Às vezes revolta-me a visão equivocada de muitos estudantes universitários (alguns professores e professoras também partilham dessa visão) de que a greve só prejudica a vida deles. Há um processo lento e gradual de sucateamento das universidades públicas brasileiras e de achatamento da carreira e dos salários dos professores. No entanto, grande parte das pessoas faz questão de olhar apenas para o próprio umbigo. É como se perdurasse uma máxima perversa do tipo “se eu obtiver o meu diploma, as próximas gerações que se lixem.” Alguém, em sã consciência, tem as mínimas condições de trabalho, por exemplo, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), só para ficar em um exemplo? No curso de jornalismo, particularmente, não as tenho. No período passado contei com a colaboração e a compreensão dos estudantes para ministrar “Webjornalismo” virtualmente, pois nossos laboratórios não possuem um equipamento sequer. A única estrutura que temos é a rede wireless. Os estudantes usaram seus equipamentos pessoais, fizeram as “tarefas” em casa e conseguimos superar o período letivo com boa parte das habilidades desenvolvidas. É desonesto, porém, não oferecer permanente as condições de trabalho necessárias aos professores e estudantes. No período atual, tivemos de fazer uma mobilização para garantir condições básicas nas salas de aulas: quadro de giz e ar-condicionado funcionando. Ainda que ganhássemos os melhores salários do mundo, temos razões de sobra para paralisar as atividades por falta de condições mínimas de trabalho. Somos trabalhadores, a Ufam (portanto o Governo Federal) é a nossa patroa. Não cabe a nós, os professores, captarmos recursos. É dever do Estado e da mantenedora nos suprir com laboratórios, material permanente e material de consumo básico para desenvolvermos nossas tarefas. Se isso não acontece, temos razões de sobra, inclusive, para solicitar judicialmente a interdição da organização na qual trabalhamos. Para o nosso bem e da própria sociedade.
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