Sou daqueles que
avalia, desde o início, existir uma interferência indevida dos Comitês de Ética
em Pesquisa (CEPs) nas demais áreas do conhecimento. Criados por uma decisão Conselho
Nacional de Saúde (CES), por meio da Resolução 196, de 1996, os Comitês de
Ética passaram a intervir de forma equivocada em todas as áreas do conhecimento
a partir de uma interpretação extremamente larga da expressão "que
envolvem seres humanos". A mim me parece, com muita clareza, que a
preocupação inicial era com a manipulação genética e clonagem de seres humanos.
Como o estado brasileiro se diz laico mas sofre pressões religiosas e a
Ciência, há muito, não é laica, o Conselho Nacional de Saúde se achou no
direito de regulamentar as pesquisas "que envolvem seres humanos".
Acontece que fizeram uma interpretação elástica demais da expressão e todas as
pesquisas, de todas as áreas do conhecimento, foram obrigadas a passar pelo
filtro de um Comitê que tinha a finalidade inicial exclusiva de regulamentar as
pesquisas nas áreas médicas, das Ciências Biológicas. Se as questões envolvidas
dissessem respeito à manipulação genética de seres humanos, ficaria calado. Acontece
que os Comitês de Ética, na prática, passaram a fazer uma espécie de intervenção
em todas as pesquisas, dando palpite até nas questões metodológicas. Há uma
burocratização da pesquisa no Brasil a ponto de o engessamento obrigar muitos
professores e estudantes a mudarem o objeto de estudo para não ter de passar
anos e anos a se submeter aos caprichos de alguns caprichosos colegas membros
dos Comitês de Ética. O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira
(Inep) lança uma luz sobre a discussão a apresentar como item de avaliação, nos
seus formulários de reconhecimento de cursos, uma interpretação lapidar:
"O Comitê de ética em pesquisa é obrigatório para os cursos de Medicina e "Não
se aplica' (NSA) a todos os demais cursos nos quais não conste, no Projeto
Pedagógico de Curso (PPC), a exigência de um Comitê de Ética em Pesquisa. Assim
deveria ser sempre: somente os cursos nos quais constasse a exigência de se
submeter as pesquisas ao Comitê de Ética, no PPC, deles deveria ser exigida a
submissão. Na Medicina e demais áreas afins, aí sim, os trabalho deveriam ser
submetidos. No mais, trata-se de uma herança intervencionista sem sentido que
faz da Ciência brasileira um calvário burocrático intransponível. Até quando
aceitaremos passivamente essa intervenção literalmente branca em nossas
pesquisas?
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