É
impressionante a reação de algumas “bestas quadradas do apocalipse” quando se
anuncia uma greve. E quando ela é dos professores das universidades federais,
então, são mais raivosas e insanas, ainda, essas reações. A primeira delas,
velha, batida e sem nenhuma criatividade, é que os professores deveriam
encontrar uma nova forma de greve “que não prejudicasse os estudantes”. Por
definição, e não se precisa ser nenhuma sumidade, basta ter inteligência
mediana para entender, a greve é o último recurso que os trabalhadores possuem
para pressionar seus patrões, quando não há mais possibilidades de negociação.
Logo, por definição, greves sempre prejudicarão alguém, afinal, são medidas de
força. Elas, as greves, no entanto, não prejudicam apenas os estudantes.
Professores, técnicos e todos os atingidos, direta ou indiretamente, saem
sempre com algum tipo de prejuízo. Nunca vi, nem li, nada escrito por qualquer
besta imbecil e reacionária quando o Congresso, como agora, quer estabelecer como
salário para si, o teto do funcionalismo público, ou seja, o salário de um ministro
do Supremo Tribunal Federal, que hoje é de R$ 26,7 mil por mês. Com que direito
alguém escreve que “adoramos não fazer nada?” Sou vice-coordenador do Programa
de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), ministro disciplinas no curso de Graduação, fui escolhido
coordenador do curso de Jornalismo da Ufam, ministro disciplina no Doutorado e
Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia, bem como coordeno dois grupos de
pesquisa, além de coordenar o Programa de Mídias Digitais da Ufam (Ecoem),
dentro do qual são desenvolvidas 11 ações de Ensino, Pesquisa e Extensão. Afora
isso, sou parecerista em três revistas científicas nacionais e avaliador do
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep). Posso ser
acusado de não fazer nada? Enquanto recebo aproximadamente R$ 11,5 mil bruto
por todo esse trabalho, um ministro do STF ganha R$ 26,7 mil. Ministro do STF
possui Doutorado? Capta recursos para a Instituição? Forma gerações e gerações
de estudantes? Não aceito que nenhum imbecil venha a público dizer que nós, os
professores universitários, não fazemos nada. Exijo respeito a mim e aos meus
colegas de trabalho e de luta sindical por melhoria da nossa qualidade de vida
e da Educação no País. A greve é um direito constitucional. E quando o
coletivo, depois de quase três anos sendo enganado constantemente por um
governo que não cumpre os acordos estabelecidos entra em greve, tem de ser
respeitado. Quero ver esses que reagem contra os professores o fazerem com a
mesma veemência contra os ministros do STF ou os parlamentares, quando esses
decidem por aumentar os próprios salários. E mais: se somos tão estratégicos e
importantes para a sociedade, porque esses mesmos reacionários não esbravejam
para que nossos salários sejam equiparados aos dos ministros do STF? Garanto,
sem nenhuma modéstia, tenho respeito acadêmico, trabalho e preparo intelectual
superior a muito ministro do STF. Mereço sim ter salário igual ao deles pelo
mérito do trabalho que desenvolvo. E não sinto nenhum tipo de vergonha ou culpa
e estar ao lado dos meus companheiros professores em uma greve. É direito
deles! É meu direito!
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