Estou eu aqui. Sem condições de imaginar.
Sem condições de medir a imensidão da dor de um pai. Minha filha é minha joia.
Juntamente com meu filho, meus tesouros mais queridos. Desde cedo, só faço um
exercício: me colocar no lugar do pai de uma das amiguinhas de escola da minha
filha. Ela se foi. Por opção, preferiu partir na frente dele. A culpa, a dor, a
perda. O que se pode dizer ou pensar em uma hora dessas? A mim não cabe julgar
o pai ou a filha (que hoje não existe mais). Ela, simplesmente, tomou a decisão
de deixá-lo. Chorei, copiosamente (e ainda choro, agora, ao escrever este
texto), quando minha filha contou o que viu no velório da amiga. O pai se
agarrava ao corpo da filha, na frente de todos os coleguinhas de escola, e
gritava: ”Filha, filha, filhinha! Acorda! Acorda para ir para a escola! Teus
colegas e tuas colegas estão todos aqui te esperando!”. Deus meu! Que dor! Ela
já se foi. Não volta mais. Não sente dor nenhuma, embora possa ter sentido
dores incomensuráveis ao discutir com o pai. Ele, coitado, foi transformado,
por ela, em um zumbi, uma criatura “que vive a
perambular e a agir de forma estranha e instintiva”. Não julguem este
pai. Não o condenem antecipadamente. A dor de perder uma filha nas condições
que ele a perdeu é incompreensível. Tenham respeito por ela, que se foi, porém,
por ele, que ficou e está morto por dentro. Temos de repensar, definitivamente,
como educamos, como reagirmos em relação aos nossos filhos. Antes que eles
resolvam apressar a partida e nos deixem órfãos deles.
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