O episódio da votação da admissibilidade do
impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) deixou claro que não é apenas a
Câmara dos Deputados que se nos apresenta como um depósito dos restos de
dignidade: a mídia deste País, de modo geral e com raríssimas exceções, é um
lixo. O voto o deputado federal Jair Messes Bolsonaro (PSC-RJ) foi uma
sofisticada tentativa, com êxito, de fazer Dilma Rousseff lembrar dos anos de
chumba da ditadura. Foi uma clara apologia, que ele faz sempre, à tortura e ao
torturador. Mas sabem o que a Mídia deste País destacou, leitores e leitores?
A cusparada do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que reagiu como qualquer ser
humano quando é humilhado e atacado, e nem acertou em Bolsonaro. E escondeu que
o próprio filho de Bolsonaro cuspira antes em Jean Wyllys. O que talvez fosse
mote para um jornal sensacionalista, “A Batalha do cuspe”, transformou em
manchete “o cuspe de Jean Wyllys”. Leiam um relato de o que ocorrera no Palácio
do Planalto: “...Dilma apertou as mãos nos braços da cadeira em que estava
sentada e ouviu o deputado dedicar seu voto a favor do impeachment: "Pela
memória do coronel Carlos Aberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma
Rousseff".” Pasmem, leitores e leitoras, a Mídia considerou tudo isso “muito
natural”. Quando, em um caso destes, a notícia é o cuspe, nós, os professores e
professoras de jornalismo, enterramos a cabeça na terra e vamos concorrer com
os avestruzes de tanta vergonha.
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