela aula específica? A estrutura não estaria matando os gênios? Muito provavelmente sim. O modelo educacional aplicado no Brasil é inflexível, elege a sala de aula como o "centro do universo do saber" e castra que foge ao "modelo de estudante" preestabelecido nos gabinetes. É preciso repensar o que estamos a fazer no processo educacional brasileiro para, ao invés de formarmos, apenas formatarmos.


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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A injusta avaliação dos estudantes

Desde a época que participava das assembleias da entidade à qual sou filiado, quando ouço a fala longa e sem foco de alguns colegas professores e professoras, fico a rogar aos céus contritamente: "Tomara que não sejam assim em sala de aula". O mesmo acontece quando se tem de produzir e redigir alguma decisão (ou resolução) coletivamente. Em média, nas assembleias de professores (e professoras), bem como nos Conselhos superiores das universidades, gasta-se duas horas para cada parágrafo de cinco linhas. Isso numa avaliação das mais otimistas. Aí fico a me perguntar, de novo:"Será que os meus colegas, professores e professoras, são tão compreensíveis aos avaliar os seus estudantes?" Ao que se sabe, as "provas de redação" são realizadas em tempo determinado, inclusive, com o número mínimo de linhas pré-determinado. Lá me surge a dúvida, de novo:"Se, coletivamente, somos tão maleáveis em relação ao tempo para se redigir um texto, qual o motivo de não sermos ao cobrar as redações dos nossos estudantes?" Penso que, para sermos justos, deveríamos usar os mesmo critérios de avaliação tanto entre nós quanto em relação aos estudantes. Em não sendo assim, o que se pratica é um processo injusto de medição que apenas recebe o nome de avaliação.


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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A S/A versus a sociedade nas universidades

Convivem hoje, nem sempre pacificamente, duas universidades no sistema brasileiro de Educação Superior: a que volta os olhos para a sociedade e a que se preocupa vorazmente com a Sociedade Anônima (S/A). A primeira é pública, financiada com recursos públicos e se preocupa em devolver em benefícios o que a sociedade nela investiu, nem sempre com números expressivos dos acertos. Do outro lado, fica a Universidade da Sociedade Anônima (S/A) que, invariavelmente, apresenta grandiosos números dos resultados obtidos, prêmios e premiações em concursos e bolsas, "financiadas com recursos das empresas parceiras", fazem questão de dizer os que dirigem essas ilhas ditas de excelência, como se negassem a importância dos recursos públicos. Nitidamente, há uma relação promíscua entre o público e o privado, patrocinada pelo próprio poder público, ao admitir a possibilidade de convivência entre o privado e público nesta "universidade híbrida" que começa a surgir. Quer saber como detectar um ser privado fincado em um ente público como uma universidade, por exemplo? Simples! Observe quantos desses projetos e produtos gerados beneficiam a própria comunidade universitária, melhoram seus processos, o atendimento e a relação com a comunidade em geral. Se os números forem próximo do empate, podemos admitir que exista a tal "parceria público-privada". Se, no entanto, a balança pender para o lado das chamadas "empresas parceiras", o que se tem, na prática, é a S/A dentro da universidade, nem sempre de forma anônima. Não sou contra as parcerias, mas, quando a relação é promíscua, o que se tem é o uso de recursos e espaços públicos travestidos de públicos, mas, na prática, totalmente particulares, a beneficiar as ditas "empresas parceiras". Essa é a forma que muitos encontram de usar políticas públicas criadas com o intuito inicial de reforçar o que é público, mas, que passam a beneficiar particulares.


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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mérito, competência e competição

Sejamos, todos nós, realistas: criamos um monstro e ele nos ameaça a saúde mental e a saúde física. Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, e mais acentuadamente nos dois governo de Luiz Inácio Lula da Silva e no Governo Dilma Rousseff, a meritocracia foi implantada. Muitos de nós mordemos a isca porque acreditamos que a meritocracia é um tipo de "valorização" do mérito, algo bem típico do modelo norte-americano. Meritocracia, no entanto, no jargão da administração de finanças, é uma forma de remuneração que leva em conta o "desempenho" dos funcionários. Com isso, o chamado tripé da universidade brasileira deixou de ser a tríade Pesquisa, Extensão e Ensino e passou a ser mérito, competência e competição. Porque há uma briga ferrenha entre pares para "criar" cursos de Pós-graduação Lato-sensu, sempre pagos, para engordar os rendimentos?. Ainda se pode somar a isso uma participação em um Parfor aqui, em um curso de EAD ali, ou em um Pibidi acolá! Na prática, o que se tem é uma remuneração diferenciada baseado em duvidosos critérios de escolha de quem são os "iluminados" a participar deste ou daquele programa. Passamos a valorizar mais a competição, quase insana, em detrimento da colaboração. Costumo dizer aos estudantes de Pós-graduação dos programas nos quais atuo como professor que um projeto de pesquisa é sempre uma obra coletiva, de cooperação intensa durante o período de realização. Entre nós, porém, a cooperação parece minguar a cada dia.


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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A avaliação é um contrato social

Assim como comentei neste espaço, dia 11 de agosto de 2013, que "A Capes não é nenhuma entidade do além", não tenho a menor dúvida de que avaliação é, acima de tudo, um contrato social estabelecido entre as partes. Além disso, trata-se de uma relação de poder que é tão simples e clara como água cristalina: quem pode decide os que vão poder e a forma como poderão. "Assim caminha a humanidade", como diria Lulu Santos, ou "quem não sabe brincar, não vem pro game", como pregam os mais jovens. Posso até não concordar com algumas das regras impostas pelos nossos pares por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e não concordo mesmo com muitas delas, mas, na função de Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) ou na função de Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Ufam os "documentos de área" são minha Bíblia. Ao aceitar o cargo de Pró-reitor ou de coordenador de Programa, aceitei "jogar o jogo". De acordo com as regras vigentes. Posso tentar mudá-las? Com toda a certeza. Mas, nas instâncias nas quais se pode fazê-lo. Há outro caminho? Sem dúvidas: todos os programas de Pós-graduação de todas as áreas poderiam, conjuntamente, decidir se insurgir contra a Capes e não mais seguir os ditames dela advindos (ou seja, dos nossos colegas de área). Implodiríamos o sistema, implantaríamos um caos total e cada universidade decidiria, da forma que bem entendesse, como tocar seus programas de Pós. Como fizemos a opção preferencial pelo sistema, e democrático, talvez o caminho mais sensato seja tentar "mudá-lo por dentro". Depurar um sistema de avaliação para torná-lo menos autoritário e mais justo não é tarefa menor. Quem topa?


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domingo, 11 de agosto de 2013

A sinuca-de-bico do Governo Federal

O Governo Federal, no caso específico, o Ministério da Educação, está diante de uma sinuca-de-bico da qual não sabe mais como sair. Pra ser mais exato, todos nós, do magistério superior, encostamos o Governo na parede e, agora, não sabemos mais sair da tal sinuca junto com ele (o Governo). Se não, vejamos. O nome "Concurso Público para a Carreira do Magistério Superior" deveria ser mudado para "Concurso Público para o topo da Carreira do Magistério Superior". Isso porque o sentido da palavra "carreira", que do ponto de vista do trabalhista é você entrar no primeiro nível e chegar ao topo paulatinamente já era. Como o Governo Federal não cede aumento salarial, o topo da carreira se transformou em uma forma de melhor remunerar os professores e professoras. Assim, na primeira pressão sindical, o Governo criou a categoria de professor Associado, que era o topo da carreira. Antes, de fora da carreira e só se chegava a ela por concurso, quando uma vaga era aberta pela morte de um colega, a classe de Titular passou a fazer parte da "carreira". Assim, ao longo do tempo, todos serão professores e professoras titulares, no topo da carreira. Quando isso acontecer, o Governo terá uma bomba nas mãos, que tenderá a explodir, como já ocorre com a Previdência Social. Ao se atrelar o sistema de remuneração ao de avaliação, sem que haja uma trava para se chegar ao topo, a sinuca está posta. Haja habilidade para se sair dela!


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A Capes não é uma entidade do além

Para início de conversa, a Capes não é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior como já ouvi e li, inúmeras vezes Brasil afora. Capes é a sigla para Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Feitos os devidos esclarecimentos, ainda assim, é curioso ver (e ler) colegas, professores e professoras, a se referir à Capes como se fosse uma entidade do além. Também recuso-me a falar da Capes como uma entidade abstrata criada, por algum iluminado de Brasília: a Capes é um turbilhão de normas nascidas do nosso seio, principalmente daqueles que sempre tiveram acesso ao poder e dele fazem uso de acordo com as regras criadas pelos próprios "empoderados". A Capes, ao contrário do que muita gente tenta fazer crer, segue, rigorosamente, os manuais da "boa democracia representativa". Suas decisões são tomadas em Comitês, por área, com a indicação dos membros desses comitês feitas por entidades representativas em cada área. Para o bem ou para o mal, o que a Capes fizer, não é obra, volto a dizer, de nenhum iluminado de Brasília. O que acontece, no mais das vezes, é que nossos colegas, professores e professoras, invariavelmente criam regras e critérios de avaliação impossíveis de serem cumpridos. E quando uma turma de, aí sim, iluminados, se junta e resolve ser mais real que o rei, a D. Capes termina por pagar o pato em nome deles ou por eles.

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OBS: Post do dia 10/08/2013

sábado, 10 de agosto de 2013

IDH não rima com reeleição

Ontem, ao final da noite, ouvi em um programa de rádio, dessas que transmitem nacionalmente, um entrevistado (cujo nome não consegui identificar), a comentar uma pesquisa que considero das mais relevantes e tentarei descobri quem a fez. O que os pesquisadores fizeram: Cruzaram os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), uma cesta de indicadores que levam em conta, principalmente, Educação, Saúde e Geração de Renda, e cruzaram com o resultado das últimas eleições. O que descobriram? Bingo! Nos 100 municípios com melhores IDHs os prefeitos não foram reeleitos. Este cruzamento talvez explique o porquê de os políticos em geral, embora façam sempre discursos e proselitismos favoráveis aos investimentos em Educação, na prática, não o fazem nem com reza. Simples assim, como a pesquisa revela: nos municípios com maior IDH os eleitores se tornam mais exigentes. Embora os prefeitos, ao que indicam os próprios IDHs, tenham investido em Educação, Saúde e Geração de Renda, não foi o suficiente para lhes garantir a reeleição. Penso que merece uma reflexão de todos nós!

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OBS: Post do dia 09/08/2013

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Enem não é o vilão da Educação no Amazonas

Transformar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no vilão da Educação do Amazonas é de um simplismo de estarrecer. Há, no Enem, um problema filosófico de origem: querer que o Brasil seja um País com um único padrão de ensino. O Enem talvez seja o vilão não pelo que apontam, o fato de deixar estudantes de Manaus e do Amazonas fora da Ufam, mas por deixar completamente nus o Estado e o Município. O Exame revela a fragilidade da Educação nos níveis estadual e municipal e deveria servir para que nós, os amazônidas, cobrássemos medidas sérias e investimentos efetivos na melhoria da qualidade da Educação nos dois níveis. Ao invés disso, buscamos a solução mais simplista e mais populista: querer acabar com o Enem e com o Sistema de Seleção Unificada (SiSu). Inicialmente fui completamente contra o Enem pelo seu caráter de padronizar a Educação de Norte a Sul, de Leste a Oeste. O Exame merece loas, porém, por desnudar a péssima administração do dinheiro público da Educação nos níveis Estadual e Municipal. A invés da voraz luta para que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) deixe de usar o Enem como um dos seus critérios de entrada de estudantes, todos nós, numa só voz, deveríamos cobrar uma Educação de qualidade nos níveis estaduais e municipais. É o mínimo que devemos fazer!



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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A economia de água e energia como um processo

Sou de uma família humildemente pobre do interior do Acre, mais precisamente Sena Madureira, localizada a 144 km da capital, Rio Branco. Em nossa casa, desde muito cedo, aprendemos a economizar energia elétrica, não porque é chique ser "politicamente correto" e respeitar o ambiente. Por necessidade, éramos obrigados a deslizar as lâmpadas sempre que deixávamos o ambiente e a retirar das tomadas cada um dos aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos (raríssimo em função das condições financeiras). Os mesmos hábitos eram seguidos com relação ao consumo de água: nenhuma torneira poderia ficar "pingando". As mangueiras e tubos jamais poderiam ter um vazamento sequer. E para não dizer que não falei de banheiros, lá venho eu com o assunto novamente. Dói meu coração entrar em alguns dos banheiros da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e ouvir o barulho da água a vazar intermitentemente. Tanto por defeito nos equipamentos quanto por seus "usuários" esquecerem as torneiras entreabertas. Sigmund Freud deve se remoer no túmulo e me acusar de ter alguma "fixação da primeira infância", mas, não deixo uma dessas torneiras abertas quando se trata do último caso. Quanto não se economizaria de água se cada um de nós tivesse a mesma atitude, não por uma necessidade, como era o meu caso na infância, mas, hoje, pela tão propalada consciência ecológica? Aliás, será que temos mesmo "toda essa consciência ecológica" ou tudo não passe de uma incomensurável balela? Da mesma forma, quanto não seria economizado de energia se as lâmpadas fossem desligadas quando o ambiente (no caso, dos banheiros) não tivesse em uso? Precisamos sair do campo dos discursos e, efetivamente, praticar o que tanto defendemos dia após dia. Em assim não sendo, deixaremos a categoria dos ecologistas de carteirinha e passaremos a integrar a categoria dos ecologistas de mentirinha. Praticar em casa e no trabalho o que defendemos é um bom início.


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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Os banheiros e a falta de educação doméstica

Durante a última disputa para a Reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) li algumas aberrações e respondi poucas. Em uma delas, o professor criticava "o candidato" que entrou na sala dele para "discutir os banheiros da Ufam". A postagem do professor era soberba. Não pela qualidade do texto ou das argumentações. Mas, exatamente pela soberba demonstrada no modo de tratar o assunto. O tal professor encerrava a postagem elogiando os candidatos da última disputa por não tocarem no tema. Como se, com isso, o assunto saísse de pauta. Não saiu e, tomara, um dia saia! O candidato daquela época, abril de 2004, era eu. Nove anos depois, o assunto só morreu ou é motivo de galhofa na prepotência do professor. A manutenção dos banheiros da Ufam é um dos maiores problemas enfrentados pela Prefeitura do Campus (PC). E sabem o porquê. Por que a comunidade (e não especificarei nenhum dos segmentos) os destrói em menos de 10 dias. Pasmem, leitores e leitoras! É exatamente o que leram: banheiros são recuperados e, em menos de 10 dias, novamente destruídos. E o soberbo professor sentia urticária quando se falava do assunto. Evidentemente que, embora sem citar nomes, o que o soberbo professor pretendia era me ridicularizar por, tanto à época quanto hoje, usar a metáfora dos banheiros para apontá-los como um indicador forte da "nossa falência coletiva" como locus da Educação. Milhões e milhões de recursos públicos descem pelos ralos das universidades em função da manutenção permanente de um espaço do qual os membros da comunidade surrupiam do papel higiênico à tampa do vaso sanitário. Nas duas consultas das quais participei, ressaltava a minha decepção de ter de discutir banheiros no lugar de grandes temas da Educação. Ainda fico extremamente incomodado em ter de trazer este tema de volta. Mas, algo precisa ser feito. Não podemos desperdiçar tanto recurso público com um assunto que depende de educação doméstica básica. Se na universidade ainda temos de enfrentá-lo, paciência. É o ônus resultante da nossa estreita visão de Educação e suas divisões em níveis.


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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A Educação que é quase superior

Entre nós, os professores e professoras das universidades brasileiras, há os que enchem a boca e estufam o peito para dizer que "trabalham na Educação Superior". Parecem esquecer que este "superior" não se relaciona com o fato de sermos "melhores" que ninguém. Estamos, apenas, no topo, ou seja, em cima, na cadeia de importância que a sociedade dá à Educação. A nomenclatura que nos empurra a nos sentirmos "melhores", no entanto, é baseada em uma perspectiva do olhar extremamente hierarquizada. E, talvez, por estarmos aqui no topo (poderia dizer lá no topo, se eu estivesse, digamos, na base da pirâmide educacional), esquecemos que, em se tratando de uma pirâmide (lá vem de novo essa tal de perspectiva do olhar) a base não apenas sustenta, mas também, alimenta o topo. A primeira "revolução" na Educação brasileira é mudarmos essa perspectiva do olhar de que somos o topo da pirâmide. E, ainda que sejamos, sem uma base sólida, o topo se esvai. Vira pó junto com a base. É como um prédio em demolição, quando as bananas de dinamite tiram a sustentação e tudo cai. Será que ainda não conseguimos perceber que "fazer a nossa parte" aqui em cima e não ligar para a base, é o que nos fragiliza? Nossa quase educação superior parece nos cegar. Somos partes de um todo que chama de Educação. O todo a nós pertence em todas as suas dimensões. Temos de agir lá na base para que haja, efetivamente, um "processo de educação" no País. Aqui, no andar superior, não é o céu. Que tal nos incluirmos no problema e começarmos a fazer algo para mudar a nossa própria perspectiva do olhar?


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As práticas individualistas nas universidades

Por mais que tenhamos discursos fervorosos em favor do coletivo, do trabalho em grupo, creio que pouco conseguimos efetivá-los. E isso se revela nos próprios exercícios em sala de aula, no ofício de professores. Não é de hoje que ouço de colegas professores e professoras que "não passam mais trabalhos em grupo porque poucos trabalham e muitos dividem a nota". É um tipo de argumento tosco, porém, posto em prática quase que diariamente. Fico a me perguntar? Como podemos falar em valores coletivos se incentivamos o individualismo exacerbado até nas práticas da sala de aula? Enquanto na "vida real" as empresas gastam fortunas em consultorias para que seus funcionários (hoje colaboradores) aprendam a trabalhar em grupo, nas escolas, principalmente nas universidades, os trabalhos em grupo perdem prestígio. Será que isso não é mais um sinal do nosso distanciamento da realidade? Mudar a Educação no País talvez comece pelo básico exercício de mudarmos nossas práticas na sala de aula. Afinal, se não conseguimos nem educar nossos estudantes para trabalharem em grupo e não praticarem o ato desonesto de não fazer nada e se escorar nos colegas; faremos mais o quê pelo futuro dessas gerações?

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OBS: Post do dia 04/08/2013

domingo, 4 de agosto de 2013

O bom atendimento não depende só de quem atende

Tenho instado todos os meu colegas do serviço público, aqui neste espaço, a atenderem sempre com presteza e educação todas as pessoas que procuram "uma repartição". Entendo que, como a sociedade é a nossa patroa, temos o dever de atender educadamente todos os que nos procuram. Como uma moeda, porém, tudo na vida, tem cara e coroa, ao mesmo tempo. Assim sendo, o bom atendimento não depende só de quem atende. É preciso que o atendido também se porte com urbanidade, educação e, principalmente, informação. Há pessoas que nos procuram, e tenho passado por isso, completamente "armadas", sem um pingo de educação doméstica, e sem saber o que querem. Busco paciência no fundo da alma para praticar sempre o que defendo aqui neste espaço. Mas, há situações que, por mais esforço que se faça, não se consegue soluções porque quem nos procura não sabe nem qual o problema. Tenho clareza que é necessário o mínimo de respeito tanto de um lado quanto do outro. Só assim se pode superar até situações de extremo potencial para tirar qualquer um do sério.Como foi o caso de um estudante da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que chegou quase no meio da manhã. Educadamente, pediu-me licença e perguntou se eu poderia fazer um favor para ele: verificar se ele estava matriculado na disciplina que eu ministrava. A pessoa chegar no meio da manhã, com a maior cara de sono e não saber nem em quais disciplinas se matriculou é para tirar do sério. Há muitas situações piores que essas. Você, usuário ou cliente, faça a sua parte para tornar o atendimento melhor em todos os níveis. A sociedade agradece!

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OBS: Post do dia 03/08/2013

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A falta da noção de pertencimento na Administração Pública

O individualismo, é talvez, o maior dos problemas quando se quer implementar algum tipo de projeto que tenha por base a "noção de pertencimento". A administração pública brasileira é tão compartimentada quão as "caixinhas" das disciplinas que constam na cruel e autoritária denominação:"grande curricular". Modernamente, as disciplinas, em separado, não conseguem mais dar conta de explicar "quem somos nós" neste universo da vida. Pensar que os estudantes, sozinhos, são capazes de fazer as interconexões entre os saberes contidos nas inúmeras disciplinas pelas quais passam é utopia. Por analogia, acontece ao mesmo no "serviço público". Historicamente acostumados a "lavar as mãos" como fizera Pilatos, somos levados a crer que basta "fazermos a nossa parte" que o todo ficará completo. Ledo engano! Como bem ressaltam todos os estudiosos dos sistemas, a soma das partes sempre será maior que o todo. Um serviço público de excelência só será oferecido com o nível que a população merece recebê-lo quando os administradores tiverem uma visão "maior que a soma das partes" e souberem conduzir a "costura" das interconexões. Caso contrário, cada um fará a sua parte como se "até aqui fosse comigo" e daqui em diante com o outro. Sem a noção de pertencimento e a noção do todo, partes podem ser postadas lado a lado, porém, sem nenhum nexo. É um desafio hercúleo conectá-las! Mas, vale a pena!


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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Público não é sinônimo de sem dono

O slogan "universidade pública, gratuita e de qualidade" é muito bonito como bordão dos movimentos sindicais, principalmente da categoria da qual faço parte, os professores e professoras das universidades brasileiras. Devemos, no entanto, inclusive nós e a sociedade, ter clareza de que ser pública, no caso da universidade, não significa que se trata de uma organização, sem dono. Ser servidor público é ter como patrão a sociedade. Logo, a sociedade também é a "dona" da universidade e seus professores, técnicos e estudantes, indiretamente, são acionistas, pois, pagam impostos, os quais, financiam as instituições públicas, inclusive, as universidades. Logo, ser pública, não significa, também, que seja gratuita. Há um custo, altíssimo, bancado pela própria sociedade. O uso do termo "gratuito" no bordão, quer significar "uma universidade na qual não se paga mensalidades". Em forma de impostos, porém, essa mensalidade é compulsória. Principalmente para os trabalhadores que sentem a "mordida do Leão" constantemente. Daí decorre a responsabilidade maior que se tem de ter em relação às universidades, principalmente por parte de nós, os professores e professoras. Trabalhamos nela e somos acionistas. Ou cuidamos de prestar um bom serviço, principalmente em sala de aula, mas também no atendimento, que deve ser sempre gentil, às pessoas. É o mínimo que se espera de um "dono" que trabalha na própria empresa e quer vê-la respeitada.


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As capitanias hereditárias do saber

A eterna confusão entre público e privado não é feita apenas entre os políticos. Nós, os professores e professoras das universidades brasileiras, não sei se por conveniência, também cometemos deslizes. E as suspeitas de que eles ocorrem se tornam mais evidentes quando, em algumas áreas, as vagas de professores parecem "passar" de pai para filho ao longo de inúmeras gerações. Não há pecado em o filho seguir a carreira do pai ou da mãe. Torna-se estranho, porém, quando determinadas áreas do conhecimento mais parecem capitanias hereditárias. Somos muito bons em criticar os políticos e os governantes pela práticas condenáveis no trato com a "coisa pública". Na prática, porém, ao que parece, não temos o mesmo comportamento. Mais que ser honesto, um servidor público precisa "parecer honesto". O que isso significa? Que nossas práticas diárias devem estar acima de qualquer suspeita. Abrir flancos como a "ocupação das capitanias hereditárias do saber" por pessoas da mesma família nos fragiliza no papel que sempre exercemos de "farol do mundo". Talvez precisemos refletir melhor sobre a nossa prática de educadores dia após dia.

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OBS: Post do dia 31/07/2013