Ao
ingressar na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em março de 1993, uma das
coisas que mais me marcaram foi ler, em uma matéria publicada pelo jornal Folha
de S. Paulo, que 90% (noventa por cento) da energia gasta pelos professores da
Universidade de São Paulo (Usp) era em inveja contra os colegas professores (e
professoras). Desde então, pensei em fazer uma espécie de "cruzada em
favor da saúde mental na universidade brasileira". Confesso, inclusive,
que o título inicial desta postagem era "uma cruzada em favor da saúde
mental na universidade brasileira". Isso porque, tive acesso ao texto
"A
síndrome do pequeno poder". Lá, encontrei uma observação:
"Qualquer semelhança com a nossa ordem maçônica é mera coincidência".
A cada letra lida, a cada espaço em branco vencido ficava a certeza:
"qualquer semelhança com o momento atual vivido pela Ufam, certamente, não
é mera coincidência". Se não, vejamos, apenas um trecho do texto: "A
SÍNDROME DO PEQUENO PODER, faz com que as pessoas venham a imaginar que detém
um poder maior do que as outras. Muitas vezes é um poder herdado por tradição,
pela força bruta ou por algum transtorno dissociativo também conhecido na
psicologia como SÍNDROME DA PERSONALIDADE POSSESSIVA E OBSSESSIVA ou SÍNDROME
DO NARCISISMO MALIGNO." À parte os erros de grafia, é para refletirmos,
como profundidade, sobre o que acontece em nosso ambiente de trabalho. Tomasse
este rumo, porém, manteria o título inicial e escreveria uma postagem raivosa e
vil sobre quem resolveu praticar a cretinice como regra e o exercício do
"pequeno poder" como obsessão. Resolvi nem citar o nome da pessoa que
imagina poder manipular as outras pessoas a vida inteira dentro da Ufam e obter
delas a subserviência permanente. Aliás, há muitos com essa maldita síndrome.
Na Usp, à época, eram 90 % a querer trucidar os colegas. Na Ufam, sabe-se Deus
quantos os são. Há representantes entre os ex-reitores, ex-diretores,
ex-presidentes da Adua, DCE, Centros Acadêmicos, enfim, há quem não consiga
viver feliz se não estiver a praticar o exercício da manipulação
permanentemente. Mudei o título, portanto, melhor mudar o ritmo desta prosa
para a amorosidade e a afetividade. Que tal tomarmos como modelo Maria Luiza
Cardinale Baptista que, inclusive, prefere ser chamada de Maluca, um acróstico
com as sílabas iniciais do seu nome e mantém uma empresa, a Pazza, cujo significado em
italiano é louca, para fazermos um libelo em favor da loucura na academia?
Desde que conheci o texto "Emoção e subjetividade na paixão-pesquisa..."
da minha doce, querida e maluca, Maria Luiza Cardinale Baptista, que veio à
Ufam participar de um Seminário do Programa de Pós-gradução em Ciências da
Comunicação (PPGCCOM) convenci-me de que, talvez, a saúde mental seja a maior
doença da universidade brasileira. Maria Luiza é tão maluca que teve a ousadia
de criar o AMORCOM!:
Grupo de Estudos e Produção em Comunicação, Amorosidade e Autopoiese. Depois de
104 anos de existência, não seria chegada a hora de a Ufam fazer uma opção pelo
respeito, pela amorosidade e pela tolerância e dizer um não peremptório a
qualquer grupo que queira exercitar a "Síndrome do pequeno poder"?
Será que não seremos capazes de dizer não a essas "psicopatologias
insanáveis" (de determinadas figuras da Ufam) que querem vampirizá-la e
aparelhá-la? A Ufam em particular, e a universidade brasileira, no geral, não
devem mais aceitar a prática da intolerância e da cretinice como regra.
Devemos, em conjunto, crescer como gente passarmos a defender a afetividade e a
amorosidade como basilar para o estabelecimento de todas as relações dentro das
instituições. Não podemos nos deixar dominar por alguns dos problemas
periféricos advindos da "síndrome do pequeno poder", dentre eles o "PATRIARCALISMO:
relações familiares e de gênero entre o homem e a mulher; o ADULTOCENTRISMO:
relações familiares entre pai e filhos e a SUBORDINAÇÃO: assimetria de relações
de gênero entre homem e mulher e ainda de ingerência exacerbada da chefia para
com os chefiados." A tendência de quem possui a doença o "pequeno
poder" é transformar, pela força, subordinação em subserviência. Isso
acontece, porém, com quem indica o sucessor e quer governar por ele. Qualquer
semelhança entre os conflitos vividos pelo governador Omar Aziz e o
ex-governador Eduardo Braga, não é mera coincidência. Assim como não é mera
coincidência o que ocorre na Ufam atualmente. Exercitar o amor ao invés do
ódio, a compreensão (e a negociação) ao invés da subserviência talvez seja o
primeiro passo a ser dado nas universidades brasileiras para que as pessoas
consigam transformá-la em um lugar melhor para se viver, portanto, para se
trabalhar. Parafraseando Maria Luizia Cardinale, que vivamos uma "louca
paixão" pelo nosso local de trabalho! Sem, no entanto, ter o ódio e a
vilania nem com fim nem como meio.
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