Sou de um tempo,
entrei na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em março de 1993, em que se
acusava o Governo Federal de querer segregar as universidades entre as “de excelência”
e as “de periferia”. Desde então, combato o que chamo, até hoje, de “Complexo
de Porto de Lenha”: nas relações, Manaus se autoflagela como se ainda fosse
aquela província a sonhar ser Liverpool. Nosso complexo de subserviência ao que
vem de fora parece ser hereditário: passar de geração para geração. E quando um
conceito, como o de periferia, parece ter sido superado, é trazido de volta
como se estivesse introjetado na nossa mente periférica coletiva. E sempre
interpretamos “periferia” com a carga preconceituosa que o termo carrega quando
é visto pelo olhar do urbanismo, conforme o Dicionário Michaelis online: “região
distante do centro urbano, com pouca ou nenhuma estrutura e serviços urbanos,
onde vive a população de baixa renda”. Por aproximação, passamos a nos julgar
uma universidade de periferia, ou seja, “com pouca ou nenhuma estrutura de
serviços”. Em se tratando de universidade, o “nosso maior patrimônio” são as
pessoas, suas mentes, seus servidores, seus professores, seus cientistas. E, em
termos de mentes, o que nos diferencia não é a localização geográfica, mas, a
capacidade de fazer ciência. Por isso, combato veementemente essa segregação,
que existe mais na nossa mente coletiva. Nasci no Acre, sou professor na UFAM,
no Amazonas, mas faço ciência para o mundo. Sou do mundo e não considero o meu
local de trabalho periferia, muito menos o meu local de nascimento. Na
Anatomia, periferia significa “superfície
externa do corpo ou de um órgão.” A periferia existe sim, neste sentido
anatômico de limite, ou seja, de mente limitada e periférica.
Visite também o Blog
Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog
do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.