quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Seminário de Acompanhamento começa em Brasília

A área de Ciências Sociais Aplicadas I inicia hoje, às 9h, no Prédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) uma nova fase da avaliação, com o chamado “Seminário de Acompanhamento e Avaliação dos programas da Área”. A diferença basilar do processo anterior é que hoje, todos os coordenadores dos programas de pós-graduação da área de Ciências Sociais Aplicadas, Comunicação, Ciências da Informação e Museologia, sob a coordenação das professoras doutoras Maria Helena Weber e Nair Kobashi, reúnem-se para discutir acompanhar e avaliar uma síntese dos formulários do Coleta/Capes 2010, de todos os programas. A sistemática proposta foi dividir as sínteses por módulos assim distribuídos: proposta dos programas, inserção social, corpo docente, produção intelectual, corpo discente e teses e dissertações. Serão três dias de trabalho ao final dos quais a Capes espera que seja elaborado um documento denominado “síntese da área”, uma espécie de diagnóstico a ser disponibilizado para todos os programas e para a comunidade na página da Capes na Internet.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Resultados alarmantes na Educação Superior

Os resultados das seleções dos Programas de Pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que começam a ser divulgados parcialmente são alarmantes e não devem ficar meramente no assombro inicial e no estarrecimento dos examinadores pela má-qualidade dos projetos e das provas de conhecimento específico. Não vou revelar nomes nem programas, por uma questão de ética e respeito ao trabalho realizado pelas bancas examinadoras, porém, os percentuais variam de 50% a 84% de reprovação já na primeira fase dos processos de seleção. Esses números indicam que a mesma universidade que aprova nos cursos de graduação, reprova em massa o ingresso dos seus egressos nos cursos de Pós-graduação. Logo, é urgente que seja feita uma avaliação profunda dos projetos pedagógicos e do processo de aprendizagem. A forma tradicional como se ministra aulas e se avaliação nos cursos de graduação é completamente falida e precisa ser revista. Quem terá coragem de “pegar esse touro pelos chifres”, domá-los e propor uma mudança pedagógica radical? Reclamar da qualidade dos estudantes, reprová-los e não fazer nada para que o processo mude por dentro é agir como Pilatos, ou seja, lavar as mãos. Como está, pode-se dizer que “a mão que aprova é a mesma que reprova”.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Seleção e avaliação na Educação

Por mais que se aprimorem os instrumentos e os processos, selecionar, na Educação, em quaisquer dos níveis, é um processo doloroso. Um exemplo clássico de seleção são os vestibulares e, agora, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pior que isso, porém, é confundir avaliação com seleção. Usar dos mesmos critérios dos vestibulares para avaliar estudantes ao longo ou no final de cada disciplina não se trata de avaliação, mas sim, de seleção. E esse é o erro mais grave que se comente em Educação. Avaliar é acompanhar o processo de crescimento do estudante dentro e um curso ou série. Medir apenas o desempenho mês a mês não se confunde com avaliação. Enquanto não se corrigir esse viés, teremos problemas cruciais no que denomino processo de troca de saberes.

domingo, 27 de novembro de 2011

A exploração que se aprende na escola

Dia desses fui apresentado a um colega professor, sem que a pessoa que me apresentou revelasse que eu era da área de Comunicação. Estávamos em uma manifestação tipicamente da chamada cultura popular. Ele elogiou a apresentação, falou da diversidade cultural brasileira e haja a repetir que “faltava era a imprensa explorar melhor isso e aquilo”. Sem dizer que era professor de jornalismo, contra-argumentei: “professor, o senhor não acha que a imprensa já explora demais determinadas manifestações culturais? Não seria mais justo pensarmos que é necessário abrir espaços para as diversas manifestações culturais brasileiras? Ele não percebeu a sutileza da minha pergunta e ficamos a discutir sobre a atuação da imprensa nesses casos. Digo sutileza porque, no fundo, não apenas a imprensa, mas nós, os professores, bem como todos os seres ditos humanos, temos uma tendência a utilizar como se fosse a coisa mais natural do mundo o termo “explorar”. Falamos em explorar as potencialidades de uma pessoa, em explorar a floresta, o solo, a mata. Ora, como podemos querer que as pessoas preservem, inclusive a dignidade, se, a vida inteira, ensinamos a elas que é preciso “explorar”?

sábado, 26 de novembro de 2011

Fobias, preconceitos e fundações de apoio

É bem-verdade que o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) deu provas de destempero, homofobia e falta de educação doméstica ao questionar a opção sexual da presidente da República, Dilma Rousseff. Mas o reitor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), professor doutor José Januário de Oliveira do Amaral, alegar que foi vítima de preconceito é forçar um pouco demais a barra. Ele foi vítima das relações incestuosas existentes entre as fundações de apoio e a universidades. Algo, inclusive, que não ocorre apenas em Rondônia. É mister, inclusive, que se faça uma investigação minuciosa em todas as fundações de apoio das universidades brasileiras. Isso reconfortaria o reitor demissionário da Unir: é bem provável que muitos reitores e reitores tivessem que alegar outro tipo de preconceito.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Assepsia política nunca mais

A greve de 70 dias de professores, técnicos e estudantes da Universidade Federal do Rondônia (Unir) deixa uma lição às demais universidades brasileiras: assepsia política nunca mais. Durante os anos de chumbo da ditadura, bem como até o Partido dos Trabalhadores (PT) chegar ao poder, a universidade brasileira não calava. E não era nenhum pecado as agremiações políticas travarem debates, disputarem os cargos, enfim, “apimentarem” a vida acadêmica por intermédio da militância. Depois disso, só o limbo. A letargia tomou conta e deu espaço para o discurso dos reacionários de todos os matizes. Principalmente do que defendiam a ideia de que, na universidade, os partidos políticos não deveriam interferir. Tudo parte de um discurso cínico: os mesmo que pregavam isso nos corredores se articulavam às escuras em busca de apoio de qualquer que fosse o partido. O episódio da Unir traz de volta a luta política, a garra, a demonstração de que a comunidade universitária não se deve curvar diante da força do Estado. Uma universidade que castra a política da vida dos seus estudantes, técnicos e professores, jamais formará para o exercício pleno da cidadania e será sempre refém de práticas espúrias como as que ocorrem em grande parte das Fundações de Apoio das universidades brasileiras. É hora de botarmos, de novo, as mãos na massa da política. E sem usar luvas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Reitor da Unir pede demissão

Dizem que os brutos também amam. Ao que tudo indica, até os brutos podem ter bom senso e sensatez. Ou, quem sabe, nem o mais bruto dos brutos resiste a uma pressão da Venus Platinada? O certo é que após a Rede Globo de Televisão divulgar, em seu programa dominical mais famoso, o Fantástico, as denúncias de corrupção contra o magnífico reitor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), professor doutor José Januário de Oliveira do Amaral, ele foi a Brasília e entregou o cargo ao Ministro da Educação, Fernando Haddad. Foram 70 dias de greve e 49 dias de ocupação do prédio Unir-Centro sem que o reitor desse qualquer sinal de que sucumbiria. Durante o processo, escandalosamente, a Polícia Federal agia prendendo professores, um deputado federal e estudantes. Esses últimos foram presos pelo “crime” de fazer uma charge do reitor. A entrega do cargo ao Ministro da Educação, na prática, não tem nenhum efeito. Presidente do Conselho Universitário, o reitor terá de convocá-lo extraordinariamente, o que já foi feito para segunda-feira, a fim de apreciar o pedido. Do jeito que coisas surreais ocorrem em Rondônia rotineiramente, e, em especial, na Unir, só falta na segunda-feira, dia 28, o Consuni da Unir não aceitar a renúncia do reitor. Oremos!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MEC fecha o cerco contra universidades ruins

Não devem causar nenhum estranhamento as medidas cautelares do Ministério da Educação (MEC). Ganhou repercussão em Manaus porque uma das atingidas foi a Uninorte que teve suspensa a autonomia para criar novos, bem como todos os processos de regulação de cursos em andamento também suspensos. Ulbra e Ciesa ainda estão sob supervisão do MEC. As três, e mais uma tonelada de outras instituições estabelecidas em Manaus, tiveram desempenho insuficiente nos últimos três anos e todas as avaliações do MEC que compõem o Índice Geral de Cursos (IGC). Esse índice leva em conta, inclusive, as notas obtidas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Nenhuma dessas Instituições deve ser dizer surpresa, uma vez que as regras de avaliação foram estabelecidas e aceitas por todas. Vale lembrar, por exemplo, que o Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estava com nota 2, no Enade, e corria o risco de ser fechado. A Ufam e a Faculdade foram obrigadas a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) draconiano que foi cumprido rigorosamente. Nessa mesma época o curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) encontrava-se na mesma situação. O curso da Ufam saiu da lista e o da Ufba ainda está sob supervisão. Ao que tudo indica, há rigor e justiça no processo de avaliação.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O método e o pensamento linear

É curioso na universidade brasileira (e talvez na mundial) quando se fala de, Alfabetização Ecológica, Sistema Biocultural, Ecologia Profunda ou Ecossistemas Comunicacionais. Duas perguntas balizam os questionamentos: “Qual método empregar? Qual fundamentação teórica usar? Quem assim reage, logicamente não esconde a escola teórica a qual pertence: a do método cartesiano, do pensamento linear. Acontece, porém, que o cérebro humano não é linear. Portanto, não faz sentido pensar o conhecimento, a comunicação e a ciência como resultados de observações e métodos lineares. É preciso destruir, ou pelo menos alargar, as fronteiras do pensamento linear. Elas engessam a compreensão dos fenômenos da comunicação em rede, portanto, da ciência. Comunicação é vida, logo, processo. Assim sendo, complexa. Daí a necessidade de um novo olhar sobre os fenômenos. Não se sabe se chegaremos a explicá-los, muito menos compreendê-los. Na pior das hipóteses, porém, ampliaremos o campo de visão e da compreensão.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ufpa e Ufam publicam livro juntas

O artigo “Por uma pesquisa amazônida em comunicação: provocações para novos olhares” do professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gilson Monteiro, e do professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e estudante do doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia, Sandro Conferai, foi aceito para publicação no livro “Comunicação Midiatizada na Amazônia”. A obra será o segundo volume da série “Comunicação, Cultura e Amazônia” e o primeiro a ser lançado em conjunto pela Universidade Federal do Pará (Ufpa) e pela Ufam. O livro faz parte de um acordo de cooperação editorial firmado entre o Programa de Pós-graduação Comunicação, Cultura e Amazônia, da Ufpa e o Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM), da Ufam. Vale ressaltar que a escolha dos artigos que farão parte da obra foi feita de “forma cega” por pareceristas externos aos dois programas. No parecer que recomenda o aceite do artigo, o ponto mais forte ressaltado foi “a ousadia da proposta defendida pelo autor, que clama por uma pesquisa em comunicação ecossistêmica na Amazônia a partir das características locais, levando em consideração principalmente as intersecções entre cultura, natureza e as tecnologias da informação e comunicação.”

domingo, 20 de novembro de 2011

Violência inconcebível na academia

Não posso imaginar dentro de uma universidade um movimento grevista chegar ao ponto que chegou o da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Retaliações, ameaças de morte e prisão de professores e estudantes é algo surrealista. Será que, de ambos os lados, todos perderam a lucidez? Pior que tudo isso é o silêncio quase sepulcral do Ministério da Educação, em particular, e do Governo Federal. Custo a acreditar que a influência do senador Waldir Raupp, presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) seja forte a porto de vedar a sensibilidade de todos os que precisam tomar decisões numa hora dessas. Estamos em pleno Século XXI. Há muito, pelo menos em tese, a barbárie foi extinta. O que se vê hoje no transcorrer da greve é algo inaceitável. O Palácio do Planalto não pode lavar as mãos. É urgente que haja interferência dos políticos mais influentes da região para que se chegue a uma solução negociada. O que não pode é a Unir ficar parada tanto tempo e a barbárie tomar conta das relações.

sábado, 19 de novembro de 2011

Terror na Universidade Federal de Ronônia

A Nota de Repúdio do ANDES- Sindicato Nacional surtiu nenhum efeito. A situação na Universidade Federal de Rondônia (Unir) piora a cada dia. O clima, agora, é de terror. Uma estudante de psicologia, que faz parte do comando de greve, foi surpreendida na porta de casa por homens encapuzados que disseram que ela morreria em breve. Um bilhete anônimo foi posto na porta de departamentos e laboratórios dom os seguintes dizeres: ““NÃO ADIANTA CANTAR VITÓRIA ANTES DO TEMPO. MUITA ÁGUA AINDA PODE ROLAR... SEGUE ALGUNS NOMES QUE PODEM DESCER NA ENCHENTE DO RIO”. Para o Comando de Greve da Unir, no jargão amazônico, principalmente de Rondônia, a menção a “descer na enchente do rio”, realçada no bilhete é uma referência nada implícita ao hábito de se desovar cadáveres nos rios da região. Estudantes e professores não dormem mais nem em casa com receio de que possam sofrer atentados. Só Nota de Repúdio é pouco. Nós, das universidades federais, deveríamos montar uma vigília e pressionar o Governo Federal para que uma solução urgente seja encontrada. Os ânimos estão cada vez mais acirrados e o clima é terror na Unir.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Patrulhamento inconcebível na Ufam

Não é possível que os que se auto-intitulam democráticos dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) ainda não tenham aprendido que é extremamente autoritário e fascista cobrar a participação política de quem opta, conscientemente, por não participar? É bom lembrar que a palavra 'idiota' vem do grego 'idiótes'. Era usada para designar quem não participava da vida política. Faz parte do próprio processo de aprendizagem, educar para a “participação política”. Quem não tem a cultura de reivindicar, de lutar por seus direitos, de exercitar plenamente a cidadania, não mudará imediatamente de postura apenas porque ingressou na universidade. O trabalho educativo é um processo longo de convencimento. Ninguém muda a forma de ver o mundo pela força. Pessoas autônomas, cidadãs e democráticas mudam de ideia quando são convencidas. E não se tornam melhores ou piores por mudarem de ideia. Patrulhar a participação ou não de pessoas em eventos, congressos e manifestações e de uma pequenez tão idiota quando a própria idiotia. E isso com mais freqüência do que se imagina. Há coisas mais importantes a serem feitas na Instituição. Aprendam a respeitar as decisões individuais. Caso não, haverá sempre enfraquecimento do coletivo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Viagens e verdades sobre a Amazônia

Começa amanhã, às 9h, no Auditório Rio Javari, da Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Ciclo de Palestras do Programa de Pós-graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA). O professor doutor Gunter Karl Pressler, da Universidade Federal do Pará (Ufpa), falará sobre o tema “Amazônia: viagens e verdades”. No dia 21, segunda-feira, a professora doutora Andrea Borghi Moreira Jacinto, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), abordará o tema “A Amazônia a partir de sua sociodiversidade”. No período de 23 a 25 deste mês, ocorrerá o Seminário “Sociedade e cultura na Amazônia: desafios e perspectivas”, com palestras, debates e apresentação de trabalhos. Por fim, no dia 07 de dezembro, das 14 às 17h, a professora doutora Rita de Cássia Ariza da Cruz, da Universidade de São Paulo (Usp), encerra o Ciclo de Palestras com o tema “Amazônia: planejamento e produção do espaço”. O evento é uma realização do PPGCS da Ufam, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Maiores informações podem ser obtidas no Blog do Ciclo de Palestras.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ANDES-SN repudia violência na Unir

Já não era sem tempo. O ANDES-SN, lançou nacionalmente, dia 9 de novembro, uma Moção de Repúdio à violência enfrentada por professores, estudantes e técnicos da Universidade Federal de Rondônia (Unir), em greve desde o dia 14 de setembro de 2011. Cobramos neste espaço que a gravidade da situação fosse denunciada. Agora, aplaudimos e publicamos, na íntegra, a Moção de Repúdio”:
“A Diretoria do Sindicato dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) vem a público repudiar a atitude truculenta de policiais do quadro da Polícia Federal, em Porto Velho-RO, no dia 21 de outubro de 2011, ao agredir e prender injustamente o Prof. Dr. Valdir Aparecido de Souza, do Departamento de História da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), quando participava de atividades da greve dos professores e estudantes, que vem se ocorrendo desde o dia 14/9/2011 por melhores condições de trabalho e contra a suspeita de corrupção pela atual Administração Superior desta IFES. Na ocasião, mediando as negociações junto à Secretaria de Ensino Superior (SESu/MEC) encontrava-se o Deputado Federal Mauro Nazif (PSB-RO), que também foi agredido pelos policiais federais ao tentar interceder contra a prisão arbitrária do citado professor. Repudiamos também o fato ocorrido em 4/11/2011, quando dois estudantes da UNIR, Gustavo Lima Torres, do curso de engenharia civil, e Fernanda Ortigosa, do curso de medicina foram levados por policiais federais à delegacia para prestarem esclarecimentos sobre teor de panfletos, sob acusação de injúria. O ANDES-SN reafirma seu repúdio a tais atitudes, que cerceiam a liberdade de organização e manifestação, ao mesmo tempo em que permanece na defesa intransigente da Universidade pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada.
Brasília-DF, 9 de novembro de 2011
Diretoria do ANDES-SN”

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Punição e prisão aos fornecedores

“Quem fornece é quem deve ser punido. Seja bebida alcóolica, cocaína, maconha e outras drogas.” O comentário de uma das minhas mais ilustres leitoras, Lourdes Seffair, ao link para a postagem que fiz aqui neste espaço denominada “Alcoolismo no Ifam” deixou-me de alma lavada. Ela foi a minha primeira professora de Inglês, ainda no Colégio Brasileiro, logo que cheguei em Manaus, em 1979. Nem poderia imaginar que já era a namorada de quem, no futuro, se transformaria em meu grande amigo e irmão, Eduardo Seffair (irmão de outro amigo-irmão, Maurício Seffair). Lucidez! Essa palavra resume todo o ensinamento que me ficou do Colégio Brasileiro, principalmente vinda do seu diretor, Thales Silvestre, e dos meus professores, como Lourdes Seffair. A questão das drogas nas escolas e nas universidades não se trata de um mero “caso de polícia”. Trata-se de um caso de saúde pública, além, é claro, no caso das escolas e universidades, de um processo educacional de convencimento. Aliás, a própria política pública brasileira antidrogas é avançada o suficiente para reconhecer que fornecedores sim, devem ser rigorosamente punidos. Usuários, não! Esses devem receber carinho, apoio acolhimento e, mais que tudo, tratamento. Que assim o seja em todos os níveis!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Alcoolismo no Ifam

Hoje, pela manhã, ouvi em uma rádio da cidade, a notícia de uma mãe que cobrava punição para o filho por parte do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) por ele “ser menor, nunca ter bebido, e ter chegado em casa embriagado” no dia de uma “festa cultural”. O diretor-geral do Ifam, Júlio César Araújo de Freitas foi entrevistado e deu uma resposta lapidar. Oficializou o Conselho Tutelar a e Polícia Militar para que fizessem cumprir a lei nos bares das imediações do Instituto. Corretíssimo, nobre diretor. A função do Ifam, portanto, a sua, não é punir estudante ou convocar a Polícia Militar para invadir o Ifam e prender adolescentes porque eles se embriagam. Se eles o fazem é porque a Lei não é cumprida rigorosamente nos bares. Não cabe ao Ifam ser “pai” ou “mãe” de ninguém. A medida anunciada pelo senhor no caso detectado de uma menina de 16 anos foi elogiável: mandar deixá-la em casa, em um caro da Instituição, acompanhada de uma psicóloga e de uma assistente social. Assim age um estadista! Um diretor que honra o cargo que ocupa e não se deixa levar por pressões de pais e de uma sociedade reacionária que vê na punição a única função da escola. Educar, portanto convencer, é sempre o caminho que devemos trilhar. Punição e limites dentro do aceitável devem ser papel da família. Que o alcoolismo seja encarado e combatido com ações educativas. E que se cobre sim, da Polícia e do Conselho Tutelar medidas para garantir que os bares não vendam (nem doem) bebidas alcoólicas aos estudantes menores.

domingo, 13 de novembro de 2011

A indissociabilidade Ensino, Pesquisa e Extensão

A certeza de que a indissociabilidade entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, nas universidades brasileiras, não ultrapassa os limites dos discursos oficiais e dos documentos regulatórios, parece ter sido o consenso entre os participantes do 5 Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (5 CBEU), ocorrido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no período de 8 a 11 deste mês. Ao participar da Mesa-Redonda “Fronteiras da Cultura”, ocorrida no dia 9, às 9h, na sala 02 do Salão de Atos da Reitoria da UFRGS, explorei o tema “A cultura hacker e as possibilidades da Extensão nas Mídias Digitais”. Um dos pontos fundamentais que levantei foi exatamente esse: na prática, Ensino, Pesquisa Extensão nem se aproximam nas universidades. Todas as falas da plateia, formada por professores, técnicos e estudantes de universidades dos mais variados locais brasileiros, revelaram que o problema não ocorre apenas na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). No encerramento do 5 CBEU, Dom Mauro Morelli, ao abordar o tema “A Extensão Universitária confrontada pela Miséria e a Fome no Século XXI”, também ressaltou a tal indissociabilidade não se confirma, na prática. É mister, portanto, que a universidade brasileira olhe para si e rediscuta suas práticas pedagógicas e administrativas. Enquanto as atividades de pesquisa, extensão e ensino estiverem dissociadas, o processo de aprendizagem não ocorrerá de forma efetiva. Só o compartilhamento real de saberes e práticas administrativas fará com que a tão propagada indissociabilidade ocorra. O erro de se discutir e pensar as atividades administrativas sem se levar em contra o processo pedagógico de aprendizagem tem engessado os projetos pedagógicos e atrasado a tão sonhada integração dos pilares da universidade brasileira.

sábado, 12 de novembro de 2011

Dom Mauro Morelli encerra 5 CBEU com humor

Quem, como eu, esperava um Dom Mauro Morelli sisudo, provocando sono e bocejos ao abordar o tema “A Extensão Universitária confrontada pela Miséria e a Fome no Século XXI” quebrou a cara. O que se viu ontem, na sala 2 do Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no encerramento do 5 Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (5 CBEU), foi um bispo emérito brincando com a sua própria condição que, segundo ele, para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) “emérito” significa caduco. Ele contou piadas, fez sorrir, e abordou um tema com muita seriedade, mas, recorrendo ao humor. Disse que, a não ser bombeiro, só mesmo convidando um bispo emérito (caduco) para fazer um auditório dormir (todos caíram na gargalhada) e ele continuou com uma nova piada que você pode ouvir, claro, e depois voltar a ler este texto. Primeiro bispo da Diocese de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Morelli conclamou a todos a fazer uma vigília, no dia 15 de outubro de 2015, contra a fome no mundo. Quer que, em cada estado, em cada região, as universidades sejam protagonistas no combate à fome. Contou histórias, fez humor com a “indissociabilidade entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão” nas universidades e propôs respeito ao outro e às diferenças não apenas na universidade, mas, na comunidade. Foi aplaudido efusivamente, de pé. À saída do Salão de Atos, o grupo Pau e Lata fazia a última apresentação. Todos se despediram com a promessa de se encontrarem novamente no 6 CBEU previsto para Belém, no Pará.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mobilidade, ubiquidade e a Extensão nas Mídias Digitais

Acompanhei eufórico, no meu celular, as postagens no Twitter, no Blog e no Facebook, sobre do III Seminário do PPGCCOM. Em Manaus, o Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), no auditório da Academia Amazonense de Letras, promovia a palestra “Comunicação Ubíqua e Sociedade Móvel”, com o professor português Antonio Fidalgo, da Universidade da Beira do Interior. Ele é fundador, em Portugal, da Biblioteca On-Line de Ciências da Comunicação (BOCC) e diretor do Jornal On-Line Urbi et Orbi, além de dirigir o Laboratório de Comunicação On-Line (Labcom). Por telefone, Fidalgo foi informado, após a palestra, que a BOCC e o Labcom serviram de inspiração para o Centro de Mídias Digitais (Cemidi) e o Programa de Mídias Digitais (Promidi) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Lamentei não ter participado no debate em Manaus. Ainda estou em Porto Alegre, a convite da Pró-reitora de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Sandra de Deus. Participei da Mesa-Redonda “Fronteiras da Cultura”, ocorrida no dia 9, às 9h, na sala 02 do Salão de Atos da Reitoria daquela instituição. Abordei o tema “A cultura hacker e as possibilidades da Extensão nas Mídias Digitais”. Minha euforia ao acompanhar a fala de Fidalgo era porque falávamos de coisas tão similares, em lugares diferentes. Ainda que ele não mencionasse o termo, tanto ele quanto eu, falávamos dos Ecossistemas Comunicacionais, área de concentração do PPGCCOM. Ele realçava a “ubiqüidade e a mobilidade” do celular. Eu, em Porto Alegre, falava exatamente que o celular, cujo nome talvez nem permaneça mais esse, será a multiplataforma para onde convergirão todas as Mídias, que optei por denominar Mídias Digitais. Afirmei isso na Mesa-Redonda, um dia antes, convicto do que tinha previsto em 2002 na minha tese “Por um clique: o desafio das empresas jornalísticas tradicionais no mercado da informação – Um estudo sobre o posicionamento das empresas jornalísticas e a prática do jornalismo em redes, em Manaus. 2002. 309p. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação): Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2003”, defendida em março de 2003. O que previ em 2002 ainda não se transformou em realidade. Mas os dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) confirmam a tendência e indicam que, em breve, minha fala será corroborada. Em setembro de 2011, no País, nos 47,56 milhões de lares; há 95,7% de aparelhos de Televisão; 91,6% de Rádio e 61,2% de Telefones Celulares. Já existem 228 milhões de aparelhos no Brasil, um mercado que cresce a uma taxa média de 12% ao ano. Não demora mais que um ano e os Celulares assumem o primeiro lugar dessa classificação. E por que não usar essa plataforma multimídia para as ações de Educação? Para as ações de Extensão das universidades? Essa foi uma das provocações que fiz. Baseadas nos meus estudos e pesquisas e na convergência de ideias que temos, desde a época do Doutorado na Usp, ao estudar o Labcom e Publicar na BOCC. Estou certo que os Ecossistemas Comunicacionais ainda precisam ser profundamente estudados. Tenho a alma lavada por sermos, no Amazonas, pioneiros em propor um Programa de Pós-graduação que tenha como foco o que o mundo se volta para estudar no campo da Comunicação. Bons frutos para nós!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PPGCCOM discute a Comunicação na era da mobilidade

O Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), realiza hoje, a partir das 8h, na Academia Amazonense de Letras, uma discussão sobre Comunicação na Era da Mobilidade. Esse é o tema do III Seminário do PPGCCOM. O convidado internacional do evento é o professor da Universidade da Beira do Interior, em Portugal, António Fidalgo. Ele é doutor em Filosofia pela Universidade de Wuerzburg (Alemanha) e fará uma palestra sobre ‘Comunicação Ubíqua e Sociedade Móvel’. Abordará as mudanças comportamentais, sociais e culturais provocadas por equipamentos móveis como os celulares. O professor António Fidalgo é fundador, em Portugal, da Biblioteca On-Line de Ciências da Comunicação (BOCC) e diretor do Jornal On-Line Urbi et Orbi, além de dirigir o Laboratório de Comunicação On-Line (Labcom). Como parte do evento ex-alunos apresentarão os trabalhos de pesquisa desenvolvidos no PPGCCOM. O evento é aberto à participação do público e sem cobrança de ingressos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Medicina da Ufam salta para 4 no Enade

Estudantes, professores e o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor doutor Dirceu Benedicto Ferreira, merecem todos os elogios, e mais alguns, que a eles possam ser destinados. De um curso com nota 2, há três anos, ameaçado de fechar, obrigado a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério da Educação (MEC), passou para a nota 4 este ano. É bem verdade que se deve ter todo o cuidado do mundo, e já chamei a atenção aqui neste espaço, para não se usar o resultado do Exame Nacional dos Estudantes (Enade) para creditar à escola desempenho que é única e exclusivamente do conjunto dos estudantes. No entanto, a aprendizagem não ocorre dissociada das ações dos professores e da instituição, neste caso, representada pelo diretor da faculdade. Deixar a condição de um dos piores cursos do País e passar a figurar entre os melhores é um exemplo de superação de todos e do comprometimento dos estudantes que realizaram o exame com a Ufam. O resultado aumenta a responsabilidade de cada um dos segmentos da Faculdade de Medicina: manter o nível e permanecer entre as melhores do Brasil. Professores, técnicos e estudantes de Medicina da Ufam acabaram de dar provas de que gostam de desafios. Que permaneçam entre os melhores!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

As Mídias Digitais e as redes de pesquisa

Os encontros científicos cada vez mais confirmam a máxima de Bill Gattes de que “as novas tecnologias não servem para nada se não melhorarem a vida das pessoas”. Com as Mídias Digitais, professores, pesquisadores e estudantes que se encontram começam a perceber claramente a função dos Congressos e Seminários: promover o encontro das pessoas, as trocas de experiências e, mais que tudo, a troca de endereços e o estabelecimento de redes de contatos. Sempre foi assim. E essa sempre foi a função dos encontros. Antes, porém, as pessoas trocavam cartões, anotavam endereços. Hoje, com os smatphones, tablets e lap tops, as pessoas ditam os endereços de e-mails e recebem imediatamente o primeiro contato. Quando há interesse, respondem a começam a estabelecer as condições propícias para as chamadas “redes de pesquisa”. Elas não se efetivam apenas nas trocas de e-mails. Tornam-se fortes ou fracas, ou até fenecem, a partir das impressões e das trocas de afeto ocorridas nos encontros presenciais. Esses, jamais vão morrer ou ser substituídos por teleconferências. “Melhorar a vida das pessoas”, como apregoava Bill Gattes, é melhorar as relações, as trocas de carinho e afetos, que nos tornam mais humanos. Bares, jantares, passeios são essenciais a qualquer ser humano. Com um cientista não há nada de diferente. E esse deve ser o objetivo precípuo de qualquer Congresso. Com as bênçãos das Mídias Digitais para fortalecer os laços.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mídias digitais e a cultura

O Programa de Mídias Digitais da Universidade Federal do Amazonas (Promidi/Ufam) é uma proposta arrojada de ações de extensão inovadoras. Por esse motivo, como coordenador do projeto, fui convidado a fazer parte da mesa “Fronteiras da cultura”, no 5 Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (5 CBEU), na Universidade Federal do Rio Grade do Sul (UFRGS), que começa amanhã e vai até o dia 11 deste mês. Vejo como um avanço importante a universidade brasileira se interessar por discutir as “fronteiras” (ou não) das mídias digitais e as possibilidades de uso da comunicação digital em todos os seus processos, inclusive, de extensão universitária. Há anos defendo que as ações de extensão são, antes de tudo, ações de comunicação no que há de mais amplo significado do termo. Ao efetivar uma ação de extensão, a universidade se aproxima da comunidade. Integra-se e demonstra que dela faz parte. Pensar o uso das mídias digitais nesse processo devolve a ousadia à universidade. A comunidade agradece.

domingo, 6 de novembro de 2011

Congresso estatuinte da Ufam

Começa amanhã e vai até o dia 11 o Congresso estatuinte da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Lutei para ser um dos delegados, fui escolhido, no entanto, com a mudança de data do Congresso, estou impedido de participar de um dos momentos mais importantes de toda instituição: a discussão do seu destino. Convidado a participar da mesa “Fronteiras da cultura” do 5 Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (5 CBEU), na Universidade Federal do Rio Grade do Sul (UFRGS), que ocorre de 8 a 11 de novembro, não estarei em Manaus. Um ponto fundamental preocupa-me nessa estatuinte: o destino administrativo da Ufam. Há uma corrente que prega o “fim dos departamentos” com a adoção do modelo administrativo dos institutos da Ufam do interior do Estado: uma coordenação acadêmica e uma coordenação administrativa. Outros querem uma Ufam mista, aliás, como já funciona atualmente. O problema, em verdade, é o caos administrativo que isso gera. A Ufam, hoje, é um amontoado de faculdades e institutos. Perdeu a essência do que seja uma unidade, isto é, um instituto, e suas faculdades e cursos. Possui faculdades formadas por apenas um curso e institutos com o mesmo poder das faculdades. Sem contar que a discussão não deve ser iniciada meramente em função do caos administrativo que impera. É preciso se posicionar sobre qual universidade queremos: a tecnicista que o Governo nos empurra goela abaixo ou a humanista que sempre defendemos e sonhamos? Logo, a discussão passa pelo modelo pedagógico (se é que se precisa de um modelo) para, em seguida, pensar em um molde administrativo que se adapte ao horizonte pedagógico que se defende.

sábado, 5 de novembro de 2011

Estudantes presos por fazerem charge do reitor

A situação na Universidade Federal de Rondônia (Unir) beira o absurdo. E causa espanto que a Polícia Federal se preste a agir como a polícia dos velhos tempos da ditadura militar. Recebemos a informação, e por razões óbvias não revelaremos a fonte, de que dois estudantes fizeram uma charge do reitor Januário Amaral. Ele parece ter um excelente serviço informação, nos moldes do SNI, pois quando os dois estudantes saíram da gráfica, foram presos. A alegação para que se cometesse o ato arbitrário de prender os estudantes era de que a charge “ofendia” o reitor. Como não vi a peça, não tenho como emitir juízo de valor sobre o caráter ofensivo ou não da charge. É de se estranhar, porém, que a Polícia Federal, em Rondônia, esteja a agir como se fosse meramente uma “polícia do reitor”.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CNPq cobra ética e integridade na prática científica

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tardou mas não falhou: tomou a decisão de exigir postura ética dos pesquisadores financiados pelo órgão no que tange à publicação de artigos científicos. Anunciou, também, parâmetros para investigar condutas consideradas reprováveis. A Diretoria Executiva do órgão decidiu criar uma Comissão Especial para recomendar diretrizes para a “Ética e integridade na prática científica”. Essa Comissão será permanente e julgará todas as denúncias de infrações cometidas pelos pesquisadores financiados pelo CNPq. As penas previstas variam de advertências à perda da bolsa e obrigatoriedade de devolução da verba total financiada. As diretrizes do CNPq referem-se apenas aos pesquisadores financiados pela agência de fomento, mas, espera-se, sirva de parâmetro para todos os demais e evite, de vez, essa corrida maluca em busca de um produtivismo insano e árido cujo limite parece não existir. Há casos, por exemplo, de professores que, sob o argumento de desenvolverem o que chama de “projeto guarda-chuva” concorrem com o mesmo projeto a várias bolsas de PIBIC, modificando apenas os objetos e mantendo inteiramente o projeto. E ainda consideram esse tipo de comportamento ético e aceitável. Na sexta diretriz para uma pesquisa ética o CNPq reprova comportamento similar a esse: “6 se os resultados de um estudo único complexo podem ser apresentados como um todo coesivo, não é considerado ético que eles sejam fragmentados em manuscritos individuais.” Eis todas as 21 Diretrizes do CNPq para uma pesquisa ética:
Diretrizes para uma pesquisa ética
1 O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente seu trabalho.
2 Toda citação in verbis de outro autor deve ser colocada entre aspas.
3 Quando se resume um texto alheio, o autor deve procurar reproduzir o significado exato das ideias ou fatos apresentados pelo autor original, que deve ser citado.
4 Quando em dúvida se um conceito ou fato é de conhecimento comum, não se deve deixar de fazer as citações adequadas.
5 Quando se submete um manuscrito para publicação contendo informações, conclusões ou dados que já foram disseminados de forma significativa (p.ex. apresentado em conferência, divulgado na internet), o autor deve indicar claramente aos editores e leitores a existência da divulgação prévia da informação.
6 Se os resultados de um estudo único complexo podem ser apresentados como um todo coesivo, não é considerado ético que eles sejam fragmentados em manuscritos individuais.
7 Para evitar qualquer caracterização de autoplágio, o uso de textos e trabalhos anteriores do próprio autor deve ser assinalado, com as devidas referências e citações.
8 O autor deve assegurar-se da correção de cada citação e que cada citação na bibliografia corresponda a uma citação no texto do manuscrito. O autor deve dar crédito também aos autores que primeiro relataram a observação ou ideia que está sendo apresentada.
9 Quando estiver descrevendo o trabalho de outros, o autor não deve confiar em resumo secundário desse trabalho, o que pode levar a uma descrição falha do trabalho citado. Sempre que possível consultar a literatura original.
10 Se um autor tiver necessidade de citar uma fonte secundária (p.ex. uma revisão) para descrever o conteúdo de uma fonte primária (p. ex. um artigo empírico de um periódico), ele deve certificar-se da sua correção e sempre indicar a fonte original da informação que está sendo relatada.
11 A inclusão intencional de referências de relevância questionável com a finalidade de manipular fatores de impacto ou aumentar a probabilidade de aceitação do manuscrito é prática eticamente inaceitável.
12 Quando for necessário utilizar informações de outra fonte, o autor deve escrever de tal modo que fique claro aos leitores quais ideias são suas e quais são oriundas das fontes consultadas.
13 O autor tem a responsabilidade ética de relatar evidências que contrariem seu ponto de vista, sempre que existirem. Ademais, as evidências usadas em apoio a suas posições devem ser metodologicamente sólidas. Quando for necessário recorrer a estudos que apresentem deficiências metodológicas, estatísticas ou outras, tais defeitos devem ser claramente apontados aos leitores.
14 O autor tem a obrigação ética de relatar todos os aspectos do estudo que possam ser importantes para a reprodutibilidade independente de sua pesquisa.
15 Qualquer alteração dos resultados iniciais obtidos, como a eliminação de discrepâncias ou o uso de métodos estatísticos alternativos, deve ser claramente descrita junto com uma justificativa racional para o emprego de tais procedimentos.
16 A inclusão de autores no manuscrito deve ser discutida antes de começar a colaboração e deve se fundamentar em orientações já estabelecidas, tais como as do International Committee of Medical Journal Editors.
17 Somente as pessoas que emprestaram contribuição significativa ao trabalho merecem autoria em um manuscrito. Por contribuição significativa entende-se realização de experimentos, participação na elaboração do planejamento experimental, análise de resultados ou elaboração do corpo do manuscrito. Empréstimo de equipamentos, obtenção de financiamento ou supervisão geral, por si só não justificam a inclusão de novos autores, que devem ser objeto de agradecimento.
18 A colaboração entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critérios. Os supervisores devem cuidar para que não se incluam na autoria estudantes com pequena ou nenhuma contribuição nem excluir aqueles que efetivamente participaram do trabalho. Autoria fantasma em Ciência é eticamente inaceitável.
19 Todos os autores de um trabalho são responsáveis pela veracidade e idoneidade do trabalho, cabendo ao primeiro autor e ao autor correspondente responsabilidade integral, e aos demais autores responsabilidade pelas suas contribuições individuais.
20 Os autores devem ser capazes de descrever, quando solicitados, a sua contribuição pessoal ao trabalho.
21 Todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padrões éticos na sua execução, seja com animais ou com seres humanos.