sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A universidade sucateada sempre por algum Governo

Encontrei hoje um colega das lutas sindicais e ele me fez a clássica pergunta:"E aí, como vai a UFAM (Universidade Federal do Amazonas)?" Eu disse que enfrentava os mesmos problemas das universidades brasileiras. E ele me respondeu com o velho discurso de sei lá quando: "É, e ficou muito pior no Governo de FHC". Trocamos algumas avaliações pessoais a respeito do tema e saí dali a me perguntar: será que os problemas enfrentados pela Universidade brasileira estão centrados no Governo de Fulano ou de Beltrano? Se não é o Banco Mundial, há sempre alguma turma a conspirar contra o nosso bezerro de ouro. Quando, porém, nós voltaremos os olhos para o nosso próprio umbigo e nos perguntamos qual é o nosso percentual no processo de sucateamento? Será que nós, os professores e professoras, fazemos tudo certinho, cumprimos todos os nossos deveres, inclusive, a jornada de trabalho, e só não conseguimos sucesso, por conta deste boicote governamental articulado com o capital internacional? Quantas vezes, no dia a dia, praticamos efetivamente a inclusão nas nossas disciplinas? Que tal olharmos a taxa de retenção e abandono nas universidades brasileiras? Ontem, no Painel "Acesso e retenção no ensino superior", do Seminário Inovações em Práticas, Gestão e Políticas Educacionais", no Subsolo 1 do prédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o representante da Secretaria de Educação Superior do MEC (SeSU), Dilvo Ristoff, apresentou um dado que é escandaloso: nos últimos 21 anos, a maior taxa média de sucesso na Educação Superior brasileira foi de 55%. Hoje a média beira os 40%. E. em muitas, mal chega aos 30%. Tais números revelam uma universidade extremamente efetiva em reprovar e expulsar. Somos a universidade do fracasso há 21 anos e atribuímos aos governos e às conspirações internacionais a culpa por desempenho tão pífio. É mais cômodo. Reforço: deveríamos voltar os olhos para os nossos umbigos. Com um olhar crítico. E, inclusive nos sindicatos, discutirmos se nós, professores e professoras, não temos nenhuma participação nesses escandalosos números do fracasso escolar no Brasil.


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