Causa-me espanto o rumo tomado pela universidade brasileira em geral, e pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em particular. Professores que em algum momento da vida pegaram no leme dos aviõezinhos da “esquadrilha da fumaça” hoje são combatentes, reacionários e perseguidores da garotada que fica ali pelos cantos a espantar o mosquito da dengue com um inofensivo fumacê. A questão das drogas lícitas e ilícitas, na universidade como na sociedade, é muito maior que perseguir usuários no ambiente de plena liberdade (pelo menos em tese) das universidades brasileiras. Deve ser discutida amplamente como uma questão de saúde pública e não como uma necessidade de repressão pura e simples. Talco Barla e gelo seco sempre fizeram parte das festas e baladas da classe média alta. É hipócrita a criminalização das drogas no Brasil. Mais hipócrita ainda é trazer essa criminalização para o ambiente da universidade. Aos usuários a universidade deveria oferecer suporte psicológico, esclarecimento e tratamento amplo. Não conheço um programa de recuperação e tratamento dos viciados em álcool, por exemplo. Essa universidade careta e repressora que aí está não é a universidade dos meus sonhos. Não é o que eu quero deixar para os meus filhos e meus netos. Tenho 48 anos, pó, só uso nos pés, para proteger do chulé. Adoro estar nas nuvens, mas, quando viajo. Bebo cerveja, uísque, cachaça e vinho. Todas são drogas lícitas. Afora os corticóides e os demais tipos de drogas que os médicos me obrigam a engolir quando algum mal me aflige, as demais, não as consumo. Convivo com universitários (professores e estudantes) há anos. Nenhum deles me obrigou a usar qualquer tipo de droga. Não o faço porque não é o meu barato. Minha noia é a pesquisa, a indignação contra as mazelas sociais, o combate à PEDOFILIA e ao preconceito contra as minorias. Minha bandeira é a da liberdade. Inclusive para me prender. A ser preso todos nós aprendemos, quero ver é ensinarem alguém a ser plenamente livre até para dizer não às drogas.
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