terça-feira, 31 de maio de 2011

Integração sem combustível

Não é possível que a suspensão da circulação do ônibus que faz o transporte de passageiros dentro da Universidade Federa do Amazonas (Ufam) tenha sido por falta de combustível. O certo é que na tarde de ontem, dia 30 de maio de 2011, o “integração” deixou de circular. Não tenho registro na história da Ufam que isso tenha ocorrido a não ser nas graves, porém, não por falta de combustível. Estudantes, técnicos e professores recorreram às caronas para chegar ao setor Norte durante a tarde de ontem. Espera-se que o problema seja resolvido com urgência. Para hoje, só resta sugerir que se faça uma campanha da carona-amiga e que todas as pessoas, ao entrarem para o Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) ofereçam carona aos colegas que esteja nas paradas de ônibus. O episódio é, no mínimo, um desrespeito contra a comunidade universitária. Para não se dizer outra coisa.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Universidades brasileiras mobilizadas

Muito timidamente os técnicos das universidades brasileiras perceberam o estrago que o Projeto de Lei Complementa (PLP) 549, de autoria do líder do Governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O que o senador roraimense (que nunca foi nenhum exemplo de austeridade) quer é limitar os gastos com pessoal, nos próximos 10 anos em, no máximo, 2,5 % (dois e meio por cento) acima da variação do Produto Interno Bruto (PIB). Os sindicalistas acreditam que a proposta, se aprovada, determinará o fim de quaisquer possibilidades de negociações salariais. Entendem que se trata de uma espécie de “congelamento branco” dos salários dos servidores públicos federais pelos próximos 10 anos. Há indicativo de greve marcado para o dia 6 de junho. A tentativa dos técnico-administrativos é receber a adesão dos professores e fazer um movimento nacional em conjunto. Dia 3 de junho os professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) fazem uma Assembleia Geral e também começam a discutir os rumos das negociações. Tem cheiro de greve no ar.

domingo, 29 de maio de 2011

Marcha nacional pela liberdade

Tuiteiros do Brasil mobilizam-se para transformar o próximo dia 18 de junho no Dia Nacional pela Liberdade. A ideia surgiu depois do sucesso da Caminhada pela Liberdade, realizada em São Paulo ontem, dia 28 de maio de 2011. Em se tratando das universidades brasileiras e, levando-se em conta o tema que abordei ontem neste espaço sob o título “Templo dos reacionários”, nada mais atual do que mobilizar a comunidade universitária brasileira para uma marcha como essa. Mais do que na sociedade, a universidade deveria ser a vanguarda da liberdade. Há anos, porém, deu uma guinada rumo ao passado, ao velho, ao atraso. Como instituição, precisa ser mais ousada que a Igreja, por exemplo. Tem, urgentemente, de se libertar das amarras do método científico tradicional, cartesiano. Saiamos todos às ruas por uma universidade brasileira da complexidade e da liberdade. Quem de nós topa participar de uma caminhada dessas? Eu topo!

sábado, 28 de maio de 2011

Templo de reacionários

Causa-me espanto o rumo tomado pela universidade brasileira em geral, e pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em particular. Professores que em algum momento da vida pegaram no leme dos aviõezinhos da “esquadrilha da fumaça” hoje são combatentes, reacionários e perseguidores da garotada que fica ali pelos cantos a espantar o mosquito da dengue com um inofensivo fumacê. A questão das drogas lícitas e ilícitas, na universidade como na sociedade, é muito maior que perseguir usuários no ambiente de plena liberdade (pelo menos em tese) das universidades brasileiras. Deve ser discutida amplamente como uma questão de saúde pública e não como uma necessidade de repressão pura e simples. Talco Barla e gelo seco sempre fizeram parte das festas e baladas da classe média alta. É hipócrita a criminalização das drogas no Brasil. Mais hipócrita ainda é trazer essa criminalização para o ambiente da universidade. Aos usuários a universidade deveria oferecer suporte psicológico, esclarecimento e tratamento amplo. Não conheço um programa de recuperação e tratamento dos viciados em álcool, por exemplo. Essa universidade careta e repressora que aí está não é a universidade dos meus sonhos. Não é o que eu quero deixar para os meus filhos e meus netos. Tenho 48 anos, pó, só uso nos pés, para proteger do chulé. Adoro estar nas nuvens, mas, quando viajo. Bebo cerveja, uísque, cachaça e vinho. Todas são drogas lícitas. Afora os corticóides e os demais tipos de drogas que os médicos me obrigam a engolir quando algum mal me aflige, as demais, não as consumo. Convivo com universitários (professores e estudantes) há anos. Nenhum deles me obrigou a usar qualquer tipo de droga. Não o faço porque não é o meu barato. Minha noia é a pesquisa, a indignação contra as mazelas sociais, o combate à PEDOFILIA e ao preconceito contra as minorias. Minha bandeira é a da liberdade. Inclusive para me prender. A ser preso todos nós aprendemos, quero ver é ensinarem alguém a ser plenamente livre até para dizer não às drogas.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Grafitagem na caxa d'água do ICHL

A caixa d’água do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) será marcada hoje, às 10h, pela grafitagem dos artistas Arab e Thaizs Isy, ao som do rapper Adriano Richards, no encerramento do Ciclo de Debates Comunicação no Espaço Urbano, promovido pelo Grupo de Pesquisa Mediação, coordenado pela professora doutora Mirna Feitoza Pereira. Grupo Mediação integra o Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Ufam. O tema da edição de hoje do Ciclo de Debates são “As expressões criativas da cidade”. A abertura será às 9h. Às 9h30, será apresentado o projeto de pesquisa “Grafite como linguagem da cidade: um estudo da comunicação a partir das interferências do espaço urbano na manifestação do grafite na cidade de Manaus”, pela estudante Ana Bárbara de Souza Teófilo (bolsista do PIBIC/UFAM, PAIC/Fapeam)”. A mediadora será a líder do Grupo de Pesquisa, professora Mirna Feitoza (UFAM).

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A moderna prisão chamada escola

Hoje, pela manhã, tive uma das piores sensações de toda a minha vida. Meu filho precisou sair da escola mais cedo por problemas de saúde. Para entrar na escola, o porteiro tirou um cadeado do portão e um ferrolho enorme foi deslocado. Ali, o barulho não tão intenso do ferrolho mais parecia daquelas celas mostradas nos cinemas. Eu, definitivamente, não entrava em um local de aprendizagem, um local prazeroso. Acabara de entrar em uma prisão. Pensei: Deus do céu, um ser humano demora 9 meses dentro de um útero, aprisionado, naquela escuridão sem fim; quando vê uma luz, se liberta, ou seja, nasce, não ganha o mundo. Precisamos aprender muito com os animais, cuja escola é a própria vida: nascem andando, se arrastando ou voando e ganham o mundo e, talvez por instinto, saibam quem é o pai ou a mãe. Eles não padecem de complexo de Édipo nem de Electra, são responsáveis pelos seus atos (e voos) e aprendem, com a vida, que se não forem hábeis, morrem. Subi a ladeira que separa a entrada da recepção. Foucault, Vigiar é punir! Olhei para os lados. Algumas crianças brincavam “presamente” às regras de socialização estabelecidas, certamente, pelos professores, pedagogos ou administradores escolares. Uma rajada sombria de vento bateu em meu rosto. O panótico foucaultiano brotara em minha frente naquele desenho em “u”. De repente uma voz: “o senhor já foi atendido?”. Era a “delicada” supervisora escolar que, nem sonha, tirou-me do transe foucaultiano. Ela foi à sala do administrador escolar, meu filho lá não estava. Passou por mim, pediu para eu esperar que “meu filho já tinha a autorização” e estava em sala de aula. Ele desceu, tirou da mochila um formulário que o autorizava a sair antes do horário estabelecido. O porteiro recebeu o documento, olhou e abriu novamente o cadeado. Cruzamos o portão. Estávamos na rua! Respirei mais levemente. Não tenho dúvidas: a escola como lócus de aprendizagem deve ser urgentemente repensada: o ar da rua é muito melhor. O ópio do mundo talvez não seja a religião, mas, a educação. Definitivamente, essa história de educação libertadora é mera figura decorativa. A escola é “prendedora” por natureza. Só quem dela (e dos ensinamentos ali firmados) se libertar será capaz de viver e vivenciar os prazeres do mundo, da vida.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O espaço sagrado da universidade

Uma coisa me chamou a atenção no acidente envolvendo três veículos, ontem, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam): há uma aura de sagrado naquele espaço, só profanado quando se ousa pronunciar a palavra PEDOFILIA. Enquanto fotografava os veículos envolvidos no acidente, percebi que vários telefonemas foram dados para “amigos dentro do Detran” na tentativa de levar a Perícia Técnica ao local. Pelo menos até às 13h de ontem, todas fracassadas. As respostas eram sempre as mesmas: só entrariam na Ufam com autorização da reitoria. Não sei se porque nenhum dos carros portava o adesivo “TODOS CONTRA A PEDOFILIA” ou não havia nenhuma camiseta do movimento nos veículos ou nos corpos dos seus condutores e passageiros, mas, era claro o respeito do poder estatal ao espaço sagrado da liberdade. Não foi o que ocorreu nas eleições do ano passado, quando um estudante foi preso e professores perseguidos pela Polícia Federal, creio eu, sem a autorização da reitoria para que o espaço fosse profanado. Muito menos quando o irmão do atual governador agrediu-me, no dia 11 de maio de 2009. É um alento, porém, saber que a Ufam não virou “terra-de-ninguém”. Pelo menos em alguns casos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Indicativo de greve geral nas universidades

O Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas (Sinteam) promove, desde às 7h de hoje, no entrada da Universidade Federa do Amazonas (Ufam), ato público contra a MP520/2010, com paralisação geral. Trata-se, também, da campanha salarial 2011, com a Assembléia Geral a ser realizada quinta-feira, às 9h, no Hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), com indicativo de greve nacional para o dia 6 de junho de 2011. A MP 520/2010, articulada com a PLP 92/2007, autoriza a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, empresa pública de direito privado, que passaria a administrar os hospitais universitários de todo o País. Na prática, essa empresa levaria todos os bens materiais e os servidores, coisa que os sindicatos em todo o País lutarão com unhas e dentes para evitar. Afinal, trata-se de uma privatização branca da administração de todos os hospitais das universidades brasileiras. Na Ufam, houve passeata e mobilização, mas nem todos os setores aderiram à paralisação prevista. Afora um acidente violento envolvendo três carros, a manifestação, durante a manhã, ocorreu sem maiores problemas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A agonia da educação brasileira

A fala da professora Amanda Gurgel, em audiência pública sobre “o cenário atual da educação no Rio Grande do Norte” é um grito da educação brasileira. Demonstra um quadro de abandono e irresponsabilidade governamental que vai da Educação Básica à Educação Superior. Nos últimos anos, todos os governos focaram nos salários dos professores e na expansão dos prédios os problemas da Educação do País. Na Educação Superior, por exemplo, ampliou-se irresponsavelmente o número de vagas nas universidades federias, novos cursos e campi foram criados, no entanto, sem as mínimas condições de funcionamento. Sem verbas para custeio e manutenção, foram criados “puxadinhos” das universidades existentes, porém, sem laboratórios básicos para quaisquer atividades. Professores isolados, sem condições de trabalho, começam a pedir as contas, a deixar os locais de trabalho. Dignidade, condições de trabalho e respeito são fundamentais, em todos os níveis. Que o grito da professora Amanda Gurgel sirva de alerta também para os professores universitários que transformaram os Grupos de Pesquisa em fontes de captação individual de recursos e esqueceram que o todo da Educação Superior do País vive à míngua.

domingo, 22 de maio de 2011

Repensar escolhas

O sistema de votação direta para as reitorias das universidades brasileiras precisa ser repensado. Durante muitos anos foi a marca da resistência e da luta política por eleições diretas. Com o advento da democracia, o vício da política local (de cada lugar) foi empurrado para dentro da universidade brasileira. Conluios, acordos e troca de cargos passaram a fazer parte do dia-a-dia e são encarados com a maior naturalidade. Não posso admitir que, na universidade, as mesmas práticas políticas, ou até piores, sejam regra. É preciso repensar as escolhas. Como está, põe em risco a própria sobrevivência da universidade como locus do saber e da ousadia. Além da revolução didática que sempre preconizei, começo a entender que se precisa, também, de uma revolução administrativa, em acordo com a mudança no processo de ensino-aprendizagem. Da mesma forma, é necessário repensar o processo de escolhas dos dirigentes. Não defendo, de forma nenhuma, que deixe de ser democrático. No entanto, ou se pensa em uma solução radical, como o retorna das eleições diretas com voto universal ou haverá sempre acordos espúrios entre quem tem mais poder para decidir as consultas. E isso não é justo.

sábado, 21 de maio de 2011

Intelectuais em extinção

A definição de intelectual dada pelo o professor doutor Edgard Assis de Carvalho, titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenador do Núcleo de Estudos da Complexidade, na palestra “Edgar Morin e a construção do pensamento complexo”, ocorrida dia 17 de maio de 2011, às 18h, no auditório Rio Solimões, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) não me deixou nenhuma dúvida: intelectual é uma espécie em extinção. Disse ele que o intelectual ”é quem ousa transcender a fronteira disciplinar. Não se rege pela lógica da convenção”. Ora, na universidade brasileira, e não apenas na Ufam, vive-se sob a égide da ditadura da disciplina. A quase totalidade dos currículos é disciplinar e ainda atende pelo nome de “grade curricular”. Quer algo mais aprisionante que uma grade? O pensamento, na universidade brasileira, quiçá nas universidades distribuídas pelo Planeta, é cartesiano, hierárquico. Como conseqüência disso, a lógica administrativa e pedagógica da universidade é a convenção. Meu caro Edgard Assis de Carvalho, derrubar os muros disciplinares e das convenções é para poucos. Talvez por isso as gavetinhas das convenções disciplinares sejam abertas diariamente nas salas-de-aulas. Que Edgar Morin viva mais 90 anos e consiga se reproduzir em todas as namoradas que tem ao redor do planeta. Ou a espécie será extinta!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Penduricalhos acadêmicos

Sou autor de um deles, “Guia para a elaboração de trabalhos acadêmicos, dissertações e teses”, no entanto, o tempo e a experiência mostraram-me que esses “penduricalhos” acadêmicos destroem a criatividade e acostumam muito mal os estudantes de quaisquer dos níveis da Educação Superior brasileira. Ao que parece, estudantes e professores usam os manuais como muletas na formatação dos projetos, das dissertações e das teses. Com isso, eximem-se de discutir, além das questões metodológicas mais profundas, as próprias normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É como se forma e conteúdos não convergissem. Ora, sem discutir as normas e adaptá-las à realidade do conteúdo da dissertação ou tese, àquelas, ao invés de serem indicadores para a estruturação, transformam-se em prisão. E esse não é o sentido lato das normas. Elas servem apenas como indicadores de caminhos para a estrutura. A autonomia de conteúdo e forma dos trabalhos acadêmicos não pode deixar de ser do pesquisador. Tenho dito!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"O conhecimento é biodegradável"

Provocador, instigante e sedutor como o é o seu homônimo. Assim se mostrou o professor doutor Edgard Assis de Carvalho, titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenador do Núcleo de Estudos da Complexidade, na palestra “Edgar Morin e a construção do pensamento complexo”, ocorrida ontem, às 18h, no auditório Rio Solimões, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A palestra foi uma promoção do Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) da Ufam. Muito à vontade, após ter encerrado um ciclo de uma semana de trabalho com os estudantes de doutorado do referido programa da Ufam, Edgard, o Assis de Carvalho, e não o Morin; fez um resgate da vida do pensador que hoje tem 90 anos e 70 livros publicados. Revelou que Morin, baseado em Parmênides, defende que “o contrário de um erro pode ser um grande acerto”. Sobre os paradigmas, afirmou que são meras paisagens mentais, que separam a razão da emoção, a natureza do homem e assim por diante. Relativamente à cultura, Assis de Carvalho chamou a atenção para o fato de ser um “conceito-armadilha”, por ter pedido a força heurística e hoje se constituir em dualidades, em separações, por exemplo, entre cultura erudita e cultura popular; algo completamente equivocado, uma vez que as duas coisas, ao mesmo tempo, são cultura que, segundo ele, pode ser definida como “um acervo multimilenar criado por nós”. Por fim, Assis de Carvalho, definiu o intelectual em tempos de pensamento complexo: ”é quem ousa transcender a fronteira disciplinar. Não se rege pela lógica da convenção”. Algo que parece comprovar a afirmação feita inicialmente: “o conhecimento é biodegradável”.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Não à homofobia no lançamento do Projeto Mimo.com...

Só quando deixava a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por volta das 17h de ontem, me dei conta de que o dia 17 de maio era o “Dia Internacional de combate à homofobia”. Pensei: “realmente, o universo conspira”. Esse seria o mote da minha fala no lançamento do Projeto Mimo.com...Patrícia Sampaio, minha colega doutora, professora do Departamento de História da Ufam, que, ontem, desde às 19h30, no espaço Thiago de Melo, da Livraria Saraiva Manaura Shopping, dividiu comigo, com o professor Nélson Noronha, diretor do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), e com a professora do Departamento de Língua Portuguesa, Cássia Bezerra Nascimento, o prazer de uma palestra das mais profícuas que já participei: A nudez como expressão da liberdade na moda. O público em geral, estudantes de graduação e de pós-graduação, foram lembrados por mim que o dia 17 marca a luta contra a homofobia. Para que ficasse bem-claro que o próprio surgimento do Grupo de Pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (Mimo) no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é um grito de liberdade. É trazer para a universidade um tema considerado “menor”. É elevar a moda ao panteão dos “objetos de pesquisa” da academia. É gritar para o mundo que estudar moda é normal e comum aos seres humanos e não um campo destinado apenas aos homossexuais. Daí a felicidade de o Projeto Mimo.com... ter sido lançado exatamente no Dia Internacional de combate à homofobia. Instada a abordar o tema, a professora Patrícia Sampaio o fez com tamanha competência que comprovou a minha tese: “realmente, o universo conspira”. O projeto Mimo.com ocorrerá todos os meses com diálogos sobre Linguagens, Expressões Humanas, Mídia e Moda. Serão convidados importantes nomes do meio acadêmico para travar com a sociedade diálogos sobre algum tema intrigante que envolva a moda. É uma promoção do grupo de pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (MIMO) do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com a Livraria Saraiva MegaStore. O encontro de estréia, ontem, com a professora Patrícia Sampaio, foi marcado por um importante percurso sobre a história da nudez no mundo, no Brasil e no Amazonas. Conheça o Blog do Grupo de pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (MIMO) e veja mais detalhes do encontro de ontem.
Pensamento complexo
Hoje, às 18h, no auditório Rio Solimões, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o professor doutor Edgard Assis de Carvalho, fará a palestra “Edgar Morin e a construção do pensamento complexo”. O professor Edgard Assis de Carvalho é titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenador do Núcleo de Estudos da Complexidade. A palestra é uma promoção do Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) da Ufam.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lançamento do Projeto Mimo.com...

Acontece hoje, às 19h30, no espaço Thiago de Melo, da Livraria Saraiva Manaura Shopping, o lançamento do projeto Mimo.Com. O evento ocorrerá mensalmente e tem por objetivo realizar diálogos sobre Linguagens, Expressões Humanas, Mídia e Moda entre importantes nomes do meio acadêmico e a sociedade. Trata-se de uma promoção do grupo de pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (MIMO) do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com a Livraria Saraiva MegaStore. No encontro de estréia a conversa será com a professora doutora Patrícia Sampaio, do Departamento de História da Ufam. Ela abordará o tema: A nudez como expressão da liberdade na moda. O Grupo de pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (MIMO) surgiu da necessidade de um diálogo interdisciplinar das pesquisas em Artes, Comunicação, Cinema, Linguística, Literatura, Mídia e Moda, e é coordenado pelo professor doutor da Ufam Gilson Monteiro.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mantra da lucratividade

O mantra acadêmico da lucratividade não pode substituir a função precípua da universidade brasileira: formar cidadãos. Deve-se reconhecer o papel social que as particulares cumprem para a inclusão de pessoas neste País. Logo, tanto elas quanto as públicas fazem parte do sistema de Educação Superior do País e ponto final. No entanto, o lucro pelo lucro não pode ser o que move essas Instituições de Educação Superior (IES). Tá certo que essas IES, principalmente as que possuem fins lucrativos, precisam ampliar ainda mais a base de estudantes. Fazer isso sem levar em conta a função social, no entanto, pode ser um tiro no pé, sobretudo pela questão da empregabilidade: um centro universitário, faculdade ou universidade que não empregam seus egressos, fracassa. A questão da demanda não pode ser dissociada da formação de cidadãos dignos, éticos e felizes. Sem isso, o lucro esperado pode se transformar em prejuízos colossais.

domingo, 15 de maio de 2011

Vício do beletrismo

No livro Raízes do Brasil, escrito na década de 30, Sérgio Buarque de Holanda, já chamava a atenção para o que ele denominou “vício do bacharelismo”, cuja tendência é valorizar a personalidade individual. Holanda vislumbra, há tempos, a tendência da elite brasileira, e também da classe média, de supervalorizar os títulos acadêmicos. Com conseqüência disso, embora não tenha sido dito claramente por Holanda, pode-se inferir que a crença coletiva de que só existe vida se passar pela universidade é parte dessa supervalorização, do beletrismo. Esse tipo de postura coletiva empurra todos os jovens para a universidade, como se o “sucesso” só ocorresse para quem possui curso de graduação. Enquanto isso, no mundo real, do trabalho, sobram vagas, por exemplo, para padeiros, açougueiros, pintores e outras. Esse vício coletivo do bacharelismo termina por afetar a vida de muitas pessoas e de suas famílias. Há que se vencer essa barreira psicológica. Há vida fora dos muros das universidades. Vivê-la é fundamental.

sábado, 14 de maio de 2011

Preconceito linguístico

Foi muito bom ver, ontem, no Jornal Nacional, da poderosa Rede Globo, a discussão sobre o preconceito linguístico. É um imenso ganho que o Ministério da Educação (MEC) distribua livros que tratam a questão da Norma Culta do ponto de vista linguístico. Essa história de “certo” ou “errado” deve ser eliminada definitivamente do vocabulário e do imaginário do povo. Como defendem as autoras do livro, valem os conceitos de “adequado” e “inadequado”. Ninguém pode ser condenado a viver infeliz porque não sabe falar cultamente. Todo ser humano deve, sim, ter consciência do exercício da cidadania. E um deles, para quem quer prestar um concurso público, por exemplo, é o domínio da Norma Culta. No mais, excluir ou não uma pessoa de um grupo por não saber manejar a Norma Culta na fala é puro preconceito. Como tantos outros que predominam na sociedade.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ambiente de aprendizagem encantador

Ouço falar muito dos ambientes de aprendizagem. Estudo, pesquiso, tento me aprofundar no conhecimento sobre os “ambientes comunicacionais midiáticos”, porém, ainda não tinha me deparado pessoalmente com uma experiência de êxito. Há muito conheço a proposta pedagógica de Maria Montessori, cuja base é “liberdade e responsabilidade”. Inclusive, o pano de fundo da proposta do novo currículo do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é essa: liberdade para transitar pelas disciplinas da Ufam, módulos e submódulos do curso. Na prática, porém, a experiência para rumar para o fracasso. Uma das explicações para a pouca ousadia pedagógica nas universidades brasileiras é o caráter cartesiano do pensamento ocidental. Não fomos educados para ver (nem perceber) o todo. Para nós, a soma das partes é o todo e ponto final. Esse raciocínio nos leva a crer que basta dividir a aprendizagem em conteúdos, em gavetinhas, chamadas disciplinas; e trabalhá-las sem nenhum tipo de conexão e interrelação que, ao final de tudo; o processo de aprendizagem terá obtido êxito. Ledo engano. Em particular porque a visão predominante de quem assim pensa, não é processual. É uma convicção cartesiana de que a soma das partes é o todo. Sou convicto intelectualmente que a sala-de-aula tradicional é o pior ambiente de aprendizagem que existe até hoje, em todos os níveis da educação, no País e no mundo. Sei, também, que há propostas de romper com esse atraso centenário. E ontem, casualmente, deparei-me com uma experiência das mais emocionantes e instigantes: a Escola Mundo Infantil, em Jequié, na Bahia. Nela, as crianças não são divididas por séries. São “agrupadas” pela faixa etária e transitam em torno das habilidades que precisam desenvolver. A própria escola é um espaço, um ambiente, que proporciona experiências comunicacionais desafiantes, instigadoras. A professora Taína da Hora é uma das responsáveis pelas “agrupadas” 1 e 2. Ela explicou que lá as crianças experimentam sem receio do erro: “não ressaltamos o erro nem o acerto. A própria criança descobre, com os nossos materiais didáticos, por exemplo, que os cilindros se encaixam em buracos de determinados diâmetros correspondentes. Nós não ressaltamos se está certo ou errado. A criança descobre qual o encaixe perfeito”. É uma experiência instigante até para quem vê. No meu Facebook você pode ver as fotos da escala no www.facebook.com/GilsonMonteiro. e perceber a experiência. Transcrevê-la ficará longe do que lá ocorre.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Direitos e deveres no processo da aprendizagem

Sou entusiasta das “negociações” para a aprendizagem entre o educador e o estudante. No entanto, há limites! Por exemplo, atualmente, em quase todas as universidades brasileiras, nas avaliações internas, há um item: “o professor apresentou e discutiu com os estudantes o plano de curso?” Se não o fizer, o professor corre riscos de ser mal-avaliado. Não discordo de que exista, sempre, um processo de aproximação e negociação entre professores e estudantes. No entanto, tenho dúvidas se os estudantes já sabem o que precisam estudar, quais habilidades desenvolver e quais estratégias devem ser usadas para se chegar aos objetivos propostos. Pergunto: se os estudantes já sabem tudo isso, cabe a nós professores o quê? É bem-verdade que um estudante, com tempo disponível, talvez seja capaz de dominar determinados conteúdos (e habilidades) até muito mais que o próprio professor. No entanto, o que não pode é essa negociação inicial balizar e amarrar todo o processo de ensino aprendizagem como se fosse uma espécie de camisa-de-força. Na sociedade do conhecimento, aprisionar o processo em um “plano de curso” foge, inclusive, da visão em redes da nova ciência. É preciso, antes de tudo, equilíbrio. E entender que o conhecimento é dinâmico como o processo de aprendizagem. Sem levar em conta esses fatores, os instrumentos (como o é o Plano de Curso) irão sempre a reboque do processo. Sem esquecer que há direitos e deveres. E não há negociação dialógica em educação se os estudantes não lerem os textos propostos e nem os discutirem, em sala-de-aula. O que era pra ser processo transforma-se em monólogo. Em sendo assim, o Plano de Curso não passa de uma mera defesa para aqueles que não estudam, vão mal nas avaliações e, depois, pegam detalhes não cumpridos do Plano, talvez em função da própria falta de compromisso deles, para tentar desqualificar o professor.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dois anos de infeliz aniversário

Hoje a agressão que sofri dentro do auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O ato, de barbárie inigualável praticado em uma universidade brasileira, quiçá mundial, foi consumado pelo irmão do antigo vice-governador, hoje governador, Omar Aziz (antigo PMN, hoje PSD), Amin Abdel Aziz. Dois anos se passaram e nenhuma notícia de punição para o agressor, muito embora a denúncia tenha sido feita junto ao Ministério Público Federal (MPF), de minha parte, uma vez que também não se tem notícias de que a Administração Superior da Ufam tenha tomado qualquer medida contra o invasor e agressor. O silêncio sepulcral da Administração Superior da Ufam só foi rompido quando, no dia 15 de maio daquele ano, a Associação dos Docentes fez um movimento, no Hall do ICHL, com passeata até o prédio da Reitoria que, pressionada, divulgou uma nota oficial escondida nos classificados de um jornal de grande circulação da cidade. Mais nada. De lá para cá, o que mudou foi a condição do irmão do agressor, premiado com um mandato em eleição majoritária, coisa que nunca havia conseguido antes. Ao que tudo indica, pelo menos conseguiu autoridade suficiente para controlar o irmão destemperado, invasor e agressor. Institucionalmente, do lado da Ufam, até hoje não recebi um comunicado oficial sobre quais providências foram tomadas. Em outubro do ano passado provoquei a direção do ICHL, provocada novamente no dia 13 de abril deste ano com novo ofício. Até hoje, nenhuma resposta oficial, muito embora o professor Nélson Noronha tenha revelado ontem, em conversa informal, que as providências de encaminhar os ofícios à reitoria tenham sido tomadas todas as vezes que a direção da unidade fora provocada. Ontem encaminhei ofício diretamente à magnífica reitora da Instituição, Márcia Perales Mendes e Silva. Quero uma resposta oficial. Não aceito o silêncio institucional diante de um caso tão grave. Não é possível que a Ufam não tenha tomado nenhuma providência legal contra o invasor e agressor. Não interessa se é o irmão do governador do Estado. Isso não dá a ele o direito de invadir o espaço da sala-de-aula e agredir um professor. Lutar para que a justiça seja feita é defender a liberdade de cátedra. É defender a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o seu patrimônio físico, que não pode ser maculado por ninguém, e muito menos o seu patrimônio intelectual. Enquanto vida eu tiver, lutarei para que a justiça seja feita e a Ufam não permaneça de joelhos diante do poder do Estado. Calar, aceitar, se curvar é, moralmente, reconhecer que que qualquer outro irmão do governador invada a Ufam novamente e distribua socos e pontapés em outro professor, ou até em mim mesmo. Não calarei! Nenhum poder estabelecido é capaz de me intimidar. Vivemos em um Estado democrático de direito e o clima de terror e barbárie não se implantará no Amazonas nem em Manaus, muito embora eu seja obrigado a conviver com o medo desde aquele ataque. Convivo, também, com perda de 50% da audição e a necessidade de fazer uma cirurgia de tímpanoplastia. Nada disso me intimida. A Ufam tem de ser respeitada e não será invadida de novo. E a justiça será feita.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Falta ousadia

Romper com o cartesianismo predominante nas pesquisas das universidades brasileiras requer um grau de ousadia enorme dos estudantes e dos seus orientadores. Entre os nossos pares há sempre o argumento: como pensar em redes, em teia, se a universidade é cartesiana? Ora, que a universidade é uma estrutura hierárquica e cartesiana das mais tradicionais, isso não se pode negar. Talvez o seja até mais que o exército e a igreja. Um olhar nos trabalhos produzidos e na forma como as decisões são tomadas talvez confirme essa máxima. Se restarem dúvidas, basta entrar em uma “sala-de-aula”. Digo e repito em qualquer lugar que esteja, sem medo de errar: a sala-de-aula é o pior ambiente de aprendizagem que existe. E nas universidades isso é mais grave. Porque é a última ponta de um ciclo vicioso de práticas pedagógicas que tangenciam Comenius e, em alguns casos, não chegam nem a Santo Agostinho. Mais do que condições de trabalho e estruturais, falta ousadia científica e pedagógica. Como instituição, a universidade brasileira se transformou em mera escola técnica, cuja marca é o acanhamento. De tão acanhada, apequena-se e, como um caramujo, esconde-se em si mesma. Essa depressão organizacional contamina até os novos professores que já entram conformados com o “estágio probatório” que devem cumprir e se escondem em algum departamento acadêmico, receosos de questionar a própria estrutura de funcionamento do rinoceronte. “O parque dos dinossauros” nunca foi tão atual.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Professores e pesquisadores

Nas discussões sobre projetos de pesquisa e a pesquisa em si, não se pode deixar de lado uma questão: quem não sabe fazer projetos não pode (nem deveria aceitar) ser professor de Metodologia da Pesquisa. Muito menos de livros sobre o assunto. Sem entrar no mérito da questão sobre a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas apenas direcionando o olhar para a própria “logia” do método. Vou mais longe ainda: o fato de alguém obter o título de doutor não o credencia para ser professor de Metodologia da Pesquisa Científica. Trabalhar com projetos de pesquisa requer maturidade acadêmica e visão de mundo. Além disso, cada vez mais é preciso destruir a olhar hierárquico cartesiano e partir para uma nova forma de pensamento: em teia, em redes. Logo, é preciso reestruturar, inclusive, o próprio projeto de pesquisa. E quem não sabe construir nem o projeto tradicional, como pode se arvorar em orientar projetos com olhares avançados? Só há um caminho: a humildade. Em reconhecer que o conhecimento é dinâmico e precisa de um ciclo autopoético de renascimento constante. Vale para todas as áreas. Para a Metodologia também.

domingo, 8 de maio de 2011

A pesquisa posssível

A primeira distinção que costumo fazer para os estudantes de pós-graduação com os quais trabalho é entre “pesquisa ideal” e a “pesquisa possível”. A primeira brota dos livros, manuais e guias. Como é desenhada por centenas de autores, não passa de um sonho platônico, um “lugar das idéias”. Tirá-la do papel é tarefa hercúlea. Muito pouco provável, por exemplo, para um estudante de mestrado, cujo prazo para executá-la é de apenas dois anos. Por isso defendo que se faça a “pesquisa possível”. A ideal é para ser conhecida, estudada, porém, dificilmente executada. Projetar, portanto, uma pesquisa nos moldes defendidos pelos manuais de metodologia é um passo enorme para frustrações futuras. O desenho da pesquisa, portanto, seu planejamento, deve ser baseado na realidade empírica do pesquisador. É preciso avaliar todas as variáveis possíveis envolvidas no projeto (de pesquisa e de vida). Quem não tiver tempo para se dedicar às leituras, às reflexões e ao trabalho braçal de ir a campo, é sério candidato a se frustrar, frustrar seu orientador e o programa no qual desenvolve o trabalho. A “pesquisa possível”, portanto, cabe nos limites da própria capacidade do pesquisador. Pensar a pesquisa dentro desses limites diminui as possibilidades de frustrações futuras.

sábado, 7 de maio de 2011

Dificuldades entre os que pesquisam

A professora Ivani Fazenda, no capítulo “Dificuldades comuns entre os que pesquisam Educação”, no livro por ela organizado, “Metodologia da pesquisa educacional” cuja sexta edição, da Cortez, de São Paulo, é do ano 2000, aponta dois problemas fundamentais para a pesquisa: escrever bem e a expressão oral, ou seja, o que ela chama de “a escola do silêncio”. Para um livro cuja sexta edição é de 2000 e estamos em 2011, ou seja, 11 anos após a sexta edição, o texto nunca esteve tão atual. Isso significa, também, que durante esse intervalo de, no mínimo, 11 anos, nada foi feito para solucionar o problema. Ou, se foi feito, não teve efetividade. Num País cuja média dos cursos de Língua Portuguesa em quaisquer dos exames é 2 (dois), isso mesmo leitores e leitoras, no Brasil, a média dos cursos de Língua Portuguesa é 2 (dois); é possível solucionar o problema da escrita? Os projetos que chegam aos Programas de Pós-graduação revelam que, a continuar a mesma política, lá se vão mais 10 anos e nada será resolvido. E a expressão oral? Bem, está interligada à questão da escrita. A escola brasileira é mesmo do silêncio. Estudantes que se manifestam constantemente metem medo nos professores e professoras. E nos próprios colegas. Normalmente, nos ensinos básico e médio, são ridicularizados. Com isso, levados a se retraírem. Implantada a escola do silêncio, dificilmente se muda a realidade. Ainda assim, é preciso gritar para romper essa barreira. Gritemos juntos!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O problema do pesquisador

Ainda sobre a pesquisa científica, não se deve esquecer o ensinamento de Sérgio Luna: “a teoria é um recorte imperfeito da realidade”. Ora, se Luna estiver correto, e creio que está, todo produto resultado de um trabalho de pesquisa também será um recorte imperfeito da realidade. Portanto, teremos, em tese, um ciclo permanente de problemas que geram outros problemas, cuja dinâmica é infinita. Problema de pesquisa, nesse caso, é expressão imprópria. O que se tem, em verdade, é um “problema do pesquisador”. O tal “corte epistemológico” não passa de um “problema” pinçado da realidade empírica. O recorte é feito, portanto, com base nas crenças e convicções, inclusive teóricas, do pesquisador. Nessa tela mental do conhecimento, dividida em caixinhas, se o método for cartesiano, o resultado, no máximo, é uma nova caixinha. Na vida real, no entanto, o todo não é simplesmente a soma das partes. Entender isso e praticar, em pesquisa, é o grande desafio.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pesquisar o óbvio

Pior que pesquisar o óbvio é admitir isso na “Introdução” do projeto. Alguns “metodologistas” de plantão, aliás, inventaram uma novidade: a apresentação. Deus do céu! Quanta criatividade e falta de conhecimento. Livros e relatórios técnico-científicos necessitam de apresentação; teses e dissertações; não. Essas possuem única e exclusivamente “Introdução”, que, no Projeto de Pesquisa (por muitos denominado, equivocadamente, pré-projeto), o autor contextualiza o “problema de pesquisa”, conduz o leitor ao objeto de pesquisa, ao que você se propôs a pesquisar. Há outras aberrações como “construir o seu objeto de pesquisa”. Problemas de pesquisa são recortes imperfeitos da realidade empírica, logo, jamais são construídos. Existem, estão soltos pela vida, feito fantasmas a torturar os pesquisadores menos experientes e os candidatos a pesquisadores, assim como seus orientadores às vezes os torturam com baboseiras. Dentre elas, essas tais “construções do objeto”. Caminhos como esses levam a pesquisar o óbvio. Ou a se imaginar que o mundo será salvo pela sua pesquisa. Nem uma coisa, nem outra. Se problemas de pesquisa são recortes imperfeitos da realidade, a própria teoria também o é. Logo, a pesquisa científica ajuda a entender a realidade, não a desvendá-la. Nem por isso, se deve pesquisar só o que está ao alcance dos olhos. O desafio é tentar desvendar a realidade sabendo que entender parte dela já é um grande feito.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os estereótipos e pesquisa científica

Pré-conceitos e conceitos fazem parte da vida. Não deveriam ser surpresa na academia. Mas, ao criar o grupo de Pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (Mimo), no Programa de Pós-graduação em Sociedade de Cultura (PPGSCA) o fiz com duas intenções fundamentais: provocar a academia com um novo olhar sobre a moda e fomentar grupos de pesquisa especificamente no PPGSCA, pois, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), os programas multidisciplinares, como é o caso, não possuem grupos de pesquisa específicos. Imediatamente, a pergunta que não quer calar: “mas, professor Gilson Monteiro, o senhor pesquisando moda?” Não duvidem! Essa foi a pergunta de uma estudante. Dei uma gargalhara e provoquei de novo: “você não gostaria de refazer a pergunta? Mas, professor Gilson Monteiro, o senhor, um hetero, pesquisando moda?”. Nem precisa dizer que ela ficou completamente sem jeito. Certamente, tanto ela quanto grande parte das pessoas não sabe que o universo da moda, em tempos não muito idos, era dominado pelos homens. Um universo, aliás, de extremo machismo. Escrevo sobre comportamento e, especificamente sobre moda, há mais de 10 anos. Sou um dos pensadores brasileiros mais referenciados na área de moda. Sou citado ao lado de Roland Barthes, Umberto Eco, Jean Boudrillard, Michael Mafesoli, Nestor Garcia Canclini, Gilles Lipovetisky entre outros. E pesquisador com bolsa de Produtividade, Desenvolvimento Tecnológico e Extensão inovadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), nível 2. Pouco reconhecido entre os colegas e estudantes como pesquisador de moda, mas, reconhecido internacionalmente, apesar dos pré-conceitos. Bem, quem quiser conhecer o Mimo (http://mimoufam.blogspot.com/) saberá o trabalho de pesquisa que desenvolvemos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Pântano dos inócuos

Aos olhos de muitos, os pesquisadores das universidades brasileiras transformaram-se em especialistas no “marketing pessoal” e se esqueceram de produzir teses e hipóteses de qualidade. Não deixa de ter um cunho de verdade. Com a ditadura do Lattes, quem escreve menos de dois artigos por ano é, imediatamente, jogado no pântano dos inócuos. Nossa rebeldia diante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), às vezes, porém, nos torna tímidos na divulgação do que produzimos. Há, sem dúvidas, o tempero de desorganização; certamente provocado pela correria de tantas funções a exercer. Com isso, o que pode ser incluído no Deus da Academia, o Currículo Lattes, é deixado de lado. Há os mágicos, é bem-verdade, que replicam a produção e geram números individuais fantásticos. Com a produtividade dos Programas de Pós-graduação é medida pelo a distribuição da produção, pouco adianta que uma faça muito e os demais não façam nada. Fazer parte do Pântano dos Inócuos durante anos seguidos, porém, é nada admirável.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mimo.Com Patrícia Sampaio

SaraivaMegaStorne e o Grupo de Pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (Mimo), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) lançam, dia 17 de maio, o projeto Mimo.Com. A parceria entre a SaraivaMegaStore e o Mimo tem o objetivo de propocionar, todas as terceiras terças-feiras de cada mês, debates sobre o foco das pesquisas do grupo: linguagens, expressões humanas, mídia e moda. O encontro do dia 17 de maio, lançamento do Projeto, será com a professora doutora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Patrícia Sampaio, que abordará o tema: a nudez como expressão da liberdade na moda. O evento é promovido pelo grupo de pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (MIMO), do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com a Saraiva MegaStore.

domingo, 1 de maio de 2011

Autonomia e resultados

As universidades públicas brasileiras possuem ideias equivocadas a respeito do conceito de autonomia. A primeira delas relaciona-se aos aspectos legais. Com o argumento de que são autônomas, imaginam que podem descumprir a Constituição da República e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), por exemplo. É como se dentro das universidades não existisse nenhum limite legal. Em nome da autonomia, aberrações são cometidas pelos dirigentes, o que termina por enfraquecer a própria autonomia e obrigar o Ministério Público a intervir e praticamente se transformar em co-gestor. A segunda ideia equivocada, de novo relacionada à autonomia, é a de que não se deve prestar contas nem apresentar resultados. A ditadura da autonomia esconde o receio de essas Instituições de Educação Superior (IES) serem avaliadas. Por outro lado, o Governo Federal, via Ministério da Educação, mantenedor de todas as universidades públicas federais, não cobra resultado de forma mais incisiva porque, como mantenedor, não dá as condições mínimas necessárias para o funcionamento dessas universidades. A autonomia, da forma como é praticada, lança um manto de proteção sobre fatias incompetentes de um lado e do outro. A sociedade perde nesse jogo-de-empurra.