terça-feira, 9 de abril de 2013

A metáfora do espelho em frangalhos


Durante o processo de consulta à Reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para o Quadriênio 203-2017, ouvi, inúmeras vezes, que eu deveria me conformar pois "a universidade é um espelho da sociedade". Não posso crer em uma metáfora dessas. A não ser que seja a metáfora do espelho destruído. Jamais irei aceitar a vilania e o patrulhamento como regra. Muito menos a defesa pública do pensamento livre e do não-preconceito, porém, na prática, uma velada aceitação das duas coisas. Percebi isso, com clareza, em três episódios fora da universidade, mas, que pululam no ambiente acadêmico, muitas vezes, encoberto por nuvens de discursos ambíguos. O primeiro deles foi quando Thammy Gretchen resolveu assumir a homossexualidade. Até hoje, nas Mídias Digitais, principalmente em redes como o Twitter e o Facebook, piadas jocosas são feitas constantemente. E elas voltaram com maior força por ocasião da mesma decisão tomada pela cantora Daniela Mercury que, também, assumiu a homossexualidade. De outro lado, tanto nas Mídias Digitais quanto na vida real, percebo que há um universo de pessoas a concordar com as aberrações propagadas pelo pastor e dublê de deputado Marcos Feliciano. Somos espelho desta sociedade? Devemos aceitar, sem nenhum tipo de reação demonstrações, muitas vezes explícitas, de preconceito? Nessas horas, os mesmos que promovem um patrulhamento interno assombroso levantam a voz em defesa da "liberdade de expressão" como demonstração de que, na universidade, não se deve impor limites à liberdade. Será, porém, que a liberdade de expressão deve atingir a integridade moral das pessoas? Quando essa liberdade atinge o extremo, não deixa de ser liberdade e passa a ser agressão? Ou será que, em função de estarmos na universidade, devemos aceitar a agressão, de qualquer tipo (física ou moral), como expressão plena da liberdade? Não posso crer! Penso que a universidade deve ser propulsora de comportamentos que, inclusive, mudem a sociedade na qual está inserida. Que tenha a tolerância como pedra fundamental. No entanto, no caso da violência, creio que devemos ser intolerantes constantemente como valor essencial para a vida em comunidade. Quer dentro, quer fora da universidade. Sob pena de o espelho ficar em frangalhos.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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