Um
dos maiores equívocos cometidos por grande parte dos doutores brasileiros,
principalmente os que atuam em regiões menos desenvolvidas como a Amazônia, por
exemplo, é o que convencionei chamar, nesta postagem de "a sedução dos
pares". Embevecidos pelos critérios de extrema produtividade dos programas
de Pós-graduação que os formam, doutoras e doutoras voltam para a Instituição
de origem completamente esquecidos de algo basilar: sem cursos de graduação
fortes, não se alimentam os cursos de pós-graduação. A sedução dos pares,
portanto, é essa viseira que os impede de ver que há vida além da pós, dos
artigos, dos capítulos de livros ou livros e dos critérios "Qualis
qualquer coisa". Em alguns mais afoitos, a sedução dos pares, às vezes, os
faz até exigir nem passar perto das salas de aula de graduação: só conseguem
viver para o outro doutor ou a outra doutora. É um tipo de equívoco que gera
uma cadeia de mediocridade que termina por desaguar nos próprios cursos de Pós-graduação
que, como ocorre atualmente, encontram enormes dificuldades para selecionar
candidatos. A continuar essa prática de abandonar os primeiros períodos dos
cursos de graduação, a própria Pós-graduação brasileira pode morrer por
inanição. É salutar para a Pós-graduação a pesquisa, os projetos, as
descobertas. Não se pode, porém, ao voltar de um curso de Mestrado ou
Doutorado, esquecer que o mundo ao nosso redor, principalmente na Universidade
Federal do Amazonas (Ufam) tem como matéria prima a graduação. Já ouvi de
alguns doutores que, agora, a Ufam tem de se preocupar com a Pós-graduação e
deixar que as particulares cuidem da graduação. Isso é um erro estratégico sem
precedentes. Inclusive, porque, nos últimos, anos, tem sido essa a política pública
para o setor. Dos Governos de Fernando Henrique Cardoso, passando pelos
Governos de Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, nos primeiros anos do Governo
Dilma Rousseff. Aliás, com um pouquinho de acuidade, se pode perceber que a tal
"sedução dos pares" recebe, por meio de editais e recursos das
agências de fomento, incentivos constantes. Somos empurrados a participar dessa
"corrida maluca" por verbas, incentivos e prêmios e não percebemos
que os cursos de graduação, Brasil afora, padecem e tendem a fenecer. É nossa
responsabilidade, quaisquer que sejam os nossos títulos, desarmar essa
bomba-relógio, antes que sejamos todos mortos pela mesma doença: a que só nos
deixa enxergar o próprio umbigo.
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