segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A visão cartorial na Educação deve ser implodida

Nós, os educadores, enfrentamos um dilema com o qual não queremos abertamente lidar de forma nenhuma: ou implodimos a visão cartorial que submerge do processo educacional no Brasil ou estaremos fadados a morrer por inanição e sermos levados ao túmulo cobertos pelos certificados com a etiqueta dos nossos cartórios oficiais. Isso sem contar que falamos tanto em autonomia (da universidade), mas, nosso sistema educacional, na totalidade, não dá ao estudante, nenhuma autonomia para decidir os caminhos da sua carreira. As universidades se transformaram em sucursais do Cartório Central (o Ministério da Educação) ainda que o próprio MEC em muitos casos assim não queira. Ao longa da vida, o estudante enfrenta inúmeras seleções que não levam em conta a experiência acumulada, nem ao longo da carreira de estudante nem ao longo da carreira profissional. Ao invés de se ter um processo que leve em conta as seleções (muito mais medições que avaliações) pelas quais o cidadão passa ao longo da vida, o que se tem hoje é uma série de seleções que nunca leva em conta o desempenho obtido na seleção anterior. Tomemos um exemplo hipotético que pode ocorrer em quaisquer das universidades brasileiras: qual a diferença entre um estudante de Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) cinco (5,0) e outro de CRA dez (10,0) para efeito de ingresso nos programas de Pós-graduação, por exemplo? Tudo o que se fez ao longo dos anos nos cursos de graduação é zerado, ou seja, jogado fora. Dependendo da preparação intensiva que fizer, o estudante nota cinco (5,0) pode ser aprovado e o estudante nota dez (10,0). Como houve apenas um treinamento "para passar", os programas de Pós-graduação correm o risco de ter deixado pela caminho um estudante nota dez (10,0) e ter ficado com um nota cinco (5,0). Não digo que não se tenha de dar chances aos estudantes nota 5,0. Um justo sistema verdadeiramente de avaliação tem de dar a esse estudante a oportunidade de se transformar em nota 10,00 ao longo da carreira. Mas, aquele que permaneceu nota 10,0 ao longo de todo o curso de graduação deve ser reconhecidamente premiado por isso, com a experiência acumulada ao longo desses anos levada em conta no processo de seleção para ingresso nos programas de Pós-graduação. Caso não, corre-se o risco de se ter de lidar com estudantes cuja dificuldade de produzir um texto, por exemplo, pode levar ao jubilamento ou à evasão na Pós ou a extremas dificuldades em defender a tese ou a dissertação. A prática da avaliação somativa e cumulativa talvez seja o melhor caminho para se resolver este problema que é grave e atual na Educação brasileira. E ajudará a implodir a ideia cartorial vigente em todos os níveis educacionais do País.


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