Ontem, em uma emissora de
TV, vi que a decisão da Reitoria da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP) de criar “banheiros unissex” causou espanto em um dos jornais
televisivos de repercussão nacional. Fui ao site do mesmo jornal e encontro coisas deste
tipo: “homens e mulheres podem compartilhar o mesmo espaço nessas horas de
privacidade? Nós estamos prontos para uma nova arquitetura social que inclua
banheiros unissex?” Este povo do Sul e Sudeste vive em qual mundo? Ter
banheiros unissex não significa nova arquitetura social, coisa nenhuma. Lembro
muito bem quando, em um dos Seminários do GT de Ações Afirmativas da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), que iniciou os trabalhos em 21 de maio de 2015, discutíamos
a questão do nome social, já aprovado na Instituição, iniciei a minha fala
assim: ”quando eu era criança-pequena lá em Sena Madureira, os banheiros eram
apenas uma caixa quadrada com um buraco ao meio e sem nenhum tipo de placa para
definir que os usuaria”. Minha proposta foi de quê, com a adoção do nome
social, os banheiros teriam de ser unissex, para não constranger as pessoas.
Não fui levado a sério como em muitas outras propostas inovadoras que fiz
quando era Pró-reitor. Em uma delas, sobre um novo processo seletivo, uma das “professoras
mais respeitadas” da UFAM perguntou: “E isso tem em outra universidade? A UFAM
será a primeira?” e deu um sorrisinho cético. O certo é que a proposta que fiz
não foi nem registrada no relatório final do GT. Lembrei-me, na hora, dela e de
muitas outras. E fiquei a matutar: parece que a UFAM, depois de ser a primeira
universidade brasileira (coisa que até eu discordo) não quer mais ser a
primeira em nada. Temos mentes pensantes como em qualquer outra IES. Podemos
ousar, sim. Se, coletivamente, quisermos!
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