domingo, 31 de julho de 2011

Populismo e mobilidade acadêmica

Muito além do que analisamos ontem, neste mesmo espaço, ao lançar o programa de mobilidade acadêmica internacional, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante (PT-SP), como bom político que é, tascou, sobre as 100 mil bolsas: “... as chances serão iguais. Tanto o filho do ministro quanto o filho do trabalhador poderão concorrer.” Trata-se de extremo populismo por parte do Ministro que, no entanto, consegue enganar grande parte das pessoas. Quando o governo se dispõe a distribuir 100 mil bolsas e sustenta que as “chances” serão iguais, esconde que há uma vala descomunal entre “o filho do ministro” e o “filho do trabalhador” no processo de aprendizagem. As chances só seriam iguais se “os dois filhos” estudassem na mesma escola, fato que não ocorre. Como o filho do ministro estuda em uma escola de melhor qualidade, dificilmente o filho do trabalhador terá o mesmo desempenho dele. Logo, não passa de balela dizer que as chances são iguais. É preciso lembrar ao ministro que Educação é um processo que envolve o ser humano por inteiro. Como cada ser é diferente do outro, não se consegue educação padronizada. Políticas públicas que tratam diferentes como se fossem iguais tendem a alargar a vala que os separa. Discursos populistas como o de Mercadante só servem para encobrir essas diferenças.

sábado, 30 de julho de 2011

A mobilidade acadêmica internacional

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante (PT-SP), lançou, com pompa, o programa governamental de 100 mil bolsas de mobilidade acadêmica internacional. Nada contra; porém, a forma como se faz as coisas no Brasil é equivocada. Posso estar enganado, porém, esse modo de promover “a concorrência” entre os estudantes de graduação não passa de mais um duro golpe, indireto, é claro, no orçamento das universidades brasileiras. Essa verba deveria ser destinada às universidades para investir em promover a mobilidade de acordo com as áreas estratégicas para cada universidade e respectiva região. Enquanto o foco da distribuição de verbas não levar em conta as questões pedagógicas envolvidas, decisões serão tomadas de cima para baixo e caberá às universidades gerenciar, sem recursos e sem pessoal, a execução das ideias de algum iluminado de Brasília. Quem vai, efetivamente, operacionalizar a seleção dos 100 mil bolsistas? É mais um ônus para as combalidas das universidades brasileiras que, recebessem os recursos necessários para serem de ponta, não precisariam de bolsas para isso, pois, a mobilidade faria parte da proposta pedagógica de forma natural.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Procedimentos educacionais padronizados

Padronizar procedimentos em Educação é uma das maiores demonstrações de equívoco nas políticas públicas e nos processos decisórios de quem administra na área. E isso deveria ser diferencial mais importante entre as universidades públicas e particulares. Curiosamente, hoje em dia, parece que os administradores das Instituições particulares começam a entender melhor o sentido da “complexidade dos processos educacionais” do que os administradores das IES públicas. Uma Organização cujo “negócio” é a Educação jamais pode ser confundida com uma fábrica, portanto, não há como formatar os cidadãos e jogá-los no “mercado” da vida como se fossem meros robots. Quem educa para a liberdade, para o exercício da cidadania, não padroniza procedimentos. Abomina o pensamento único. Exalta a pluralidade, o respeito ao outro. Reconhece a complexidade do processo. E esse reconhecimento precisa estar refletido na missão da organização, inclusive na didática. Ou se esquece o modo tradicional de ver o mundo e se parte para uma visão do todo não como mera soma das partes ou se fracassará nesse novo-velho desafio de educar, em todos os níveis.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ética na Ciênca

É fundamental que os cientistas sérios e éticos deste País iniciem uma cruzada contra a cópia e o plágio. A Universidade de São Paulo, recentemente, demitiu uma equipe inteira de doutores por plágio. As demais universidades precisam seguir o exemplo. Preservar a ética nas nossas práticas diárias de cientistas é preservar a própria Ciência. A corrida pela produtividade e pela conquista de projetos e mais projetos nos editais internos e externos jamais deve ser aceita como desculpa para a maquiagem ou a mudança apenas de uma palavra aqui, outra ali, nas propostas. É preciso preservar o sentido da ética e do respeito ao trabalho do outro. Há que se entrar no problema das patentes e d proteção aos inventos, algo que farei oportunamente. Aqui fico apenas com a reflexão de que minimizar a atuação dos cientistas em função da concorrência com os pares é dar um tiro no pé. Ética, na ciência e na vida, é princípio basilar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Esperteza a se combater

É claro e evidente, com o universo on-line aos nossos pés, que o uso de templates, ou seja, modelos, passou a fazer parte do cotidiano. No entanto, as universidades brasileiras jamais podem admitir esse tipo de prática, muito menos nos Programas de Bolsa de Iniciação Científica (Pibics). O primeiro esclarecimento é que os projetos dessa modalidade são dos estudantes e não dos professores. Acontece que há professores, que se consideram mais inteligentes que os demais, incentivando estudantes a participar desses Programas em projetos próprios. Possuem um projetão, que denominam “guarda-chuva”, e “jogam” estudantes embaixo desse guarda-chuva. Não vejo isso com muito bons olhos, mas, até aceito, desde que seja feito de forma realmente inteligente. É impossível admitir, porém, que o mesmo projeto, sem mudar vírgula nenhuma, seja apresentado com o argumento de que cada estudante se debruçará sobre o mesmo objeto de pesquisa, porém, com “olhares” diferentes. Aceitar esse tipo de prática, principalmente em projetos de Iniciação Científica é, no fundo, incentivar, desde a universidade, o uso de mão-de-obra qualificada pelos professores em benefício próprio (do projetão) e, mais que tudo, dar vazão a comportamentos éticos nada aceitáveis. Admitir que três estudantes pensem da mesma forma sobre o mesmo objeto, com as mesmas fundamentações teóricas é pasteurizar a Ciência e transformá-la em um produto na linha-de-produção de qualquer fábrica. Isso é inaceitável. É matar a Ciência. É massificar a atividade intelectual humana mais sagrada: a descoberta.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fraudes em trabalhos acadêmicos

Preocupa-me um problema que considero grave na academia com o advento da rede mundial de computadores: as fraudes em projetos de pesquisa e trabalhos acadêmicos. A situação é tão preocupante que defenderia o caminho mais radical nos colegiados dos programas de Pós-graduação dos quais participo: a eliminação, no processo para ingresso, dos projetos de pesquisa diante da impossibilidade de se detectar plágios e fraudes deslavadas. Como dizem os mais antigos, nessa seara é preciso “desconfiar da própria sombra” e punir rigorosamente os fraudadores. Não se pode admitir que a universidade brasileira seja capaz de encobrir ou esconder casos de fraudes ou cópias mal-ajambradas de projetos. Sob o argumento de projetos denominados “guarda-chuvas” professores submetem os mesmo projetos, duas ou três vezes, no mesmo edital, com títulos diferentes. Não há outro nome para isso: fraude. Na trilha do péssimo exemplo dos professores, estudantes copiam trechos de artigos científicos inteiros em seus projetos de pesquisa sem ao menos citar o autor original, num roubo descabido das ideias alheias. Penso que é preciso a interferência governamental com políticas públicas claras de combate às fraudes na academia. Não se pode confiar em um cientista que, desde a iniciação, já o faz com a prática da fraude como regra.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A educação superior tecnológica

Há, ainda, no Brasil, preconceito contra os cursos tecnológicos de graduação. Muito provavelmente por serem cursos de curta duração. Ou, quem sabe, pelo viés tecnicista. Há, porém, que se fazer uma distinção fundamental entre os cursos que são concluídos em dois anos e forma tecnólogos e os cursos de graduação tradicionais. Esses últimos formam licenciados e bacharéis e duram, na maioria das vezes, de três anos e meio a, até, oito anos, dependendo da especificidade. Do ponto de vista legal, no entanto, não há distinção entre eles. Um tecnólogo está legalmente apto a participar de concursos públicos e cursar Mestrado em quaisquer programas de Pós-graduação do País. É ilegal e deve ser denunciada toda a tentativa de impedir que os tecnólogos tenham acesso aos cursos de Pós-graduação. A educação superior tecnológica, todavia, não necessariamente deve ser tecnicista, muito embora o viés da formação seja mais técnico. Pela própria carga horária reduzida, há pouco espaço (ou quase nenhum) para as habilidades humanísticas. No entanto, profissional nenhum prescinde delas.

domingo, 24 de julho de 2011

Fantasmas nas licitações das universidades

A inflexibilidade na Lei de Licitações vigente no País é o que abre caminho para o surgimento de empresas fantasmas, criadas especificamente com o fim: fornecer lotes de produtos (ou serviços) e depois sumirem. Não é à toa que as universidades federais estão com 53 obras paradas. O fato se repete em compras básicas, como as de um projetor de multimeios, por exemplo. Em um dos projetos que coordenei, por exemplo, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por meio do seu Departamento de Material (Demat), licitou os dois aparelhos solicitados. Seis meses depois, um dos equipamentos apresentou defeito. Cumpridos trâmites da burocracia interna, lá pelos sete ou oito meses depois, recebi a informação oficial do Demat de que a firma havia fechado, portanto, o aparelho, que ainda estava no período de garantia, deixou de ser reparado. Com as verbas de manutenção das universidades não prevêem esse tipo de serviço, mais um aparelho foi sucateado. Esses firmas, portanto, além de serem criadas com o fim específico de ganhar determinadas licitações e depois sumirem, no final das contas interferem diretamente no sucateamento dos laboratórios das universidades federais.

sábado, 23 de julho de 2011

Transmissão de dados sem bateria

Um dos maiores gargalos para a ampliação e popularização das redes Wi-Fi é o consumo de energia durante a transmissão de dados. Nos locais públicos, principalmente nas grandes cidades, nos quais há inúmeros dispositivos móveis, como os celulares, por exemplo, em função das ondas de rádios do ambiente, dentre elas as próprias da rede Wi-Fi. Pois bem, e não é que a companhia japonesa Renesas Electronics Corp desenvolveu uma técnica para transformar exatamente as ondas de rádio presentes no ambiente em energia elétrica! A técnica permite que sinais Wi-Fi e Bluetooth sejam transmitidos para aparelhos compatíveis sem o uso de baterias. Na prática, as próprias ondas Wi-Fi alimentam os aparelhos, numa espécie de autopoiese de energias. A empresa utiliza um circuito LC ressonante para absorver as informações transmitidas. Ao ser desligado o circuito, os aparelhos com Wi-Fi e Bluetooth funcionam como refletores de ondas de rádio. Como possui capacidade de alternar absorção e reflexão de sinais (ondas de rádio), dispensa o uso de baterias. Novidades como essas reforçam a importância do Centro de Mídias Digitais (CeMidi) e do Programa de Mídias Digitais (ProMidi) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Repito: a revolução mal começou e poucos são as pessoas capazes de antever como a vida digital mudará o hábito das pessoas. Estudar o assunto e estudá-lo com uma visão ecossistêmica auxilia a entender melhor as mudanças.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Servidor federal tem R$ 28 mil a receber em vale-alimentação

O Juizado Especial Federal da 3ª Região, localizado em Franca, São Paulo, concedeu liminar a uma servidora do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) equiparando o Auxílio-alimentação recebido pela servidora ao pago pela Tribunal CE Contas da União (TCU), cujo valor mensal foi fixado por aquele Tribunal em R$ 601,20 (seiscentos e um reais e vinte centavos), por intermédio da Portaria 44, de 26 de fevereiro de 2008. No termo de sentença número 6318005898/201, a juíza federal Fabíola Queiroz determina que a ré, ou seja o INSS, tem 30 dias para tomar as decisões administrativas de equiparar o auxílio-alimentação da servidora ao do TCU e condena a ré ao pagamento dos atrasados nos últimos cinco anos. Cálculos autuariais preliminares indicam que, no caso dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a diferença dos últimos anos que a União terá de pagar é de R$ 28 mil reais, sobre os quais não incidem nem INSS nem Imposto de Renda. A ação a ser impetrada é junto ao Juizado Federal do Amazonas, tem de ser individual e acompanhada da Folha Financeira do servidor para comprovar que o valor pago não é igual do do TCU, bem como com cópia da sentença da juíza de Franca e da Portaria 44 do TCU. A Folha Financeira do servidor deve ser solicitada formalmente por meio do Protocolo da Ufam. Com os servidores estão em greve, a medida só poderá ser tomada ao final da paralisação. A Justiça Federal do Amazonas e o setor Departamento de Pessoal da Ufam que se preparem para a fila de servidores, ao final da greve, solicitando a folha financeira para tomar as providencias legais. A União que reserve logo um saldo no Caixa porque não é pouca a quantia devida aos servidores.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Educação e as campanhas políticas

Um dos graves problemas da Educação brasileira, em todos os níveis, é o uso das estatísticas com fins eleiçoeiros. Quem está no poder tenta sempre superestimar os feitos. E, claro, usa números e números nessa tarefa. Como se a qualidade da educação pudesse ser medida apenas pelo número de aprovações. Sou plenamente favorável à flexibilização do processo de aprendizagem e aos novos modelos pedagógicos. No entanto, não aceito que nada disso seja usado como base para sustentar discursos políticos centrados única e exclusivamente na aprovação do maior número possível de estudantes. Uma Educação de qualidade se faz sim, reconhecendo as diferenças. E isso precisa ser refletido nos processos em sala-de-aula. As turmas de progressão, portanto, são excelentes caminhos para melhorar a complexa formação do “todo” da turma. Não pode, jamais, ser usado como “mecanismo” de aprovação em massa. Em assim sendo, só serve aos interesses dos políticos e não da sociedade.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

As Mídias Digitais e o futuro das amizades

O coordenador do Programa de Mídias Digitais da Universidade Federal do Amazonas (ProMidi/Ufam), professor doutor Gilson Monteiro, é um dos entrevistados do Programa Magazine, da TV A Crítica (retransmissora da Record), que vai ao ar hoje, das 11h ao meio-dia. Ele falará sobre “amizade virtual”, principalmente sobre o mito de que as ditas redes sociais afastam as pessoas. “O que há é uma mudança cultural significativa no comportamento das pessoas. Elas estabelecem primeiro as relações por meio da rede, usando inúmeros aparelhos de mídias digitais, e só depois se encontram”, diz o coordenador, que acrescenta:”nem sempre proximidade física significa proximidade sentimental. Hoje as pessoas estabelecem relações, muita das vezes sólidas, por intermédio da rede mundial de computadores. Isso explica o sucesso estrondoso das chamadas redes sociais. E essa revolução comportamental mal começou. O futuro ainda nos revela inúmeras surpresas.” Para o professor Gilson Monteiro, que é Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora, “as mídias digitais ainda são muito limitadas. Embora ofereçam o cinema, a Tv, a rádio e o texto em um único lugar, o celular, por exemplo; as fazem de forma tímida. Quem conseguir unir as funcionalidades do Skipe à popularidade do Facebook terá enormes chances de criar, talvez, a maior plataforma de relacionamentos efetivos da Internet. E será capaz de aproximar muito mais as pessoas, não de distanciá-las”.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mimo na Rádio Nacional da Amazônia

O professor Gilson Monteiro é o convidado do programa Mosaico, apresentado por Murilo Carvalho, hoje, na Rádio Nacional da Amazônia, das 13h40 às 14h (horário de Brasília). Ele falará sobre o Grupo de Pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (Mimo), do Departamento de Comunicação Social (Decom) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultural na Amazônia (PPGSCA). Falará também, sobre o projeto Mimo.com, o Ciclo de Palestras desenvolvido em parceria com a Saraiva MegaStore, realizado a cada terceira terça-feira do mês. O encontro leva para um dos Shoppings Centeres de Manaus discussões acadêmicas sobre a moda, seus usos e os impactos no comportamento da sociedade. “A produtora do programa, Débora Lopo, encontrou informações sobre o nosso Grupo no Blog do Mimo e fez contato via Twitter. Pediu o telefone do responsável pelo grupo. Fiquei receoso e solicitei que me enviasse um e-mail com os contatos. Realmente trata-se de um convite para a entrevista. O episódio demonstra duas coisas: a importância fundamental de se estar na rede como forma de ganhar visibilidade, a confluência entre a mídia tradicional e as mídias digitais e o cuidado que se deve ter com a segurança”, comentou o professor Gilson Monteiro, coordenador do Mimo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os salários e a qulidade na Educação

Quem pensa que faz Educação de qualidade apenas ampliando o número de salas-de-aulas engana a si e à sociedade. A preocupação dos governos não pode ser meramente em inaugurar escolas. É preciso, antes de tudo, cuidar de quem vive nelas: os professores, os estudantes e o pessoal do suporte. Esse “cuidar bem” passa sim por salários mais justos e que devolvam a dignidade a cada um dos educadores deste País. Sem isso, nos três níveis, o Brasil patinhará nas posições intermediárias dos “melhores do mundo”. Ou se elege a Educação como meta estratégica no Brasil ou o crescimento, daqui para frente, será emperrado. E isso só se consegue com bons salários para os professores e condições de trabalho decentes. Creio que chegamos a um patamar no qual o lema não pode ser apenas “todos na escola”. É preciso dar a esses “todos” uma escola de qualidade, do nível básico ao superior. Políticas públicas que não levem em conta esses fatores tendem ao fracasso.

domingo, 17 de julho de 2011

A modernização da Educação Superior

A modernização da Educação Superior brasileira não passa apenas pela questão da infraestutura. É certo que o Ministério da Educação (MEC), mantenedor das universidades públicas, há muito segura as verbas de custeio a ponto de os laboratórios estarem à míngua na maioria delas. No entanto, esse tipo de comportamento faz parte do novo modelo de financiamento implementado no Governo FHC e aprofundado no Governo Lula: a competição entre os pesquisadores por projetos. Com esse novo modelo, quem, de fato, equipa as universidades, são os doutores que conseguem aprovar projetos aqui e acolá. Passam, porém, a cumprir com um dever que é da mantenedora, no caso o MEC. Projetos e equipamentos advindos daqueles deveria ser um complemento e não a principal fonte das experiências práticas nas Instituições. Por outro lado, em alguns casos, esses projetos são sopros de inovação e mudança, inclusive, nas práticas pedagógicas e na criação dos ambientes de aprendizagem. Esse é o lado bom da prática condenável de empurrar os pesquisadores para uma competição fratricida.

sábado, 16 de julho de 2011

Educação para a vida digital

Como não sou daqueles que acreditam que a internet é a única responsável pela revolução no modo de viver das pessoas, tenho dúvidas se precisamos de algo como uma “educação para a vida digital”. Sou do tempo em que o respeito ao próximo, o carinho e a atenção eram regras para a vida inteira, quaisquer que fossem os ambientes. Como em grande parte das interações pela rede mundial de computadores é feita por intermédio da palavra escrita; carinho e tolerância são fundamentais quando se quer preservar as amizades, as boas relações. O ser humano, portanto, terá, essencialmente, de ser mais compreensivo, tolerante, afetivo. Não digo que, na rede, ou seja, na vida digital, a intolerância também não exista. O que defendo é que os dispositivos digitais móveis aliados às tecnologias de difusão das informações em velocidades altíssimas potencializaram o que Edgar Morin defende há algum tempo: somos 100% razão e 100% emoção ao mesmo tempo. Acredito piamente que a chamada “vida digital” potencializará a troca de afetos, de sentimentos. Não no patamar da simples “pegação”. Talvez, quem sabe, naquele nível de respeito, amor e acolhimento de muitos educadores defenderam ao longo das décadas. E isso vale para qualquer nível. Da educação básica à educação superior. Pense nisso ao avaliar o uso das mídias digitais na Educação.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Operação desmonte da Pós no Brasil

O Projeto 220/2010, já aprovado na Comissão de Educação e relatado pelo Senado Álvaro Dias (PSDB-PR), é um ataque frontal aos programas de Pós-graduação brasileiros e um lobby descarado das universidades, centros universitários e faculdades para “neoliberalizar” de vez os negócios da educação no País. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) brasileira é um dos instrumentos legais mais modernos e avançados do mundo. Porém, reconhece o mérito acadêmico e exige, inclusive, a contratação de mestres e doutores para o exercício da docência nos cursos de Pós-graduação. Não se trata pura e simplesmente de uma reserva de mercado, muito embora, mestres e doutores sejam achincalhados constantemente, inclusive pelos pares que ainda não obtiveram o título. É um engodo dispensar a exigência da titulação com o discurso de que serão oferecidas mais oportunidades aos graduados do País. Ao que tudo indica, há um perigoso movimento para “desmontar” o trabalho de excelência realizado pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), nos seus 60 anos de existência. Não se enganem! A Capes não é um ser abstrato! Reúne a inteligentsia brasileira. Destruí-la é destruir uma das estruturas de avaliação e acompanhamento das mais exitosas do mundo. É nosso dever não calar diante desse ataque, dessa verdadeira operação desmonte.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ProMidi e Mimo.Com aprovados no PIBEX da Ufam

O Programa de Mídias Digitais (ProMidi) e o Projeto “Ciclo de debates e palestras Mimo.com”, coordenador pelo professor Gilson Monteiro, foram aprovados no Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O Programa de Mídias Digitais da Ufam, bem como o Centro de Mídias Digitais (Cemidi), aprovados no CNPq, no MEC/Sesu e agora no PIBEX, são projetos do Grupo de Pesquisa em Ciências da Comunicação, Informação, Design e Artes (Interfaces), que já se posicionou entre os cinco melhores grupos de pesquisa em Comunicação do Brasil no ano de 2008, no Prêmio Luiz Beltrão, promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). O Interfaces é o Grupo de Pesquisa que edita a revista científica InterMais e foi o responsável pela proposta de criação do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Ufam, o primeiro da Região Norte, que está no quarto ano de funcionamento. Já o Mimo.com, agora reconhecido pela Extensão da Ufam, é um projeto do Grupo de Pesquisa Linguagens, Mídia e Moda (Mimo), coordenado pelo professor Gilson Monteiro e ligado ao Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura (PPGSCA) da Ufam. São projetos do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) desenvolvidos nos dois grupos de pesquisa coordenados pelo professor Gilson Monteiro.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Projeto libera univesidades de contratar mestres e doutores

Com o discurso liberal de que mais gente poderia ministrar mais aulas nas universidades, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) relata, muito provavelmente na semana que vem, o projeto número 220/2010, aprovado à luz-de-velas, portanto, sem muito alarde, na Comissão da Educação do Senado no mês passado, que libera para ministrar aulas em quaisquer universidades, faculdades e centros universitários, qualquer pessoa com o nível superior. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) vigente exige percentual de mestres e doutores para que a Instituição Superior seja considerada universidade. O projeto de lei proposto no Senado pretende dispensar a necessidade de titulação sob o canto da serie de que daria mais oportunidade aos estudantes graduados no País. Trata-se de um projeto que cai como uma luva para a iniciativa privada na Educação Superior, que constantemente demitem professores com Mestrado e Doutorado. Esse tipo de flexibilização joga por terra os 60 anos de trabalho da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que tem um dos melhores sistemas de avaliação do mundo. Todas as entidades que se preocuparam com a qualidade da Educação Superior no País precisam ficar em estado de alerta com mais esse golpe na Educação brasileira.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Estatuinte da Ufam precisa se adiada

Minha intuição diz que o Congresso Estatuinte da Universidade Federal do Amazonas, marcado para o período de 26 a 30 de setembro de 2011, deveria ser adiado. Se não para o final do mês de março de 2012, pelo menos para o mês de novembro deste ano. É uma temeridade realizar um Congresso com a importância vital de um Congresso Estatuinte sem a devida participação dos três segmentos. Alguns talvez argumentem: com ou sem adiamento, a participação será a mesma, ou seja, quase nenhuma. Ainda que isso ocorra, é preciso entender que a mobilização em torno do Congresso só será efetiva quando as atividades forem retomadas, no início do mês de agosto. O problema é que está em curso uma greve dos servidores, sem nenhuma perspectiva de retorno ao trabalho, e existe a possibilidade de os professores também entrarem em greve. Em isso acontecendo, o adiamento do Congresso será inevitável. Ou participar dele será uma atividade recomendada pelos dois comandos de greve (dos servidores e dos professores)? A participação da sociedade e não-apenas dos três segmentos da Ufam é vital para uma Estatuinte qualitativa. Em nome da possibilidade de mobilização efetiva mais próxima do Congresso é que se deve pensar seriamente em adiá-lo!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mudanças da avaliação da Pós em outubro

As mudanças no processo de avaliação dos programas de pós-graduação, promovidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) serão implementadas a partir do mês de outubro, quando a modalidade de “avaliação anual entre programas” começará a ser testada. A nova forma de avaliar os programas prevê uma reunião entre todos os coordenadores, por área, que analisarão, alterarão e classificarão dados e informações referentes ao relatório do Coleta Capes apresentando por cada programa. De acordo com a Diretoria de Avaliação (DAV) da Capes, “a avaliação entre programas propiciará uma auto-avaliação, uma visão comparativa do conjunto dos programas.” Com a mudança, deixam de existir avaliação especifica, classificação ou nota. Em setembro deste ano a DAV promete disponibilizar os dados e informações do Coleta 2010. A partir de então, o planejamento e a avaliação coletiva passam a ser realizados. Serão definidos roteiro e parâmetros para a divulgação de um relatório estruturado, por área. Os trabalhos da avaliação coletiva serão coordenados por uma comissão a ser definida pela DAV da Capes. Ao que tudo indica, o Brasil deixa aquela fase da avaliação meramente produtivista e passa para uma fase qualitativa da avaliação dos programas de Pós-graduação, desejo de muitos cientistas há bastante tempo. É esperar para ver como essa nova fase será implantada e encarada pelos nossos pares.

domingo, 10 de julho de 2011

O avanço da ciência e a burocracia

A universidade brasileira, talvez a mundial, vive um dilema: a ousadia da chamada nova ciência não combina com a burocracia tradicional, utilitarista e produtivista. Como conviver com a liberdade, inclusive metodológica, quando as agências de fomento cobram, cada vez mais, produtividade, e nos moldes tradicionais? Dá para falar, e praticar, a relação entre sujeito e objeto, ao invés da separação, quando todos os formulários e relatórios nos cobram em formatos tradicionalíssimos? Não tenho nenhum tipo de fórmula para vencer esse tipo de pasmaceira oficializada. No entanto, creio que não nos devemos curvar simplesmente. Ainda que sigamos as orientações que aí estão, penso que ousar é fundamental para se tentar quebrar os paradigmas tradicionais. Temo, porém, quebrar paradigmas para criar novos. A nova ciência avança com a Biologia da Cognição, de Maturana e Varela, bem como a Ecologia Profunda, de Capra. Ousemos juntos!

sábado, 9 de julho de 2011

Modos tradicionais de ver o mundo

O problema da ciência e dos ditos cientistas modernos é manter uma forma tradicional de olhar o mundo e sua própria atuação como cientista. Os revolucionários e pós-modernos que ainda olham o mundo apenas como uma hierarquia de fatos empíricos talvez de pós-modernos não tenham nada. Quem me perdoem os céticos, já pensei assim durante longos anos, hoje, porém, não consigo mais olhar o mundo e vê-lo como uma série de eventos ordenados hierarquicamente, como se existisse uma entidade a ditar o rumo para onde as coisas seguem. É ingênua a ideia de que se pode aprisionar o mundo, por conseqüência, o conhecimento, e explicá-lo sem se levar em contra a complexidade extrema de cada um dos eventos empíricos, por mais simples que os sejam. Urge que nós, os cientistas, mudemos a perspectiva do olhar e nossos modelos de análises. Nem sei se precisamos de modelos. Muito menos de análises. Só sei que é nosso dever de educador tentar compreender o mundo e o processo do conhecimento. E com a participação dos nossos estudantes. Sem isso, a missão é autoritária, hierárquica e com poucas chances de obter êxito.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A falta de olhar ecossistêmico nas universidades

Falta olhar estratégico às universidades brasileiras? Muito provavelmente sim. Vejo porém, mais que um olhar estratégico, falta ver o todo e entender que o todo não é meramente a soma das partes. Ou seja, é essencial pensar que Ensino, Pesquisa e Extensão, pilares da universidade, são atividades que devem ser planejadas de forma unificada, ou seja, ecossistêmica. Sem isso, o tripé da universidade não se consolida. Ao contrário, perpetua-se uma briga interna entre o que é mais importante: o ensino, a pesquisa ou a extensão. Esse é o grave erro! Não se pode pensar em menos ou mais importante. Uma universidade não pode ser apenas ensino, pesquisa ou extensão. A conjunção não tem de ser alternativa, ou, mas sim, aditiva. Portanto, ensino, pesquisa e extensão são unas. Não podem ser dissociadas na hora do planejamento. Se assim não for, sempre sobrarão problemas. O olhar estratégico não existe sem que se reveja a própria forma de pensar a universidade.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O estado mínimo e a coopertiva de professores

Da forma como as coisas caminham, não demora e teremos, nas universidades públicas brasileiras, até a terceirização do ensino. A lógica econômica implantada pelo falecido Paulo Renato (PSDB) e aperfeiçoada por Fernando Haddad (PT) é tão tacanha que todos os serviços, paulatinamente, foram terceirizados. Do mesmo jeito que os médicos criaram as cooperativas para prestar serviço ao estado, na área de saúde, por exemplo, os professores, pelo jeito, terão de fazer para manter as universidades funcionando. Como é feito nas grandes empresas multinacionais, o governo federal quer gerenciar apenas as grifes, as marcas. É a lógica do estado mínimo na Educação. Cria-se a Agência Nacional de Educação (ANE), reguladora do setor, e os professores, bem como a carreira docente, que se ferre! Ninguém percebe isso! Por isso as manifestações são esvaziadas. A não ser que concordem com a lógica do estado mínimo e já estejam providenciado as cooperativas. Tem vaga aí pra mim ou vou ficar de fora!?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Olhares de ódio e revolta

A falta de consciência e leitura política, um dos legados do Governo Lula para a universidade brasileira, foi claramente estampada em cada olhar, ontem, das 8h às 17h, na entrada do Campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), quando professores e técnicos da Instituição e mais alguns sindicatos e entidades de classe dos funcionários públicos federais aderiram ao Dia Nacional de Paralisação dos Servidores Públicos Federais. Ao invés de bloquear permanentemente a entrada do Campus, a estratégia usada foi a de bloqueios temporários a fim de que os panfletos fossem entregues a quem entrava na Ufam. Poucos eram os olhares de aprovação e de incentivo dos colegas, estudantes, professores ou técnicos que passavam. Estive no local no período da manhã e da tarde. Vi em cada olhar reprovação, quase ódio e revolta. Era como se ali ninguém fosse trabalhador. Como se a greve não fosse um instrumento de luta legal e justo de quem negocia desde o ano passado e é cozinhado em banho-maria pelo patrão, o governo federal. Não é estranho que, quando chega o momento da sucessão, a consulta pública dá resultado a quem usa a troca de favores como estratégia fundamental. A desmobilização é geral e o analfabetismo político chega a doer no coração. Coletivamente estamos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Toda vez que participo de uma Assembleia ou mobilização na Ufam tenho mais clareza: o futuro é sombrio. Cada olhar daqueles que passaram pela entrada da Ufam ontem me confirmam isso. Simplesmente lamentável!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Professores da Ufam parados

Os professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) param hoje as atividades em adesão ao Dia Nacional de Paralisação dos Servidores Públicos Federais. Trata-se de um movimento com a adesão de todas as secções sindicais das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) com o objetivo de, a partir de então, construir uma mobilização nacional dos servidores federais, uma vez que os técnicos das Ifes já se encontram em greve, a partir do mês de agosto. Desde o mês de novembro do ano passado as negociações em torno do Plano de Carreira da categoria dos professores não avançaram. Há uma tendência de que os professores sigam o caminho dos técnicos e entrem em greve nacional a partir do mês de agosto deste ano. Hoje os professores da Ufam se reúnem na entrada do Campus para discutir os problemas da categoria e a construção do movimento nacional com os demais servidores a partir das 8h.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Adicional por pareceres e reuniões

Os professores das universidades públicas brasileiras deveriam ser premiados com adicional de pareceres e participações em reuniões. Estariam milionários. Porque a participação em aulas, tanto da graduação quanto da pós-graduação, parecem não ser prioridades. Pelo menos nos regulamentos das Instituições de Federais de Ensino Superior (Ifes). Essa talvez seja uma boa bandeira a ser levantada amanhã, dia 5 de julho, data da Paralisação Nacional dos Servidores Públicos Federais. Debruçados sobre processos, muitas vezes sem conhecimentos técnicos para tal, professores não encontram mais tempo para planejar as aulas, pesquisar ou desenvolver atividades de extensão. Como as universidades precisam ter programas de Pós-graduação para manterem a própria categoria de universidade, esses professores ainda são obrigados a atuar nos programas de Pós, sem nenhuma remuneração adicional pelo trabalho desenvolvido. Então, tornam-se escravos da produtividade, dos artigos científicos. Há, portanto, bons motivos para a paralisação de amanhã e para se rediscutir os moldes da carreira.

domingo, 3 de julho de 2011

Credibilidade do Enem em alta

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) curvou-se aos fatos e aderiu completamente ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como única forma de ingresso nos seus cursos de graduação. Cambaleante no início por conta das denúncias de vazamento das provas e suspeitas de corrupção das empresas que aplicavam os exames, o Enem começa a ganhar o respeito das universidades e da sociedade. Como toda boa ideia, quase morre no início pela péssima execução. Mas, ainda não estou convencido plenamente sobre a validade de um exame nacional em um País com tantas diferenças regionais. A não ser que seja uma forma de induzir os estados e municípios brasileiros a investirem mais na qualidade do ensino a fim de diminuir as desigualdades, o Enem transforma as universidades públicas brasileiras em um espaço das elites. Torna-se uma lugar para quem pode se preparar melhor e tira dos estudantes das escolas públicas a possibilidade de ingressar nos cursos mais concorridos das universidades federais brasileiras. Caso haja corrigir tal distorção, o Enem reduz muito o custo e os riscos de fraudes dos antigos vestibulares: esse é o lado bom do Exame.

sábado, 2 de julho de 2011

A prisão paradigmática na Educação

Educar é um ato ousado de lutar contra nossas próprias convicções, paradigmas e formas de olhar o mundo. Atravancamos o progresso, inclusive mental, com nossas ideias e modos de ver. Fico a imaginar o que seria da humanidade se todos ainda vissem a realidade como as viam meus avós e meus pais? No processo de aprendizagem somos obrigados a nos reinventar a cada dia, hora e minutos. Somos uma máquina de moldar cidadãos. De transformá-los em crentes no modelo capitalista de olhar as relações: sempre como um acúmulo de riquezas. É como se não houvesse vida além do capital. O libertador que existe, principalmente em cada professor universitário, não passa de uma caricatura. É um papel que consideramos exercer muito, exatamente no papel. Na prática, somos arautos da acumulação, inclusive de conteúdos, como o único caminho para a bem-sucedência. Somos tradicionalistas ao extremo porque, talvez, na nossa utopia coletiva não haja lugar para se pensar em uma sociedade mais justa e mais humana. Perdemos a capacidade de sonhar. E isso se reflete na nossa práxis. Será que venceremos o mostro da letargia e da prisão paradigmática?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Professores das federais param dia 5

Os professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) decidiram paralisar as atividades no dia 5 de julho, terça-feira, numa espécie de greve de advertência. E prometem construir, em todo o Brasil, condições para uma greve geral das Ifes se as negociações em torno do Plano de Carreira não avançarem. Como as negociações foram iniciadas em novembro do ano passado e até agora pouco avançaram, ao que parece, a tendência é de que os professores sigam o mesmo caminho dos técnicos e paralisem as atividades. A não ser que o Governo utilize estratégias de desmobilização conhecidas: negociar com uma categoria, prometer amentos e ganhos e não negociar com a outra. Como há um contingenciamento de verbas, no entanto, é pouco provável que haja negociação. Em função disso e das avaliações nas demais universidades brasileiras, a tendência é de uma greve geral dos professores. A se levar em conta as condições estruturais, por exemplo, muitos cursos já deveriam ter paralisado as atividades há tempos por falta de condições mínimas de funcionamento.