Encontrei
hoje um colega das lutas sindicais e ele me fez a clássica pergunta:"E aí,
como vai a UFAM (Universidade Federal do Amazonas)?" Eu disse que
enfrentava os mesmos problemas das universidades brasileiras. E ele me
respondeu com o velho discurso de sei lá quando: "É, e ficou muito pior no
Governo de FHC". Trocamos algumas avaliações pessoais a respeito do tema e
saí dali a me perguntar: será que os problemas enfrentados pela Universidade
brasileira estão centrados no Governo de Fulano ou de Beltrano? Se não é o
Banco Mundial, há sempre alguma turma a conspirar contra o nosso bezerro de
ouro. Quando, porém, nós voltaremos os olhos para o nosso próprio umbigo e nos
perguntamos qual é o nosso percentual no processo de sucateamento? Será que
nós, os professores e professoras, fazemos tudo certinho, cumprimos todos os
nossos deveres, inclusive, a jornada de trabalho, e só não conseguimos sucesso,
por conta deste boicote governamental articulado com o capital internacional?
Quantas vezes, no dia a dia, praticamos efetivamente a inclusão nas nossas
disciplinas? Que tal olharmos a taxa de retenção e abandono nas universidades
brasileiras? Ontem, no Painel "Acesso e retenção no ensino superior",
do Seminário Inovações em Práticas, Gestão e Políticas Educacionais", no
Subsolo 1 do prédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), o representante da Secretaria de Educação Superior do MEC
(SeSU), Dilvo Ristoff, apresentou um dado que é escandaloso: nos últimos 21
anos, a maior taxa média de sucesso na Educação Superior brasileira foi de 55%.
Hoje a média beira os 40%. E. em muitas, mal chega aos 30%. Tais números
revelam uma universidade extremamente efetiva em reprovar e expulsar. Somos a
universidade do fracasso há 21 anos e atribuímos aos governos e às conspirações
internacionais a culpa por desempenho tão pífio. É mais cômodo. Reforço:
deveríamos voltar os olhos para os nossos umbigos. Com um olhar crítico. E,
inclusive nos sindicatos, discutirmos se nós, professores e professoras, não
temos nenhuma participação nesses escandalosos números do fracasso escolar no
Brasil.
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