Espantado e estarrecido! Assim fiquei após a última fala de um dos professores, cujo nome não revelarei, na Assembeia Geral dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), realizada ontem, às 9h, na sede da Adua. Utilizando-se da velha é conhecida tática de pedir a palavra por último e a título de protestar contra a possível defesa do “bico” na universidade, determinado professor, aos gritos, ofendeu-me com frases do tipo “o professor Gilson Monteiro veio aqui e falou um monte de besteiras”. Prepotente por achar que o movimento dos professores é monopólio dos velhos sindicalistas barbudos (cuja barba nem conseguem manter, talvez por vergonha), destemperado, por gritar e ser grosseiro, numa demonstração de falta de educação e trato com os colegas e “pouco inteligente" por não conseguir fazer o exercício de interpretação de uma fala, o professor(?) investiu na desagregação e na ofensa pessoal. Reconheço que o ato da reconstrução de um evento comunicativo contido em uma fala, por mais que pareça algo simples, requer uma complexa rede de habilidades para lidar com saberes acumulados ao longo de uma vida e usá-lo no ato interpretativo. O fulano imaginou que eu usaria o direito regimental que tenho da tréplica para um enfrentamento. Não o fiz. Numa hora dessas, em que a categoria renasce, com 70 professores presentes à Assembleia, aceitar provocações e partir para revides pessoais é esquecer o coletivo. Manter o equilíbrio e a frieza na hora de falar, ou de calar, é exercitar a tolerância e a inteligência. A sabedoria surge desse exercício diário de tolerar até os imbecis. Confesso, porém, que também fiquei espantado e estarrecido com a completa falta de capacidade de interpretar uma fala demonstrada pelo professor (?). Quando você fala para um auditório com 70 pessoas e uma delas, somente uma delas, faz questão de entender o adverso do que você disse; ou se trata de má-fé ou é uma grave falha na formação desde o Ensino Básico. Como, no meu entendimento, foi um típico caso de má-fé, apenas sorri ironicamente não fiz a tréplica. Nada irrita mais os imbecis do que ignorá-los. A mobilização dos professores é mais importante do que a quizila de um prepotente, mal-educado e desidioso. Permanecerei na luta com equilíbrio e discernimento. O episódio deixou-me ainda mais preparado para lidar com as provocações dos incautos e para compreender a pouca habilidade de alguns tanto na educação básica domiciliar de respeito ao outro quanto reconstrução de um evento comunicativo.
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