quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O choro dos que nada fazem na Pós-graduação


O título de doutor, para algumas pessoas, parece funcionar como uma espécie de esconderijo, um casulo, uma capa de caracol para esconder a incompetência e a falta de compromisso com a Educação. Dizer que as atividades administrativas e de sala de aula exercidas por um doutor na estrutura das universidades brasileiras impede que se produzam pelo menos dois artigos científicos “de qualidade” por ano é choro dos que nada fazem. Desculpa de quem pode ser muito bom “fazedor”, cumpridor de tarefas, mas, um péssimo pensador, característica essencial a um cientista. É perfeitamente possível a convivência, em um mesmo ser, de um tarefeiro e de um pensador. Acontece que na gradação de valor para o processo de avaliação da Pós-graduação no Brasil, por decisão dos próprios cientistas, cumprir tarefas tem valor inferior a produzir Ciência, inclusive, por meio de artigos científicos e capítulos de livros. Sou contra a produção pela produção. Porém, não considero que a exigência mínima de dois artigos por ano seja algo absurdo nem para quem exerce funções administrativas e ministra disciplinas. Talvez o seja sim, para os metodologistas tradicionais que ao ensinar, não pesquisam e não conseguem praticar a extensão ao mesmo tempo. São professores (e pesquisadores) limitados pelo processo de formação e pela própria visão de mundo. Podem se superar as próprias limitações com trabalho e dedicação. Mas, ficar só no choro sem produzir nenhuma linha não os tornará mais cientistas. Sou frontalmente contra a visão produtivista na Educação, mas nem só de papo vive um pesquisador.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Graduação e pós-graduação que não se integram


Os órgãos de fomento e as políticas públicas empurram as universidades para o que se convencionou chamar de “integração entre a graduação e a pós-graduação” como se isso fosse possível meramente por decreto. Acontece que determinar que essa integração exista e cobrá-la nos formulários de avaliação não significa que se poderá promovê-la pacificamente. É necessário que se crie condições mínimas, tanto estruturais quando administrativa para que ela (a integração) efetivamente ocorra. Caso contrário, o que ocorre é uma sobrecarga dos professores que trabalham nos programa de pós-graduação e a eterna impressão de que aqueles professores, ao voltarem dos cursos de Doutorado, não querem mais trabalhar nos cursos de graduação. Para além de querer ou não querer, está a carga de trabalho excessiva que provoca doenças coletivas como depressão e estresse. Ou se corrige isso e se pensa nas pessoas ou essa integração não sairá do papel.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Liberdade de expressão e universalização do pensamento


O Sindicado Nacional das Instituições de Ensino Superior (Andes-Sindicato Nacional) encaminhou ao professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gilson Monteiro, a Carta Nº 018/2012, de 1º de fevereiro de 2012, assinada pelo Secretário Geral, professor Márcio Antônio de Oliveira, acompanhada da Moção aprovada no 31º CONGRESSO do ANDES - Sindicato Nacional, realizado no período de 15 a 20 de janeiro de 2012, em Manaus-AM. Eis o texto integral da Moção de Solidariedade, aprovada em Manaus, no dia 20 de janeiro de 2012:”Os delegados presentes no 31º Congresso do ANDES-SN, realizado em Manaus/AM, no período de 15 a 20 de janeiro de 2012, manifestam sua solidariedade ao Prof. Dr. Gilson Vieira Monteiro, do curso de jornalismo da UFAM, que foi vítima de agressão física e moral perpetrada pelo Sr. Amin Aziz, na sala de aula do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UFAM, quando ministrava o tema “Relação de Poder entre a mídia e os poderes públicos”. Estamos confiantes de que o professor obterá êxito em sua ação de indenização por danos morais e que assim se restabeleçam os princípios constitucionais de liberdade de expressão e universalização do pensamento, ora violados pela sentença exarada pelo juiz.”

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Nada a condenar dos que fazem cursos paraguaios


Quando denunciei aqui neste espaço que tanto a Universidade Federal do Acre (Ufac) quanto a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) validam automaticamente os cursos de Mestrado e Doutorado obtidos no âmbito no Mercosul, principalmente no Paraguai, algo completamente ilegal e condenável por parte das universidades, não significa que seja condenável a participação de professores das duas instituições nesses cursos. É condenável para as instituições, sim, por darem um tiro no pé de todo o sistema de pós-graduação do País, montado com o suor de cada uma das pessoas que para ele deram algum tipo de contribuição. Ao reconhecer automaticamente esse tipo de título, as instituições o fazem na ânsia de dar respostas às políticas públicas que existem o maior número possível de mestres e doutores para se obter financiamento. No entanto, tem impacto profundamente negativo nos rumos da pós-graduação no País. Por outro lado, não há como condenar professores que se sentem atraídos pelas facilidades de um Mestrado ou Doutorado de final-de-mês. Grande parte deles não é competente o suficiente para ser aprovados em nenhum Programa de Pós-graduação brasileiros. Sem saída para progredir na carreira, aproveitam essa oportunidades. Se os pares aceitam e os liberam, quem somos nós para condená-los. É evidente que cursos obtidos na Faculdade Intermericana do Paraguai, por exemplo, estão muito além da “décima quinta categoria”. No Brasil, porém, depois de o título obtido, não importa muito a origem, dada a carência de mestres e doutores. Das universidades se esperaria um crivo mínimo de qualidade. Se a elas isso não interessa, a nós, cabe apenas chamar a atenção para o problema. Em nenhum momento, porém, devemos condenar os professores que participam dessa arapucas.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A numérica expansão do Ensino Superior


Há, no Brasil, uma espécie de euforia pela expansão numérica das vagas no Ensino Superior. Só para se ter uma ideia de como isso ocorreu, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que possuía 51 cursos de graduação, passou para 109. A pergunta é: será que o processo de expansão física e de vagas foi acompanhado das condições mínimas de trabalho para professores, estudantes e técnicos? Respondo sem nenhum medo de errar: nem na Ufam nem nas demais universidades brasileiras, bem como nos antigos e novos institutos federais de educação, as condições de trabalho são, em grande parte delas, precárias. Há um canteiro de obras, é claro. Porém, a custa do sacrifício dos trabalhadores que recebem as primeiras turmas dos novos cursos sem as mínimas condições físicas de funcionar. O Governo Federal, com o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), deixou pouca margem: para poder receber as verbas era necessário iniciar os cursos, porém, quem se recusasse a iniciá-los não teria as verbas. Funcionou como uma espécie de chantagem. O problema é que nem o número de professores contratados nem de técnicos supre as demandas já existentes dos novos cursos criados. Some-se a isso a crônica falta de infraestrutura dos cursos antigos e se tem uma universidade “nadando” em obras, porém, eivada de problemas estruturais. Essa é a expansão que aí está e que precisa ser corrigida urgentemente.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A universidade precisa ser repensada


É urgente que a população e o Estado voltem os olhos para o problema enfrentado pelas universidades brasileiras, em especial, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), bem como todas as outras que saíram do patamar de “universidades formadoras de mão-de-obra para o mercado” e se arvoraram na aventura de “formar cientistas para o País”. Essa mudança, enfrentada pela Ufam, por exemplo, precisa ser incorporada aos instrumentos administrativos legais da Instituição sob pena de o foco das atividades ficar centrado meramente em “ministrar aulas”. Não se pode, nem se deve avaliar o desempenho de uma universidade, nem de seus professores, apenas pelo número de aulas ministradas nos cursos de graduação ou de pós-graduação. Não se está diante de um “grupão escolar”, mas, de uma Instituição de Ensino, Pesquisa e Extensão. Esses três elementos devem estar equilibrados nas funções desempenhadas por uma professora (ou professor). Acontece que os cursos de pós-graduação não possuem as atividades neles desenvolvidas institucionalmente reconhecidas. Como pode, só para ficar em um exemplo, um coordenador de curso de graduação receber gratificação funcional e um coordenador de Programa de Pós-graduação não ter direito ao mesmo benefício? Esse é só um exemplo de como a universidade precisa ser repensada sob pena de, ao criar programas de pós-graduação, penalizar seus professores e professoras.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dedetização suspende atividades no ICHL


As atividades do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foram suspensas, amanhã, dia 23 de fevereiro de 2012, em função da “dedetização” que ocorrerá no Instituto. Mosquitos e insetos são comuns no ICHL desde a inauguração, em 1985. Por lá também aparecerem, de quando em vez, até animais silvestres. Macacos e esquilos, por exemplo, são visitantes rotineiros quando se atravessam os corredores e as passagens, no ICHL e redondezas. Cobras e aranhas chegam a assustar estudantes. A dedetização, no entanto, não tem por finalidade afetar esses animais. Seu objetivo e exterminar ratos, baratas e traças, principalmente, que podem destruir documentos administrativos e até atingir pessoas. Servirá, também, para afastar os pernilongos que, hoje, infernizavam a vida de quem participou das reuniões nos vários espaços do Instituto. As atividades serão retomadas segunda-feira, dia 27 de fevereiro de 2012, com o início do período letivo.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ufam erra ao reconhecer automaticamente mestrado paraguaio


Ao chegar em Manaus, soube que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) reconhecerá automaticamente os cursos de Mestrado feitos por seus professores na Faculdade Interamericana do Paraguai. A Ufam, segundo soube, usa o mesma interpretação de quem oferece “cursos de aluguel”, o que o Decreto n° 5.518, de 23 de agosto de 2005, garante a validação automática desses títulos. Ainda que reconheça a autonomia da universidade para tomar tais decisões, a Ufam não está acima da Lei. Logo não pode ferir nem o Decreto nem o Acordo de Assunção. O que os dois documentos, combinados, deixam claro é que a validação automática só ocorrerá quando o pesquisador for atuar na universidade (ou faculdade) na qual obtiver o título. Da mesma forma, se um paraguaio obtivesse o título na Ufam, aí sim, poderia ser validade automaticamente. Essas medidas foram tomadas com o intuito de incentivar a mobilidade entre pesquisadores de países que fazem parte do Mercosul e não uma forma de os professores e as universidades burlarem as duras regras da Capes para a obtenção dos títulos de mestre e de doutor. Case espanto que uma universidade federal se posicione de uma forma que afeta todo o sistema da Pós-graduação brasileira.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A carga horária excessiva dos doutores no Brasil


Sobre o que escrever em plena terça-feira de Carnaval, em um Blog que se dedica a analisar e divulgar assuntos relacionados à Educação no Brasil? Numa terça-feira de Carnaval muito provavelmente ninguém nem queira saber de refletir sobre a educação brasileira. Há, porém, um ponto que me afetou e, creio, pode estar a ocorrer com muitos outros professores da Educação Superior: a carga de trabalho excessiva. E nem adianta dizerem que nós, os professores, no usufruto das férias, trabalhamos porque queremos. Acontece que o dead line, ou seja, as datas-limites, de vários editais venceram entre o dia 15 e o dia 17. A data para a entrega do artigo para quem quisesse participar do Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programa de Pós-graduação (Compós) era 15 de fevereiro de 2012. Em seguida, ambos nos dia 17 de fevereiro de 2012, encerravam-se os prazos do Edital Universal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Bolsa Pesquisa do Universo On Line. Embora em férias, em Sena Madureira, minha cidade Natal, no interior do Acre, mobilizei meus orientados e partimos para a luta. Não demos conta de inscrever o Projeto para o edital da Fapeam. Terminado o prazo, na própria noite de sexta-feira de Carnaval, dia 17 de fevereiro de 2012, relaxei. Pelo excesso de estresse das duas últimas semanas, minha sinusite alérgica atacou. Adoecer nessa época tem seu lado positivo: o Carnaval passa a ser uma “Festa da Reflexão”. Inclusive sobre essa pressão das agências de fomento sobre nós.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Testes revelam inoperância das Secretarias de Educação


Qualquer teste que se aplique no Brasil, Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou vestibulares Brasil afora, revelará a inoperância de grande parte das Secretarias de Educação. Na Universidade Federal do Acre (Ufac), que não aderiu ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na primeira chamada para a matrícula institucional do curso de Medicina, nenhuma das 40 vagas foi preenchida. Com um agravante, apenas um dos chamados era do Acre, como deve ter sido aprovado em “outra universidade de ponta”, a Ufac foi preterida. O problema ao que parece, não deve ao fato de a Ufac ter feito vestibular próprio e não ter aderido ao Sisu. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), 50% das vagas são preenchidas por meio do Sisu e 50% por meio do Processo Seletivo Contínuo (PSC). O que aconteceu com o curso de Medicina da Ufam? Das 40 vagas destinadas ao Sisu, 78% foram preenchidas por estudantes de fora do Amazonas. Isso mesmo, leitores e leitoras, 31 vagas do curso de Medicina da Ufam serão ocupadas por estudantes de fora do Amazonas. Não levando essa questão com o intuito de incentivar a xenofobia. Quero, porém, destacar a incompetência das secretarias de Educação do Norte brasileiro. Os recursos são mal-investidos, centram-se nos equipamentos e esquecem que “formar” professores em série nas universidades estaduais não garante a qualidade no processo de troca de saberes. Claramente, e não sei ainda como estão os números dos outros estados, Acre e Amazonas precisam “fechar para balaço” e repensar as políticas públicas para a Educação. É mais honesto que tentar criar reservas tomando por base o local de nascimento. Ou será o local de moradia?

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O enigma do ovo no sistema educacional


Uma amiga, cujo filho estuda em uma escola particular, revelou que sexta-feira, dia 17 de fevereiro de 2012, as aulas foram suspensas porque todos os professores e professoras foram convidas a participar de um treinamento para o uso de “lousas interativas”. Algumas boas escolas (particulares) de São Paulo já oferecem esse “agrado” aos professores e estudantes há tempos. É louvável que as escolas de Manaus também passem a oferecer novas possibilidades de alavancagem do processo de ensino-aprendizagem. O fato, porém, revela, em primeiro momento, que o planejamento das questões técnico-administrativas foi mal-feito. A não ser que estejam a praticar a mesma estratégia de prefeitos e governadores que, só realizaram obras de recapeamento asfáltico nos horários de “rush” a fim de “mostrar trabalho”. Caso contrário, não se justifica que as aulas sejam suspensas. Os treinamentos (e a implantação das tais lousas) deveria ter sido feito antes de o período letivo ser iniciado. O maior dos equívocos que muitos cometem, e não tenho como afirmar nada a respeito do assunto, nem da escola, é centrar a questão da qualidade da Educação nos equipamentos. O problema é estruturante, sistêmico e está centrado em uma cadeia que passa por um Ensino Fundamental de péssima qualidade, transita em um Ensino mais para mediano que pra Médio, e desemboca em uma Educação Superior sofrível. Estamos frente-a-frente com o enigma do ovo pois não se pode mexer em um dos subsistemas sem provocar reflexos no outro. Logo, o sistema educacional só atingirá um nível de qualidade aceitável quando for planejado de forma global, levando em conta os três níveis. Sem isso, fiaremos a indagar quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Exposta a péssima qualidade de Ensino Médio


O problema enfrentado pela Universidade Federal do Acre (Ufac), que ontem divulgou a terceira chamada para o preenchimento de 39 vagas para o curso de Medicina, cujas matrículas serão entre os dias 23 e 24, não é da própria Ufac como querem fazer crer alguns políticos do Estado. O fato é, mais que tudo revelador: o Ensino Médio, no Acre, é péssimo. Fazer o vestibular apenas para acreanos, como defendem alguns políticos, é exatamente esconder que de 40 pessoas convocadas para a primeira chamada do curso de Medicina da Ufac, somente um, unzinho, era oriundo do Ensino Médio do Acre. Mais ninguém. Parem de acusar a Ufac e cumpram, efetivamente, o dever de vocês, parlamentares, que é, ao invés das chacotas, tomar os dados do problema e estudá-los por todos os ângulos para que políticas públicas urgentes sejam implementadas a fim de saná-lo. Não é a Ufac a culpada, se é que existe culpa, de somente um estudante do Ensino Médio do Acre inteiro alcançou nota suficiente para ficar entre os 40 melhores do curso de Medicina. Na segunda chamada, somente um matriculou-se. Pode ser que todos os outros 39 também não fossem acreanos. Esse dado a Ufac tem e o Governo do Estado deveria estudá-los profundamente. Porque, nesse caso, se todos os 39, agora entre os 80 chamados, também não forem acreanos, é um sinal mais do que vermelho de que o Ensino Médio do Estado está em níveis catastroficamente preocupantes. Todos criticam, se espantam, jogam pedras, como se o problema de não ter preenchido nenhuma das vagas para o curso de Medicina seja da Ufac. Em essência, não o é. Só que com essas chamadas constantes, agora já na terceira, a Ufac corre o risco de os melhores do Acre terem ido para outros estados e Instituição ficar não com os mais aptos, mas, com os piores. Terá de criar cursos de nivelamento e quetais sob pena de jogar no mercado médicos de segunda categoria. Esse é o lado cruel da concorrência nacional provocada pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Tem, porém, o ponto altamente positivo: expor as vísceras do Ensino Médio no País, gerenciado pelos Estados.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Terceira chamada para o curso de Medicina da Ufac


Hoje, às 17h, a Universidade Federal do Acre (Ufac) divulga a terceira chamada para o curso de Medicina. Na primeira chamada, dos 40 aprovados, 39 eram de fora do Estado e apenas um do Acre. Ainda assim, mesmo o acreano matriculou-se. A Instituição, então, divulgou a segunda chamada com candidatos classificados da posição 41 a 80. Dessa segunda lista de 40 convocados, às 17h do dia 14 de fevereiro de 2012, prazo final para a matrícula institucional em segunda chamada, somente um estudante, portador de necessidades especiais, efetuou a matrícula. Hoje, às 17h, a Ufac divulga a lista dos novos 39 convocados. Essas pessoas que compuserem a nova lista terão os dias 23 e 24, próximas quinta e sexta-feira, logo após o Carnaval, para realizarem a terceira matrícula institucional. Ao final desse prazo, caso as 39 vagas não sejam preenchidas, novos candidatos serão chamados, assim sucessivamente, até que todas as 40 vagas sejam preenchidas.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Peregrinação em Brasília em prol da UEAC


Talvez por ter descoberto que já existe uma UEA, inclusive na Região Norte, no Amazonas, o deputado estadual do PSDC do Acre, Éber Machado, resolveu mudar a sigla da futura Universidade Estadual do Acre para UEAC, antes UEA. Disposição para conseguir aliados é o que não falta a Machado. Ele viajou a Brasília dia 13 de fevereiro de 2012 e, lá, acompanhado do senador Sérgio Petecão (PSD), peregrinou pelo Congresso Nacional em busca de apoio para a ideia que defende: criar uma universidade estadual no Acre. Se vai ser bem-sucedido ou não, ninguém sabe. Mas, a se levar em conta o material distribuído pela assessoria do deputado e publicado, na íntegra, nos jornais de Rio Branco, o projeto tem chances de decolar. Ele foi recebido pelo presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP) e pelo presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Roberto iaôuião (PMDB-PR). Também conversou com Cristóvam Buarque (PDT-DF) que teria garantido, inclusive, vir a Rio Branco palestrar sobre a importância da criação de uma universidade estadual no Acre. Para estudantes que vivem submetidos a escroques que oferecem até Pós-graduação à distância ou de final-de-semana será uma chance de resgatar a dignidade. Vejo sempre com bons olhos qualquer iniciativa que se tenha para oferecer Educação à maioria da população. Meu problema é desconfiar do próprio modelo de educação subserviente ao poder político e ao capital. Em sendo esse, melhor que não sejam criadas novas universidades. As que existem já bastam para “deformar” as pessoas.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Crime de lesa-consumidor com mestrados ilegais


Na postagem de ontem, dia 14 de fevereiro de 2012, denominada “Cursos de mestrados ilegais oferecidos no Acre” parece não ter ficado claro uma coisa: esses cursos oferecidos por instituições do Mercosul, de aluguel, por meio de instituições ilegais, irregulares e não-reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), são arapucas exatamente porque garantem aos estudantes que os tais mestrados (e há, também, doutorados de finais-de-semana oferecidos pelo Brasil inteiro) serão validados imediatamente. Ferem, por conseguinte, também, o Código de Defesa do Consumidor (CDC): não prestam esclarecimentos ao consumidor sobre os problemas que enfrentarão para legalizar o título obtido de forma irregular. Como o Decreto n° 5.518, de 23 de agosto de 2005, não garante a validação automática (muito menos o Tratado de Assunção), algo muito bem-esclarecido na postagem de ontem, essas instituições “picaretas” deixam de avisar que o estudante, após a obtenção do título, deverá peregrinar por Instituições brasileiras que ofereçam mestrados equivalentes. Quando o programa das disciplinas for considerado similar, a Universidade, na maioria das vezes, aceita o curso, valida o diploma, após um logo processo administrativo. Em assim não sendo, incida que o estudante complementará créditos, cursando algumas disciplinas, e só depois defenderá a dissertação (ou tese) perante uma banca, de acordo com as regras internas e institucionais de cada Programa de Pós-graduação. Há, ainda, as Instituições que obrigam os estudantes a se submeteram a uma prova rigorosíssima, cobram uma taxa estratosférica de validação e obrigam os que não são aprovados a cursarem disciplinas complementares. Médicos que fizeram cursos de Graduaçào na Argentina, nos demais países do Mercosul, e, para ficar em um exemplo mais próximo do Acre, na Bolívia, sabem a dor que enfrentam depois de “formados” nos países nos quais obtiveram a titulação. Logo, o maior problemas dos cursos oferecidos em Faculdade “barriga de aluguel” do Mercosul, é que o gato e mastodôntico, portanto, muito maior e mais difícil de carregar que a lebre pintada na hora da venda dos serviços.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cursos de mestrado ilegais oferecidos no Acre


O Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Educação Superior (Sesu) devem tomar providências, urgentemente, contra Faculdades irregulares, não registradas pelo MEC para a prestação de serviços de Educação superior que, sob o argumento de estarem amparadas pelo Decreto n° 5.518, de 23 de agosto de 2005, oferecem Curso de Mestrado ilegais, explorando a boa-fé de estudantes de Sena Madureira, Manoel Urbano e, até, de Rio Branco, a capital do Estado. Mais grave que tudo isso é a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) do Acre validar automaticamente diplomas de Pós-graduação obtidos de forma irregular. Isso tem servido de incentivo para que dezenas de pessoas caiam em arapucas e, no futuro, sejam obrigadas a entrar com processos para obter indenizações dos exploradores de “cursos de aluguel”. Sou avaliador do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) e coordenei o Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por quatro anos e sei, com clareza, que o Sistema de Pós-graduação brasileiros é rigoroso e não possui “reconhecimento automático” de cursos. O Decreto 5.518, promulga o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do Mercosul, também conhecido como “Tratado de Assunção”, celebrado em 14 de junho de 1999. O Art 1° do Decreto 5.518 é claríssimo:” O Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do Mercosul, celebrado em Assunção em 14 de junho de 1999, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém”. O segundo artigo estabelece que qualquer modificação do Acordo deverá ser submetida ao Congresso Nacional. Recorramos ao que diz o Artigo Primeiro do Acordo: ”Os Estados Partes, por meio de seus organismos competentes, admitirão, unicamente para o exercício de atividades de docência e pesquisa nas instituições de ensino superior no Brasil, nas universidades e institutos superiores no Paraguai, nas instituições universitárias na Argentina e no Uruguai, os títulos de graduação e de pós-graduação reconhecidos e credenciados nos Estados Partes, segundo procedimentos e critérios a serem estabelecidos para a implementação deste Acordo”. Portanto, não há a figura da validação automática. O que o Acordo deixa bem-claro e faço questão de ressaltar, é que os Estados Partes “admitirão, unicamente para o exercício de atividades de docência e pesquisa nas instituições de ensino superior no Brasil, nas universidades e institutos superiores no Paraguai, nas instituições universitárias na Argentina e no Uruguai, os títulos de graduação e de pós-graduação reconhecidos e credenciados nos Estados Partes”. Segue-se na leitura do Acordo e chega-se ao Artigo Quarto: “Para os fins previstos no Artigo Primeiro, os postulantes dos Estados Partes do Mercosul deverão submeter-se às mesmas exigências previstas para os nacionais do Estado Parte em que pretendem exercer atividades acadêmicas.” Ora, mais claro, não poderia ser. Contudo, o Artigo Quinto do Acordo é mais explícito: “A admissão outorgada em virtude do estabelecido no Artigo Primeiro deste Acordo somente conferirá direito ao exercício das atividades de docência e pesquisa nas instituições nele referidas, devendo o reconhecimento de títulos para qualquer outro efeito que não o ali estabelecido, reger-se pelas normas específicas dos Estados Partes.” Só para ficar mais claro ainda grifarei parte do Artigo Quinto do referido Acordo: somente conferirá direito ao exercício das atividades de docência e pesquisa nas instituições nele referidas, devendo o reconhecimento de títulos para qualquer outro efeito que não o ali estabelecido, reger-se pelas normas específicas dos Estados Partes. É mais do que evidente, portanto, que a Faculdade de Teologia Batista Betel (FTBB), com sede à Avenida Durval Camilo, 1.723, bairro de Canaã, em Rio Branco, capital do Acre, fez acordo ilegal com a Faculdade Intermericana, do Paraguai, para oferecer 50 vagas no curso de Mestrado em Educação na cidade de Manoel Urbano, a 70 quilômetros de Sena Madureira. As aulas são duas vezes por mês, toda primeira sexta-feira, à noite; e todo primeiro sábado, pela manhã. Cobram a “módica” quantia de 25 parcelas de R$ 250,00 mais R$ 100,00 de matrícula. O que dá um total de R$ 6.250,00 em parcelas e mais o R$ 100,00. O estudante, portanto, pagará R$ 6.350,00 por um curso ilegal e irregular, oferecido durante 24 meses. Afora os aspectos legais aqui mencionados, a título de que os estudantes são obrigados a pagar mais uma mensalidade? Quem pagará as passagens para que todos os 50 estudantes defendam a dissertação no Paraguai? O contrato, eivado de irregularidades, não estabelece isso. Desconfiado, pois minha irmã seria uma das vítimas, liguei para o MEC. A tal Faculdade de Teologia Batista Betel não está autorizada nem a oferecer cursos de graduação. O que se dizer de pós-graduação? Liguei ontem para a Instituição e pedi informações a uma recepcionista que nem se identificou. Ela me disse que não era um curso à distância. Que as aulas seriam presenciais, às sextas às noite e aos sábados pela manhã, ministradas por doutores aqui do Acre, “mas a defesa da dissertação seria no Paraguai”. Quando questionei que a FTBB não tinha autorização nem para oferecer cursos de Graduação, ela rebateu que o curso era da Faculdade Interamericana e que o MEC não tem nada que ver com isso. Que fique o alerta a todos os estudantes: esses cursos oferecidos por faculdades de aluguel, de países do Mercosul, são irregulares. Depois de fazê-los, além de, certamente, ter de pagar a passagem para defender a dissertação no local de origem, o estudante terá de validar o diploma em uma instituição brasileira, como estabelece a Legislação. Quem, no Brasil, validará um diploma obtido em curso feito nas noites de sexta-feira e nas manhãs de sábado? É vergonhoso que a Seduc do Acre valide esse tipo de curso e pague as gratificações de quem neles obteve título como se fossem iguais aos títulos obtidos em instituições brasileiras de idoneidade ilibada. Mais ainda, que professores brasileiros, em troca de tostões aos finais-de-semana, ponham em risco o Sistema brasileiro de Pós-graduação, cuja seriedade é reconhecida mundialmente, ao aceitarem trabalhar nesses cursos caça-níqueis.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A ditadura dos doutores e a reserva de mercado nas revistas científicas


A professora da Universidade Católica de Pelotas, Raquel Recuero, levantou hoje, em seu Twitter (@raquelrecuero), uma discussão que merece (e precisa) ser aprofundada:a “nova” (não tão-nova) das revistas científicas brasileiras de publicar apenas artigos de professores portadores do título de doutor. “Como se mestres/graduados não pudessem fazer ciência de ponta ou mostra inovação”. No limite dos saberes existentes, professora, a senhora acerta em cheio no cerne da questão: inovação, ciência e tecnologia não são privilégios da academia. Não dependem, em essência, dos títulos e dos graus. Acontece que a Ciência, no Brasil e no mundo, é cartorial. Depende de um carimbo, de um “aceite” dos pares. Como a senhora bem defende em seguida: “Tem de ter Double blind, perr review e o artigo considerado apto, seja de quem for, deve ser publicado. Isso sim é verificar o mérito”. Não duvido e faço coro conjuntamente com a senhora, professora Raquel Recuero. Acontece que temos uma legislação cartorial que implantou uma espécie de “ditadura dos doutores”. Não apenas pelo desejo dos doutores. As políticas públicas, porém, giram em torno deles. O financiamento para as universidades leva em conta o número de doutores e a produtividade deles. O que acontece, então? As próprias universidades criam políticas editoriais que não-apenas incentivam, mas, quase obrigam os doutores a publicar. O foco, empurrado pelas políticas públicas de financiamento da pesquisa, deixou de ser o mérito para ser o número de artigos publicados. Há alguns anos bato nesta tecla, aqui mesmo, neste espaço. Bom que a senhora, professora Raquel Recuero, também comece a se rebelar. É preciso corrigir esse erro grosseiro do financiamento da pesquisa e do fazer científico no Brasil. Jamais o foco da distribuição dos recursos para a pesquisa pode levar em contra meramente o número de artigos publicados. O mérito dos projetos a serem financiados e dos artigos a serem publicados deve sempre pesar mais do que o currículo de quem os propõe. Coso contrário, daremos oxigênio a essa danosa ditadura que se nos apresenta mais como reserva de mercado para os doutores que qualquer processo de avaliação efetiva da produção científica dos mesmos.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O pacto da convivência e do mínimo respeito


Ao iniciar minhas aulas no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ou em qualquer curso que esteja a ministrar aulas, proponho o que chamo de “pacto da convivência e do mínimo respeito”. Pergunto se alguém se lembra da música “Palavrinhas Mágicas”, quando a apresentadora Eliana rivalizava com a Xuxa nas lembranças das manhãs de muitas crianças. Ultimamente é raro encontrar alguém que se lembre. Creio, em breve, terei de começar as aulas com o clipe da Eliana para que os estudantes se lembrem que existe “Bom dia, boa tarde, boa noiteeeee ... viver assim é bom demais!”. Grande parte dos estudantes de todas as idades padece, basicamente, da falta de educação doméstica, em todos os níveis do Ensino. Nas universidades, nos cursos de graduação, por exemplo, há quem considere o espaço da sala-de-aula como zona de ninguém. Onde tudo se pode. Entrar e sair, sem dar o mínimo de satisfação a quem, naquele horário, exerce o papel de professor, é regra atualmente. Costumo dizer aos estudantes o seguinte: comigo tudo pode, desde que precedido das “palavrinhas mágicas” que são a chave para boa convivência entre seres vivos, ditos humanos. Faço o possível para que exercitem a liberdade, inclusive de ir e vir. No entanto, a sala-de-aula não é um espaço individual. Muito menos uma clausura. O exercício do livre arbítrio de ir e vir, por exemplo, deve ser precedido de um “por favor”, “muito obrigado” e outras gentilezas do mesmo quilate. O uso do celular é proibido em minhas aulas? Não! De forma alguma. O ato de atendê-lo, no entanto, deve ser precedido de um pedido de licença. E que o seja fora da sala-de-aula. Não aceito o ato de educar como imposição: trata-se de convencimento. Exercitar o respeito ao outro e aos espaços coletivos é fundamental para se apreender a essência da vida em coletividade.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Reflexões sobre o ato de educar


Antes de cunhar a seguinte frase, “Nós, os pais, temos um defeito congênito: ensinamos os filhos a andar, mas, derretemos a cera quando eles ameaçam se transformar em Ícaros!”, postada hoje, dia 11 de fevereiro de 2012, no Twitter, agora há pouco, refleti bastante sobre o meu papel de pai e de educador. Conclusão: falhei mais do que acertei e ainda tenho de evoluir muito para poder chegar ao patamar de “educar para a liberdade”. Sou fruto de uma família de base judaico-cristã, católica, cujo ícone, ainda hoje, se chama Padre Paulino Maria Baldassari, em Sena Madureira, capital do Acre, localizada a 174 quilômetros da capital, Rio Branco. Filho de um músico, mecânico de bicicletas, radiotécnico e alfaite, dentre outras habilidades, inclusive a de “dar um tapa” numa garrafa de cachaça como ninguém. Minha mãe é dona de casa e foi professora, alfabetizadora das melhores na cidade. Passei pelo Instituto Santa Juliana, em Sena Madureira, depois Colégio Brasileiro Pedro Silvestre, em Manaus. Dois cursos de graduação na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Jornalismo e Letras, uma Especialização em Administração de Empresas pelo ISAE/FGV, em Manaus, um Mestrado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (Usp) e um Doutorado em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da mesma Usp não foram suficientes para hoje, ao olhar para trás, e depois modificar em 180 graus a direção dos olhos, convencer-me de que “estou preparado”. Ainda me sinto um professor que derrete a cera das asas dos estudantes quando eles se imaginam Ícaros. Quando sonham em voos teóricos mais altos. Com os filhos sou o mesmo. Preciso me libertar dessa estrutura. Juntar-me aos filhos e aos estudantes. Colar as asas com cera e voar rumo ao sol. Como incentiva Byafra na primorosa “Sonhos de Ícaro”: Voar, voar/Subir, subir/Ir por onde for/Descer até o céu cair/Ou mudar de cor/Anjos de gás/Asas de ilusão/E um sonho audaz/Feito um balão.../No ar, no ar/Eu sou assim/Brilho do farol/Além do mais/Amargo fim/Simplesmente sol.../Rock do bom/Ou quem sabe jazz/Som sobre som/Bem mais, bem mais.../O que sai de mim/vem do prazer/De querer sentir/O que eu não posso ter/O que faz de mim/Ser o que sou/É gostar de ir/Por onde, ninguém for.../Do alto coração/Mais alto coração.../Viver, viver/E não fingir/Esconder no olhar/Pedir não mais/Que permitir/Jogos de azar/Fauno lunar/Sombras no porão/E um show vulgar/Todo verão.../Fugir meu bem/Pra ser feliz/Só no pólo sul/Não vou mudar/Do meu país/Nem vestir azul.../Faça o sinal/Cante uma canção/Sentimental/Em qualquer tom.../Repetir o amor/Já satisfaz/Dentro do bombom/Há um licor a mais/Ir até que um dia/Chegue enfim/Em que o sol derreta/A cera até o fim.../Do alto, coração/Mais alto, coração.../Faça o sinal/Cante uma canção/Sentimental/Em qualquer tom.../Repetir o amor/Já satisfaz/Dentro do bombom/Há um licor a mais/Ir até que um dia/Chegue enfim/Em que o sol derreta/A cera até o fim.../Do alto, o coração/Mais alto, o coração...” Meus títulos não foram suficientes para me tirar a capacidade de ouvir essa música e não me emocionar. Educar é um ato de amor, de liberdade. Quem de nós, porém, está preparado para aceitar que nossos estudantes (e filhos) ponham asas coladas com cera e voem, rumo ao sol, sem tirar-lhes o direito de ir tão alto a ponto de o calor derreter a cera?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Um Estatuto, urgentemente, para professor


Sou, convictamente, contra qualquer tipo de Estatuto. Entendo que só é necessário existir Estatuto do Idoso, do Adolescente, do Torcedor, da Juventude e quetais porque as pessoas não se respeitam. Há muito defendo que a Constituição brasileira deveria ter apenas um artigo: “Todo ser vivo deve respeitar o outro ser vivo”. Acrescido de “revoguem-se as disposições em contrário”. Como, porém, vivemos, no Brasil, a era do Estatuto para tudo quanto é situação, faz-se urgente que haja um Estatuto do Professor. Hoje li, estarrecido, que um estudante de 15 anos, em Montes Claros, Minas Gerais, arremessou uma carteira escolar contra a professora por não concordar em ter sido advertido. Não se tem notícias de quais foram os termos dessa advertência, nem a forma como ocorreu. Qualquer que tenha sido, no entanto, não dá direito ao estudante de reagir como reagiu o estudante de Minas Gerais. Quaisquer limites da tolerância começam a ser afetados e urge que se tome alguma providência para evitar que os professores se tornem reféns de estudantes violentos e destemperados. Quem não se lembra do mês de maio de 2009, quando o Auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi invadido pelo irmão do governador Omar Aziz e fui brutalmente agredido por comentar uma manobra articulada pelo então Senador Arthur Neto para retirar o nome do então vice-governador da CPI da Pedofilia? A violência contra professores e professoras atingiu um nível tão insuportável que, diante da moda dos Estatutos, é urgente que algum parlamentar proponha, imediatamente, a criação do Estatuto do Professor. Antes que estudantes, pais, parentes e agregados se achem no direito de invadir os espaços educativos e surrar professores por discordarem das suas ideias.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os problemas do Sisu para as universidades


Finalizei a publicação de ontem, dia 8 de fevereiro de 2012, neste Blog, com uma frase. “Com o Sisu, amplia-se o “pacto da mediocridade” e instala-se a era da “hipocrisia acadêmica”, que merece ser aprofundada. Os entusiastas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) só apontam o que consideram positivo: dar oportunidade a que todos concorram, de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País. Há, inclusive, os que acrescentam a esse argumento: “de igual para igual”. Já começam a falsear a verdade, se é que existe verdade! Se não for esse o desejo, “falsear a realidade”, só se pode dizer que se trata de um tremendo cara-de-pau, quem assim age. O Sisu toma por base o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que mede, portanto, apenas o desempenho individual dos estudantes. Não leva em conta as escolas. Acontece que uma escola de São Paulo, por exemplo, não pode ser comparada com uma escola do interior do Amazonas. Será uma raridade, quase um milagre, que um estudante da segunda escola, ou seja, do interior do Amazonas, tenha desempenho similar ao de uma escola de São Paulo, capital. Logo, é falacioso o argumento de que no Sisu, a concorrência é “de igual para igual”. É do cerne do Sistema, também, para garantir essa pseudo-igualdade da concorrência universal, haver várias listas de espera, ou seja, várias chamadas. Certamente por sustentar um argumento falacioso, esse é, também, o maior defeito do Sisu. Sabem por quê? Porque amplia sim o chamado “pacto da mediocridade”. O que se dizer de um estudante que é acolhido em sala de aula faltando um mês para terminar o período letivo? Terá condições de ser avaliado utilizando-se os mesmos parâmetros dos outros? Legalmente, como ficam, por exemplo, as freqüências? Fossem ser “legalistas”, os professores e as instituições, esses estudantes das últimas chamadas já ingressariam reprovados. Por desempenho e por faltas. Se uma das disciplinas for de 60h, como são as do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e esse estudante for “repescado” um mês depois, estará reprovado por faltas, por maior que seja a bondade do professor. O Sisu, portanto, como falei ontem, instala uma “hipocrisia acadêmica” por obrigar, como nas instituições privadas, o professor a aceitar que a turma seja “complementada” ad eternum. A efetividade da administração acadêmica termina afetada nas instituições. Sem contar os casos de curiosidades que levam ao descrédito, com os da Universidade Federal do Amapa (Unifap) e Universidade Federal do Acre (Ufac) que não tiveram nenhum estudante matriculado na primeira chamada para o curso de Medicina.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

No Amapá, vagas para Medicina não foram preenchidas


Depois que no dia 4 de fevereiro de 2012, divulguei, neste Blog, um fato que virou manchete dos jornais de Rio Branco no mesmo dia, que nenhum dos aprovados para o curso de Medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac) tinha realizado a matrícula, o site Estadão.com.br divulgou o mesmo fato, dia 06 de fevereiro de 2012. Lá, gerou comentários preconceituosos como este: : “E o Acre existe? Kkkkkkkkkkkk UFAC - universidade federal das ausências concorridas”, que consta da postagem de ontem deste Blog denominada “reações preconceituosas contra o Acre e a Ufac”. Dos comentários que recebi, um me chamou a atenção pelos dados. Não o publiquei, na íntegra, porque era assinado por um “anônimo”. E esse é o critério que uso para não publicar comentários: ser for anônimo, de imediato, a publicação está rifada. Acontece que o comentário aponta um dado interessante. Este ano, das 15 vagas destinadas à Medicina, usando as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na primeira chamada, nenhuma foi preenchida na Universidade Federal do Amapá (Unifap). Na segunda chamada, somente três das 15 vagas foram preenchidas. De acordo com a de denúncia anônima, no ano passado, na Unifap, as vagas do Sisu para Medicina só foram totalmente preenchidas na sexta chamada. Este ano, candidatos “com notas altíssimas” no vestibular da própria Unifap ficarão de fora, porque 15 vagas foram destinadas ao Sisu. Ao invés de reações preconceituosas, o que se deveria discutir era o procedimento das universidades federais no uso das notas do Enem. A pessoa que me mandou o comentário, certamente, é um dos concorrentes da Unifap, pois encerra dizendo que fica “vendo as mil chamadas de repescagem do Enem, com frustração e indignação”. Reafirmo: essa pedra foi cantada por mim em um debate, no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), na minha última candidatura à reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Fui, e ainda sou, frontalmente contra o uso do Enem, pelas distorções regionais que provoca ao tentar promover, forçadamente, “uma concorrência nacional” entre todos os estudantes do País, com o falso argumento de que isso irá melhorar a qualidade do ensino. No máximo, o que o Sisu ressalta, é a vala existente entre o ensino nas regiões Sul e Sudeste em relação às demais regiões do País. E quando acontece de a turma ser preenchida somente na sexta chamada? Um caos para a administração acadêmica das universidades, pois, o semestre termina e os professores ainda estão a receber novos estudantes nas turmas. O não-preenchimento do total de vagas na primeira chamada, em qualquer curso, portanto, é uma característica inerente ao Sisu, principalmente para as universidades do Norte. Não mudará e nem deve criar qualquer tipo de reação preconceituosa. Internamente, no entanto, algo precisa ser feito, pois, é praticamente impossível um professor receber um novo estudante há um mês do término do período, ter como tratar honestamente a situação e aprová-lo. Com o Sisu, amplia-se o “pacto da mediocridade” e instala-se a era da “hipocrisia acadêmica”.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Reações preconceituosas contra o Acre e a Ufac


Somente ontem, dia 06 de fevereiro de 2012, o jornal O Estado de S. Paulo, no site Estadão.com.br, divulgou o fato de que nenhum estudante aprovado no Vestibular da Universidade Federal do Acre (Ufac) para o curso de Medicina, o mais concorrido da instituição, matriculou-se. No dia 04 de fevereiro de 2010, neste Blog, portanto, dois dias antes, divulgamos o fato, ressaltamos a curiosidade, porém, analisamos as possibilidades concretas e ressaltamos que, com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a possibilidade de isso ocorrer em qualquer universidade, principalmente do Norte, é real. Como a Ufac não aderiu ao Enem, logo, também não ao Sisu, o curso de Medicina foi escolhido por estudantes de todo o Brasil, certamente, para “garantir” a vaga, caso não fossem aprovados em nenhuma das primeiras opções do Sisu. Portanto, o curso de Medicina da Ufac não era a primeira opção de nenhum dos 40 aprovados; nem mesmo do único acreano entre eles. Logo, as matrículas não foram efetuadas. O fato não diminui em nada a credibilidade do curso da Ufac nem da universidade. Provoca, no entanto, comentários desairosos e carregados de preconceitos como um de uma leitora do site Estadão.com.br, que, de forma jocosa, postou: “E o Acre existe? Kkkkkkkkkkkk UFAC - universidade federal das ausências concorridas”. Algumas análises no site do famoso jornal brasileiro foram muito mais profundas do que a própria matéria: um arremedo de humor e zero de jornalismo. Saldo lamentável de tudo: a certeza de que a ignorância, a falta de informação e o preconceito não dependem de limites geográficos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Educamos para a vida em sociedade?


Hoje, ao observar o retorno às aulas da maioria das escolas brasileiras, me veio a pergunta: “Educamos para a vida em sociedade?” Certamente não tenho a resposta exata para os questionamentos que a mim afligem. E que talvez aflija muitos dos leitores e leitoras. Enquanto o mundo gira, com violência, insegurança e todas as contradições, “lá fora”; temos a tendência de prender os filhos em casa, na escola, nas associações. Será efetivo o aprendizado, nas escolas, em quaisquer dos níveis, para se “enfrentar o mundo”. Todo o processo educacional, gerenciado pelo Estado, não estaria voltado à “formação para o mercado” e não para a vida em sociedade? Como preparar para a vida sem que as pessoas saibam, conscientemente, como enfrentar a violência, as drogas, a prostituição, as baladas constantes, festinhas, orgias, etc. ? Como diz Roberto Carlos e Erasmo Carlos e uma de suas músicas mais populares “... será que tudo o que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda”? Um ser que passa a vida “condenado a fazer o que não quer” sairá dessa clausura preparado para a vida? Viver é experimentar, experiênciar para, em seguida, decidir, autonomamente, o que se quer fazer ou não. Repensar o modelo do processo educacional vigente é nosso dever. Porque, ao que tudo indica, ele pouco tem resposta para nossas dúvidas.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Uma UEA para o Acre, mas sem xenofobia


A declaração do deputado Eber Machado (PSDC), propositor da criação da Universidade Estadual do Acre (UEA), sobre o episódio da não-matrícula de nenhum dos estudantes aprovados para o curso de Medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), dada a um dos jornais de Rio Branco, sábado, é apressada, equivocada e revela que a nova universidade por ele proposta será fechada, em quotas, apenas para acreanos. Erro crasso, por conter fobia contra “estrangeiros” no próprio nascedouro. Diz ele ao jornal que o episódio “comprova a ineficiência da Ufac, e acrescenta: “’Além de tomarem as vagas dos acreanos, ainda zombaram da gente em não fazer as matrículas. Os burocratas da Ufac fizeram um vestibular para o Brasil”, criticou o parlamentar, ressaltando que a sua proposta é para “corrigir essas distorções’.” Não se trata, de jeito nenhum, de ineficiência da Ufac. Mais dia, menos dia, isso aconteceria com a Ufac ou qualquer outra universidade de região. Com a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que levam em conta as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a possibilidade de uma ocorrência desse tipo não seria totalmente eliminada. Quanto à proposta dele da UEA, afora o fato que já existe uma UEA no Amazonas (Universidade do Estado do Amazonas) nada contra. Criar, porém, uma universidade apenas para “acreanos” é impensável. O que seria de mim, acreano, se não pudesse ser recebido na Universidade de São Paulo (Usp), por exemplo? Não teria cursado nem Mestrado nem Doutorado fora de Manaus. E se não fosse recebido em Manaus por ser acreano?

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Nenhum estudante se matricula em Medicina na Ufac


Fato inédito ocorreu ontem na Universidade Federal do Acre (Ufac): dos 40 estudantes aprovados para o curso de Medicina daquela instituição, nenhum efetivou a matrícula. Não se trata, de forma nenhuma, de questionar a qualidade do curso de Medicina da Ufac. Na verdade, a Instituição e, principalmente o curso, são vítimas dos erros e acertos da aplicação de um Exame Nacional e de um Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O que ocorreu? Por decisão do Conselho Universitário, a Ufac não aderiu ao Enem, por conseguinte, ao Sisu. Com isso, estudantes do Brasil inteiro ficaram com mais uma opção: fizeram o vestibular da Ufac e se submeteram ao Enem. Resultado: o Curso de Medicina da Ufac foi o mais concorrido da Instituição e terminou com nenhum matriculado, inclusive, o único acreano aprovado também não se matriculou na primeira chamada. Antes, neste espaço, essa pedra foi cantada. Ocorreu na Ufac e poderá ocorrer em qualquer outra universidade, principalmente do Norte, e em qualquer curso. Esse é o resultado perverso do Enem e do Sisu.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A tendência de "escolão" da universidades brasileiras


Certa vez, quando o escritor amazonense Márcio Souza chamou a antiga Universidade do Amazonas (hoje Universidade Federal do Amazonas - Ufam) de Grupo Escolar Universidade do Amazonas, provocou uma gritaria geral. Poucos conseguiram, porém, perceber a profundidade do raciocínio de Souza. Hoje, vejo com clareza que, se as universidades se resumirem a seguir as políticas públicas vigentes para a Educação Superior correm o risco de se transformar sim, em meros “escolões”. Uma dessas tendências é a dita “formação para o mercado”, que carrega um viés extremamente mecanicista. A outra é uma reação velada ao que se chama de “produtivismo” nos programa de Pós-graduação. Não sou defensor voraz do processo de “produção” nos moldes que funciona na Pós-graduação brasileira. No entanto, é impossível pensar em professores doutores (pesquisadores, portanto) que não produzem nada. Não considero “coisa do outro mundo” alguém publicar dois artigos por ano. É bem-verdade que o processo de exploração de doutores para a obtenção de recursos e financiamentos para as universidades é intenso. No entanto, não pode mesmo ser chamada de universidade qualquer instituição que, mesmo possuindo cursos de pós-graduação, tanto esses quanto os de graduação, são espaço apenas para aulas. Essas instituições podem ser denominadas “escolões” sem medo. E nem devem reagir se assim forem chamadas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O controle dos financiamentos públicos pelo público


Ontem, por ocasião da postagem “Os leigos podem e devem supervisionar a Ciência”, cujo questionamento final foi “Será que haveria o mesmo entusiasmo se fosse proposto, por exemplo, o Conselho Nacional de Ciência (CNC)? Quem bancaria essa ideia?” recebi alguns pedidos de esclarecimentos. Inicialmente, trata-se de uma provocação. Por princípio, a pesquisa científica não deve ter nenhum tipo de barreira. Ela (a Ciência) só avança com liberdade total. O que se questiona é o seguinte: como podemos considerar democrático e legal controlar o Judiciário se não fazemos o mesmo com a Ciência. O que considero possível e necessário é um mecanismo de fiscalização, por parte da própria sociedade, da aplicação dos recursos públicos em Ciência, Tecnologia e Inovação. Não aceito que alguns “iluminados” apenas pelo fato de terem conseguido o título de “doutor” sejam os “donos-da-verdade” e capazes de deliberar sobre o que é ou não estratégico para o Brasil. Quem disse, por exemplo, que pesquisas sem nenhum tipo de retorno prático para a sociedade, devem ser finaciadas? O financiamento público da pesquisa deve sim, ser fiscalizado pela sociedade. Ora, se juízes precisam ser controlados externamente, por que pesquisadores e cientistas também não podem? E digo mais, todas as pesquisas financiadas com recursos públicos deveriam ser disponibilizadas gratuitamente à sociedade em livros e e-books produzidos pelas editoras universitárias. O compromisso de quem recebe financiamento público deveria ser este: a circulação livre das informações produzidas. Sem isso, os grupos de pesquisa, por conseguinte, as universidades, transformam-se em escritórios de negócios particulares financiados com recursos públicos, porém, sem gerar retorno à sociedade.