quinta-feira, 3 de julho de 2014

O funeral da utopia da universidade pública

Queiramos ou não, resistamos ou não, mas, aquela universidade na qual os professores (e professoras) ficavam isolados em seus laboratórios, financiados pelo estado e sem a menor necessidade de prestar contas efetivamente das verbas  recebida e dos chamados resultados finalísticos, não existe mais. Está morta e enterrada. E nem adianta, em época de campanha, procuramos os mais puros e os menos puros. A universidade pura, que não se aproximava do capital privado foi morta no Governo de Fernando Henrique Cardoso e enterrada no Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ponto! Sorrateiramente, de quando em vez, uma nova política pública joga professores e professoras nos braços da iniciativa privada ou, de alguma forma, injeta recursos públicos na iniciativa privada. O que era considerada uma relação incestuosa das universidades com as empresas privadas, hoje é uma "lua-de-mel". A cada nova Lei, a cada novo Decreto ou Programa lançado, fica mais do que claro que o envio de verbas a fundo perdido para as Instituições de Educação Superior (IES) já era. E não me venham com essa de que Fernando Henrique é o demônio e Lula um santo que não engulo por ser um discurso manipulador. O que acontece é que as universidades brasileiras, em geral, dormiram no berço esplêndido da proteção legal e esqueceram de aprimorar as formas de devolver ao público (seu único investidor), em descobertas, inovações e produtos, o que nela era investido Manteve sempre a visão de que bastava formar seus filhos que a sociedade investiria infinitamente nelas sem cobrar mais nada. Quando se prestava contas, era mal e parcamente. Não havia (e talvez ainda nem haja) mecanismos de controle das atividades. Pela escassez de recursos e a ineficácia na aplicação dos mesmos, nem o Governo, nem a sociedade que ele representa, parecem não querer mais aquele modelo de universidades totalmente financiada com recursos públicos tão sonhada por todos nós dos movimentos sindicais. Não demora, e o máximo que os saudosistas (eu incluso) poderão fazer é acender velas de sete dias. E, no futuro, talvez cheguemos à conclusão que, ao longo do tempo, não foram nem Fernando Henrique nem Lula os responsáveis pela morte da utopia de uma universidade pública e de qualidade. Mas, nós, pelo anacronismo das práticas profissionais e o descompromisso com a Instituição na qual exercemos nossa atividade (profissional).


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