A
constatação de que revistas científicas mundo afora deixam-se levar pelo
"lero-lero" de pseudocientistas, publicada neste espaço, na
sexta-feira, dia 06 de março de 2014, sob o título de "Artigos
científicos que não passam de lero-lero" é um alerta mais que vermelho
para nós, os cientistas, definitivamente, botarmos em pauta a pressão fabril-produtivista
que sobre nós foi lançada. A Ciência moderna baseia a qualidade da produção dos
seus cientistas não apenas nos benefícios que as descobertas podem trazer para
a sociedade, para a humanidade, mas, e principalmente, em "fatores de
impacto" e número de artigos publicados em revistas
"qualificadas" pelos pares. Como o fator de impacto é calculado baseado
no número de citações a cada dois anos, na prática, há um incentivo direto ao
lero-lero acadêmico e não às descobertas científicas. Há que se encarar o
problema não como se fosse meramente uma questão de ética individual. No fundo,
é algo bem mais complexo, que envolve a questão do financiamento da pesquisa e
a exigência quase desumana de resultados numéricos quase sempre elevados em
espaço de tempo cada vez mais exíguos. Obrigados pelas instituições as quais
estão ligados, pelas agências de fomento e pelos pares, muitos pesquisadores
não resistem à tentação do lero-lero acadêmico sob pena de não serem mais
aceitos entre os pares e a sociedade. Caminha para se tornar uma espécie de
doença coletiva e pública da comunidade acadêmica mundial.
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