domingo, 27 de novembro de 2011

A exploração que se aprende na escola

Dia desses fui apresentado a um colega professor, sem que a pessoa que me apresentou revelasse que eu era da área de Comunicação. Estávamos em uma manifestação tipicamente da chamada cultura popular. Ele elogiou a apresentação, falou da diversidade cultural brasileira e haja a repetir que “faltava era a imprensa explorar melhor isso e aquilo”. Sem dizer que era professor de jornalismo, contra-argumentei: “professor, o senhor não acha que a imprensa já explora demais determinadas manifestações culturais? Não seria mais justo pensarmos que é necessário abrir espaços para as diversas manifestações culturais brasileiras? Ele não percebeu a sutileza da minha pergunta e ficamos a discutir sobre a atuação da imprensa nesses casos. Digo sutileza porque, no fundo, não apenas a imprensa, mas nós, os professores, bem como todos os seres ditos humanos, temos uma tendência a utilizar como se fosse a coisa mais natural do mundo o termo “explorar”. Falamos em explorar as potencialidades de uma pessoa, em explorar a floresta, o solo, a mata. Ora, como podemos querer que as pessoas preservem, inclusive a dignidade, se, a vida inteira, ensinamos a elas que é preciso “explorar”?

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