Ontem,
neste mesmo espaço, abordei a questão sob o título "Há
Pilatos na Educação brasileira". Hoje volto ao assunto porque ouvi,
várias vezes, de colegas professores e professoras, que fizeram tudo o que
puderam mas "ele não passou porque não quis". Leitores e leitoras,
será que alguém ingressa em uma universidade para não passar, para ocupar a
vaga ad infinitum e não passar porque não quer?
Esta
verdade não é assim tão absoluta quanto parece. Ministrar a disciplina de forma
tecnicamente considerada perfeita nem sempre é a garantia de que se "tenha
feito tudo". No processo de aprendizagem há variáveis intervenientes que,
no mais das vezes, não dependem apenas de nós, os professores e professoras. Mais
do que tudo, é preciso ter postura pedagógica, avaliar a turma, sentir o
conjunto dos estudantes e pensar na missão da universidade: que não é reprovar
por reprovar, mas, formar.
Meu
filho, estudante do Instituto de Computação (Icomp) da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), chegou em casa estupefato. Disse que um dos professores das
disciplinas que ele cursa (prefiro manter o nome em sigilo) adiou a data da
prova porque avaliou que a turma não tinha atingido o nível necessário, o que
ele avaliava com o nível ideal para que os estudantes seguissem em frente.
Fosse
um professor tradicional, teria a seguinte atitude: marcaria a data da prova,
diria que os estudantes tinham a obrigação de saber os conteúdos até aquela
data e, quem não conseguisse passar, era porque não queria. Meu filho ficou
impressionado com a postura do professor. Disse a ele que aquela deveria ser a
postura de todos nós na universidade, uma vez que nosso objetivo maior é formar
e não reprovar.
Fosse
um professor com o olhar tradicional para o processo, talvez meu filho não
fosse reprovado. Alguns colegas dele, porém, poderiam ir para as estatísticas
dos futuros jubilados do Icomp. Numa decisão pedagogicamente louvável, o
professor remarcou a prova e promoveu aulas de reforço aos estudantes. Caso
nosso postura fosse assim sempre, os números da retenção e da evasão não seriam
o escândalo que são hoje. E isso, nem de longe, é proteger os estudantes. Acima
de tudo, é tratar de cumprir a nossa missão de formar estudantes efetivamente
habilitados.
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