quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A aproximação dos três poderes nos municípios


Viajar pelas unidade do interior da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é uma das experiências mais valiosas. Tanto pela satisfação de ver o quanto os Campi da Ufam avançaram, quanto pela clareza com que se nos apresenta a necessidade de Município, Estado e Governo Federal (por meio da própria universidade) trabalharem efetivamente em políticas públicas que possam interferir diretamente na melhoria do padrão de vida das cidades do interior. Sem essa aproximação, fica quase impossível a própria universidade cumprir seu papel pela dificuldade de atrair e reter doutores, por exemplo, nos campi do interior. É evidente que um doutor não se fica em uma cidade do interior apenas pelos salários e pelas condições de pesquisa. Ainda que a universidade fosse capaz de dar todas as condições necessárias ao desenvolvimento de trabalhos de pesquisa de ponta, há um componente muito maior e mais complexo neste processo: ninguém fica por muito tempo em uma cidade que não possua uma boa rede de serviços, dentre eles os hospitalares e odontológicos, por exemplo. Como reter um intelectual ou um doutor, sem uma livraria, sem boas condições de acesso à Internet, sem uma vida cultural ativa, só para fica nestes exemplos? Ou seja, uma cidade que recebe um Campus de uma universidade tem uma responsabilidade imensa na "retenção" das pessoas que ali venham residir. Há casos que a infraestrutura da cidade é tão precária que falta até moradia para os professores e professores que decidem se fixar nas cidades com Campi das universidades. É essencial, portanto, que se pense globalmente o processo para, assim, os três poderes pensem, juntos, na solução que contribua com o crescimento dos Campi no interior. Sem isso, haverá sempre o risco de muitos chegarem e poucos permanecerem.

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A política da terra arrasada nas universidades


Em época de sucessão, como a que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) enfrenta agora, preocupam-me os discursos inflamados que incitam uma espécie de "política da terra arrasada". Embora, durante a eleição todos se comprometam em "não destruir a obra do outro", fora da universidade, essa é uma prática comum. E começa pela prática de mudar a marca, conforme comento hoje sobre o que ocorrer com a Prefeitura Municipal de Manaus (PMM). Como há uma tendência, na universidade brasileira, com o processo democrático de escolha, a se repetirem os mesmos equívocos da política em geral, fica sempre aquela dúvida de que a prática se repita. Tenho defendido neste espaço que, na universidade, o comportamento seja outro. Que a atuação seja pedagógica e não um mero espelho do que ocorre na sociedade. O que se espera, no caso das universidades, e deveria ocorrer o mesmo na política em geral, é que os acertos sejam refinados e aperfeiçoados e os erros de rota corrigidos. Não se pode mais admitir, na administração pública, essa prática nociva da "terra arrasada". Grande parte do atraso na política brasileira, por conseguinte, na administração pública, se deve a esse tipo de prática. No caso das universidades, hã que se ter clareza que mudanças mirabolantes são apenas promessas de campanha. Há uma política pública, inclusive para a contratação de pessoal, estabelecida pelo Governo Federal. Em grande parte dos casos, o administrador escolhido torna-se refém dessas políticas. De certa forma, isso terminada por conter os mais afoitos. Por outro lado, engessa as administrações superiores das universidades. Como na vida, na administração pública, nem tudo é completamente bom ou ruim. Todo cuidado é pouco, porém, para que não se deixe a prática da "terra arrasada" chegar às universidades brasileiras.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Primeiro debate acirra disputa pela reitoria da Ufam


Após o encerramento das inscrições, ocorrido no dia 22 de fevereiro de 2013, para a consulta à reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com vistas ao quadriênio 2013/2017, três chapas disputam o pleito: Márcia Pelares e Hedinaldo Narciso, 10, (Ufam sempre presente); Sylvio Puga e Waltair Machado,33, (Uma nova Ufam vai nascer) e Henrique Pereira e José Pio, 44, (Renova Ufam). A disputa propriamente dita começa hoje, às 16h, no Hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), com o primeiro debate, mediado pelo jornalista e apresentador, Cristóvão Nonato. Em seguida, na quarta-feira, haverá um debate em Itacoatiara e outro, na sexta-feira, em Parintins. O que se espera, acima de tudo, é uma disputa baseada em ideias e propostas e não em ataques pessoas ou picuinhas de corredores. A Ufam, que avençou muito tem termos de conquistas democráticas, é uma das poucas universidades públicas brasileiras nas quais a consulta é baseada no voto paritário, ou seja, cada categoria da comunidade representa 33,33% dos votos. Explicando de forma mais didática, isso significa que se todos os docentes votarem em uma das chapas, esta chapa teria, no máximo, 33,33% dos votos. O mesmo raciocínio vale para as demais categorias, ou seja, se todos os estudantes votassem em uma única chapa essa teria 33,33% dos votos, assim como, se os técnicos escolhessem só uma das chapas a escolha terminaria empatada. No cálculo da votação de cada chapa, portanto, 33,33 será o número básico para o cálculo do percentual de votos de cada chapa por categoria. E escolha do reitor (ou da reitora) que parecia um tanto quanto morna, certamente, torna-se mais acirrada a partir dos debates. Que a comunidade aproveite este momento para celebrar a disputa pública de ideias e propostas e não uma troca constante de acusações. E que a Ufam saia mais fortalecida desta disputa!

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Autorização para novos cursos de Direito será modificada


À semelhança do que fez com os curso de Medicina em todo o País, o Ministério da Educação (MEC) estuda modificar as regras para a autorização de novos cursos de Direito no Brasil. Na Medicina, ficou decidido que novos cursos só serão autorizados em cidades pré-definidas pelo MEC. As propostas serão apresentadas antes, concorrerão a editais nacionais e, só então, os de cursos serão minuciosamente avaliados e, autorizados ou não. Os cursos de Medicina só serão autorizados onde houver estrutura médica básica - hospitais e atendimentos de emergência - sem que haja médicos suficientes. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conjuntamente com o MEC, estudam limitar a abertura de cursos ao número de advogados existentes nas cidades ou regiões. Não demora, e MEC terá de usar critérios similares em outras profissões, uma vez que, em grande parte delas, o número de formados e muito maior que a capacidade de o mercado absolvê-los. Este, aliás, é um dos problemas que vejo na Educação a Distância (EAD) no Brasil. Turmas são formadas com mais de 300 estudantes. Muitos deles ficam pelo meio do caminho. Ainda assim, principalmente em cidades do interior, passa-se a ter um exército de graduados, ao mesmo tempo, desempregados. Tanto na área médica quanto na de advocacia, o que as entidades representativas de classe desejam é uma melhor distribuição dos profissionais pelas áreas carentes do País, para, assim, evitar o desemprego funcional. Esta parece ser, também, a meta do MEC. Em alguns casos, até fechar cursos seria melhor para manter os empregos e os salários em patamares aceitáveis. Essa espécie de planejamento estratégico das profissões já deveria ser encarado, no Brasil, como a máxima naturalidade. Como as áreas de Medicina e Direito começam a discutir o assunto, espera-se que não se torne traumático em outras áreas e profissões.

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A universidade e o modelo de financiamento


Mais dia, menos dia, a universidade brasileira terá de se confrontar com uma discussão da qual foge às léguas: o modelo de financiamento. Nitidamente, a Lei de Inovação Tecnológica e as parcerias público-privadas são formas de, digamos, flexibilizar o financiamento. Talvez, ainda que não se queira ver, já esteja em curso uma espécie de "modelo misto de financiamento". Aliás, quando foram abertas as porteiras para as ditas "fundações de apoio", o que se viu foi, ao invés de uma acirrada luta por melhores salários e verbas para manutenção e custeio, uma acomodação nos grandes projetos, pareceres e prestações de serviços. A última greve dos professores e professoras das universidades federais só aconteceu com a força e com a duração que ocorreu em função de uma única coisa: a expansão atabalhoada do sistema federal, com novos campi em quase todas as federais, porém, sem nenhum condição de trabalho e estrutural. A luta por melhores salários,a visão de carreira fora completamente enterrada com o modelo de "prestação de serviços". Os governos Estadual e Municipal, bem como as grandes empresas estatais, quando descobriram que as universidades eram o melhor caminho para obter "pareceres" com mais peso para aprovar grandes obras, passaram a usá-las. Não demorou, e o Tribunal de Contas da União (TCU) passou a descobrir, em várias dessas "fundações de apoio", verdadeiras lavanderias de dinheiro dos professores responsáveis por esses projetos, esses pareceres. Até os cursos de especialização se transformaram em caça-níqueis nas universidades públicas. Com o argumento de que deveriam equipar os laboratórios, obrigação constitucional do Governo Federal, cursos pagos passaram a ser oferecidos nas universidades públicas brasileiras. Questionado ferozmente por uns, elogiadíssimos por outros, principalmente os que da equipe faziam parte, esse cursos caíram em um limbo jurídico: até hoje a justiça brasileira não decidiu se são legais ou não. No limbo também ficou a discussão basilar: a do modelo e financiamento. Talvez porque, no limbo, os ganhos individuais (dos professores e professoras envolvidos nesses serviços) são muito maiores. Acontece que a sociedade não pode, não deve e, certamente, não aceitará, que a estrutura montada com recursos públicos seja permanentemente usada para atender interesses particulares. Este é o cerne da questão. E é sobre ele que a universidade não quer se debruçar e discutir. Mas, terá de fazê-lo. O dia D se aproxima!

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OBS: Post do dia 24/02/2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Estarrecedora manifestação de preconceito na UnB


Mais uma vez a universidade brasileira como um todo entra para as estatísticas de locus de um tipo de preconceito estarrecedor. Uma estudante da Universidade de Brasília (UnB), levou chutes e socos e foi chamada de "lésbica nojenta" no estacionamento do Instituto Central de Ciências (ICC) daquela universidade. O fato ocorreu segunda-feira, dia 18 de fevereiro, no Campus Darcy Ribeiro. Mais estarrecedor que a própria manifestação de preconceito do agressor é o surgimento (e crescimento) de uma leva de conservadores e reacionários, em todos os níveis, nas universidades. O espaço da troca de saberes e da liberdade, paulatinamente, é substituído pela troca de ofensas, socos e pontapés. O preconceito é uma das espécies de violência das mais graves por ser do tipo psicológica. Por afetar a convivência social. Por nos isolar a vítima no grupo e privá-la do convivência com seus pares. Não se pode admitir nem a violência psíquica, o que se dirá da violência física. De violência física dentro de uma universidade, aliás, entendo mais do que ninguém, neste País. Fui agredido em pleno auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL). Autoridades, ou pessoas ligadas ao poder, ainda mantém aquela ideia de que a universidade é uma mera extensão dos poderes do Estado e do Município. Por isso, comandam, em alguns casos, a violência psicológica (e até física). Quando essa violência, até física, parte de dentro da própria comunidade, contra minorias, é ainda mais grave e inaceitável. O número de casos e a constância com que se repetem indicam que o Ministério da Educação, certamente, será obrigado a intensificar, por meio de política públicas, o combate ao preconceito em todos os níveis.

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ações afirmativas e a reserva de mercado na Educação


Curiosamente, grande parte das pessoas que se manifesta peremptoriamente contra "a política de quotas" implementada por Lei nas universidades públicas federais, também faz parte do clube de pessoas que ataca frontalmente a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por ter aderido ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para ingresso dos estudantes nos seus cursos superiores. O raciocínio míope dessas pessoas que, em verdade, implementar uma espécie de "reserva de mercado" de todas as vagas da Ufam para quem estuda em Manaus. Levado ao extremo, por este raciocínio tosco, a Ufam deveria, na hora da matrícula, além dos critérios de seleção, verificar o local de nascimento do candidato: quem não tivesse nascido no Amazonas não poderia estudar. Trata-se do mais lacônico e absurdo tipo de raciocínio que se pode ter. O que teria sido de mim se o povo de São Paulo tivesse o mesmo tipo de lógica e me impedisse de cursar Mestrado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP) e o Doutorado na Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP)? Qual chances eu teria de prestar meus serviços à Ufam se, na hora do concurso público para ingresso como professor de carreira, fosse impedido por não ter nascido em Manaus, mas sim, em Sena Madureira, no Acre? Discutir o ingresso de estudantes baseado unicamente no local de nascimento é de uma estreiteza espantosa. Coisa de quem não tem um pingo de noção nem do que são as "política afirmativas". O governo federal as utiliza para corrigir problemas graves e pontuais. Ações afirmativas não podem ser permanentes. Ao decidir que 50% das vagas de todos os cursos da Ufam deveriam ser preenchidas por intermédio do Processo Seletivo Contínuo (PSC), o Conselho Universitário (Consuni) nem se deu conta de que aplicava uma política de "ações afirmativas" das maiores do País, muito antes da exigência da Lei. Destinar 50% das vagas para estudantes que cursaram todo o Ensino Médio na rede do Estado é proteger, com oportunidades iguais, os estudantes da rede pública e particular. Enquanto a política de ações afirmativas é inclusiva, a de reserva de mercado é eminentemente exclusiva. É criar uma barreira para troca de saberes e experiências entre pessoas que nasceram em locais completamente díspares. Enquanto a primeira visão tem o viés do acolhimento, da afetividade e da amorosidade, ou seja, do compromisso social; a segunda é excludente, patrimonialista e foca meramente nas profissões e nos locais de nascimento das pessoas. Portanto, não podem nem deve prosperar dentro de uma universidade pública, de qualidade e que tenha verdadeiramente um compromisso com a sociedade que a mantém.

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A implosão das capitanias hereditárias da Ufam


Não se precisaria ser nenhum gênio, mágico, xamã, feiticeiro ou qualquer outro tipo de "adivinhador" para se concluir que a decisão de aderir ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como parte do processo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), tomada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 2009, daria no que deu: no Sisu de 2013, nenhum amazonense foi aprovado nas 49 vagas destinadas ao Enem do curso de Medicina da Ufam. Em 2009, quando fui um dos candidatos à reitor da Ufam, perguntado, no debate realizado no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) se era favorável à adesão da Ufam ao Enem como forma de seleção os ingressantes, cantei a pedra. Disse que, embora ainda não tivesse àquela época, estudado a fundo o assunto, tinha convicção que, em uma concorrência contra estudantes de outros estados, os estudantes amazonenses teriam "chance zero" em função da "péssima qualidade do Ensino no Amazonas". Não tenho bola de cristal, porém, avalio que qualquer pessoa com o mínimo de inteligência seria capaz de antever o quadro que se nos apresenta. Este ano, o curso de Medicina da Ufam, por exemplo, teve 5.798 inscrições. Foi o 8º mais procurado do País, com média de 104 estudantes a disputar as 49 vagas ofertadas. De acordo com o Departamento de Registro Acadêmico (DRA) da Pró-reitoria de Ensino de Graduação (Proeg) da Ufam todas essas vagas foram ocupadas por estudantes paulistas, paranaenses e mineiros. Vale ressaltar que o Conselho Universitário (Consuni) da Ufam foi de uma prudência exemplar ao não optar pelo ingresso não de todos os estudantes via Sisu, mas, sim, de apenas 50% das vagas. Dessa forma, os estudantes disputam 50% das vagas via Sisu e 50% das vagas via Processo Seletivo Contínuo (PSC). Foi uma saída messiânica que nos permite avaliar, de forma mais serena, os impactos do Enem neste processo. Se tem um viés negativo de "nenhum estudante do Amazonas ingressar no curso de Medicina da Ufam", atesta, de forma inequívoca, a má qualidade do sistema educacional do Estado e suas implicações na educação do município. Por uma dessas coincidências difíceis de se explicar, ontem, neste espaço, antecipei o debate que hoje ganhou os meios de comunicação. Na postagem "A universidade e o processo de melhoria na Educação", não isentamos a universidade brasileira, muito menos a Ufam, da sua parcela de "culpa" (se é que se deve falar em culpa). Ao desnudar o estado lastimável em que se encontra a Educação no Amazonas, o Enem, no entanto, só terá efeito positivo quando Governo do Estado, Governo do Município e Governo Federal (no caso, representado pela Ufam) esquecerem a pequenez das desavenças políticas (se existirem) e pensarem em uma política pública global efetiva para a Educação no Amazonas. Transferir para a Ufam o ônus de nenhum estudante do Amazonas ter ingressado na Instituição por meio do Enem, via Sisu, se não for má-fé ou ingenuidade, é de uma ignorância que beira a asnice. O modelo de dividir ao meio as entradas, adotado pela Ufam, tem se revelado o mais equilibrado. A presença de estudantes de outros estados na vida acadêmica na Instituição não pode ser vista como ponto negativo. Ao contrário, revigora a Instituição, oxigena os corredores e a transforma. Sem contar que tem um lado altamente positivo: a implosão das verdadeiras capitanias hereditárias que se formaram em torno de famílias, nos cursos de direito e medicina, por exemplo. Com a concorrência nacional, esses cursos deixaram de ser uma casta formada por filhos, netos e bisnetos de médicos e advogados. Um ganho desses supera todos os demais equívocos que se possa ter cometido ao longo do percurso.

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A universidade e o processo de melhoria da Educação


A universidade brasileira, em alguns casos, parece desconhecer a importância e o papel que tem no processo de melhoria da Educação. O mais fundamental, ao meu ver, é ser agente ativo na transformação da qualidade nos Ensino Médio e Fundamental. Se não, vejamos! Nenhuma universidade pública brasileira pode "cruzar os braços" como se, ao formar estudantes, já tivesse cumprido plenamente seu papel. É preciso ir além. Aproximar-se das redes estadual e municipal de ensino para elevar a qualidade é um dos caminhos. Outro ponto essencial é cuidar "das saídas" e não "das entradas". Idealmente, não seria necessário nem que existisse processo de seleção para o ingresso nas instituições. No entanto, por força da demanda, ou seja, da necessidade de as pessoas ingressarem na Educação Superior Pública, selecionar os ingressantes é necessário pela falta de vagas suficientes para todos os que estão habilitados. Eis o primeiro problema: nem sempre, os candidatos estão efetivamente habilitados. Eis o segundo motivo da seleção. Quando falo que é preciso cuidar "das saídas" é exatamente porque, se somos criteriosos em selecionar os que entram, devemos ser muito mais criteriosos com os que "vão sair". Não posso encarar como natural, por exemplo, que estudantes da mesma universidades, graduados, tenham desempenho tão ruim, por exemplo, no processo de seleção para algum programa de Pós-graduação. Como podemos admitir que um estudante não consiga ser aprovado em um concurso pública de carreira na instituição na qual foi formado? Ainda que indiretamente, cuidar da efetiva qualidade na formação dos egressos é o papel mais importante da universidade no sentido de melhorar a Educação brasileira em todos os níveis. Vale pensar sobre o assunto com seriedade e não-apenas como plataformas eleiçoeiras.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A presunção de sermos diferentes


Há uma hábito na universidade brasileira (confesso que tenho este péssimo hábito também) de se falar em "comunidade da....no caso Ufam" e "comunidade em geral". Como se a universidades fosse um ente à parte, não fizesse parte da sociedade. A mim me parece, também equivocada, a ideia de que a universidade é um espelho da sociedade. O máximo que se pode classificar a universidade é, talvez, como uma "comunidade do saber". E aí que, no meu entendimento, grande parte das pessoas que formam essa "comunidade do saber" comente o maior erro: o da presunção de que somos diferentes da sociedade da qual fazemos parte. E por nos olharmos como diferentes, comentemos outro erro crucial: nos afastarmos da sociedade. Nós, os cientistas, não somos seres diferentes de ninguém, temos, apenas, mais formação acadêmica. Adquirimos algumas "gotas" a mais do saber tradicional. O conhecimento porém, está na vida, no mundo. Não apenas dentro dos suntuosos laboratórios das universidades. É bem verdade que, no caso das ciências mais duras e das pesquisas aplicadas, bons e bem-equipados laboratórios são, evidentemente, ambientes mais propícios às descobertas. No caso das Ciências Humanas, e mesmo das Ciências Sociais Aplicadas, nosso laboratório é o mundo. E por assim sê-lo, a universidades não pode, não deve e não tem o direito de virar as costas para a sociedade. E nela e dela que "tiramos" o saber, conhecimento, os "objetos" para as nossas pesquisas. Talvez tenhamos de ser diferentes pelo reconhecimento do direito e do respeito ao outro, às diferenças. Ninguém é obrigado a "ver" o mundo da mesma forma que nós. O que nos faz efetivamente diferentes, como universidade, é a capacidade de conviver com os contrários. Talvez tenhamos uma chance de sermos, enfim, diferentes: é assumirmos nossas diferenças e não deixar que elas interfiram nas relações acadêmicas e da troca de saberes. Aí, sim, certamente, poderemos nos orgulhar de sermos diferentes.

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O combate ao preconceito na universidade


Hoje, das 14h30 às 16h, a jornalista Karen Leão, na disciplina Tópicos Especiais coordenada pelo professora Maria Sandra Campos, conversou com estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) sobre o tema "Jornalismo de moda". Cada vez que esses encontros ocorrem tenho mais convicção do acerto que foi criar o Grupo de Pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (Mimo), na Ufam. Não apenas pela ousadia em trazer para a academia um tema visto como "elitista", logo, maldito, mas, pelo potencial que o Mimo tem de mexer com as estruturas pré-estabelecidas. Foi emocionante, ao final da palestrada da jornalista Karen Leão, ver rapazes e moças a procurarem, com o coração aberto, e sem nenhum tipo de preconceito para falar sobre moda. Em dois rapazes, os olhos brilhavam de satisfação. Um deles, revelava que sempre foi uma criança que adorava "jogar bola" e "soltar papagaio", mas, a moda pulsava dentro dele. Moda, hoje em dia, é nitidamente ligada ao universo feminino. Tanto que aquele estudante, quando criança, não teve coragem de demonstrar qualquer tipo de interesse por moda. Durante a infância, certamente, seu gosto pela moda fora reprimido por ter esse gosto associado à homossexualidade. Passei por isso em 2010, ao anunciar a criação do Mimo. Uma jornalista, por sinal, a partir de então, transformou-se em minha amiga, perguntou-me:"Mas, professor Gilson, o senhor, a pesquisar moda?". Rebati: "Minha querida, você não gostaria de reformular a pergunta para:Mas, professor Gilson, o senhor, um hetero, a pesquisar moda?" Tanto na cabeça da jornalista, quanto da própria sociedade, "moda é coisa de mulher, no máximo, de homossexuais". Mais que um Grupo de Pesquisa, o Mimo é uma bandeira política contra o preconceito. Em favor do respeito à diversidade. Por isso o grupo é formado por professores e estudantes de vários cursos. Está abrigado no Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura (PPGSA), Já temos uma estudante de Mestrado cujo projeto tem como tema a moda. É minha meta que, em breve, todos os estudantes de Mestrado e Doutorado que eu orientar sejam de moda. É uma das formas efetivas que tenho de combater o preconceito dentro da academia. Espero que os professores que se interessam pelo tema juntem-se a nós no Mimo. Convite público feito! Quem o aceita?

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

A integração das mídias à sala de aula


A tão propagada liberdade que, em tese, deveria ser sagrada dentro de uma universidade, nem sempre levada a sério. Em grande parte dos casos, o cerceamento da liberdade ocorre ou por preconceito ou por medo da perda de poder. Um dos maiores exemplo dessa limitada liberdade de escolha é baixa utilização das tecnologias de comunicação e informação em sala de aula. Mais que isso, a proibição do uso de computadores, smartphones e tablets em sala de aula. Enquanto alguns professores usam e são entusiastas, a maioria "não usa e tem raiva de que usa". Nas escolas de Ensinos Fundamental e Médio, o que se vê é um processo de compra e distribuição de computadores em ritmo alucinante sem, no entanto, haver preparação adequada para uso dessas máquinas tanto por parte dos professores quanto dos estudantes. Essa realidade pouco avança no Ensino Superior. Há professores (e professoras) que se consideram "avançadinhos", mas, no fundo, o máximo que fazem é transpor para apresentações de Power Point as velhas e surradas fichas amarelas. Usam mal a tecnologia, entopem as apresentações de textos e passam a aula inteira a ler o que está nas apresentações. Quando o caso é este, uma aula tradicional com um professor "bom de conteúdo" é muito melhor que leitoras constantes de "lâminas". Os mais tradicionais não permitem nem o uso de computadores na sala de aula. Alegam que "atrapalham a transmissão de conteúdos". As frases destacadas revelam o atraso na própria concepção pedagógica. É preciso mudar as mentes, o modo de ver a sala de aula. Integrar as mídias digitais aos projetos e práticas pedagógicas é o que pode mudar a educação brasileira. Ao estudantes, ao invés da proibição, deve ser permitido e incentivado o uso de qualquer aparelho que possa ser integrado à aula tradicional. Dos professores, espera-se "mente aberta" para esquecer a sala de aula tradicional e incorporar, definitivamente, as mídias digitais ao quotidiano da sala de aula. A educação, os estudantes e a sociedade agradecerão encarecidamente.

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A inovação e o processo de tomada de decisões


Definitivamente as pessoas precisam compreender que a mudança pela mudança não é sinônimo de inovação. Há, na universidade brasileira, uma espécie de "ideia fixa" de que para inovar é preciso mudar. Nem sempre essa máxima é verdadeira. Gosto muito do futebol como metáfora para a vida. Inclusive, a vida acadêmica. E uso muito, em minhas aulas, constantes exemplo do futebol para demonstrar, por exemplo, que os grandes times montados no Brasil, inclusive, as seleções brasileiras mais vitórias, não eram formadas por 11 craques, ou seja, expertises nas suas áreas de atuação. Um time vencedor, em muitos casos, precisa de uma espécie de "carregador de piano": é aquele jogador que jamais será reconhecido como craque, porém, torna-se fundamental para as conquistas. Técnicos de futebol consagraram-se mudo afora pela capacidade de manter o time na hora certa e de mudá-lo, também na hora certa, para melhor. Os que mudam na hora certa, tornam-se vencedores, são considerados inovadores. Aqueles que mudam na hora errada passam a carregar a pecha de fracassados. A dúvida é: qual a hora certa e a hora errada? Não se tem uma "uma receita de bolo" para o processo de tomada de decisão em momentos de tensão. Lá venho eu de volta com a metáfora do futebol. Um treinador, quando seu time começa perdendo, em momentos de pressão, toma a decisão de mudar um jogador e, com isso, muda o próprio esquema de jogo, vira a partida e vence. Torna-se um herói. Naquele jogo, é claro, pois, se perde outro, pode cair em desgraça. Informações qualificadas, observação constante de cenários, promovem o acúmulo de experiência para que decisões sejam tomadas corretamente em momentos de crise. Certezas, porém, não existem! O máximo que se consegue no processo decisório é diminuir as incertezas. Acertar ou errar em uma escolha, porém, além do acúmulo de conhecimento, requer sabedoria, advinda exatamente desse acúmulo de conhecimento. A soma disso tudo refina a intuição que, em muitos, casos, é decisiva para o acerto. Decisões administrativas são tomadas assim. As consideradas mais inovadoras, no entanto, em grande parte dos casos, não nascem de certezas científicas, mas, sim, de uma intuição apurada. É como defende há anos o iconoclasta Paul Feyrabend: "A Ciência é uma das tradições, não a única". Ser científico nem sempre é ser inovador. Aliás, em grande parte dos casos, a Ciência é a mais conservadora das práticas na sociedade. Conseguir derrubar (e dizimar) o conservadorismo científico (e da Ciência) nas universidades talvez seja o maior desafio dos inovadores.

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A reforma administrativa da Ufam


A reforma administrativa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) não pode se resumir apenas às propostas dos candidatos (e candidata) que prendem ocupar o cargo no quadriênio 2013/2017. Necessariamente deveria passar por uma profunda discussão desencadeada com a Estatuinte que, no entanto, não avançou na direção que deveria tomar. E independe de quem ocupar o cargo de reitor (ou reitora). Isso porque, os representantes dos técnicos, professores e estudantes, referendaram um monstro administrativo que já se reconfigurava dentro da Instituição, sem, no entanto, possuir nenhum sinal de organicidade ou racionalidade administrativa. Hoje, na Ufam, de acordo com o que já foi aprovado na Estatuinte, podem conviver unidades acadêmicas que possuem departamentos e outras não. Cada unidade pode optar pelo modelo que considerar mais orgânico ou mais eficiente do ponto de vista administrativo para aquela unidade. Acontece que, administrativamente, uma organização com o desenho da Ufam, deveria possuir unidades acadêmicas. Como o próprio nome revela, essa unidade acadêmica não é um mero ente administrativo. Deveria ser formada por faculdades, e essas por cursos, cujo ele deveria ser exatamente acadêmico, e não administrativo. Na briga desenfreada pelo poder, o que restou foi um caos administrativo que se levará, talvez, mais 100 anos, para ser resolvido. Isso porque, com a "nova configuração", na prática, as unidades acadêmicas podem até ser administrativas, mas, perdem, há tempos a essência acadêmicas. Abrigam cursos completamente díspares. Para piorar, na estrutura atual desenhada pelos representantes estatuintes, foi confirmada uma aberração administrativa sem paralelo: uma Faculdade com apenas um curso, como o é a Direito, só para ficar em um exemplo, tem o mesmo peso administrativo de um Instituto. Oras, não se precisa ser nenhum especialista em administração para saber que o mínimo de coerência administrativa existira se Os Institutos abrigassem as Faculdades e, essas, por seu turno, os cursos. Com isso, foi instituída uma briga fratricida para que cada curso se transformasse em uma Faculdade. O conhecimento e a troca de saberes foi deixada de lado. Prevalece, atualmente, meros interesses políticos, portanto, de poder, nos conselhos. Mexer com o caos que se instalou, certamente, não será interesse de ninguém. Lamentável para uma universidade que se autointitula centenária como a Ufam.

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O poder tem de ser da formação


Incomoda-me profundamente quando as discussões sobre "reforma administrativa" nas universidades públicas brasileiras, em especial na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) da qual faço parte, tomam um rumo diametralmente oposto ao que se deve levar em conta nesses tipo de reformas. Antes de mais nada, é preciso deixar muito claro que, "democratites" conquistadas à parte, o modelo decisório vigente e extremamente burocrático e lento. Além do mais, não se faz funcionar um modelo colegiado de decisões, como é o caso do modelo vigente na Ufam, sem que haja comprometimento dos membros de cada um dos colegiados. Não se faz democracia por decreto ou pela decisão de meia-dúzia de pessoas. No modelo de "democracia participativa", usada nas universidades e na política em geral, comprometimento da comunidade é item de sobrevivência. Quando a própria comunidade abre mão de fiscalizar os gestores (como abre mão de fiscalizar seus representantes nos vários parlamentos) a democracia fica enfraquecida e se passa a gerir (ou governar) por meio de acordos espúrios para se obter maioria. No caso das universidades, o problema se repete: a maioria nos Conselhos independe da representativa e do confronto de ideias, que, em tese, deveria mudar de acordo com os projetos e os objetos de votação, se transforma em um exercício de maioria absoluta de quem consegue ser eleito reitor ou reitor, só para ficar nos exemplos dos conselhos superiores. Uma reforma administrativa, portanto, ao invés de levar em conta aspectos do dia-a-dia da organização, termina por ser uma síntese do que pensa (ou determina) quem está no poder. Mais graves são os argumentos centrais que envolvem essa "bendita" reforma administrativa. Centram-se na necessidade de representação nos conselhos ou em questões administrativas e não no ponto crucial: melhoria dos processos de aprendizagem. Antes de se decidir por uma reforma desse tipo, é preciso primeiro definir qual a finalidade da Ufam, por exemplo: formar para o mercado de trabalho ou para o exercício pleno da cidadania, ou seja, para a vida? Tomada essa decisão básica, é preciso definir o modelo pedagógico: vamos continuar agostinianos ou vamos ousar no modelo. Manter a Ufam em "disciplinas", manter o saber dividido em caixinhas, é um erro crasso. O conhecimento é complexo: não dividido. Optar por dividir um instituto como o Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), por exemplo, sem que esses princípios basilares sejam discutidos é um erro tão grave que a história pode nos cobrar, no futuro, a fatura pelo desastre pedagógico que provocaremos. Enquanto não tomarmos consciência de que a formação é tão importante quando a administração, discutiremos as reformas administrativa sempre de forma rasa. E isso é trágico para uma instituição cujo fim é exatamente a formação.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O fim do coronelismo de departamento


Qualquer que seja o vencedor (ou a vencedora) da disputa pela reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) há dois desafios hercúleos: a descentralização administrativa e financeira e o fim, definitivamente, dos coronéis de departamento. A Instituição universidade brasileira, no todo, é arcaica e tradicional ao extremo. Centraliza todas as decisões de compras em um Departamento de Materiais. Assim como centraliza qualquer obra, inclusive as pequenas obras, como reparos de lâmpadas, por exemplo, na Prefeitura do Campus. Isso emperra a máquina, do ponto de vista administrativo, e faz como que diretores de unidades sejam obrigados a participar de um arcaico sistema de decisão administrativa mais conhecido como "beija-mão". Ao invés de a máquina ser ágil como um todo, só se consegue a fluência por meio de amizades: quem tem bom trânsito consegue "tocar" suas unidades. Quem não tem a simpatia da Administração Superior "morre sufocado": termina por passar a sensação de que teve uma administração fracassada nas unidades. É o tipo de sistema decisório que depende do humor de quem dirige a Instituição ou os setores. Talvez como decorrência desse modelo administrativo ultrapassado, criou-se, nas universidades, um poder paralelo (das amizades), que convencionei chamar de coronelismo de departamentos. Esses coronéis de departamento se consideram "donos" da própria universidade. De quando em vez, unem-se para "ungir" ou não quem eles decidem que vão chegar ao poder, tanto nas unidades, quanto da própria universidade. Usam o velho e malfadado discurso de que "buscam um nome de consenso". Criam uma espécie de "pacote democrático" embalado por discussões nas quais tudo já está decidido. É como se houvesse um concílio e a comunidade fosse apenas obrigada a legitimar o que foi decidido pelos coronéis. É preciso pensar em um modelo administrativo capaz de dizimar esse tipo de prática. Enquanto isso não for feito, a Ufam, e todas as demais universidades brasileiras, farão parte desse coronelismo travestido de democracia, autonomia e liberdade de escolha. A descentralização administrativa e financeira pode ser um bom começo.

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Transparência administrativa não é um mero portal


Há quem se vanglorie de já ter se adequado à Lei de Acesso à Informação Pública (Lei 12.527/2011), inclusive universidades federais, por ter "construído" um portal com os dados básicos exigidos pela Lei. Transparência administrativa é, antes de tudo, uma postura ética assumida não apenas pela Administração Superior, no caso das universidades, mas, por toda a organização. Há mais de oito anos, dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), organização na qual desenvolvo minhas atividades profissionais, luto para que a "cultura da transparência" seja incutida na cabeça das pessoas. Em 2010, propus ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o projeto de criação do Centro de Mídias Digitais da Ufam. Fui um dos 14 pesquisadores daquele ano a ser agraciado com a bolsa do CNPq em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora. No ano seguinte, ou seja em 2011, concorri ao Edital do MEC/SESU e fui agraciado com o valor de R$ 150 mil para implantar o Programa de Mídias Digitais da Ufam (ECOEM), projeto de suma responsabilidade e importância estratégica sem igual para a Ufam e para a região, motivo pelo qual, inclusive, desisti de me candidatar novamente à reitoria da minha universidade. Tenho uma responsabilidade imensa com a Ufam, com o princípio da transparência administrativa e com as pessoas que me auxiliaram, direta ou indiretamente, a "tirar do mundo das ideias" este projeto. É nele que invisto, hoje, a minha vida da e na Ufam. Com ele, implementaremos um Sistema de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão (Sistema ECOEM), já em fase de desenvolvimento por estudantes do Instituto de Computação (Icomp), totalmente concebido e criado dentro da Ufam, por nós da Ufam, com o objetivo de digitalizar todos os processos de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão e potencializar a implementação da Lei de Acesso à Informação Pública (Lei 12.527/2011) na Ufam, bem como potencializar a implementação da Política de Inovação Tecnológica da Ufam. Quando totalmente implantado, toda a rotina administrativa e acadêmica da Universidade Federal do Amazonas será disponibilizada, instantaneamente, online, para toda a comunidade, tanto interna quanto externa. Estamos em fase de testes. Nossa estratégia é começar pelo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) por uma única razão: lá surgiu o projeto. De lá, partiremos para todas as unidades e cursos "ofertando" a possibilidade de fazer parte ou não do ECOEM. Ninguém será obrigado a vir para esse novo mundo da cultura digital, da, enfim, transparência administrativa. Quem aderir ao Sistema Ecoem, porém, terá de estar disposto a fazer uma opção definitiva pela transparência de todos os atos administrativos. Nessa primeira fase de testes, começamos pelo Departamento de Comunicação (cursos de Jornalismo e Relações Públicas). Já disponibilizamos a Ata da Reunião Ordinária do Da 31 de Janeiro de 2013. A rotina será sempre esta: publicaremos as convocatórias, para, em seguida, publicar as atas. Com isso, qualquer pessoa poderá saber o motivo pelo qual a reunião foi convocada e, ao comparar com as atas, saber se algum ponto de pauta foi acrescentado, discutido e decidido. Teremos resistência em implantar essa nova cultura? Não duvido! Sonho, porém, com o dia em que todos os departamentos e cursos, sem nenhum tipo de pressão, tenham feito a opção preferencial por aderir ao ECOEM. Nos próximos seis meses todas as atas dos Conselhos e das Câmaras da Ufam, bem como as convocatórias, serão disponibilizadas. Nos próximos cinco anos estaremos a pleno vapor, com todos os cursos, unidades e departamentos aderindo ao ECOEM. Confio cegamente nisso. Não porque seja uma exigência da Lei. Mas, porque conseguiremos convencer a comunidade da Ufam que transparência administrativa não é um dever de quem comanda a Instituição, mas, um direito fundamental de cada uma das pessoas que a financia ao pagar seus impostos.

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O erro da política de reprovação como meta


A universidade pública brasileira precisa, definitivamente, deixar de lado a visão tacanha, retrógrada e reacionária, de "investir na retenção de estudantes" e passar a trabalhar com a perspectiva de aumentar o fluxo de saídas em todos os cursos. Não apenas por questões pedagógicas, mas, por uma questão de melhoria da vida das pessoas na sociedade. O sistema de crédito atual é conservador e retira do estudante a possibilidade de avançar nos estudos quando limita, por exemplo, um número máximo de créditos a ser cursado por semestre. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) este número máximo é 23. Raríssimas vezes os créditos cursados em outros cursos podem ser aproveitados. Sem levar em conta que, o estudante não pode se aprofundar em estudos fora da sua área de atuação. Há um casolapidar na própria Ufam. O curso de Jornalismo aprovou, no seu novo Projeto Pedagógico de Curso (PPC), que seus estudantes poderiam cursar até 300 horas de disciplinas complementares. A ideia era formar jornalistas especializados em diversas áreas do conhecimento, caso os estudantes tivessem tempo para cursar disciplinas além das previstas no currículo do curso. Por exemplo, se um estudante quisesse se especializar em "Jornalismo Esportivo", teria a liberdade de, no turno da tarde, por exemplo, estudar disciplinas do curso de Educação Física. Isso serviria para qualquer das demais áreas do conhecimento. Não saiu do papel. Pelo simples fato de, mesmo com o que foi aprovado no PPC, os estudantes não terem sido autorizados a cursar mais de 23 créditos por semestre. O mesmo serve, por exemplo, para estudantes que, por meio dos cursos de férias, queiram "encurtar" o término dos seus cursos. Na prática, são proibidos. O argumento de quem é contra o oferecimento dos cursos de férias é de que as disciplinas não possuem a mesma qualidade dos cursos ao longo do período. Oras, se não possuem a mesma qualidade, não deveriam ser oferecidos. O que não se pode é investir na política institucional de "prender o estudante". Cada ano de retenção de um estudante significa um prejuízo médio de 8 mil dólares para a sociedade. Sem falar que, um estudante, ao se transformar em profissional, no mercado de trabalho, passa a reconhecer impostos, por exemplo, e se torna um contribuinte. Ou seja, deixa de ser investimento (da sociedade) e passar a ser investidor, por meio dos impostos. Portanto, tanto do ponto de vista financeiro quanto pedagógico, investir na "política de retenção" é erro gravíssimo. E essencial que todas as universidades brasileiras discutam uma mudança de visão a fim de romper com esse atraso histórico de só se buscar a reprovação como meta.

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

A expansão desenfreada das universidades federais


O que todos os reitores e reitoras das universidades federais brasileiras sabiam, mas, alguns (ou algumas) não tinha coragem de admitir, a reitora recém-eleita e empossada da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a farmacêutica Soraya Soubhi Smaili, resolveu dizer publicamente:"o processo de expansão foi mal planejado". Crítica contumaz do modelo de expansão proposto pelo Governo Federal e grevista assumida, a nova reitoria da Unifesp, agora terá de administrar exatamente o processo de expansão que critica, uma vez que o modelo de universidade implementado no Brasil na era de Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi muito refinado no Governo Luiz Inácio Lula da Silva e caminha para a definitiva implantação de um novo modelo de expansão e financiamento baseado na "pacífica" convivência entre interesses particulares e públicos dentro das universidades. Esse modelo de expansão que, aliás, a mim me parece, não só mal planejado, mas também, desenfreado, por isso desorganizado, com o único objetivo de gerar estatísticas positivas sobre o "aumento do número de vagas". Como esse aumento do número de vagas (e dos campi) não foi acompanhado por investimentos em infraestrutura (laboratórios e salas de aulas, por exemplo) o que se tem hoje são sérios problemas, inclusive falta de verbas para manutenção, a serem enfrentados por reitores e reitoras. Quando cito sempre um Governo do PSDB e outro do PT como se um refinasse a política educacional do outro é para deixar claro o seguinte: o problema da universidade brasileira não é modelo de gestão. É o próprio modelo de universidade, baseado não mais no financiamento público, mas sim, em uma relação promíscua e descaradamente de rapinagem dos laboratórios, equipamento e prédios públicos em benefício de uma dúzia e meia de professores (e professoras). Mais dia, menos dia, teremos de enfrentar essa discussão de cara limpa. Muito provavelmente no processo de sucessão da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por exemplo. Aí, muitas máscaras dos que estiveram junto dos professores (e professoras) em greve, que defenderam uma "universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada" cairão. Saberemos quem defende a "venda de serviços" como metáfora da venda até dos grãos de areia da universidade pública brasileira.

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sábado, 9 de fevereiro de 2013

A estatização da Ciência e da Inovação


O governo brasileiro hoje apresenta dois movimentos diametralmente opostos: privatiza de um lado e estatiza do outro. Após a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), criada com o fim de administrar os hospitais universitários, prepara-se para, dia 1º de março de 2013, anunciar o lançamento da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). A nova estatal nasce com um capital de R$ 800 milhões cujo objetivo é "fomentar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico nas indústrias." As linhas gerais da nova empresa estatal foram definidas em reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), comandada pela presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. A empresa já nasce apelidada de "Embrapa da Indústria". Na reunião, ficou definido que os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTi), Marco Antonio Raupp, e da Educação, Aloizio Mercadante, serão os responsáveis pelo "desenho final" da empresa. Esse "desenho" será apresentado em reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação (Mei), grupo criado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O capital inicial da Embrapii, de até R$ 800 milhões, será financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTi) por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Entidades empresariais e institutos científicos de tecnologia também financiarão a criação da empresa. O plano inicial prevê que "cada fonte contribuirá com um terço do total dos recursos." De acordo com o que foi discutido na reunião que deu o sinal verde para a criação da Embrapii, a empresa dará suporte a projetos de avanço da inovação nas empresas, bem como a projetos de laboratórios multiusuais. Esses laboratórios são localizados nas universidades e institutos de pesquisa, mas poderão ser usados "tanto para fins de desenvolvimento industrial como para as pesquisas acadêmicas". Essa possibilidade de uso compartilhado de laboratórios está prevista na Lei de Inovação. O anúncio da criação da nova empresa estatal e suas finalidades parece indicar que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) deu uma tacada certeira ao ser a primeira universidade federal brasileira a criar uma Pró-reitoria de Inovação Tecnológica (Protec). Tanto a criação da EBSERH quanto o anúncio da Embrapii são uma demonstração evidente de que o modelo de financiamento público da universidade brasileira, inclusive das federias, foi definitivamente enterrado pelo Governo. Nasce, aos poucos, uma espécie de "modelo misto", que une recursos públicos aos recursos das iniciativa privada por intermédio dessas empresas estatais. Independentemente da reação dos sindicatos e representações de classe, o modelo está posto.

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A luta por um novo jeito de caminhar para a Ufam


Até no Boxe, um dos mais violentos esportes do mundo, golpes abaixo da linha de cintura são punidos com penas que variam da advertência à desclassificação, ou seja, à eliminação da disputa de quem aplica tais golpes. Na escolha dos dirigentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), de forma implícita, parece que os golpes abaixo da linha de cintura se transformaram em regra. Depois do que passei nas duas últimas disputas, quando tive minha vida privada devassada, não podia esperar que se iria jogar como se em jogo estivesse a direção de um Convento de Madres Carmelitas. Fiquei desiludido com a baixaria e falta de vergonha na cara de muitos colegas, inclusive, professores e professoras, e havia decidido, em primeiro momento, que nem me manifestaria sobre a nova disputa. Meu plano era ficar quieto, no meu lugar. e deixar que soberanamente (e livremente) a comunidade avaliasse a proposta dos candidatos e decidisse qual rumo tomar, sem que eu falasse qualquer coisa sobre o processo de escolha dos dirigentes da Instituição. Movido pela indignação contra a arrogância e a prepotência de algumas pessoas que se consideram lideranças carimbadas e donos até a mente de nós, os professores e professoras, entrei de cabeça no processo, mais do que nas minhas campanhas inclusive, ao escrever a postagem "A arrogância e a prepotência que unem em prol da Ufam". Da mesma forma que fizeram uma campanha suja com o fim de manchar minha reputação de luta e trabalho em prol da Ufam nas duas últimas disputadas, destilam veneno, ódio, rancor e desumanidade contra atual reitora, Márcia Perales Mendes Silva. Desde o momento em que ela anunciou que voltara atrás na decisão de não disputar o segundo mandato e se candidataria novamente, o jogo da sucessão ganhou contornos de uma disputa de vale-tudo no qual os golpes abaixo da cintura passaram a ser desferidos sem dó. Ao que tudo indica, há uma nítida tentativa de, por meio de ameaças veladas pelos corredores e cantinas, fragilizá-la, professora Márcia Perales, a ponto de fazê-la desistir da disputa. A vida, às vezes, testa nossa capacidade de resistência com fatos tão inesperados quando dolorosos, como o foi a agressão por mim sofrida em pleno auditório. Saí do episódio com uma força interior quase titânica: uma capacidade de suportar dores (e até amores) que jamais pude imaginar. Professora Márcia Perales, não se deixe abater. Lute! Tire forças lá do fundo da alma e lute! Defenda seus sonhos, suas ideias, seu novo plano de gestão para os próximos quatro anos na Ufam. Não aceite que o jogo do vale tudo, dos golpes baixos, quaisquer que sejam, afetem suas convicções. Fui derrotado duas vezes, inclusive, na última vez, pela senhora. De cada uma delas, e até da agressão sofrida, tirei uma lição: posso até perder, mas, perco com a consciência tranquila de que lutei com honra, dignidade e respeito. Hoje: "NÃO, NÃO TENHO CAMINHO NOVO, O QUE TENHO DE NOVO É O JEITO DE CAMINHAR. Aprendi, (o caminho me ensinou), como convém a mim e aos que vão comigo, pois já não vou mais sozinho".(Thiago de Melo). A Ufam tem de sair desse lodaçal que querem transformar esta disputa como um novo jeito de caminhar. Não ceda! Não deixe que o lamaçal se instale e vire regra. Como diz Maria Luíza Cardinale Baptista: "A vida floresce forte...!" Sairemos todos desse processo mais fortes do que nele entramos. E com a certeza de que lutar por "um novo jeito de caminhar" é nosso dever.

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A morte por inanição da ideia de liberdade


Lembro-me muito bem do dia 11 de maio, data na qual fui agredido em pleno auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), pelo irmão do então vice-governador, hoje governador, Omar Aziz. Meu pecado: ter comentado sobre a venalidade da mídia do Amazonas e a forma como nomes foram tirados, por manobras parlamentares, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia. Inúmeros covardes e canalhas, divulgaram em blogs, notas anônimas, a me acusar de ser prepotente, pedante e coisas do gênero e que "era bem feito" eu ter sido agredido. À época, a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua-SN) realizou uma passeata com mais de 150 pessoas, invadiu a reitoria e obrigou o então reitor, Hidembergue Ordozgoith da Frota, a publicar uma nota de repúdio. Não fosse isso, nenhuma reação teria sido tomada por parte da Administração da Ufam. Trago de volta os fatos para afirmar que, desde aquele dia, foi decretada a morte por inanição da ideia de liberdade dentro da Ufam. É fato que, teoricamente, em uma universidade, seus estudantes, técnicos e professores são livres até para duvidar da existência de Deus e não serem punidos. Isso, porém, só em tese. Na prática, trata-se de uma Instituição tão conservadora (ou até pior) que o Exército e a Igreja (em todas as suas cores). A covardia institucional da Administração da Ufam foi tamanha que a Nota de Repúdio saiu escondida (e no menor tamanho possível) no meio dos Classificados de um grande jornal da cidade. A universidade saiu maculada do episódio não pelo que eu tenha dito ou não. Afinal, ainda que eu tivesse dito algo de conteúdo ofensivo, o caminho seria um processo na justiça e não a agressão. Os calhordas e canalhas que anonimamente me atacaram agora escondem-se de novo a espalhar terror e ameaças no processo de consulta para a reitoria da Ufam. E devem estar doidos que apareça alguém que me agrida (fisicamente) de novo. Tudo porque digo o que penso e defendo não só que as pessoas sejam livres para escolherem quem bem entenderem (da forma mais livre e democrática possível), mas também, por expor as vísceras de muitos covardes que só por trás de máscaras e avatares encontram coragem para dizer algo. Como sou um voraz defensor da liberdade, principalmente dentro de uma universidade, não posso criticar quem fez a opção preferencial pela covardia e pela canalhice. Incomoda-me, porém, que a maioria da comunidade da Ufam prefira os que se escondem nas trevas e, em muitos casos, passe a odiar que tem a coragem de defender algumas valores que deveriam ser intocáveis em uma universidade, inclusive o direito de ser prepotente e arrogante, meu e de quem quer que o seja. O anonimato, o medo e a covardia, porém, embora legítimos para quem opta por se esconder, não fazem bem para a vida em comunidade. Fora ou dentro da Ufam.

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