Não
me espanta que um estivador do Porto de Santos e uma dona de casa do bairro
Boqueirão tenham espalhado dúvidas Brasil afora a ponto de se levantarem
hipóteses de que um acidente aéreo fora um atentado. O primeiro, na maior
cara-de-pau do mundo, enganou a maior emissora de televisão do País com uma
versão fantasiosa de que vira, até, o corpo do presidenciável Eduardo Campos,
"seu amado candidato". Tanto o estivador quando a moradora espalharam
a versão de que uma bola de fogo desceu, seguida de uma explosão. O delegado
que conduz as investigações praticamente descartou a possibilidade de ter
havido alguma explosão antes da queda do avião. E sou capaz de apostar que o
delegado está correto. Durante a cobertura do acidente e depois dela lembrei-me
de algumas dicas que passava aos meus estudantes de Jornalismo da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM). Faço questão de alertá-los para o fato de que o
Jornalismo, ao contrário do que pregam muitos teóricos, não publica ou divulga
fatos, mas, versões dos fatos. Portanto, se várias versões fantasiosas de fatos
são publicadas, o que se tem, ao longo do dia, e a cobertura do acidente
comprova isso, é uma grande mentira apresentada como verdade. Jornalismo não é
Ciência. No máximo, um conjunto de técnicas investigativas que nos auxiliam a captar
versões mais próximas dos fatos. Nada a mais que isso! E na era das Mídias
Digitais, até o mais experiente dos jornalistas pode ser engolido pela
necessidade de aparecer das pessoas. A distinção entre a realidade e a fantasia
dificilmente é captada, nem mesmo quando os fatos são escandalosamente
distorcidos. Risco de quem opta por ser jornalista.
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