Para os que ainda demonstram surpresa com o lento
processo de privatização da educação superior no Brasil, reproduzo
integralmente o texto que escrevi e postei, aqui neste mesmo espaço, em 28 de
julho de 2012, denominado “A
futura cooperativa de serviços educacionais”. A privatização começou com
FHC e não parou mais.
“Será que os negociadores do Governo
Federal imaginam que somos tapados? Que não sabemos ler nas entrelinhas e entre
tabelas. Essa “nova proposta de carreira”, como bem afirmou o “negociador
oficial”, Sérgio Mendonça, não passa de uma mal-ajambrada adaptação da primeira
proposta, apresentada no dia 13 de julho e 2012, por acaso, uma sexta-feira 13,
número do PT. Depois da entrevista de Rosane Collor à Rede Globo de Televisão
fiquei a imaginar: será que no MPOG andam a praticar rituais de magia negra,
com bodes pretos, para tentar enganar os professores e professoras em greve? Só
pode! Porque a proposta apresentada é tão tuim, mas tão ruim que consegue ser
pior que a vigente carreira de magistério superior. É ruim por alargar ainda
mais a diferença entre os que estão na base e o topo da carreira. É péssima por
acentuar a divisão da categoria entre os “pesquisadores Qualis A” e os
“professores”. É terrivelmente deplorável por engessar a progressão de um nível
ao outro. Enfim, é tão ruim que foi rejeitada integralmente pela base de
professores. Nas entrelinhas e entre tabelas, essa proposta destrói de vez a
carreira do magistério superior no Brasil e abre a primeira brecha para o
surgimento da “cooperativa de serviços educacionais” ou alguma empresa do
gênero. O que se quer com essa proposta é criar condições estruturais capazes
de inocular o vírus da privatização por dentro (que já existe em boa parte da
universidade brasileira). Essa universidade produtivista tem defensores
vorazes. Principalmente entre os professores doutores (que hoje se julgam
apenas pesquisadores). Eles são os “mais competentes”, por isso, conseguem
“captar mais recursos para a instituição”. Transformam o espaço público dos
laboratórios e salas de aulas em negócios próprios. Usam à exaustão todo o
patrimônio da instituição para alicerçar o “empreendedorismo acadêmico”. Em
suma, são “esses guerreiros” da educação brasileira os responsáveis pelo
“financiamento” das universidades com a publicação em revistas internacionais e
nacionais Qualis A. Quem não se lembra de cada item da pauta do Governo
Fernando Henrique Cardoso, dentre elas a criação dos centros de excelência?
Pois bem, tudo o que o movimento dos docentes das universidades brasileiras
lutou contra foi empurrado goela abaixo nos governos Lula e, agora, de Dilma
Roussef. A última cartada é esse plano de carreira. Não demora e eles criam
mecanismos jurídicos legais para contratarem a “cooperativa dos temporários e
substitutos”. Logo, logo, essa cooperativa se transforma em uma empresa de
serviços educacionais. As armadilhas já foram lançadas. A tal Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares é o embrião. Depois dela, vão tentar
convencer a sociedade de que o Estado não deve ser o responsável pelo
financiamento das universidades. Que basta manter os prédios e contratar
professores cooperados para ministrar aulas. A privatização estará efetivada! Depois
não digam que não foram avisados!”
Visite também o Blog
Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog
do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.