Queiramos
ou não, resistamos ou não, mas, aquela universidade na qual os professores (e
professoras) ficavam isolados em seus laboratórios, financiados pelo estado e
sem a menor necessidade de prestar contas efetivamente das verbas recebida e dos chamados resultados
finalísticos, não existe mais. Está morta e enterrada. E nem adianta, em época
de campanha, procuramos os mais puros e os menos puros. A universidade pura,
que não se aproximava do capital privado foi morta no Governo de Fernando
Henrique Cardoso e enterrada no Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ponto!
Sorrateiramente, de quando em vez, uma nova política pública joga professores e
professoras nos braços da iniciativa privada ou, de alguma forma, injeta
recursos públicos na iniciativa privada. O que era considerada uma relação
incestuosa das universidades com as empresas privadas, hoje é uma "lua-de-mel".
A cada nova Lei, a cada novo Decreto ou Programa lançado, fica mais do que
claro que o envio de verbas a fundo perdido para as Instituições de Educação
Superior (IES) já era. E não me venham com essa de que Fernando Henrique é o
demônio e Lula um santo que não engulo por ser um discurso manipulador. O que
acontece é que as universidades brasileiras, em geral, dormiram no berço
esplêndido da proteção legal e esqueceram de aprimorar as formas de devolver ao
público (seu único investidor), em descobertas, inovações e produtos, o que
nela era investido Manteve sempre a visão de que bastava formar seus filhos que
a sociedade investiria infinitamente nelas sem cobrar mais nada. Quando se
prestava contas, era mal e parcamente. Não havia (e talvez ainda nem haja) mecanismos
de controle das atividades. Pela escassez de recursos e a ineficácia na
aplicação dos mesmos, nem o Governo, nem a sociedade que ele representa,
parecem não querer mais aquele modelo de universidades totalmente financiada
com recursos públicos tão sonhada por todos nós dos movimentos sindicais. Não
demora, e o máximo que os saudosistas (eu incluso) poderão fazer é acender
velas de sete dias. E, no futuro, talvez cheguemos à conclusão que, ao longo do
tempo, não foram nem Fernando Henrique nem Lula os responsáveis pela morte da
utopia de uma universidade pública e de qualidade. Mas, nós, pelo anacronismo
das práticas profissionais e o descompromisso com a Instituição na qual
exercemos nossa atividade (profissional).
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