domingo, 10 de agosto de 2014

A teoria da complexidade em um pai que se foi

Hoje me pequei a refletir sobre os caminhos que tomei na pesquisa científica e quais relações tinham como a minha formação ou como meu pai. Certamente, por se trata do "Dia dos Pais", data comercialmente perfeita para gastar em obviedades e pouco usada para refletirmos sobre nós mesmos, inclusive, sobre o papel de pai. Pedro Paulo Guedes Monteiro, filho de Alfredo Guedes Monteiro, o Fredó, e Petronilha da Silva Monteiro, ao final das contas, apesar do consumo excessivo de qualquer tipo de bebida alcoólica, era um homem à frente do seu tempo. Saxofonista, considerado o melhor do Acre, chegou a cair de um avião lá pelas bandas do Purus. Vinha de uma festa de Carnaval em Rio Branco e continuou a tocar seu Sax Tenor no meio da floresta até ser encontrado. Era, também, alfaiate profissional. Dizem, o melhor de Sena Madureira. Ainda aprendi com ele a reparar bicicletas e quaisquer tipo de aparelhos eletrônicos, especialmente rádios. Talvez, só hoje, consiga entender que meu pai era um cientista nato: ou um curioso por intuição. Só depois de muito tempo que criei o Grupo de Pesquisa em Linguagens, Expressões Humanas, Mídia e Moda (MIMO) fui me lembrar que me arriscava a auxiliar meu pai a desenhar os moldes e recortar os tecidos. Talvez eu tenha convivido com a teoria da complexidade, na prática, desde a minha infância, e não tenha me dado conta. Paulo Guedes considerava o choro "Espinha de Bacalhau", de Severino Araújo, a melhor música da época. No entanto, tinha uma música que mais gostava de tocar: Saxofone porque choras?, de Ratinho. Quem sabe meu gosto pela complexidade pela dita "Nova Ciência" não tenha raízes na vivência cultural promovida pelo meu pai?


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