Hoje a agressão que sofri dentro do auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O ato, de barbárie inigualável praticado em uma universidade brasileira, quiçá mundial, foi consumado pelo irmão do antigo vice-governador, hoje governador, Omar Aziz (antigo PMN, hoje PSD), Amin Abdel Aziz. Dois anos se passaram e nenhuma notícia de punição para o agressor, muito embora a denúncia tenha sido feita junto ao Ministério Público Federal (MPF), de minha parte, uma vez que também não se tem notícias de que a Administração Superior da Ufam tenha tomado qualquer medida contra o invasor e agressor. O silêncio sepulcral da Administração Superior da Ufam só foi rompido quando, no dia 15 de maio daquele ano, a Associação dos Docentes fez um movimento, no Hall do ICHL, com passeata até o prédio da Reitoria que, pressionada, divulgou uma nota oficial escondida nos classificados de um jornal de grande circulação da cidade. Mais nada. De lá para cá, o que mudou foi a condição do irmão do agressor, premiado com um mandato em eleição majoritária, coisa que nunca havia conseguido antes. Ao que tudo indica, pelo menos conseguiu autoridade suficiente para controlar o irmão destemperado, invasor e agressor. Institucionalmente, do lado da Ufam, até hoje não recebi um comunicado oficial sobre quais providências foram tomadas. Em outubro do ano passado provoquei a direção do ICHL, provocada novamente no dia 13 de abril deste ano com novo ofício. Até hoje, nenhuma resposta oficial, muito embora o professor Nélson Noronha tenha revelado ontem, em conversa informal, que as providências de encaminhar os ofícios à reitoria tenham sido tomadas todas as vezes que a direção da unidade fora provocada. Ontem encaminhei ofício diretamente à magnífica reitora da Instituição, Márcia Perales Mendes e Silva. Quero uma resposta oficial. Não aceito o silêncio institucional diante de um caso tão grave. Não é possível que a Ufam não tenha tomado nenhuma providência legal contra o invasor e agressor. Não interessa se é o irmão do governador do Estado. Isso não dá a ele o direito de invadir o espaço da sala-de-aula e agredir um professor. Lutar para que a justiça seja feita é defender a liberdade de cátedra. É defender a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o seu patrimônio físico, que não pode ser maculado por ninguém, e muito menos o seu patrimônio intelectual. Enquanto vida eu tiver, lutarei para que a justiça seja feita e a Ufam não permaneça de joelhos diante do poder do Estado. Calar, aceitar, se curvar é, moralmente, reconhecer que que qualquer outro irmão do governador invada a Ufam novamente e distribua socos e pontapés em outro professor, ou até em mim mesmo. Não calarei! Nenhum poder estabelecido é capaz de me intimidar. Vivemos em um Estado democrático de direito e o clima de terror e barbárie não se implantará no Amazonas nem em Manaus, muito embora eu seja obrigado a conviver com o medo desde aquele ataque. Convivo, também, com perda de 50% da audição e a necessidade de fazer uma cirurgia de tímpanoplastia. Nada disso me intimida. A Ufam tem de ser respeitada e não será invadida de novo. E a justiça será feita.
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