quarta-feira, 5 de março de 2014

A formação profissional e a empregabilidade

Em qualquer discussão séria sobre a universidade é preciso responder a uma pergunta básica: a universidade existe para servir às corporações ou à sociedade? E antes de respondê-la, preciso esclarecer que uso o termo corporações, aqui nesta postagem, para me referir não apenas ao mercado, mas, às corporações (empresas), bem como aos interesses corporativistas das categorias profissionais. Particularmente, não sinto a menor dificuldade (aliás, nunca tive tanta clareza quanto agora) em responder que uma universidades pública (e até mesmo as particulares), existem com o fim de servir à sociedade. Sem isso, não cumprem a função social (no caso das públicas), muito menos os objetivos dos negócios (no caso das particulares). São fundamentais para embasar a reflexão os conceitos de empregabilidade e sociabilidade. O de empregabilidade talvez não deixe nenhuma dificuldade para se entender: é a capacidade que a Instituição tem de os seus estudantes saírem dela com empregos garantidos. O segundo, se não existe, acabo de criar, é a capacidade de a Instituição se preocupar com a sociedade no todo, e não apenas com parte dela, o mercado. De início, parecem conceitos diametralmente opostos. Na prática, complementam-se porque não existe mercado, empresa ou corporação, portanto, empregabilidade, se não existir uma sociedade saudável, bem formada para o exercício da cidadania. No fundo, são perspectivas do olhar: enquanto o foco da empregabilidade é meramente utilitarista, o foco na sociabilidade dirige-se à pratica de se mudar a vida do conjunto de pessoas que forma a sociedade. Um não vive sem o outro. E uma universidade não cumpre o seu papel social se não souber equilibrar as duas coisas no processo de formação dos seus estudantes.


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