A sociedade brasileira é, no conjunto, machista, preconceituosa
e reacionária. Minha convicção se confirmou no recente episódio no qual o
jornalista Ricardo Boechat, no ar (em uma cadeia de rádio), mandou,
literalmente, o pastor Silas Malafaia, “procurar uma rola”. De imediato, o
áudio ganhou as redes sociais e se transformou em top trend da rede e das discussões
Brasil afora. Boechat ganhou cores de herói nacional. Fiquei a me perguntar o
porquê de tanta excitação. Seria pela rola, usada como sinônimo de pênis, e ereto,
porque um pênis mole, na mente coletiva, jamais seria uma rola, ou por ter
desancado publicamente uma figura tão abominável quanto Malafaia? Talvez, pelas
duas coisas. Porém, o que mais deve ter provocado a excitação coletiva tenha
sido a expressão “procurar rola”. Quer ofender um macho, um machista assumido,
manda-o “procurar rola”. O imaginário coletivo vibra até com o significado real
do passado. Vejamos, por exemplo, o que é uma rola roxa: “Mede 17 centímetros
de comprimento e pesa 47 gramas.” Dá vontade até de gritar “Uuuiiiiiii, pluma”.
Machismo e preconceito se juntam na mesma expressão. “Procurar rola” é
expressão que fere de morte o macho, por se entender que quem gosta de “procurar
rola” às escondidas é um macho que não assume a homossexualidade. Cabe a nós,
nas universidades, lutarmos para, aos poucos, banir expressões que tenha o
mesmo cunho: “vá tomar no cu, seu filho da puta” e coisas do gênero, condenam,
antecipadamente o sexo anal, o oral e até a mais antiga das profissões. Quem
ganha a vida com o sexo é porque tem clientes ávidos. Respeitemos! Quem gosta
de sexo oral que o pratique. Respeitemos! E quem adora sexo anal, que também o
pratique sem restrição de gênero. Respeitemos! Na sociedade machista na qual
vivemos, damos vivas ao pênis ereto e condenamos os clitóris excitados. Sejamos
mais honestos com o que praticamos na intimidade e paremos de condenar a
prática sexual dos indivíduos. Um dia, “procurar rola” ocupará o lugar que deve
estar: o de uma decisão individual, independente do gênero e da forma com que
for procurada. É hipócrita esta posição machista, preconceituosa e reacionária
que assumimos publicamente. Pense nisso!
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