quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A S/A versus a sociedade nas universidades

Convivem hoje, nem sempre pacificamente, duas universidades no sistema brasileiro de Educação Superior: a que volta os olhos para a sociedade e a que se preocupa vorazmente com a Sociedade Anônima (S/A). A primeira é pública, financiada com recursos públicos e se preocupa em devolver em benefícios o que a sociedade nela investiu, nem sempre com números expressivos dos acertos. Do outro lado, fica a Universidade da Sociedade Anônima (S/A) que, invariavelmente, apresenta grandiosos números dos resultados obtidos, prêmios e premiações em concursos e bolsas, "financiadas com recursos das empresas parceiras", fazem questão de dizer os que dirigem essas ilhas ditas de excelência, como se negassem a importância dos recursos públicos. Nitidamente, há uma relação promíscua entre o público e o privado, patrocinada pelo próprio poder público, ao admitir a possibilidade de convivência entre o privado e público nesta "universidade híbrida" que começa a surgir. Quer saber como detectar um ser privado fincado em um ente público como uma universidade, por exemplo? Simples! Observe quantos desses projetos e produtos gerados beneficiam a própria comunidade universitária, melhoram seus processos, o atendimento e a relação com a comunidade em geral. Se os números forem próximo do empate, podemos admitir que exista a tal "parceria público-privada". Se, no entanto, a balança pender para o lado das chamadas "empresas parceiras", o que se tem, na prática, é a S/A dentro da universidade, nem sempre de forma anônima. Não sou contra as parcerias, mas, quando a relação é promíscua, o que se tem é o uso de recursos e espaços públicos travestidos de públicos, mas, na prática, totalmente particulares, a beneficiar as ditas "empresas parceiras". Essa é a forma que muitos encontram de usar políticas públicas criadas com o intuito inicial de reforçar o que é público, mas, que passam a beneficiar particulares.


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