Causa-me urticária a cobrança que grande parte dos estudantes de graduação faz hoje por educação nitidamente bancária. Querem que o professor indique o texto a ser lido (e 99% não o lêem), apresente uma aula tradicionalíssima, e ainda aparecem alguns “caras-de-pau” que, sem o menor pudor, pedem: “professor, o senhor pode me passar as transparências sobre esse texto? Estão muito boas”. Claro que estão boas: o professor passa dois, três dias antes pesquisando, preparando a aula, depois de ter lido, relido e “mastigado” o texto. Quem fizer isso, despejar conteúdos e ainda der as tais transparências para que, delas, eles retirem trechos para responder às questões das provas é considerado o melhor professor, vira paraninfo das turmas e passa a ser idolatrado. A educação por projetos, na qual o estudante é obrigado a ser co-responsável pelo sucesso ou pelo fracasso de uma disciplina é quase um sacrilégio. Porque exige responsabilidade de ambas as partes, leitura, envolvimento, troca de saberes. Grande parte desses jovens veio de escolas que adestram estudantes para ingressarem nas universidades. Acostumados a receberem listas de perguntas e respostas das quais os professores escolhem algumas para “cair na prova”. Não conseguem se libertar do estilo bancário tradicional. Quando são exigidos a pensar, a dividir, a participar, não sabem. Por isso, nas seleções dos mestrados e doutorados, reprovam-se. A pedagogia do atraso imposta por grande parte dos estudantes fere de morte o próprio espírito da universidade.
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