Ao que tudo indica, não foi apenas no
restante do Brasil que se abdicou de fazer jornalismo para se enveredar por se
fazer “oposição política”.
Em Manaus é ainda pior. Aqui se pratica uma espécie de “jornalismo fast food”.
Ou jornalismo de conveniência: as matérias são entregues ao público de acordo
com a conveniência dos donos ou de alguns figurões das redações. O interesse
público, que deveria ser a mola mestra do jornalismo, dá lugar aos interesses
familiares. Reafirmo: dos donos ou de alguns figurões das redações. Daí uma
organização jornalística, uma empresa, passa a defender os interesses políticos
de pais, filhos e mães. Vergonhosamente, artigos são publicados por pai para
defender interesses do filho. Interesses familiares, de todos os níveis, ou
relações de amizade, passam a valer mais que o respeito a uma organização centenária
na qual 10 entre 10 manauenses se formaram. No jornalismo fast food de Manaus,
qualquer denúncia, ainda que vazia, ganha as manchetes. E os preguiçosos
jornalistas, que chegam ao poder mais pela relação de puxasaquismo com os donos
das empresas que pela competência profissional, publicam o final de um suposto
número de telefone que tentaram contato (e não obtiveram resposta). A prática
virou rotina, mas, não passa de uma demonstração pública da preguiça em apurar
os fatos. Em assim não sendo, querem subjugar os gestores de uma Organização
aos seus horários. Como se só eles trabalhassem. No jornalismo fast food que
aqui se pratica, o interesse público é o que menos importa. Valem os acordos,
os conchavos e as amizades. Chega-se ao ponto de se atuar como profissional em
um jornal e publicar, na íntegra, o mesmo material produzido pela então
assessoria, na qual a jornalista (ou o jornalista) é o titular. E nenhum colega,
arauto da ética, considera um comportamento desses condenável. No jornalismo fast
food, os fins justificam os meios. O que mais me entristece é que essas são
essas mesmas pessoas que cobram ética e comportamento reto de todos os demais
membros da sociedade. A cretinice não tem limites! E isso ninguém, nenhum de
nós, professores ou professoras, ensinou no curso de jornalismo da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM). Mais um motivo de tristeza!
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