Um dos momentos
mais importantes para a realização de um trabalho acadêmico-científico, a
escolha do orientador, em verdade, guarda poucos vestígios de Ciência. Desde
1998, quando lancei meu livro "Guia para elaboração de projetos, trabalhos
de conclusão de curso (TCCs), dissertações e teses", pela Edicon, de São
Paulo, dediquei-me a pensar sobre o assunto. Uma das coisas que mais me
incomodaram quando fui decidir quem me orientar, tanto no mestrado quando no
doutorado, feitos na Universidade de São Paulo (Usp) foi, exatamente, a falta
de critérios objetivos para a escolha do orientador ou orientadora. À época, no
livro, aconselhava as pessoas:"Diante da falta de critérios
comprovadamente científicos para a escolha do orientador, só resta ao
ingressante de um curso de Pós-Graduação buscar o maior número possível de
informações para reduzir as incertezas. Não é tão fácil, principalmente se o
curso de Pós-Graduação for em uma cidade diferente da cidade de origem do
candidato selecionado. Certamente, haverá um choque de culturas, ou seja, um
choque entre a prática da universidade na qual o curso de graduação foi
concluído e a prática da universidade onde se vai cursar o Pós-Graduação. A
Secretaria de Pós-Graduação é o melhor caminho para diminuir esse choque. É na
Secretaria de Pós-Graduação que o aluno sabe como o curso irá se desenrolar,
quais os prazos regimentais, as modificações que por ventura ocorrem nos
regulamentos no decorrer do programa de Pós-Graduação, etc. Por isso, antes
mesmo da escolha do orientador, é fundamental que o aluno de Pós-Graduação
tenha bom relacionamento com alguém da Secretaria, que pode ser a primeira
pessoa a ajudá-lo no processo de escolha do orientador. Às vezes, as pessoas
que trabalham nas secretarias de Pós-Graduação das instituições de ensino
superior são de uma educação exemplar e fornecem todas as informações
necessárias. Nem sempre, porém, quem trabalha na Secretaria de Pós-Graduação é
um primor em educação e sociabilidade. Só resta, então, ao ingressante, buscar
informações junto aos alunos mais antigos, de preferência o representante dos
alunos junto à Comissão de Pós-Graduação. Esse aluno pode ter informações valiosas
para quem está ingressando em um curso de Pós-Graduação. Ele certamente saberá
dos prazos regimentais, informes sobre bolsas de estudo, quais são os
professores mais indicados para determinadas linhas de pesquisa, enfim, saberá
decifrar boa parte das informações que não são claramente especificadas nos
manuais e nos regimentos dos programas de Pós-Graduação. Colher o máximo
possível de informações sobre os professores que trabalham na área na qual se
pretende desenvolver um trabalho, ou em áreas afins, é essencial para a escolha
de qual professor será seu orientador. Não se deve, porém, buscar essas
informações de forma acintosa. Professores, mestres e doutores podem não gostar
desse tipo de averiguação. Assim, o ingressante precisa agir com parcimônia,
para obter as informações sem ferir susceptibilidades. De posse das
informações, deve-se analisá-las, detalhadamente, e escolher um, dois ou três
professores (embora as informações possam diminuir os riscos de erro, essa é
uma decisão mais intuitiva que científica), que serão, pode-se assim dizer,
candidatos a orientador." As orientações que dou no meu livro reduzem as
incerteza, mas, no entanto, ninguém terá garantia de que seguir tais passos
culminará com a escolha bem-sucedida de um orientador ou orientadora.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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