terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A presunção de sermos diferentes


Há uma hábito na universidade brasileira (confesso que tenho este péssimo hábito também) de se falar em "comunidade da....no caso Ufam" e "comunidade em geral". Como se a universidades fosse um ente à parte, não fizesse parte da sociedade. A mim me parece, também equivocada, a ideia de que a universidade é um espelho da sociedade. O máximo que se pode classificar a universidade é, talvez, como uma "comunidade do saber". E aí que, no meu entendimento, grande parte das pessoas que formam essa "comunidade do saber" comente o maior erro: o da presunção de que somos diferentes da sociedade da qual fazemos parte. E por nos olharmos como diferentes, comentemos outro erro crucial: nos afastarmos da sociedade. Nós, os cientistas, não somos seres diferentes de ninguém, temos, apenas, mais formação acadêmica. Adquirimos algumas "gotas" a mais do saber tradicional. O conhecimento porém, está na vida, no mundo. Não apenas dentro dos suntuosos laboratórios das universidades. É bem verdade que, no caso das ciências mais duras e das pesquisas aplicadas, bons e bem-equipados laboratórios são, evidentemente, ambientes mais propícios às descobertas. No caso das Ciências Humanas, e mesmo das Ciências Sociais Aplicadas, nosso laboratório é o mundo. E por assim sê-lo, a universidades não pode, não deve e não tem o direito de virar as costas para a sociedade. E nela e dela que "tiramos" o saber, conhecimento, os "objetos" para as nossas pesquisas. Talvez tenhamos de ser diferentes pelo reconhecimento do direito e do respeito ao outro, às diferenças. Ninguém é obrigado a "ver" o mundo da mesma forma que nós. O que nos faz efetivamente diferentes, como universidade, é a capacidade de conviver com os contrários. Talvez tenhamos uma chance de sermos, enfim, diferentes: é assumirmos nossas diferenças e não deixar que elas interfiram nas relações acadêmicas e da troca de saberes. Aí, sim, certamente, poderemos nos orgulhar de sermos diferentes.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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