No livro "A
aventura da universidade", lançado em 1994, o então professor Cristovam
Buarque, hoje senador pelo PDT do Distrito Federal, elaborou uma crítica ácida
sobre a crise que a universidade enfrentava. Mas, na obra, defendia que a universidade
tinha um papel transformador da sociedade. No entanto, esse papel
transformador, só poderia ser exercido se houvesse ousadia, se a universidade
"se aventurasse". Ocorre que os anos se passaram a universidade, não
apenas a brasileira, não se liberta do ranço, do cheiro de mofo que a afeta
mais e mais. A premissa de Buarque para que a universidade assumisse um papel
libertador parece não ter sido entendida pela comunidade, nem pela própria
universidade. Rígida nos regimentos e avessa ao sonho, as pesquisas nela
produzida, como ressaltei no texto de ontem denominado "A
metodologia como nota promissória", pouco apresentam de novo, de
descobertas. Quando a pesquisa se burocratiza a ponto de a aventura ser
engolida pelos formulários, a universidade deixa de cumprir o papel
transformador que tanto chama a atenção Buarque no seu livro. É essencial que a
pesquisa seja o fio-condutor de um olhar para o sonho, para a aventura das
trocas de experiências entre a academia e os saberes tradicionais. Sob pena de
a universidade se isolar e, ao invés de ser transformadora, se transformar em
um aparelho ideológico do Estado com o fim de referendar o modelo de Ciência
pré-existente. Há que se investir na ousadia e na inovação como forma de vencer
a letargia e fazer com que a universidade efetivamente volte a ser vanguarda.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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