sábado, 31 de março de 2012

As Mídias Digitais e a queda dos muros invisíveis


Será possível que as pessoas ainda não compreenderam que o grande ganho com o advento da Internet é potencializar o uso das Mídias Digitais, e, portanto, derrubar os muros, essa linha imaginária dos territórios? O que poucas pessoas sabem, e talvez eu tenha sido modesto demais quando não deveria, é que pesquiso redes, o Mercado da Informação e a Internet desde 1999. É bem provável que esteja entre os pioneiros desses estudos na universidade brasileira. Em m 2002, publiquei o texto “O futuro do varejo de informações na Web”, na Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação (BOCC), em Portugal. Inclusive nos textos acadêmicos, sou ousado e gosto de apostar. Não como exercício de futurologia, mas, como forma de exercitar a percepção do presente como indicador de caminhos para o futuro. Afirmei, no artigo: “todas as empresas estabelecidas na rede serão empresas de mídia e só terá vantagem competitiva na rede quem trabalhar baseado em poderosos bancos de dados a respeito do comportamento de compra (ou de uso) do cliente.” O que é hoje o Facebook, ser não o maior banco de dados do mundo a respeito do consumidor mundial? Mark Zuckemberg foi certeiro em seu tiro. E, a partir de uma brincadeira extremamente segregadora e machista (escolher as colegas “mais gostosas” com as quais se matricular), criou um estrondoso sucesso, formada por pessoas e empresas reais, maior que a população dos Estados Unidos, estimada hoje em 850 milhões de usuários, dos quais 50% permanecem conectados 24 horas por dia. Essa nova joia da Internet foi avaliada recentemente em 77 bilhões de dólares. Minha ideia inicial de “empresa de comunicação” evoluiu para os ecossistemas comunicacionais vivos que se integram e se desintegram a cada segundo. Quanto mais se resistir, mais se perde a oportunidade de se firmar como Instituições mundiais. Essa é a grande chance que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tem de mostrar a capacidade criadora dos seus cérebros. É nisso que aposto. Acredito tanto que transformei em um projeto de vida e acadêmico: implantar o Programa de Mídias Digitais (ProMidi) da Ufam. Muros terão de ser demolidos diariamente. Principalmente os invisíveis e quase imperceptíveis. Esse é o nosso maior desafio. Com as parcerias que temos e que construiremos ao longo do percurso, venceremos!

sexta-feira, 30 de março de 2012

O monopólio do saber nas universidades


Nas universidades brasileiras parece haver uma tendência a se tentar monopolizar o saber. Muitos dos professores, que agora preferem ser atendidos pela “alcunha” de pesquisadores, deveriam usar constantemente o Facebook. Talvez, assim entendessem e, quem sabe, até pusessem em prática, a essência do verbo compartilhar. Arautos da modernidade (ou até da tal pós-modernidade), muitos esquecem, esquecem, porém, o que muda, efetivamente, com a Internet: liberdade, cidadania e responsabilidade. Um dos maiores desafios, não apenas da universidade brasileira, é trabalhar em rede. Compartilhar saberes. Sair, definitivamente, daquela divisão em disciplinas, em caixinhas do conhecimento, cada uma no seu lugar. O lócus do saber é a vida. A universidade é parte dela. Nada a mais. Por ter todo o conhecimento nela produzido financiado por recursos públicos, no caso das federais, é dever que seja compartilhado com a sociedade. O que nos move no Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências da Comunicação, Informação, Design e Artes (Interfaces), no últimos oito anos, é defender, e tentar praticar (pois não é nada fácil) a cultura hacker: as informações são um poderoso bem concreto e é um dever moral compartilhá-las. Essa deveria ser a essência de qualquer universidade. Ainda mais se for uma universidade pública. Vale, aos que pensam serem donos dos saberes, refletirem sobre o assunto. Quem sabe não derrubam o muro que os isola dos próprios colegas ao lado? A universidade e a sociedade passarão a ser melhores quando os conhecimentos foram compartilhados livremente como um bem social inalienável.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Ufam encerra amanhã o prazo para o Edital MEC/SESu


A Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por intermédio da Pró-reitoria de Extensão e Interiorização, encerra amanhã o prazo para que professores entreguem projetos e programas que irão concorrer ao EDITAL nº 02 – PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA PROEXT 2013 – MEC/SESU. Embora as inscrições, no edital, encerrem-se apenas no dia 14 de abril de 2012, a Ufam precisa encerrar antes para que os projetos e programas sejam aprovados na Câmara de Extensão e Interiorização para que os demais documentos exigidos para a inscrição sejam aprovados, tramitados e assinados. O Ministério da Educação (MEC) concederá apoio de até R$ 50 mil para projetos e de R$ 150 mil para programas. Cada instituição poderá concorrer com dois projetos e dois programas por áreas temáticas. É em função disso que o prazo para que as propostas sejam avaliadas internamente deve ser menor que o prazo estabelecido no Edital. Podem concorrer ao referido Edital universidades federais e estaduais e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets) com cursos de nível superior. As propostas devem dar ênfase à inclusão social e às ações de extensão que fortaleçam as Instituições Federais e Estaduais de Ensino Superior. As propostas devem ser exclusivamente de professores da instituição, via internet, por meio do uso da plataforma eletrônica Sigproj, disponibilizada no endereço sigproj.mec.gov.br. Devem ser propostas de “natureza acadêmica e de relação com a sociedade. O resultado provisório será divulgado no site do MEC até 28 de maio/2012 e o resultado definitivo, 12 de junho de 2012.”

quarta-feira, 28 de março de 2012

Equilíbrio na Universidade é essencial


Ando extremamente preocupado com os rumos que as coisas começam a tomar na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Não creio que haja mais espaço para verdadeiras guerras para se chegar ou para se tirar alguém do poder. Não me apetecem os relatórios extremamente positivos, como se nada que tivesse sido feito antes, na Ufam, tivesse valor. Da mesma forma, detesto as críticas extremadas, como se nada fosse feito a cada ano. Isso serve desde os departamentos, passa pelas diretorias de unidades e chega à própria reitoria. Abomino essa tendência mediana que domina a forma de pensar de muitas pessoas: não se precisa destruir o outro (muito menos a obra dele) para se firmar na profissão e na universidade. O conhecimento é diversificado e a inteligência coletiva só ganha fermento quando temperado com obras coletivas e acúmulo do primeiro, ou seja, conhecimento, inclusive administrativo. Tratemos de não destruir o que está feito e pensar em um futuro como a soma de todas as obras, inclusive relatórios, construídos pela coletividade da Ufam. Esse é o maior ensinamento que podemos deixar para a sociedade.

terça-feira, 27 de março de 2012

Autonomia não é sinônimo de tirania


Para alguns dirigentes das universidades federais brasileiras, inclusive, há quem pense assim na própria Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a autonomia universitária significa tirania. Digo isso por participar de alguns colegiados da Instituição e verificar, in loco, que grande parte das pessoas entende que a Constituição do País, bem como todas as demais leis, devem ser rasgadas, pisoteadas e jogadas na lata do lixo, em nome da tão propagada autonomia. Fico a me perguntar se criar os meus filhos com base nessa filosofia da autonomia que se aplica nas universidades é incentivá-los a não respeitar as leis, a rasgar as convenções e sair por aí fazendo o que bem entendem? Evidentemente que não. Entendo que a universidade é o ambiente da contestação, do exercício da liberdade. E jamais deve perder essa característica essencial para o avanço dos saberes. Se há pontos nas leis que merecem contestações, que sejam contestados. Porém, nas instâncias do Estado democrático de direito. Que façamos greves, que enfrentemos os canhões coletivamente, em nome de uma causa. Confundir, no entanto, autonomia com tirania só serve aos próprios tiranos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Avaliação continuada do Inep on-line



O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) inaugurou, desde o dia 22, uma nova fase da capacitação dos professores que compõem o Bando de Dados de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (BASIs). Agora todos os avaliadores, ao invés de serem levados a Brasília e passarem por dois dias de treinamento intensivo, passarão por um processo de capacitação via internet, por intermédio da Plataforma Moodle, para uso do novo instrumento de avaliação. O antigo instrumento de avaliação foi modificado por conta de um estudo realizado por uma comissão de acompanhamento que propôs modificações e apresenta um novo formulário a ser preenchido pelas Instituições de Educação Superior (IES) no Sistema Eletrônico e-MEC, documento primordial para servir de base às avaliações in loco. Apesar de o filme rodado no sistema para apresentar o novo processo ser de péssima qualidade e o ambiente Moodle não ser lá grandes coisas para a educação a distância, trata-se de um senhor avanço o Inep realizar a primeira experiência de capacitação dos seus avaliadores on-line. Nesses casos, a educação a distância cai como uma luva e deve ser incentivada. Loas ao Inep.

domingo, 25 de março de 2012

MEC faz auditoria na Unip


O Ministério da Educação (MEC) determinou uma auditoria de 60 dias na Universidade Paulista (Unip), uma das 31 instituições suspeitas de manipular dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). De acordo com as denúncias chegadas ao MEC, essas instituições selecionavam só os melhores estudantes para fazerem o Exame. Com isso, tinham mais chances de aparecerem entre as melhores do Enade. Além da auditoria, a Unip receberá avaliação in loco de todos os cursos que tiverem em fase de renovação de reconhecimento. Em geral, somente os cursos que recebem notas 1 e 2 sofrem avaliação in loco. Essa nota faz parte do Conceito Preliminar de Curso (CPC). A nota do Enade também é usada no cálculo do CPC. Daí o interesse das instituições particulares em aumentar o desempenho no Exame. Sem contar a certa dose de má-fé dessas Instituições que usam os resultados dos estudantes, portanto, não delas, para “vender” qualidade que nem possuem. A medida do MEC pode não dar resultados práticos mas tem o mérito de tentar sanear o setor. Espera-se que, pelo menos, arrefeça a sanha das particulares em manipular os exames.

sábado, 24 de março de 2012

MEC descredencia universidade em São Paulo



O Ministério da Educação (MEC), publica segunda-feira, dia 26 de março de 2012, no Diário Oficial da União (DOU), o decreto de descredenciamento da Universidade São Marcos, de São Paulo. Após um longo processo administrativo o MEC encontrou irregularidades insanáveis que “comprometem o funcionamento da instituição”. A São Marcos terá 90 dias, a partir da data de publicação do descredenciamento no DOU, para emitir todos os documentos dos estudantes. A Legislação em vigor estabelece que, em casos de descredenciamento, a Instituição deve se responsabilizar pela organização e pela guarda do acervo de todos os estudantes. Além disso, deve providenciar a entrega de histórico escolar, ementas de disciplinas e, se necessário, os planos de cursos, para que a transferência de todos os estudantes ocorra no prazo máximo de 90 dias. Em nota oficial, o MEC se compromete a enviar ofício a todas as “instituições de ensino superior localizadas nos municípios em que a Universidade São Marcos atuava, solicitando que aceitem a transferência dos estudantes que possuem bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) ou financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies)". Trata-se de uma medida dura, que trás prejuízos sim, aos estudantes, embora haja a transferência, porém, prejuízo maior e ao longo do tempo seria deixar em funcionamento uma instituição sem as mínimas condições. Sem contar o caráter didático de demonstrar que o Ministério não deixará aberta qualquer espelunca da Educação. Parabéns ao MEC pela atitude!



sexta-feira, 23 de março de 2012

Um exemplo nada bom da Ufam

Não me parece bom para a imagem da Universidade Federal do Amazonas ( Ufam), que servidores do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e da Faculdade de Medicina estejam a usar o Cemitério São João Batista como estacionamento. Tenho absoluta certeza de que não se pode justificar esse tipo de comportamento de nenhuma forma. No entanto, é preciso avaliar algo: falta espaço para estacionamento naquela área. Logo, manter o HUGV naquela local, com o novo projeto de Hospital Universitário, é investir na criação, não-apenas de um novo hospital universitário, mas, irá aumentar a crise por estacionamento, ainda que haja espaço para tal no projeto. O problema atual deve servir, enquanto é tempo, para se repensar o novo Hospital. Se ficar onde está, não servirão somente campanhas de esclarecimento aos servidores do HUGV. Sempre que não tiverem espaço para estacionar seus veículos, procurarão locais mais cômodos. E, com todo o perdão do trocadilho, mais calmo e cômodo que um Cemitério, não há. A atitude, porém, não é nada exemplar. Principalmente em se tratando de servidores de uma universidade pública, que deveriam dar exemplos positivos e não negativos.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Ninguém enterra meu sonho de uma Ufam melhor



Ontem, pela segunda vez, tive vontade de jogar tudo para o ar, desabar em prantos, e recolher-me a minha insignificância de professor, ou seja: ministrar aulas e mais nada. Coordeno um dos projetos mais importantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Programa de Mídias Digitais (Promidi). Até chegar ao nome que hoje o batiza, o Promidi levou 8 anos. Foram imensas as frustrações. Vários baldes de água fria tiravam meu ânimo. Sou movido a sonhos e emoções. Porém, tem horas que desabo, ponho os sonhos embaixo do braço, as mãos sobre a cabeça e choro. Às vezes copiosamente. No mais delas, um choro calado, com um nó na garganta. É duro você passar aproximadamente 8 anos tentando convencer as pessoas sobre a base da cultura hacker, que os conservadores confundem propositalmente com invasores de rede: “Hackers somos todos os que agimos para que informações, cultura e conhecimento circulem livremente.” O espírito da Lei 12.527, de 18 de outubro de 2011, de acesso à informação pública é esse. A base do Promidi da Ufam também. Como prega Pekka Himanem: “compartilhar informações é um poderoso bem concreto, ou seja, é um dever moral compartilhar sua perícia”. É meu dever de funcionário público e professor universitário criar condições para que esse princípio seja aplicado. E foi isso que fiz ao propor o Promidi, cuja filosofia é disponibilizar, em tempo real, na Internet, todas as informações não sigilosas da Ufam. Para quem ainda não sabe, o Promidi faz parte da expansão do Parque Científico e Tecnológico para a Inclusão Social (PCTIS) e é um programa de Extensão aprovado em edital do MEC/SESU, cuja implantação já começou. Está, portanto, ligado diretamente à Pró-reitoria de Inovação Tecnológica (Protec) e à Pró-reitoria de Extensão e Interiorização (Proexti). Tudo isso antes das exigências da Lei 12.527. Portanto, em termos de sonhos de uma Ufam transparente em todos os seus atos, portanto, muito melhor para a sociedade, estamos 8 anos à frente. Ontem, porém, após a primeira reunião com a equipe que começa a fincar a semente dessa ideia de transparência total das informações públicas e não sigilosas, recebi um balde de água fria. Aproximei-me feliz de uma das pessoas com as quais mantenho uma relação de respeito e afeto, para quem, inclusive, já tinha enviado até os formulários do projeto, e perguntei se ela havia recebido o material: “recebi, professor, mas, não vou participar do projeto com o senhor.” Tomei um susto! E ela continuou: “Sei que vão querer que eu participe lá e aqui, professor. Vão querer que eu me divida entre o seu projeto e o serviço que faço agora. Não farei nenhum dos dois bem-feito. E continuarei em disfunção. Por isso não acompanho o senhor.” Ainda tentei argumentar que, com a promulgação da Lei de Acesso à Informação Pública teríamos mais chances de implementar o projeto. Ela concluiu: “Vá por mim, professor. Isso não vai mudar nada!” Ela é uma das pessoas que foi contratada para o cargo de arquivologista da Ufam, está em disfunção desde que entrou, e não há tanto tempo, porém, não acredita mais em nada no serviço público. Como ela, há dezenas e dezenas de pessoas que foram inoculadas pelo vírus do “é melhor não sonhar para não se frustrar”. Chorei por dentro. Tentei argumentar em favor do Promidi. Tudo em vão. Vi-me, de novo, com os sonhos embaixo do braço e as mãos na cabeça. Reações como essas são lamentáveis mais rotineiras nesses 8 anos de luta em favor do Promidi. Pelo menos ela foi sincera. Pior são aquelas pessoas que dão um tapinha nas tuas costas, fingem apoiar a ideia e o projeto, porém, no fundo, trabalham para que nada mude. O episódio de ontem é doloroso, no entanto, por revelar que uma pessoa que entrou na Ufam sonhando em torná-la melhor não acredita mais no próprio sonho. Foi um abalo. Mas, não fenecerei. O Promidi será implantado e teremos uma Ufam transparente, moderna e melhor para nós e para a sociedade. É meu compromisso com meus sonhos. E esse compromisso ninguém será capaz de afetá-lo. Entendo você, querida amiga. E usarei todas as minhas energias e toda a minha capacidade de sonhar (e transformar sonhos em realidade) para que você acorde desse sono letárgico ao qual foi submetida. Não morrerei sem ver o prédio do Centro de Mídias Digitais da ufam pronto, o Programa de Mídias Digitais implementando em toda a Instituição e o Centro de Documentação funcionando e abastecendo o Promidi de informações em tempo real. Essa é a minha meta. E, garanto, não desistirei nem que joguem o Rio Amazonas sobre mim.

quarta-feira, 21 de março de 2012

As arapucas da Educação a distância



Sou entusiasta do uso das Mídias Digitais em sala de aula nos três níveis. Os professores lidam hoje com uma geração de jovens cuja principal característica é o contato direto, e constante, com atividades lúdicas essencialmente digitais. A sala de aula tradicional, muito provavelmente é ambiente de quase-tortura. Essa é uma das principais razões pelas quais defendo incondicionalmente o uso das Mídias Digitais como auxiliares no processo de aprendizagem. Esclareço e reforço: como auxiliares. O que sem vem fazendo no Brasil, no entanto, é uma expansão desenfreada da modalidade de Educação a Distância como se o único objetivo fossem os números finais e não a qualidade. Nessa modalidade, as Mídias Digitais deixam de ser auxiliares e passam a exercer papel fundamental, inclusive como motivo para atrair de clientes, principalmente nas instituições privadas. E como mero instrumento de atração de novos estudantes para algumas arapucas armadas por instituições sem nenhuma tradição nem na Educação presencial é que não aceito o uso das Mídias Digitais. A Educação a Distância é uma realidade mundial, não se pode esconder. Precisa, porém, ser levada a sério. Aos estudantes, cabe não cair em armadilhas, pois correm o risco de desembolsar um bom dinheiro à-toa. Nessas horas vale seguir o dito popular e desconfiar de toda esmola que seja grande demais.

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terça-feira, 20 de março de 2012

MEC dá provas de que não sabe o que é avaliar



O anúncio, com estardalhaço, feito pelo Ministério da Educação (MEC) de que criara “a avaliação nacional da alfabetização” só confirma a nossa postagem do dia 18 de março de 2012, denominada “A medição travestida de avaliação”. Prova, também, que o MEC, conceitualmente, entende pouco de avaliação. Ao anunciar a tal prova, apresentada como uma ampliação da “Provinha Brasil”, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT-SP) foi preciso e disse que o objetivo é medir o grau de alfabetização de crianças de 7 e de 8 anos. Mas quando se refere ao tema, como por exemplo, ao Enade, o ministro comete deslizes típicos da própria pasta que, como falei, não entende conceitualmente a diferença entre avaliar e medir. Ele disse, por exemplo, que “Quem quer ser avaliado apoiará mudanças no Enade”. O Enade não avalia nada. Mede, apenas, o desempenho dos estudantes brasileiros em conteúdos decididos por alguns “iluminados”. Mais nada. O máximo que esse exames nacionais fazem é tirar o País da completa escuridão que se encontrava em termos de parâmetros mínimos para se avaliar. Não se trata, porém, de avaliação. Talvez sejam os primeiros passos. No geral, porém, melhor que nada. Mas, são só os primeiros passos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Experimentar é o nosso oxigênio



A universidade brasileira, e não-apenas a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), precisam retomar o gosto pela experimentação, pela descoberta. E isso precisa se refletir nos projetos pedagógicos de cada curso. É evidente que não prego um movimento nacional de desobediência aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), no entanto, não podem (e não devem) funcionar como camisas de forças em nenhuma das áreas do conhecimento. Faz-se necessária, como essência da própria universidade, a ousadia. Costumo dizer que experimentar é o oxigênio da universidade. Sem ele, nos limitamos a repetir padrões pré-estabelecidos pela academia e por nossos pares. E nem sempre esses padrões devem ser seguidos. Se experimentar é nosso oxigênio, a dúvida move esse nosso aparelho respiratório. Sem essa dinâmica, a vida na universidade torna-se repetitivamente chata! Temos o dever de transformar nossa vida em uma desafio feito de novidades. Para o bem da universidade e da sociedade.



domingo, 18 de março de 2012

A medição travestida de avaliação

No sistema educacional brasileiro existe a prática da medicação travestida de avaliação. Isso em quaisquer dos níveis da Educação. Algumas escolas, inclusive universidades, são realistas e fazem constar nos calendários a semana de provas. Outras, que levam o eufemismo ao extremo, chamam o mesmo período dedicado às provas de semana de avaliação. Engana-se quem apenas aplica provas e pensa estar a avaliar. A avaliação pura e simples é mera medição. O ato de medir por meio de provas pode sim fazer parte do processo de avaliação. É, no entanto, uma das variáveis. O processo de avaliação pressupõe ações corretivas ao longo do período. Sem isso, o máximo que se faz é medir. Nas escolas brasileiras, conteudísticas por excelência, não há nem tempo nem espaço para avaliações. Provas são aplicadas, porém, independentemente do desempenho dos estudantes, o que foi visto anteriormente não é reforçado ou corrigido. Investe-se em despejar conteúdos e mais conteúdos sem se importar se não ou não compreendidos. Essa é uma prática típica dos processos de medicação e não da avaliação. Enquanto essa for a regra a educação brasileira patinhará.






sábado, 17 de março de 2012

A Ufam quase "fechada" para 2013

Sei que às vezes acontece de forma descarada e vergonhosa, mas prefiro acreditar que seja algo pontual e passageiro o fato de determinados departamentos, cursos, e até unidades “fecharem” com pessoas, e não em torno de programas e ideias, quando se trata da sucessão dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Fui ensinado por meu velho pai e por minha mãe que, se acreditamos em alguns princípios basilares para a nossa vida, ainda que sejam equivocados, o máximo que podemos fazer e revê-los, se deixamos de acreditar, caso não, resta-nos defendê-los como questão de honra. E um dos princípios que considero essencial para a democracia é o da liberdade de escolha. Quando essa escolha passa por troca de favores em função de obras, cargos, bolsas, empregos temporários e possíveis comissões no futuro a democracia está contaminada e o direito à livre escolha maculado. É doloroso admitir que esse tipo de coisa aconteça no processo de consulta para a reitoria. Ainda que não envolvesse nenhum tipo de troca de favores, a Ufam só poderia se vangloria em ser diferente se não se curvasse a essa coisa de “fechar votos em nomes”. Algumas pessoas da comunidade já me encontraram nos corredores e abordam com a mesma pergunta: “O senhor é candidato? O fulano já me ligou. É candidato. E disse que Itacoatiara está fechada com ele”. Tenho aceite para cursar doutorado em Portugal. Preciso gozar minha “licença-formação” que vence em Março de 2013, caso não, perco o direito. Deixar o Programa de Mídias Digitais da Ufam (Promidi/Ufam) projeto com o qual sonho desde 2004 não me parece justo com as pessoas que nele acreditam e estão ao meu lado. Há numerosos motivos para não sê-lo. Acontece que A Ufam está acima de qualquer projeto pessoal. É a minha casa. Foi lá que conquistei, por meio de concurso público de provas e títulos, o direito de pensar. E de expressar o pensamento livremente ainda que isso me traga amor e ódio na mesma proporção. Porém, como diria Edgar Morin, “somos razão e emoção” na mesma medida. Não gosto de meio termo: que me amem ou me odeiam. Repito, porém, há princípios dos quais não abro mão: e um deles é não fechar questão em torno do meu nome nas sucessões das quais participei nem no Departamento no qual sou lotado, muito menos na Unidade Acadêmica que trabalho. Sou partidário do princípio de Nélson Rodrigues de que “toda unanimidade é burra”. Meu maior desafio na vida é convencer, conquistar pessoas que acreditem no sonho de uma Ufam melhor para mim, meus filhos e a sociedade. E só luto por esse sonho se tiver um grupo que também acredite que pode melhorar a Ufam e a vida na Terra. Será utopia? Pode ser. Mas sou movido à emoção, sonhos, utopias. E um dos sonhos pelos quais luto a cada dia da minha vida é que as pessoas tenham plena liberdade de escolha: inclusive de não acreditar nos meus sonhos. No entanto, não aceito que na universidade se feche questão em tornos de pessoas ou teorias. Não tenho nenhum desejo de administrar uma universidade “fechada”. Abomino essa prática e lutarei para que seja extirpada da Ufam. Quer seja candidato, quer não!


sexta-feira, 16 de março de 2012

A visão equivocada sobre os estudantes

Ontem, neste mesmo espaço, abordei o “preconceito contra os calouros”. A bem da verdade, há uma visão generalizada e equivocada de que o “estudante não quer nada”. Só posso creditar essa visão a mesma cesta do preconceito. Desde que entrei na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 1993, pratico o processo de autoavaliação e avaliação do professor pelo estudante, tenha ou não a Instituição proposta de Avaliação Institucional. A prática recorrente me credenciou a ser indicado pelo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) para compor a equipe da primeira Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Ufam. Na comissão, fui o escolhido o primeiro presidente de CPA da Ufam. Isso muito me orgulha. No entanto, na Comissão, não foi possível implantar um processo de avaliação efetivo. A experiência, porém, me deixam à vontade para afirmar que o estudante é responsável sim, avalia bem, inclusive a si, desde que haja um processo de sensibilização, desde os primeiros dias de aulas, para deixar claro o papel de cada um no processo e a importância deles para a sociedade, portanto, para a universidade. Antes de aplicar uma pecha negativa sobre o coletivo dos estudantes seria interessante que nós, os professores, também avaliássemos o nosso comportamento em sala de aula e a nossa prática dentro da Ufam. Talvez os estudantes correspondessem melhor às propostas pedagógicas. Vamos tentar?!


quinta-feira, 15 de março de 2012

O preconceito contra os calouros

É tola, no fundo preconceituosa, a visão de que o calouro “não pode ter peso” a ponto de decidir o futuro da universidade, “por não vivenciá-la”. Paul Feyerabend defende que, em uma sociedade livre, a participação é fundamental para “gerar aprendizado”. O processo de formação para o exercício pleno da cidadania, portanto, da democracia, é lento, gradual e constante. Não se muda comportamentos e práticas autoritárias por decreto. E uma das práticas mais autoritárias em um processo que se diz democrático é dar peso aos votos. Houve um tempo em que as mulheres não tinham direito a nada, muito menos de votarem? Sem os estudantes, a universidade não existiria. Nós, os servidores, só exercemos nossas funções plenamente, mais que tudo em sala de aula, se tivemos a partição comprometida dos estudantes. Essa história de quem entra agora não tem “maturidade” para decidir é infantil e tola. É mais uma face dessa contradição que perdura na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), libertária no discurso, porém, atrasada na prática. Querem prova maior? Demorou 100 anos (tenho dúvidas quanto a essa idade toda da Instituição) para uma mulher chegar à reitoria. E esse valor histórico de romper, na prática, com um machismo preponderante não pode ser negado. Assim como devemos romper, definitivamente, esse preconceito de que o estudante não sabe decidir. Insisto: o processo é muito mais complexo do que aparenta. No entanto, o exercício democrático, se não for pleno, trará o princípio da exclusão, abominável nas sociedades ditas modernas.




quarta-feira, 14 de março de 2012

A opção estratégica pelo descontrole



Do ponto de vista administrativo, as universidades brasileiras parecem ter feito uma opção preferencial pelo descontrole (e pela desorganização) total. Isso, porém, parece ter uma lógica. Charles Handy, no livro Deuses da Administração, ao falar da Cultura Existencial nas organizações, diz que ela é representada pelo Deus Grego Dionísio. A figura que representa esse Deus é um agrupamento individual de estrelas reunidas em círculo. Dionísio nasceu pobre, é filho de Zeus fora do casamento, por isso recebe a ira de Hera, esposa de Zeus. Ela ordenou aos Titãs a execução implacável de Zeus para servir de lição às mulheres que ainda pensavam “em se meter” com o Deus da infidelidade. O menino é raptado, despedaçado e posto em uma panela. A avó salva a criança e a mãe é queimada. Vovó junta os pedaços, e o jovem Dionísio torna-se muito semelhante ao pai. Esse é o enredo típico da Cultura Existencial, segundo Handy. E, para ele, as universidades são os exemplos mais claros da “cultura dionisíaca”. Ou seja, controlar um Deus como Dionísio é praticamente impossível. E as universidades funcionam, do ponto de vista administrativo, como se fosse um agrupamento de vários Dionísios. Tentar aplicar um tipo de cultura administrativa tradicional em um ambiente de tamanha complexidade nas relações é optar pelo fracasso antecipado. O controle, nas universidades, tem de ser exercido pelos próprios Dionísios. Se essa não for a essência dos regimentos e resoluções, viram letras mortas.



terça-feira, 13 de março de 2012

A Ufam precisa reagir contra o cientista maluco do trânsito

A comunidade da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tomar uma providência exemplar contra o “cientista maluco” do trânsito de Manaus, que resolve fazer experiências estapafúrdias justamente na entrada do Campus Universitário Arthur Virgílio Filho. Resolvi denominar “cientista maluco” do trânsito o grupo de Agentes de Trânsito, também chamados de marronzinhos, que resolve brincar de impedir e permitir a entrada de veículos na entrada da Ufam ao bel-prazer. Fazem isso sem nenhum critério, num desrespeito total aos que precisam se dirigir à Ufam. Ontem, e não foi a primeira vez, exatamente às 14h, puserem cones e obrigaram os condutores de veículos a fazerem o retorno em frente ao Makro. Inexplicavelmente, quando retornei do Makro para entrar na Ufam, o trânsito estava novamente liberado. Hoje, pela manhã, mais uma vez os agentes exerciam a mesma prática. Pergunto: há algum estudo capaz de comprovar que um deles tem a capacidade para determinar quando entrar ou não da Ufam? Por que no horário de maior pico alguns carros podem entrar, depois eles proíbem e depois, em seguida, autorizam a entrada de novo? A comunidade de professores, técnicos e estudantes deveria tomar uma atitude drástica quando esse tipo de “brincadeira de gosto duvidoso” fosse feita na entrada do Campus. Trata-se de um desrespeito inexplicável da prefeitura em relação à comunidade da Ufam. Ou se toma uma atitude ou vão fechar o acesso à Ufam e transferir os retornos para o Complexo Viário Gilberto Mestrinho e para em frente ao Makro. Todas as experiências do “cientista maluco” neste sentido comprovam que será o caos. Cabe a nós evitá-lo enquanto é tempo. E com uma mobilização exemplar a fim de que a Prefeitura não tenha dúvidas da nossa capacidade. Nossas entidades representativas dos três segmentos precisam acordar e não admitir o tipo de abuso que se pratica diariamente em frente à entrada da Ufam.


segunda-feira, 12 de março de 2012

Universidade federal não pode cobrar mensalidades


A cobrança de mensalidades por parte das universidades federais, ainda que em cursos de especialização e aperfeiçoamento, é considerada inconstitucional, portanto ilegal, pela justiça brasileira. O entendimento dos juízes brasileiros, e já há jurisprudência sobre o assunto, é o de que o ensino público é gratuito em todos os níveis, portanto, não pode haver a cobrança de mensalidades. A universidades que insistir nesse tipo de prática não pode alegar desconhecer as decisões da justiça e corre o risco de ser desmoralizada publicamente e obrigada a devolver o dinheiro cobrado indevidamente dos estudantes. Para além da questão constitucional, a universidade brasileira é financiada com recursos públicos, oriundos, portanto, dos consumidores, da comunidade. Cobrar taxas, tarifas e mensalidades, parece ser o caso de o consumidor, ainda que indiretamente, pagar duas vezes pelo mesmo serviço. Seria mais prudente às universidades não insistirem no discurso da “autonomia”, pois a autonomia não lhes dá o direito de ferir a Constituição. Assumir publicamente a defesa do pagamento das mensalidades e lutar para modificar as leis vigentes (inclusive as decisões da justiça) seria mais digno por parte das universidades e não se esconder por trás da cortina da autonomia.

O exercício da liberdade na Educação Superior


Por convicção, sou defender árduo do direito à liberdade plena. No entanto, o exercício da liberdade, principalmente em sala de aula, não dá o direito nem ao professor, nem ao estudante, de não ter de se explicar perante às leis vigentes no País e os regimentos das Instituições. O exercício da virulência e da violência não deve ser aceito como contraponto ao cerceamento da liberdade. Aos que praticarem a violência e a virulência em sala de aula há o caminho da lei. Não se pode é admitir, nem da parte dos professores, muito menos dos estudantes, posturas provocativas e intolerantes em nome da liberdade. Cabe ao professor respeitar o estudante como deseja ser respeitado. A recíproca também deve ser exigida. O pleno exercício da liberdade não significa a prática do desrespeito ao ser humano e às diferenças. Deve-se, no entanto, ter claro que, a cada dia, as universidades recebem jovens que mal saíram da adolescência. São provocadores pela própria natureza da fase da vida que enfrentam. Talvez fosse necessário treinamento aos professores para lidar melhor com as situações criadas por eles (os adolescentes) em sala de aula. Ter-se-ia menos intolerância e o convívio, quem sabe, poderia ser menos doloroso.


OBS: Post do dia 11/03/2012

A universidade que não se renova


Pensar a universidade brasileira não se trata apenas de relacioná-las com as políticas públicas vigentes. É, antes de tudo isso, renovar a forma de pensar, o modo de ver o mundo. Uma universidade que optou pelo capitalismo como “modelo de negócio” e que se baseia única e exclusivamente em transformar seus grupos de pesquisas em “escritórios de negócios” e captação de recursos não ajuda a sociedade a avançar. É dever da universidade pensar o fazer e não “fazer sem pensar”. Fixar-se em um único “modelo” socioeconômico de sociedade é negar a própria história da universidade e da humanidade. O processo de formação para a vida requer visão crítica a respeito do modelo econômico vigente. A partir do momento que ele passa a ser monopólio dentro da própria instituição, perde-se o vigor, o processo de revitalização, de renovação. A universidade que ousa não cria ídolos nem os destrói. Estuda-os. Pesquisa-os. E faz desses dois verbos a alma da sua existência. Sem isso, enclausura-se em um tipo de prática nociva para ela e para a sociedade. Universidade que não se renova é universidade cujo destino é a morte lenta e gradual.


OBS: Post do dia 10/03/2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Administrar é, antes de tudo, um ato de amor


A cada dia que passa e quanto mais aprofundo as leituras sobre a teoria da complexidade e dos caos, aí inclusa a teoria sistêmica, e a teoria da amorosidade, mais consolido a convicção de que administrar, acima de tudo, é um ato de amor, de entrega, de acolhimento. E o ato de amor mais importante advindo do ato de administrar é o ato de educar. Porque, se administrar é um ato de amor, fazê-lo pedagogicamente, como exemplo para a comunidade, é o nosso maior desafio. Há uma pessoa na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com a qual troco intensamente ideias sobre essa miríade de teorias, muito embora pouco aprofundemos o quão complexo é administrar uma universidade. Hoje ele é o Pró-reitor de Extensão e Interiorização, professor Frederico Arruda. Mantemos uma relação de respeito e admiração mútua há tempos. E isso não o obriga a me seguir quando sou candidato nem que eu o sigo quando ele tiver em outra trincheira. Esse, talvez, seja um exemplo clássico do ato de amor que é administrar, inclusive, as relações pessoais e de trabalho. Esse é o legado que podemos deixar para as gerações futuras dentro da Ufam: é possível divergir figadalmente, porém, manter o respeito à dignidade e às diferenças. Em não sendo assim, transformamos o processo de escolha dos dirigentes das organizações em algo amargo, que faz mal para o fígado e para a alma. Em uma universidade, estar em lados opostos não significa que sejamos inimigos. Dar o direito ao outro de divergir, às vezes, é tão doloroso que chega a ferir a alma. Exercitar a amorosidade, no entanto, é praticar plenamente o direito à liberdade. Façamos da nossa convivência dentro das organizações, especialmente da Ufam, um exercício de amorosidade. Só assim poderemos transformar o ato de administrar em um ato educativo contínuo.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Liberdade com responsabilidade


Por convicção, defendo que, principalmente no ambiente universitário, todas as pessoas, sem nenhum tipo de exceção, tenham o direito de defender as ideias que bem entenderem. Vejam bem, para que não haja nenhuma dúvida: defender (e discutir) ideias. Maria Montessori tinha como lema do processo educacional a “liberdade com responsabilidade”. Esse lema tornou-se filosofia de muitas escolas cujo processo didático-pedagógico é totalmente diferente do que se vê, inclusive, na maioria das universidades brasileiras. Sou incondicionalmente partidário do “método montessoriano”. No entanto, não se deve confundir plena liberdade de discutir ideias com ofensas pessoais e baixarias. Essas, num estado democrático de direito, devem ser combatidas ardorosamente. Não com violência ou virulência. Mas, nos tribunais, na Justiça, bem como, como base no Regimento e nas Resoluções, em se tratando de uma universidade. Assim a sociedade cresce. Assim crescemos juntos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Dedicação Exclusiva não é escravidão"


Fala-se, na universidade brasileira, que o tripé na qual ela (a universidade) está baseada é o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. E não deixa de ser verdade, pois, inclusive, esse é o primeiro critério usado pelo Ministério da Educação (MEC) para que uma Instituição seja reconhecida como Universidade: precisa ter ações nos três domínios. Acontece que isso precisa ser tido e cobrado desde a Chefia do Departamento até à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, pois, o que ocorre hoje, pelo menos na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é que as horas trabalhadas nos programas de Pós-graduação parecem ser “horas da vergonha”, ou sejam: ou não podem ser computadas ou, se as são, é como se causassem constrangimento ao professor que o faz. É como se o professor-doutor tivesse de “pedir perdão” aos colegas de departamento por trabalhar nos programas de Pós. Porém, como bem-diz o meu colega Antônio José Valle da Costa, “dedicação exclusiva não é escravidão”. Não cabe dentro das 40 horas para as quais somos contratados tocar dois projetos de extensão, um de pesquisa, ministrar mais de uma turma em graduação e outra em Pós-graduação, bem como orientar estudantes de PIBICs, graduação e Pós. Há uma Resolução da Ufam que estabelece: nenhum curso pode funcionar com menos de oito professores. Há outra, também, muito clara: professores que desenvolvem atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão só podem ministrar quatro horas de aulas na graduação. Portanto, combinadas, o que as resoluções dizem, indiretamente, é: “cursos que possuem programas de pós-graduação devem ter um professor a mais, além do mínimo, para cada professor que atuar em programa de Pós-graduação”. Em assim não sendo, trata-se de um processo de escravidão sob a batuta do Estado brasileiro. A Ufam tem o dever de fazer valer suas Resoluções e exigir do MEC a contratação de professores para suprir a defasem que existe nos cursos que possuem programas de Pós-graduação. E com urgência!

terça-feira, 6 de março de 2012

Os vermes nos ecossistemas vivos


Numa das coincidências mais curiosas que, certamente, foi obra do acaso; enquanto o professor Frederico Arruda, Pró-reitor de Extensão e Interiorização da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), proferia a aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM), no Auditório Rio Solimões, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), paleontólogos britânicos e canadenses publicaram, no mesmo dia, a descoberta de que um verme, que nadava há 500 milhões de anos, é o início da vida na Terra. Qual o porquê da curiosidade? Na aula inaugural, o professor Frederico Arruda apresentou uma ilustração e indicou que, muito provavelmente, os vermes seriam o “início de tudo” nos ecossistemas. Numa aula magnífica, o professor explicou todo o processo de formação dos ecossistemas e a relação desses com a comunicação. Por mais incrível que possa parecer, os pesquisadores, há tempos, rastrearam as origens dos seres humanos e de outros vertebrados nas Montanhas Rochosas do Canadá, em uma jazida chamada Xisto Burgess. A pesquisa determinou que o extinto 'Pikaia gracilens' é o mais primitivo representante da família dos cordados. Nessa família estão inclusos os peixes, anfíbios, aves, répteis e mamíferos. A aula do professor Frederico Arruda e a descoberta dos cientistas só confirmam uma prática que tenho na vida há tempos: respeitar os vermes, em todos os sentidos que a palavra possa assumir. Vermes são seres vivos. Seres vivos, em alguns casos, comportam-se pior do que amebas. No entanto, todos os seres vivos são essenciais para o equilíbrio dinâmico do ecossistema. Daí a nossa necessidade de respeitar os vermes. É científico!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Respeito é bom e todos gostamos



Um aviso aos navegantes que já começaram uma campanha sórdida pelos corredores do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam): não adiantarão quaisquer tentativas de me jogar contra a magnífica reitora, Márcia Perales Mendes e Silva, contra o meu amigo e pré-candidato Sylvio Puga, contra Nelson Fraiji, possível candidato, ou quem quer que seja. Para quem não lembra, embora tenha terminado a última disputa em quarto lugar, um dia após o processo de consulta, passei nas salas de aulas para agradecer os votos recebidos e desejar êxito à administração da reitora, então eleita, Márcia Perales. Naquele mesmo dia, arregacei as mangas e fui para a sala de aula trabalhar e tocar os projetos de Pesquisa e de Extensão que coordenava. Jamais deixei de cumprir minhas obrigações quando fui convocado pela professora Márcia Perales ou por alguém que sua equipe. Agiria da mesma forma se o reitor tivesse sido o professor Nélson Fraiji ou o professor Sylvio Puga. A Ufam é muito maior do que as babaquices e as asneiras que muitos dizem pelos corredores e, agora, ecoam nas Mídias Digitais. Tenho divergências políticas e de procedimentos administrativos inegáveis tanto em relação ao reitor anterior, Hidembergue Frota, quando à reitora atual, Márcia Perales. Acima dos dois, porém, está o cargo, a reitoria da Ufam. E quem for escolhido pela comunidade, de acordo com as regras democráticas referendadas pelos candidatos que participam do processo, terá o meu respeito e o meu trabalho porque sou professor da Universidade Federal do Amazonas, pago com recursos públicos, inclusive meus, uma vez que compulsoriamente recolho Imposto de Renda. Meu dever, passado qualquer processo de escolha, é servir, antes de tudo à comunidade. Não admito, porém, que tentem interferir na minha vida particular ou criar mentiras e distorcer fatos para tentar macular minha imagem e meu trabalho. Quando cada um desses “fofoqueiros” de plantão se dedicar a exercer corretamente a função para a qual foi contratado a Ufam terá dado um salto qualitativo enorme. Você, inclusive estudante, que usa o tempo que tem na Instituição para picuinhas, e mentiras pode, com toda certeza, ajudar a Ufam a melhorar se deixar a leviandade de lado e passar a participar efetivamente das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão. Todos agradecemos!

domingo, 4 de março de 2012

A universidade das minhocas na cabeça


Espera-se de uma universidade pessoas com pensamentos progressistas, que ajudem a comunidade a avançar em cada um dos seus processos, ou seja, na própria forma de ver o mundo. O que se tem na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), quiçá na universidade brasileira, é um pensamento predominantemente mediano e atrasado. Fico a me perguntar? Como uma Instituição com esse tipo de pensamento será capaz de avançar no Ensino, na Pesquisa e na Extensão se não sabe nem separar o joio do trigo. Se não, vejamos. Tornei-me motivo de chacota nas duas vezes em que participei do processo de consulta para a reitoria da Ufam por freqüentar a Divisão de Obras (DO) da Prefeitura do Campus da universidade. Entre piadinhas e risinhos, os maledicentes representantes do que chamo da “vanguarda do atraso”, aliás, a maioria absoluta dos que compõem a comunidade da Ufam, diziam que “se eu fosse reitor iria despachar da DO”. Imbecis, idiotas, mil vezes hipócritas. Essa gente, cujo modo de pensar é mediano, tem minhocas na cabeça e não massa cinzenta. Com todo o respeito que se deve ter às minhocas. Reitor ou não, no meu horário de almoço, faço o que bem entender da minha vida. E enquanto me sentir feliz em almoçar com meus amigos e colegas de trabalho (e jogar dominó, baralho ou o que decidirmos), o farei, independentemente do cargo que ocupar. Esse tipo de gente oca, não faz comentários dessa ordem por outra coisa que não seja o preconceito. Certamente, acham que um reitor não “deve se misturar”. A DO é tão importante para a Ufam quando o Hospital Universitário (HU). E só não sento para jogar dominó com meus amigos e amigas do HU na hora do almoço em função da distância. Não dou o direito a nenhum membro da comunidade da Ufam de se meter em minha vida particular. Cumpro com todos os meus deveres funcionais muito além do que exige a legislação vigente. Meus Relatório Individuais de Trabalho (RITs) e Planos Individuais de Trabalho (PITs) apresentam, e são aprovados pelo Departamento no qual sou lotado, aproximadamente 70 horas de trabalhos semanais. Jamais deixei de dar conta das obrigações funcionais. Desonesto é passar o dia criticando as outras pessoas e, no final do ano, não produzir nenhum artigo científico, isso para professores-pesquisadores ou, no caso, de alguns técnicos, passar a vida inteira e não aprender nem a virar todas as cartas do jogo de paciência, no nível de iniciante, instalado nos computadores. A universidade é o lócus da liberdade, de se desenvolver o pensamento acima do que a maioria considera a média. É essa visão hipócrita e medíocre de vocês que atrasada a universidade. Quem gasta tanto tempo a me criticar por jogar dominó na hora do almoço com meus amigos deveria mesmo era cumprir minimamente com o horário de trabalho e as obrigações para as quais foram contratados. Garanto que a Ufam seria melhor e a sociedade teria motivos de sobra para se orgulhar de vocês. De minha parte, “vão se catar e trabalhar”.

sábado, 3 de março de 2012

O peso acachapante do voto dos professores


É ilusória a ideia de que os três segmentos, professores, técnicos e estudantes, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) possuem o mesmo peso no processo de consulta para a escolha da reitoria da Instituição. Não se pode negar o avanço que alcançamos (tenho orgulho de ter participado desse processo de redemocratização da escolha do reitor, inclusive como candidato) no Conselho Universitário (Consuni), ao aprovar que a consulta seria paritária e não mais como (ainda) determina a lei, com o peso de 70% para professores e 30% divididos em 15% para os estudantes e 15% para os técnicos. Numa configuração dessas, quem conseguir o apoio da maioria dos professores e técnicos nem precisa conversar com estudantes: está eleito. Acontece, porém, que, pela “fórmula” mantida em vigor até hoje (por uma esperteza da chapa da situação e que caímos nela como patinhos), a paridade é tirada tendo por base o número total de “membros” do segmento e não o número de votantes. Qual é a casca de banana nessa história? Caso ocorra o que ocorreu na última consulta, quando dos 30 mil estudantes cadastrados na Ufam apenas 8 mil votaram, o percentual total de 15% dos estudantes é reduzido para algo em torno de 2,5%, na paridade. O peso dos professores que, teoricamente, é de 33,33%, ganha um reforço de aproximadamente 12% (a diferença que sobra dos estudantes não-votantes) caso a totalidade dos professores votem. Como é muito mais fácil mobilizar 1.000 professores e 1.500 técnicos do que 30 mil estudantes, o processo de escolha do reitor (ou da reitora) está mais centrado do que nunca na figura do professor (e da professora). Levando-se em conta que nenhuma das duas últimas administrações da Ufam teve o menor pudor em usar a máquina administrativa para obter votos, ou seja, mobilizar professores e técnicos, ou se avança para o voto universal e o cenário muda ou a “situação”, independentemente de que for o candidato, só perde a consulta para a reitoria caso cometa erros estratégicos catastróficos. Fora disso, a outra saída para as candidaturas de oposição é mobilizar, de preferência, os 30 mil estudantes (que agora, com 109 cursos deve girar em torno de 70 mil estudantes) para comparecerem às urnas na data marcada para a consulta e, de preferência, que votam neles. Aí surge mais uma barreira: professores que apóiam candidatos da situação, ao perceberem que os estudantes tendem a votar nos candidatos de oposição, liberam os alunos no dia da consulta. Resultado: abstenção em massa de estudantes. Moral da história: a vida dos candidatos de oposição é dura tanto fora da Ufam quando nas eleições internas.

sexta-feira, 2 de março de 2012

A captação de recursos como política pública


O modelo de universidade posto no Brasil por meio do qual as instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão se transformaram em escritórios de negócios de professores associados em torno de um Centro ou Órgão Suplementar não é algo gestado pelos professores e pesquisadores em cada uma das universidades públicas brasileiras. É uma situação para a qual todos foram levados em função da escassez de recursos públicos e de uma política brasileira de “estado mínimo na Educação” implantada no Governo Fernando Henrique e aprimorada no Governo Lula. Processos gerenciais baseados em produtividade foram implantados em todos os níveis. Com isso, até quem vivia inocentemente no seu “cantinho”, nas universidades, percebeu, com o surgimento das “fundações de apoio”, que poderia “engordar” os salários com projetos, assessorias e captação de recursos. Hoje em dia, a cantilena é “podem fazer o que quiser ...só me deixem trabalhar”. Esse “só me deixem trabalhar”, na maioria das vezes, é a forma metafórica que se usa para dizer: “deixem-me ganhar meu dinheiro aqui com as pesquisas e projetos que tudo correrá às mil maravilhas”. Sonhar com a universidade na qual as questões sociais e os problemas da comunidade eram discutidos independentemente de gerarem ou não recursos é utopia. Hoje, na universidade brasileira, o que não gerar captação de recursos não é mais prioridade para ninguém. A pesquisa transformou-se em negócio, logo, precisa gerar retorno (não para a sociedade, é claro), mas, para o “grupo de pesquisa”. Essa e a universidade pública brasileira atual, quer queiramos ou não.