Romper com o cartesianismo predominante nas pesquisas das universidades brasileiras requer um grau de ousadia enorme dos estudantes e dos seus orientadores. Entre os nossos pares há sempre o argumento: como pensar em redes, em teia, se a universidade é cartesiana? Ora, que a universidade é uma estrutura hierárquica e cartesiana das mais tradicionais, isso não se pode negar. Talvez o seja até mais que o exército e a igreja. Um olhar nos trabalhos produzidos e na forma como as decisões são tomadas talvez confirme essa máxima. Se restarem dúvidas, basta entrar em uma “sala-de-aula”. Digo e repito em qualquer lugar que esteja, sem medo de errar: a sala-de-aula é o pior ambiente de aprendizagem que existe. E nas universidades isso é mais grave. Porque é a última ponta de um ciclo vicioso de práticas pedagógicas que tangenciam Comenius e, em alguns casos, não chegam nem a Santo Agostinho. Mais do que condições de trabalho e estruturais, falta ousadia científica e pedagógica. Como instituição, a universidade brasileira se transformou em mera escola técnica, cuja marca é o acanhamento. De tão acanhada, apequena-se e, como um caramujo, esconde-se em si mesma. Essa depressão organizacional contamina até os novos professores que já entram conformados com o “estágio probatório” que devem cumprir e se escondem em algum departamento acadêmico, receosos de questionar a própria estrutura de funcionamento do rinoceronte. “O parque dos dinossauros” nunca foi tão atual.
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