sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A retirada da Prova de Redação do Enem


De quando em vez aparece alguém com uma ideia “luminosa” (que, certamente, se considera um iluminado) a contestar a “Prova de Redação” em vestibulares e afins. Os argumentos são os mais estapafúrdios e variam desde a questão financeira, pois o pagamento dos corretores eleva o custo, à questão da “manifestação do livre pensar”. Não se pode, porém, esquecer que as universidades são instituições formais. Logo, precisam, minimamente, cobrar a forma de expressão do pensamento mais formal que existe: a redação. Exceções criativas existem e devem ser analisadas como tal. No geral, porém, as universidades devem cobrar a manifestação do pensamento de forma escrita, de acordo com a Norma Gramatical Brasileira. Ao longo dos anos, quem retirou a redação dos exames de ingresso foi obrigado a rever a decisão em função da péssima qualidade dos estudantes que logravam êxito nos vestibulares. Atualmente, há quem indique ao Ministério da Educação (MEC) a retirada da Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao invés da prova de Redação, o estudante teria a média das notas de redação obtidas ao longo do Ensino Médio. Se retirar a provar de Redação é catastrófico, substituí-la pela média das notas de Redação ao longo do Ensino Médio seria um convite à corrupção deslavada. Não duvido que, a partir do momento que a média das notas em Redação fosse indicador usado no Enem para o ingresso nas universidades públicas que as notas dos estudantes, principalmente oriundos das escolas particulares, passassem a apresentar desempenho Nota 10 (ou muito próximo desta nota). Aposto que, como em um passe de mágica, “gênios da Redação” começassem a surgir. Não porque tenham desenvolvido habilidades “geniais” para a elaboração de textos, mas, porque os professores dessas escolas receberiam “incentivos” para “engordar” as notas dos estudantes. Não confio em nenhum sistema que atrele a notas ao desempenho ao longo dos anos. Termina por se transformar em um incentivo à fraude generalizada, uma vez que as escolas, principalmente as particulares, tentam demonstrar que são melhores em função do número de ingressantes nas universidades. Retirar a Prova de Redação do Enem é um despropósito que o MEC não deveria nem cogitar fazê-lo.

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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A formação profissional que precisa ser repensada


Hoje deparei com dois fatos que chamaram a atenção e me fizeram refletir sobre a formação profissional no Brasil. O primeiro deles foi o um falso médico, no interior de Minas Gerais, ter feito parte do quadro de médicos da prefeitura da cidade sem nunca ser incomodado. Sem entrar em detalhes quando ao nome da cidade, o que impressiona, do pronto de vista da “formação” é o fato de um “falso médico” se misturar aos profissionais “formados” durante anos nas universidades e o “cliente” (o povo) não “notar” nenhuma diferença nos procedimentos. É de se perguntar: o que há de errado nesse processo se, no atendimento, um médico tradicional  não consegue se diferençar de um falso médico? Matutava sobre o assunto, a dirigir meu carro, enquanto ouvia o noticiário de uma rádio cuja programação é dominada preponderantemente por notícias. O locutor noticiava o incêndio na Sede Náutica do Clube de Regatas do Flamengo quando, de repente, anunciou que sócios do clube adversários da atual presidente, Patrícia Amorim, denunciaram que não há nenhuma preocupação com a segurança pois, os “hidratantes” daquela área afetada pelo incêndio não funcionam. Tomei um susto mas fiquei a imaginar, cá com meus botões: se um médico comete o mesmo tipo de erro daquele radialista, ao trocar hidrante por hidratante, qual tipo de estrago faria na vida de alguém? Há que se rediscutir, com profundidade, o processo de formação nas universidades brasileiras. Qualquer que seja a profissão, não se pode admitir que um profissional confundisse “hidratante” com hidrante. Talvez equivalesse a imaginar que um pediatra é o médico especialista no tratamento dos pés. De início, parece cômico, mas, é trágico quando esse tipo de erro indica falhas gravíssimas no processo de formação. Mais ainda, quando essa formação profissional destina-se ao trato com a vida humana. Nossa responsabilidade como educadores tem de ser repensada quando deixamos que profissionais saiam das universidades sem adquirir habilidades básicas para o exercício profissional. E, no caso dos jornalistas e radialistas, e dos profissionais de comunicação em geral, o domínio básico da Língua Portuguesa é essencial.

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dados de faculdade adulterados por quadrilha


Um dos envolvidos nas investigações da Polícia Federal sobre o tráfico de influências em agências de órgão do Governo, o diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, obteve a senha de um funcionário do Ministério da Educação (MEC) que permitia mudanças nos parâmetros financeiros das faculdades. Com isso, Vieira adulterou dados relativos a uma Faculdade da família dele a fim de obter mais recursos financeiros do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a Polícia Federal gravou as conversas de Vieira com seu interlocutor no MEC no dia 24 de março deste ano. O fato é que esse tipo de ação deixa dúvidas sobre o sistema eletrônico montado pelo MEC. Hoje em dia, até as avaliações feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) são feitas totalmente online. Quando um dono de Faculdade se infiltra dentro do MEC por meio das relações que mantém dentro do próprio Governo isso espalha desconfiança em todo o sistema. Será que foi o único caso de adulteração em dados de uma Faculdade? Efetivamente o MEC tem controle sobre as verbas distribuídas em programas como o Prouni e o Fies? É fundamental que essas dúvidas sejam desfeitas imediatamente para que não fique a impressão de que não se trata de um caso isolado. Quando os dados institucionais são passíveis de adulteração, todo o sistema fica comprometido. O MEC tem o dever de fazer uma auditoria em todos os dados das demais IES do País para verificar se não há indícios de novas fraudes. Trata-se de uso indevido do dinheiro público que precisa ser severamente investigado a fim de que a prática seja coibida.

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

As experiências de recepção em multiplataformas digitais


O foco das pesquisas a serem desenvolvidas no Programa de Mídias Digitais da Universidade Federal do Amazonas (Ecoem/Ufam) são as experiências de recepção em multiplataformas digitais. Nosso ambiente de pesquisa (prefiro o termo a objeto), portanto, pode ser o Facebook, mas, não se limita a ele. Aliás, é por isso que cunhamos o termo Mídias Digitais para deixar bem-claro que as duas ditas mídias sociais mais populares (Facebooke Twitter) são todos suportes nos quais circulam as informações. A recepção das informações dessas mídias sociais (há muitas outras), no entanto, é feita em um celular, de um tablet, de um computador, de um desktop. Qualquer que seja o suporte por meio do qual circulem as informações, o que existe é uma espécie de ecossistema, no qual as experiências se confundem. Daí grande parte das pessoas, inclusive cientistas e pesquisadores, tratarem mídias sociais e mídias digitais como se fossem sinônimas ou equivalentes. Não as são! O que se tem hoje, de modo mai claro são aparelhos de recepção em multiplataformas digitais. Dentre eles, o mais popular e inclusivo é o celular, que hoje une, em um só lugar TV, Rádio, Cinema, Jornal, Console de Game e o que mais se imaginar. Daí, no Grupo de Estudos e Pesquisas em Ciência da Comunicação, Informação, Design e Artes (Interfaces) optarmos por estudar essas experiências receptoras em multiplataformas, sem, no entanto, se deixar seduzir pelo “fetiche da tecnologia”. Os media foram trazidos para “dentro” de um aparelho multiplataforma de recepção. Essa experiências receptoras sim são motes para estudos e pesquisas, ambientados em um ecossistema digital. Estudar essas experiências, portanto, são essenciais para se entender o modo como as pessoas passaram a trocar experiências e saberes na dita pós-modernidade.

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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Seminário de EaD nos dias 29 e 30 na Ufam


“Redes Sociais, Ambientes Virtuais e Educação em Rede” é o tema do II Seminário de Educação a Distância (EaD), promovido pelo Centro de Educação a Distância da Universidade Federal do Amazonas (CED/Ufam). O Seminário ocorrerá nos dias 29 e 30 deste mês de novembro, no Auditório Franco de Sá, no Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Setor Sul. O professor Márcio Vieira de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é um dos palestrantes. Ele falará sobre "Redes Sociais, Ambientes Virtuais e Educação em Rede" e "Mídia e Conhecimento: Laboratórios, Projetos e Web Rádios como Elementos de Educação em Rede". O evento também terá a participação da professora Solange Cristina da Silva, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Ela desenvolverá o tema "Acessibilidade em Ambientes Virtuais de Aprendizagem". As inscrições para o II Seminário de EaD da Ufam são gratuitas e devem ser solicitadas por intermédio do e-mail seadufam2012@gmail.com,. O interessado deve informar o nome completo, o curso ou instituição da qual faz parte no corpo do e-mail.

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O financiamento misto da universidade brasileira


Tramita na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei (PL 566/2011), de autoria do senador Blairo Maggi, cujo objetivo é estimular a doação de pessoas físicas às instituições públicas de ensino superior. Pelo projeto, quem fizer esse tipo de doação poderá deduzir os repasses do imposto de renda (IRPF). A proposta foi aprovada por unanimidade do Senado também deverá receber apoio da maioria na Câmara dos Deputados. O deputado federal pelo Amazonas, Pauderney Avellino (DEM), ao se fazer presente no Comando de Greve da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua-SS), defendeu que algo tinha de ser feito para mudar a situação “pois o Estado brasileiro não tem mais condições de custear a Educação Superior no País”. Ele lembrou que no modelo norte-americano e no inglês, as doações são perfeitamente aceitas. Nos Estados Unidos, universidades como Harvard, por exemplo, que consta entre as melhores do mundo, somente 20% das verbas de custeio são dos cofres públicos. Os 80% restantes são oriundo de doações de ex-alunos. Longe de ser unanimidade entre os professores e professoras das universidades brasileiras, para muitos, trata-se de mais uma porteira aberta à privatização. O certo, porém, é que o Estado, há muito, não repassa verbas para custeio das universidades brasileiras, o que as deixa à míngua. Resta saber se, em sendo aprovada a lei, os egressos farão as doações que tanto as universidades precisam. É esperar para ver!

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sábado, 24 de novembro de 2012

Precisamos revolucionar a mente dos educadores


Nas duas vezes que participei como candidato a reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), defendi que, antes de qualquer mudança na estrutura administrativa, se faz necessário, não apenas na Ufam, mas, na universidade brasileira, uma “revolução didático-pedagógica”. Hoje, tenho convicção de que as proposições feitas há quase oito anos, são ainda mais necessárias. Antes de mais verbas para “manutenção e custeio”, todas as universidades brasileiras, sem nenhuma exceção, precisam de uma “revolução nas mentes” dos professores, para que, enfim, sejam transformados em educadores. Uma prova cabal disso é uma imagem que circula pela Internet há dias. Vejam!

Trata-se de uma suposta prova de História (e digo suposta porque não se tem como provar como verdadeira nenhuma dessas mensagens que circulam pela Internet), aplicada pelo professor João Pereira Barreto (outra prática nada ética, pois seu nome não deveria ser divulgado. Só o faço porque não sei como apagá-lo da imagem que recebi), da Série Segundo Ano B, do Colégio Estadual Carlos Drumond de Andrade. A questão seria “Faça um resumo sobre a Segunda Guerra Mundial”. O professor elogia a criatividade do estudante com uma observação, mas, atribui a nota zero. Aliás, cois zerinhos bem desenhados, um ao lado do outro, separados por vírgula. Brilhantemente, com o uso de onomatopeias, o estudante faz o que, talvez, nenhum historiador tenha feito, como resumo da Segunda Guerra Mundial, em 10 linhas. Sua criatividade e presença de espírito foram avaliadas como nota zero. Talvez um zero para a criatividade e o outro para a presença de espírito. Brincadeiras à parte, essa é mais uma prova de que não se pratica avaliação na escola brasileira e sim a mera medição. Seja verdadeira ou falsa a prova que circula na Internet, é capaz de gerar uma tese sobre a visão estreita de educação e de avaliação de grande parte dos professores brasileiros. Ou se faz essa “revolução nas mentes” ou fracassaremos como educadores em todos os níveis.

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Homenagem ao pesquisador Juan Diaz Bodernave


No dia 9 de maio deste ano, neste espaço, publiquei “O novo mundo possível de Juan Bodernave”. Relatava um pouco da palestra e do meu encontro com um dos maiores pesquisadores da área. Hoje, publico novamente o mesmo texto como homenagem em função da morte, na madrugada de ontem, de Juan Diaz Bodernave: “Com o título “La comunicacion y el nuevo mundo posible” o professor paraguaio, Juan Diaz Bodernave, foi o responsável pela Conferência de Abertura do XI Congresso Latinoamericano de Investigadores da Comunicação (Alaic), no Auditório da Faculdade de Direito da Universidad de La República Uruguay. Ele iniciou a conferência lembrando a sua origem paraguaia para dizer que “os guaranis acreditavam em uma terra sem males”, portanto, “outro mundo era possível.” Para ele o modelo civilizatório do mundo ocidental ruiu, pois era baseado em dois elementos devastadores: lucro e acumulação de capital são devastadores. Na fala, ressaltou que só há resistência ao modelo capitalista atualmente nas religiões mundiais, em alguns indígenas primitivos e nas teorias políticas avançadas. Resistir ao modelo e enfrentá-lo requer a destruição do mito de que existe uma superioridade do pensamento ocidental e do progresso com as bases atuais. “É preciso resignificar os conceitos de desenvolvimento e progresso e de que Democracia só existe no capitalismo.” No campo da Comunicação é fundamental varrer o que Bodernave denominou de Epistemologia Colonial, cuja base é racionalista. “Devemos substituir o penso, logo existo, de Descartes, pelo penso, sinto, atuo; logo existo.” O professor defendeu, também, o retorno de uma ética social. Relembrou que Stalin, em nome de determinada racionalidade, matou centenas de camponeses. “Não se pode ter liberdade e igualdade sem fraternidade”, repetiu. Bodernave diz que o ressurgimento da ideia de terra, mulher e sagrado é o que indica a direção desse “novo mundo possível”. O respeito ao lugar, as qualidades femininas e o sagrado são, portanto, os elementos desse novo mundo possível.”

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A federalização da Educação Básica


A Comissão de Educação do Senado Federal discute uma proposta do senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) de “federalização da Educação Básica”. O argumento do senador é que nas universidades, ou seja na Educação Superior, nos hoje Institutos Federais, antigas escolas técnicas, o governo federal “deu certo”. O raciocínio do senador parece ser lógico. Quando existiram (e onde existiram) as escolas técnicas federais figuravam no topo da lista das melhores. Transformaram-se em Institutos Federais e parecem manter a excelência. Grande parte das universidades públicas, tanto as federais quanto as estaduais, em quaisquer avaliações que se faça, aparecem à frente das particulares. Na Educação Superior, portanto, o Estado, federal, no caso, como disse o senador, “dá certo”. Pela proposta do senador, com a federalização da Educação Básica, haveria uma carreira única, com salário-base de R$ 9 mil. Do ponto de vista financeiro, certamente, a proposta seduzirá professores em todos os quadrantes do País. O problema é que para chegar a esse intento, o mesmo senador propõe transferir a Educação Superior do Ministério da Educação (MEC) para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A proposta não agrada nem um pouco professores e professoras das federais. Pelo jeito, trata-se de algo como “descobrir um santo para cobrir o outro”. A verdade, porém, é que algo precisa ser feito para mudar o quadro da Educação, no todo, do País. Pagar bem professores no País inteiro e implantar um padrão nacional mínimo de “qualidade” talvez seja o caminho. Por mais polêmicas que as sejam, as ideias do senador Cristóvam Buarque não podem simplesmente deixar de ser discutidas.

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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O neoliberalismo na Educação assumido pelo MEC


Durante anos fui até vítima da chacota e da raiva de alguns colegas professores por afirmar, e hoje reafirmo ainda mais, que a política neoliberal de o “Estado mínimo na Educação” brasileira foi implantada no Governo Fernando Henrique Cardoso, refinada no Governo Luiz Inácio Lula da Silva e aprimorada ainda mais no Governo Dilma Rousseff. O que me fez chegar a essa conclusão foi observar que, ao longo dos anos, pelo menos na Economia e na Educação, os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) quando mudou alguma vírgula nas políticas do Governo FHC, foi para reforçar práticas neoliberais ou aprimorá-las. O cânone neoliberal passa pela privatização do ensino público, a fragmentação do trabalho docente e a perda da autonomia dos professores (e das próprias universidades). Se não incentivou o processo de privatização do ensino público de forma direta, como o fez FHC, Lula e Dilma, o privatizaram por dentro, à base de programas e competição via editais. Essa competição entre pares leva à fragmentação da carreira, faz com que a unidade da categoria dos docentes também seja fragmentada, sem falar na perda de autonomia dos professores, em função dessa própria competição e da precarização da carreira. Por defender e aplicar esse cânone de forma competente na Secretaria Municipal de Educação da cidade do Rio de Janeiro, Cláudia Costin foi indicada para a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação. A se confirmar a ida de Costin para o MEC, confirma-se o viés neoliberal deste Governo. Alguém ainda duvida?

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terça-feira, 20 de novembro de 2012

O problema da escrita na Educação Superior


Que me perdoem os linguistas, mas, escrever corretamente, de acordo com o mínimo das regras da gramática normativa, é fundamental para quem frequenta a escola formal. Não duvido que “comunicar” está acima de tudo. Não fosse assim e Luiz Inácio Lula da Silva não seria nem presidente (o melhor do Brasil, por sinal). Acontece que quem passa por uma universidade, quer pública, quer particular, não pode sair dela a escrever como se fosse um analfabeto funcional. E isso tem ocorrido constantemente. As particulares, para manter a clientela, oferecem os chamados cursos de nivelamento, dentre eles, princípios básicos de Língua Portuguesa. Nas federais, quando se vai tratar do assunto, o argumento mais usado, é que sempre vence, é que a universidade não pode resolver o problema da “má qualidade” dos ensinos Básico e Médio. Opta-se pela reprovação em massa ou por fazer vistas grossas para o problema: por omissão ou baseado em argumentos linguísticos ou pedagógicos. Ou os dois juntos. Esse tipo de atitude, porém, é similar a se “lavar as mãos” como o fez Pilatos no julgamento de Jesus Cristo. Não livra, no entanto, a universidade pública da responsabilidade pela péssima qualidade no domínio mínimo do uso da língua no processo da escrita. Mais dia, menos dia, a universidade pública terá de assumir a responsabilidade que lhes toca no problema e fazer algo para solucioná-lo. Essa é parte da responsabilidade social de uma universidade. Mais ainda se é uma universidade pública. E nenhuma poderá fugir dela. Os estudantes, principalmente os que saem mal e parcamente alfabetizados, agradecem.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A universidade, a organização social e a dinâmica da vida


Qual, afinal, o papel da Escola, em todos os níveis, na vida das pessoas? Ser um dos aparelhos do Estado para ajudar na organização da vida em sociedade ou contribuir para que as pessoas entendam a dinâmica da própria vida? Com o perdão dos paulofreireanos, montessorianos e demais defensores da “escola libertadora”, caso o papel seja o primeiro, “ajudar na organização da vida em sociedade”, a Escola (inclusive a universidade) não passa de um “aparelho ideológico do Estado” como bem defendia Louis Althusser. Portanto, se assim o for, jamais poderá sê-lo contraditoriamente libertadora. Ao contrário, será sempre conformadora e defenderá, a conformação como regra. Certamente, esse é um dos motivos de a Escola atual ser a maior porta-voz do discurso libertador, no entanto, na prática, ser castradora. A contradição existencial da Escola é essa: querer ser o lócus de entendimento da dinâmica da vida e funcionar como aparelho de Estado para a conformação dos seres às regras de organização da vida em sociedade. Como a universidade, por exemplo, pode formar um ser “autônomo”, “livre” e pronto para as descobertas se, ao longo da vida, esse mesmo ser foi “educado” para dependência, prisão e conformismo? Enquanto todo o processo educacional não for “libertador”, a partir do próprio núcleo familiar, vejo poucas possibilidades de a universidade, ao fim de tudo, ser esse “instrumento de libertação e descobertas”. Avançar no sentido de derrubar esse muro da contradição talvez seja o caminho para o que denomino de “revolução didático-pedagógica” essencial para que a universidade cumpra seu principal papel: de universalização dos saberes. E, claro, ajudar as pessoas a entender a dinâmica da vida.

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domingo, 18 de novembro de 2012

Universidade: entram os melhores, saem os piores


As universidades públicas brasileiras, muito mais que as particulares, comentem um equívoco dos mais graves: fingem selecionar os melhores para nelas ingressarem mas não cuidam de monitorar as saídas, essas sim, fundamentais para se ter parâmetros de avaliação da “qualidade do ensino”. Isso a se manter o olhar tradicional sobre o processo de ensino-aprendizagem, modernamente visto como processo de troca de saberes. O problema é que uma universidade não pode tomar como parâmetro meramente o que se convencionou chamar de “qualidade do ensino”. E a pesquisa? E a extensão? É preciso avaliar, portanto, rigorosamente, as saídas e não as entradas. Teoricamente, nem seria necessário realizar vestibulares ou exames similares. O que se teria de ter era um processo profundo e rigoroso de avaliar quem sai. O que se tem hoje é um “afrouxamento” ao final de cada uma das disciplinas que compõem a estrutura curricular de cada curso. Com isso, estudantes passam pelos cursos e não adquirem habilidades mínimas para galgar posições nas carreiras que escolheram e, muito menos, na vida. É preciso discutir e se chegar a alguns parâmetros mínimos de habilidades, gerais e profissionais, para que um estudante saia de um curso. Domínio da língua vernácula e do raciocínio lógico e quantitativo, por exemplo, a mim me parecem ser essenciais em quaisquer das profissões. Sem entrar no mérito da questão do preconceito linguístico, é inadmissível que um estudante passe por uma universidade e saia dela quase um analfabeto funcional. Assim sendo, portanto, é fundamental que se tenha mais cuidado com que sai. Para que não entrem os melhores e saiam os piores, ou todos sejam piorados dentro das instituições. Esse é mais um dos desafios da Educação Superior no País. Estamos dispostos a vencê-lo?

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sábado, 17 de novembro de 2012

Facebook: uma espécie de Touchnotepad planetário


O nome é pomposo. Parece mais um desses equipamentos inovadores dos tempos ditos pós-moderno. Ao assistir o jogo entre Arsenal e Tottham, hoje, dia 17 de novembro de 2012, ao lado do meu filho, vi o “aparelho” Touchnotepad nas mãos do auxiliar de um dos treinadores (nem me lembro de qual). Trata-se, talvez, do mais seguro, eficiente, eficaz e efetivo Hard Driver inventado pelo ser humano: o bloco de anotações. Este, talvez, seja o grande desafio dos pesquisadores das Mídias Digitais: não esquecer que a mais usual e digital das mídias seja a combinação entre o papel como suporte e a escrita como tecnologia. Embora o suporte não seja mais o papel, nunca a humanidade se comunicou tanto com o uso da escrita quanto agora. Há, evidentemente, uma combinação com imagens, os avatares, por exemplo, bem como a troca de fotografias. No entanto, as duas mídias digitais mais populares, as redes sociais Facebook e Twitteer, alimentam-se da escrita, essa sim, a maior inovação da vida. Ao se estudar e pesquisar as Mídias Digitais, portanto, não se pode esquecer que a evolução, mais que a inovação, não se consegue jogando fora o velho e seduzindo-se pelo novo constantemente. Além do mais, inovar não significa simplesmente usar as ditas novas tecnologias. Talvez o novo seja, exatamente, essa combinação entre o antigo, a escrita, e o moderno, o suporte digital. Essa combinação, quem sabe, não explica o sucesso estrondoso do Facebook? A rede já ultrapassou 1 bilhão de usuários. Isso significa que de cada 10 pessoas no Planeta, sete são usuários do Facebook. O que mais impressiona é que desses usuários, 50% ficam online 24h ao dia. A jogar, a bater-papo, enfim, a trocar mensagens, no mais das vezes, escritas. O Facebook é, no fundo, uma espécie de Touchnotepad planetário. Daí ser o principal objeto de estudos e pesquisas do Programa de Mídias Digitais da Universidade Federal do Amazonas (Ecoem/Ufakm). No Ecoem, porém, temos duas convicções basilares: informação e conhecimento são bens públicos, portanto, devem circular livremente e, a escrita é a mais inovadora das invenções da humanidade.

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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Princípio que não se aprende na Escola


O capitalismo tomou para si o princípio burguês de “Liberdade, igualdade e fraternidade” advindo da Revolução Francesa. Esse princípio tornou-se mantra e virou parte dos discursos que espalham “lugares-comuns”. Sem comentar a questão da fraternidade, mas, apenas, fixando-se na liberdade e na igualdade, provoco: em qual escola (inclusive universidade) se pratica, efetivamente, a liberdade e a igualdade? Há muito, principalmente depois que ingressei na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 1985 como estudante, depois, em 1993, como professor, observo se o discurso corresponde à prática. A cada dia, formo a convicção de que liberdade e igualdade são princípios doces na boca de quem fala e amargos na de quem realmente precisa delas. O discurso, normalmente, é lindo! A prática: um terror! Vejamos o hiato que existe entre o discurso pedagógico e o discurso administrativo. Tomemos o caso hipotético de um professor engajado, defensor (e praticamente) da liberdade e da igualdade. Digamos que ele ministra uma aula sobre o tema: fala de igualdade e liberdade o tempo todo. Mas, ao final de 50 minutos (se for em uma universidade) ele termina a aula e é obrigado a “fazer a chamada”. Se for daqueles mais “libertários” abre mão desse instrumento opressor do “controle da frequência”. Se o fizer, porém, fere o Regimento da Instituição. Se não o fizer, ou seja, se praticar o controle de frequência, ferirá, indubitavelmente, o direito à liberdade que tanto prega, e que terminou de pregar neste caso hipotético que aqui levanto. Como se pode pregar a liberdade sem sala-de-aula se fora dela, em qualquer Instituição de ensino, só o controle funciona? Tomemos outro exemplo da vida prática. A meritocracia valoriza o quê? As diferenças, os títulos, a produtividade individual (há em grupo pouco conta), enfim, o foco é no indivíduo, na marca pela diferença. E assim caminha a humanidade e a Escola: centrada em um discurso e fixa em prática completamente antagônica.

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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Corporativismo, regulamentação e reserva de mercado


Ontem, na postagem “Para repensar a regulamentação profissional no Brasil” abordei o assunto sobre o qual vou, novamente, me debruçar hoje com mais algumas provocações. Recorro ao meu colega Tomás Barreiros, jornalista e advogado, com algumas explicações esclarecedoras quase se vai discutir a questão da regulamentação profissional:
“1) Corporativismo, embora esteja quase sempre carregado de conotação pejorativa por quem emprega o termo, não é palavrão. Em sentido próprio, aponta para uma conquista de classe, algo importante, viável e interessante numa sociedade capitalista marcada por lutas entre capital e trabalho. O trabalhador se une em uma categoria profissional, que reivindica direitos que possam lhe garantir a sobrevivência e o progresso no mundo capitalista. Quanto maior a consciência de classe, maior a possibilidade de conquistas importantes. Numa democracia, num estado de direito, essas conquistas se dão por via legal. A regulamentação profissional é uma delas. Uma das mais importantes conquistas é a criação de um Conselho Profissional, órgão "corporativo" máximo possível. Veja-se, por exemplo, a OAB. Como não admirar a ação dela como órgão de representação de classe? Inclusive com seus Tribunais de Ética, que estão entre os que mais punem profissionais que atuam em desacordo com os rigorosos preceitos do Código de Ética dos advogados.
2) A regulamentação profissional dos historiadores provavelmente é importante para a classe. Mas a disposição do inciso II do art. 4º parece completamente irreal e inviável. A meu ver, confunde definição de campo de atuação profissional com monopólio de área de conhecimento. A divulgação de informação de qualquer área deve ser livre. Caso contrário, para divulgar qualquer informação na área médica, seria preciso sempre consultar um médico; para divulgar qualquer informação legal, consultar um bacharel em Direito e assim por diante... Um absurdo inviável. O que não invalida a tentativa de definição das tarefas profissionais específicas do historiador.” Barreiros comenta a aprovação da Lei que regulamenta a profissão de historiador e defende, também, o diploma para o exercício da profissão de jornalista. Depois de idas e vindas, também faço parte deste time (dos defensores do diploma), por um único motivo: exatamente o corporativismo, ou seja, como luta e conquista de uma classe (trabalhadora). No entanto, a discussão me parece muito mais complexa do que a nossa vã mente humana consegue delimitar. Os saberes não cabem mais nos "gavetões" das profissões. Conheço alguns rábulas muito melhores do que grande parte dos formados nas faculdades de direito, assim como, no interior do Amazonas, há quem cure (principalmente ossos, os "pegadores de ossos") muito melhor do que os pediatras especializados dos nossos cursos de Medicina. Formatar pessoas em um mesmo nível de excelência como se fosse máquinas saídas de uma fábrica é exigir das universidades uma prática tecnicista inaceitável e distante do papel que cabe a cada uma delas. Nem a formação profissional nem a vida cabem em uma universidade.

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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Para repensar a regulamentação profissional no Brasil


Vez por outra acompanho discussões acaloradas sobre a questão da “regulamentação”. Quer profissional, quer da mídia ou da internet. A mais recente foi sobre a regulamentação da profissão de historiador. Tramita, também, no Congresso, o retorno da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Discute-se, ainda, a regulação da mídia e o marco legal da Internet no Brasil. Quando ainda estudante de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), defendi vorazmente o diploma para o exercício da profissão. Antes de me “formar”, descobri que meu texto (embora elogiado por alguns professores) ainda era sofrível. Resolvi cursar Licenciatura Plena em Letras, também na Ufam, como forma de complementar minha formação em Jornalismo. Virei “repórter especial” do jornal de maior circulação de Manaus e do Amazonas. Em pouco tempo passei a funcionar como uma espécie de “Diretor auxiliar de Redação”, que hoje recebe o pomposo nome de Diretor Executivo de Redação. Logo em seguida, ingressei na Ufam como professor. Ficou a certeza de que, para entender o processo de “Administração de uma Redação”, deveria estudar Administração de empresas e tentar aplicar o aprendizado ao Jornalismo. Cursei Especialização na FGV-ISAE-AM e Mestrado em Administração (Marketing e Finanças) na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (Usp). Pesquisei “o diferencial do jornal de domingo no mercado brasileiro”. No Doutorado, voltei para a área de Comunicação e, agora, na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Usp, estudei “o posicionamento das empresas de Comunicação no Mercado da Informação”, talvez o primeiro trabalho da Região Norte sobre a Rede Mundial de Computadores e a relação com as organizações de Comunicação. Na vida, como na pesquisa, descobri, por experimentar, que “o método é o percurso”, como defende Edgar Morin. A hipótese, provavelmente, também serve para se avaliar o processo de “formação” para o exercício de uma atividade profissional e o efetivo exercício dela. Delimitar campos do saber ou “territórios” para o exercício profissional é muito mais complexo do que aparenta. É necessário mudar completamente a perspectiva do olhar para entendermos que nem a mais bem aparelhada e melhor escola do mundo, em quaisquer dos níveis, é capaz de “espelhar” a vida. Os saberes não cabem mais nos "gavetões" das profissões. Pena que, a universidade, na teoria, é a mais liberal instituição do mundo, na prática, no dia-a-dia, é um amálgama do exército e da igreja. Qualquer profissão que se fechar em seu terreninho protegido por cercas, ainda que de arame farpado, será invadida. Pelos saberes oriundos da própria vida. Meu percurso me ensinou isso: é preciso repensar urgentemente a formação e a regulamentação profissional no País. Fórmulas não as tenho! Talvez o próprio percurso apresente novos caminhos.

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Norma Técnica não é camisa-de-força


Por definição, não sou contra a Associação Brasileira de Nomas Técnicas (ABNT). Durante um ano, aliás, quando morei em São Paulo e cursava Mestrado na Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), trabalhei voluntariamente para a ABNT na reforma da NBR 6023. Inclusive, fui um dos mentores da NBR 14724, especificamente para Trabalhos Acadêmicos, uma vez que não havia norma específica para tal. Por sinal, há autores que até hoje iludem incautos leitores acadêmicos com a “lenda” de que as normas técnicas mudam todo ano. Grande balela de quem não conhece, não estuda e nem saber interpretar as NBRs. A título de reestabelecer a verdade, deve ficar claro que até 2002 nem havia NBR para Trabalhos Acadêmicos. O que os autores de “autoajuda” em Metodologia da Pesquisa faziam era adaptar as normas para livros e relatórios técnico-científicos como se fossem trabalhos acadêmicos. Dessa forma, não se pode (nem se deve) deixar que os livros de Metodologia da Pesquisa sejam postos em um altar e sirvam como único parâmetro para avaliar um Projeto de Pesquisa ou uma Pesquisa. As universidades tem autonomia para usar inteiramente ou parte das NBRs. No entanto, elas existem apenas para se dar à pesquisa um formato “mais aceito” pelo pares. Mais que isso, é apenas uma forma de padronizar o texto científico com fins comerciais, de circulação da informação. Essa é função da Norma Técnica. Qualquer outro status que se dê a ela é puro proselitismo. Não passa de uma postura pedante de quem pouco estuda e se ancora na Norma para desqualificar certas pesquisas. A essência da pesquisa científica não é seguir rigorosamente normas técnicas, mas sim ter rigor e vigor. A Norma Técnica é um mero acessório. Nada mais!

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O desafio do trabalho coletivo nas universidades


Há muito percebo, tanto de estudantes quando de professores e professoras, restrições, e até reações, contra os “trabalhos em grupo”. E isso me causa muito estranhamento. Nem tanto pelos estudantes, pois cabe a nós educá-los para tal, ou seja, para o trabalho em grupo, portanto, coletivo. Mas, pela extrema dificuldade que enfrento nos trabalhos que, necessariamente, deveriam ser em grupo. A maior delas é, por exemplo, o planejamento em grupo das atividades e disciplinas de um curso. Dificilmente, há anos, não se consegue nem reunir o Colegiado de Curso, que deveria reunir os professores de todas as disciplinas que fazem parte da estrutura curricular de um curso. As dificuldades são tantas que, na maioria das vezes, as decisões sobre o curso são tomadas solitariamente pelo coordenador, ou pela minoria do Colegiado. Estranha-me que nos discursos, a categoria defenda as decisões colegiadas, ou seja, o processo democrático: tanto da escolha dos dirigentes quanto da administração menos centralizada. Na prática, porém, os próprios professores (e professoras), ao participarem raramente dos colegiados, terminam por “matar” a democracia pela qual tanto lutam e lutaram. Como, então, cobrar dos estudantes a realização de trabalhos em grupo se, entre nós, ainda não vencemos a dificuldade (que parece permanente) de se trabalhar coletivamente? Em Educação, o exemplo vale mais do que mil aulas. É preciso vencer o individualismo que se impregnou entre nós com a visão meritocrática (individual) sobrepujando-se a todo e qualquer olhar coletivo. Ou nos reeducamos para o trabalho coletivo e compartilhado ou teremos sérias dificuldades em conscientizar nossos estudantes sobre a importância do trabalho em grupo, em equipe. As empresas modernas não contratam apenas indivíduos.     Querem pessoas que saibam valorizar o trabalho em equipe. Esse é, portanto, mais um desafio das universidades: formar para o trabalho coletivo.

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domingo, 11 de novembro de 2012

Não há padrão nacional na Educação


Erra o Ministério da Educação (MEC), aos nos impor um exame nacional como o do Ensino Médio (ENEM), erramos todos nós ao aceitá-los. Como se o Brasil fosse uma massa homogênea de procedimentos no processo ensino-aprendizagem. Não se pode esquecer que existem peculiaridades regionais a serem respeitas que, praticamente, inviabilizam a realização de um exame nacional sem que, ao final do processo, mais injustiças sejam cometidas que acertos. Esse é o problema crucial do ENEM e o de qualquer política pública que queira tratar o Brasil como uma homogeneidade de procedimentos. Ou nos voltamos contra isso ou assumiremos a nossa incapacidade de defender as peculiaridades regionais que nos fazem um País único, porém, uma Nação cuja base é a diversidade. E para respeitarmos essa diversidade, somos obrigados a reconhecê-la. Ao reconhecê-la, por outro lado, temos de dizer um “não” peremptório ao processo de padronização da Educação nacional. Esse é o maior desafio de nós, educadores: respeitar as diversidades e reconhecer as desigualdades. Isso, porém, também tem de se refletir nas políticas públicas. Investir na padronização, com é desejo do MEC em relação ao ENEM, fragiliza o processo educacional do País e o joga naquele patamar do ideário capitalista “padrão universal”. É contra ele que devemos lutar. Só assim poderemos pensar em uma Educação socialmente referenciada, inclusiva e de qualidade. Ou chegamos a esse patamar ou corremos o risco de fenecer ao longo do processo.

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sábado, 10 de novembro de 2012

Administração não é a base da Educação


Não entrarei nem na discussão se Administração é Ciência ou apenas um conjunto de técnicas aplicadas ao processo de gerenciamento das organizações. Tomarei como base apenas os pressupostos que aparecem nos clássicos livros da área que dizem tratar a Administração do planejamento, da organização (ou seja, da estrutura), da direção e do controle “das atividades diferençadas pela divisão do trabalho”. De forma geral, o que acontece hoje em todos os níveis da Educação é uma tentativa de se aplicar esses pressupostos. Principalmente em sala de aula. Acontece, porém, que o processo educacional é muito mais complexo do que os manuais conseguem registrar. Aplicar em sala de aula os princípios do planejamento, organização, direção e controle têm poucas chances de sucesso. Talvez o fossem em tempos idos, hoje não mais. Esses quatro princípios parecem tender para um só, quando aplicados em sala de aula: o do controle. Quando se fala em testar novas metodologias em sala de aula, a pergunta, quase em uníssono que sempre surge é: “mas, como vamos controlar os alunos?” Essa é a visão daqueles que ainda acreditam piamente na Educação como mecanismo do Estado para “formatar” as pessoas. Uma educação libertadora, voltada para o exercício da cidadania não trabalha apenas com a perspectiva do controle. A escola, em quaisquer dos níveis, talvez fosse um ambiente muito mais libertador se tomasse por base os princípios da liberdade, responsabilidade e cidadania preconizados por Maria Montessori. Chegar-se-ia, certamente, na “educação libertadora” que tanto Paulo Freire defendia. Enquanto a Educação for guiada e tiver como horizonte apenas os princípios da Administração as dificuldades de “formar para a vida” serão incomensuráveis. Admitir a necessidade de mudança, nesse caso, é o primeiro passo para se corrigir rotas. Resta saber se há mesmo quem queira a Educação como prática libertadora.

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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Exclusão e preconceito na prova do ENEM


A tese em defesa do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) era de que, por ser em todo o território nacional, permitiria a inclusão do maior número possível de estudantes nas universidades brasileiras. Em uma País com as dimensões territoriais brasileiras, é pouco crível que isso aconteça, pois as realidades, em cada Estado são díspares. A pretensa inclusão, na prática, pode se transformar em exclusão exatamente em função dessas disparidades. São inúmeros os exemplos de como isso ocorre, a cada dia, nas universidades, principalmente de estados, menos desenvolvidos: extremas dificuldades em preencher as vagas oferecidas em determinados cursos, como no Acre e no Amapá, por exemplo. A exclusão, e, mais que tudo, o preconceito, porém foram manifestos, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na própria realizada do exame. A indígena Lúcia Duarte, de 40 anos, foi proibida de ter acesso à sala na qual realizaria o exame com a desculpa de que a “certidão indígena” dela não era um documento oficial. De acordo com o site Midiamax, daquela cidade, além de ser impedida de entrar na sala de aula, a indígena foi vítima de preconceito racial por meio de comentários jocosos das pessoas que trabalhavam na aplicação das provas. Até quando aceitaremos que fatos como esse ocorram e se transformem em meras denúncias localizadas? Não se pode admitir que pessoas sejam discriminadas e excluídas, inclusive do processo de seleção, como o foi a indígena Lúcia Duarte. Tirar a chance de alguém ingressar na universidade já é criminoso. Fazê-lo com violência moral e preconceito com nesse caso, pior ainda. Mesmo que não tenha sido anulado, mais uma vez, o ENEM termina com uma mácula. Dessa vez, a do preconceito contra os povos indígenas. Lastimável!

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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A qualidade como diferencial nas particulares


Quer queiramos, quer não, a transformação da Educação em negócio é uma realidade no Brasil. Portanto, não é mais nenhum pecado ser falar em “mercado da educação”. E nesse mercado, as universidades, centros universitários e faculdades cumprem papel social dos mais relevantes: são essas IES que prestam os “serviços educacionais” às classes C, D e E, público que, necessariamente, deveria ser o das universidades públicas. Só assim cumpriram o papel de ser “socialmente referenciadas”. Por terem como público-alvo as classes C, D e E é que as IES particulares chiaram aos montes com a sanção, pela presidente Dilma Roussef (PT) do projeto que regulamenta a política de cotas nas universidades públicas brasileiras. Das atabalhoadas medidas tomadas no âmbito da Educação pelo Governo Dilma (antes os dois governos de Lula) essa é a que tem mais potencial para promover, efetivamente, a inclusão de pessoas. A medida, pode-se assim dizer, irá “deselitizar”, pelo menos em 50%, as universidades públicas. Ao obrigar as universidades a receberem 50% dos seus estudantes vindos da escola pública, a lei, certamente, tirará do mercado das particulares, 50% dos clientes. Com isso, a concorrência será ainda mais acirrada e, por linhas tortas, o Governo obrigará todas elas a começarem a se preocupar com algo que, em tempos idos, era um luxo: a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Chegará o momento em que só as que oferecerem qualidade no processo educacional permanecerão no mercado. Com a Lei de Cotas, inicialmente prevista para 10 anos, as universidades públicas terminarão por concorrer com as particulares numa faixa de público, as classes C, D e E na qual elas (as particulares) eram soberanas. Isso as obrigará, enfim, a pensar na concorrência. Uma consequência disso é que o mercado começa a ser oligopolizados: só os grandes grupos, nacionais ou não, sobreviverão. E isso não significará aumento de preço nas mensalidades. Como a Lei de Cotas surgiu no momento em que há uma forte concentração no mercado, ao invés de os grandes grupos se sentirem livres para subir o preço das mensalidades, serão obrigados a investir em qualidade e, pelo menos, a manter os preços. No mundo dos negócios, quando o estudante se transforma em cliente, termina por conseguir certos privilégios: a depender das condições do mercado. Atualmente, está favorável aos estudantes (cliente).

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O bedel eletrônico e os direitos individuais feridos


Uma escola pública de Samambaia, cidade do Distrito Federal localizada a 40km de Brasília, aderiu a uma novidade que, em breve, certamente, fará parte do dia a dia dos estudantes das escolas brasileiras: implantou um chip no uniforme escolar que elimina o uso das “pagelas” para se fazer a chamada e ainda manda uma mensagem aos pais, por meio do celular, para avisar se o filho entrou ou não na escola. Sem dúvidas, trata-se de uma novidade importante no campo do uso das Mídias Digitais em prol do controle, tanto da frequência quanto dos estudantes, por intermédio dos pais e das escolas. Por ser implantado em uma escola pública, também merece elogios. No entanto, não se pode tomar uma medida dessas arbitrariamente, sem levar em conta o direito individual do próprio estudante de ir e vir. Não sou contra o uso das tecnologias novíssimas na Educação. Ao contrário, com o Programa de Mídias Digitais (Ecoem) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) pretendemos que todos os processos possíveis sejam digitalizados. Quando se tratar, porém, das questões que envolvam direitos individuais, como o da privacidade, por exemplo, nada pode ser feito sem que haja uma discussão profunda com a comunidade. Uma coisa é fazer o controle da entrada e da saída das pessoas em um ambiente por meio do uso das digitais, por exemplo. Outra é implantar um chip, ainda que no uniforme, para controlar todos os movimentos dos estudantes. A tecnologia, em si, já é usada constantemente pelos promotores de corridas, para controlar o tempo dos corredores. Os chips são amarrados nos tênis e devolvidos ao final da corrida. Usar a mesma tecnologia para controlar a entrada e a saída das pessoas em determinados ambientes, certamente, vai virar “moda”. No entanto, não se pode esquecer que há uma questão ética muito profunda que deve ser bastante pesada antes de medidas como essas serem tomadas: o direito individual não pode ser ferido. O bedel eletrônico, da forma como foi implantado em Brasília, parece ferir o direito individual do estudante. É bem verdade que, como o aumento da violência urbana, o indivíduo, em algum momento, terá de optar entre ser controlado constantemente ou se abre mão do direito de circular livremente. Enquanto isso não ocorrer, medidas de controle como essas são arbitrárias se forem implantadas sem que haja discussão profunda sobre o tema.

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

O distanciamento da realidade no processo educacional


As universidades padecem de outro mal (talvez do século): o de se considerarem entes acima do bem e do mal pela expertise do seu corpo docente. É como se, por meio da Ciência, tivesse o poder de ditar regras e dizer o que deve ou não ser feito lá “no mundo dos meros mortais”. Não se trata de uma posição exclusiva das universidades. A escola, em si, considera-se um ente distante da realidade, do dia a dia das pessoas. E, talvez por isso, tenha-se a impressão de que a escola é um ente à parte da vida, descolado da realidade. O problema se agrava à medida que se sobe de nível. E quando se chega no nível superior, é como se a universidade fosse a “deusa do saber”. Essa imagem presunçosa que se cria da própria atividade, de certo modo, termina por gerar antipatia coletiva. Tanto a educação quanto a Ciência se alimentam do mundo, da realidade, do dia a dia, da vida. Existimos, portanto, pesquisamos, para entendê-la. Transformar as universidades em Olimpo, em espaço dos deuses, não as faz mais cobiçadas. Muito menos respeitadas. Em alguns casos, deixa respingos na imagem institucional. É na e da sociedade que a universidade se alimenta e revigora suas pesquisas. Ou tomamos isso como regra e entendemos que a Ciência é parte da vida ou cada vez mais estaremos distante da sociedade. E se isso acontece, não teremos o respeito dela. Reconquistar nosso espaço da convivência e do respeito no seio da sociedade talvez seja o maior desafio que temos como professores e cientistas. Pois, afinal, uma Ciência que não melhora a vida das pessoas deixa de servi-las e passa a ser um ente abstrato.


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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O mercado faz parte da vida


Há um erro crasso nas universidades brasileiras, quer públicas, quer particulares: o de focar na “formação para o mercado”. É como se o mercado fosse uma entidade superior à própria vida. A função precípua de uma universidade é formar para vida. A vida em sociedade. E o mercado faz parte delas: da vida e da sociedade. Uma universidade que se preze, portanto, não pode focar a formação apenas no mercado. Deve, inclusive, se for necessário, a partir das pesquisas que produz, em todos os níveis, mudar o mercado. Enquanto o foco for centrado apenas na formação para o mercado a universidade deixará de cumprir plenamente sua missão de contribuir para melhorar a vida das pessoas. É mister que o processo de selecionar os entrantes seja revertido para dar qualidade, em bom nível, aos egressos. Enquanto houver foco apenas em “selecionar os melhores” nas entradas e não se preocupar com a saída, ou focar essa saída nas “necessidades do mercado” as Instituições enfrentarão problemas. Um deles é se preocupar com as notas dos exames de cursos que medem, na verdade, o desempenho dos estudantes e não da IES. Fosse a preocupação centrada na saída (ou seja, nos egressos) como valor intrínseco ao processo de formação, o desempenho dos estudantes, em exames domo o Enade, por exemplo, não apresentaria os problemas hoje enfrentados. Mudar a perspectiva do “olhar institucional” é um bom passo para se atingir a excelência.

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domingo, 4 de novembro de 2012

Fies para Mestrado e Doutorado


O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC) criou mais um mecanismo para por em prática a política de “o estado mínimo na Educação”. A partir do ano que vem o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) será ampliado e permitirá que estudantes financiem, a juros de pai pra filho, seus cursos de Mestrado ou Doutorado nas instituições particulares. Na prática, ao invés de investir nas universidades públicas, o Governo transfere recursos para a iniciativa privada. Há quem argumente que se trata de mais uma forma de criar oportunidades para que estudantes cursem Mestrado e Doutorado. Não deixa de sê-lo. No entanto, é o tipo de política, como o Prouni, por exemplo, pouco afeita aos governos ditos de “esquerda” ou “dos trabalhadores” como se autoproclamam. Era de se esperar que um Governo do Partido dos Trabalhadores (PT) não se utilizasse tão maciçamente de “políticas públicas neoliberais”. A medida, inegavelmente, auxiliará estudantes. No entanto, “dará uma mãozinha” muito maior às Instituições privadas, cujos cursos possuem mensalidades altíssimas e, muitos deles, encontram sérias dificuldades para “fechar turmas”. Com o Fies ampliado, essas Instituições respirarão um pouco mais aliviadas. Particularmente, entendo que a prestação de serviços educacionais pela iniciativa privada é uma atividade de risco como outra qualquer. Dessa forma, os programas de Mestrado e Doutorado devem mesmo ter mensalidades nada baratas a fim de manterem o negócio. Destinam-se, porém, àqueles que querem e podem pagar pelos cursos oferecidos. Financiá-los com dinheiro público não me parece a política pública mais correta. Sei que o tema é controverso e permite vários olhares. Que, pelo menos, as pessoas reflitam mais sobre o assunto.

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sábado, 3 de novembro de 2012

A melhor forma possível do ENEM


O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, garantiu que “todas as providências foram tomadas para que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ocorra da melhor forma possível”. A as provas começam hoje e amanhã, com início previsto para às 13h (horário de Brasília), ou seja, 11h, de Manaus. Quem chegar fora do horário não ingressará nos locais das provas. O Exame custará R$ 260 milhões aos cofres públicos, R$ 30 milhões a mais que no ano passado. De acordo com o Ministério, o custo por estudante, porém, caiu para R$ 46,00. O montante foi maior em função de ter havido aumento no número de inscritos. A preocupação do ministro justifica-se em função de que, nos últimos três anos o ENEM virou motivo de chacota a ponto de ontem, nas Mídias Digitais, a piada do dia ser “estou aqui, à espera de que vazem o gabarito das provas do ENEM”, numa alusão ao último problema ocorrido, justamente o vazamento das provas, no Colégio Christus, em Fortaleza. Uma das missões de Mercadante no Ministério da Educação é justamente dar credibilidade a um Exame que surgiu como uma ótima ideia, porém, manchado constantemente pelas denúncias de frade que pouco respingaram no agora prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, mas que foi uma das piores marcas dele no Ministério da Educação. O que se espera é que essa “melhor forma possível” do ENEM não seja, mais uma vez, com denúncias de fraudes, ao final do processo. Não se deve esquecer, porém, que a realização de um Exame em um território do tamanho do Brasil sempre deixará possibilidades para fraudes exatamente pelo difícil controle das provas. Outra coisa que não se deve esquecer: o ENEM mede o desempenho dos estudantes e não das escolas. Portanto, não faz sentido comparar as notas obtidas por escolas, mas sim, por estudantes. Que o “melhor possível” passe a ser “sem fraudes”.

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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A EBSERH e a consulta para a reitoria


A ânsia de aderir à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) como a “salvação da lavoura” para os hospitais das universidades brasileiras parece ter encoberto algo que favoreceu muitos candidatos da situação nas consultas para a reitoria:  em grande parte das universidades brasileiras os Hospitais Universitários funcionavam como verdadeiros currais eleitorais. Com a adesão à EBSERH, servidores (técnicos e professores) ligados à empresa ficam impedidos de votar no processo de escolha dos reitores e reitoras. Por linhas tortas, o Ministério da Educação (MEC) termina por desarmar uma das mais auspiciosas fontes de votos dos candidatos que estão no poder das universidades brasileiras. As discussões em torno da empresa não levaram em conta a política de terceirização (e não de privatização como muitos tentam argumentar), marca do Governo Fernando Henrique Cardoso, cristalizada no Governo Luiz Inácio Lula da Silva e aperfeiçoada ainda mais no Governo Dilma Rousseff. O que existe hoje, no Brasil, é um Estado cuja lógica é meramente econômica. Não leva em conta que, em se tratando de Educação e Saúde, a relação entre despesas e receitas jamais fechará. Esse é o grande problema da EBSERH: tratará os hospitais universitários como se fossem unidades cujo objetivo é gerar lucros. Como se trata de uma empresa, ainda que estatal, completamente à parte da universidade, como as fundações de apoio e as empresas terceirizadas de limpeza, por exemplo, seus funcionários estarão impedidos de votar na escolha dos dirigentes, principalmente dos reitores e reitoras. Quem defendeu ardorosamente adesão à EBSERH nem se deu conta disso. Será um ônus que pesará nas novas consultas públicas. Dessa vez, certamente, com pontos favoráveis às candidaturas de oposição. No frigir dos ovos, o jogo ficará mais equilibrado.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O conservadorismo da universidade brasileira


Ontem, em reunião com os estudantes do Grupo de Pesquisa em Ciências da Comunicação Design e Artes (Interfaces), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), responsável por propor o Programa de Mídias Digitais da Ufam (ECOEM), comentei que a marca do nosso ECOEM é a ousadia. Ousadamente, como todo bom estudante, um deles sugeriu: então, professor, com esse calor, nada como um bom frigobar na nossa sala e umas cervejinhas. E completou: “Professor, nas empresas UP do Vale do Silício todos trabalham assim!”. Lá eu tive de entrar em cena com o meu lado professoral em busca de não tolher a ousadia, porém, ensiná-los a reconhecer o território no qual se movem. Imaginem o escândalo que seria, em uma universidade que já proibiu até a comercialização de bebidas alcoólicas nas chamadas “sextas culturais”, o consumo de bebidas alcoólicas em plena atividade didático-pedagógica? Pensar o impensável, fazer o improvável e ousar nas possibilidades de uso das Mídias Digitais é o lema do Programa ECOEM. Nos próximos 10 anos, nossa meta é mudar a cultura da Ufam e transformar o processo de digitalização da vida acadêmica, ou seja, do Ensino, da Pesquisa e da Extensão em algo trivial. Falo em 10 anos porque somente agora, por exemplo, as frequências do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) passaram a ser feitas on-line. Tudo, todos os processos já poderiam ser assim. Avançaremos, tenho convicção. No entanto, como bem disse aos estudantes, ainda é muito cedo para pensar em uma universidade na qual a liberdade completa seja a marca. Disse a eles: “particularmente, não vejo problema nenhum em implementar a proposta feita por vocês, se todas as nossas metas forem atingidas. O que me importa é que os nossos objetivos sejam alcançados. No entanto, vocês não podem esquecer de uma coisa: reconhecer o território no qual se movem. Vocês fazem parte de uma Instituição mais conservadora que o Exército e a Igreja juntos”. Não é nenhum exagero: a universidade brasileira é uma das instituições mais tradicionais e conservadoras, à parte os avanços espetaculares em algumas áreas. São avanços, porém, isolados. Institucionalmente, porém, parece ter o atraso como meta. As duas decisões, de adesão ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) são apenas uma amostra de como não construímos alternativas políticas avançadas que não passem por ceder às chantagens patrocinadas pelo Governo Federal. Temos de avançar nas relações e nas visões de mundo para podermos sonhar com a ousadia e inovação como regra. Por enquanto, nossa missão é quebrar barreiras e arrancar viseiras. Muito embora a vanguarda do atraso, às vezes, tente nos desestimular.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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