quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O linchamento público como questão de (des) honra


Talvez tenha sido ingenuidade demais da minha parte, ou, quem sabe, fui afetado pelo espírito natalino, ao escrever, no dia 22 de dezembro de 2013, neste mesmo espaço, a postagem "As relações no ambiente universidade", e ter sonhado que a escolha do reitor ou da reitora da Ufam, agora em 2013, seria enfim, uma disputa de propostas e ideias. Desde o momento que a atual reitora, Márcia Perales Mendes Silva, anunciou que seria candidata à reeleição, houve uma reação tão indignada e odiosa de parte do grupo que a apoiou na primeira eleição que  beira o linchamento moral. Há um trabalho contínuo, feito diuturnamente, que se assemelha a um comportamento obsessivo. É como se fosse uma questão de honra (a mim me parece uma questão de extrema desonra) ser o "senhor de todas as batalhas". Algo do tipo: ganho, e ninguém mais pode ganhar, qualquer consulta na Ufam enquanto eu for vivo. Após definirem uma candidatura que une o antigo reitor, Hidembergue Frota (antes acusado por grande parte dos membros do PT de ser PSDB), ao Partido dos Trabalhadores (PT), pelo que se recebe de telefonemas, é como se um "call-center" tivesse sido montado com o único objetivo: destruir reputações. Em duas disputas pela reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), fui vítima de sórdidas campanhas, baseadas em vilanias e maledicências típicas da canalhice de predomina entre alguns pares na Instituição. Terminei derrotado nas duas, mas, saí delas com uma convicção: combaterei diuturnamente, qualquer tipo de campanha, de chefe de departamento a reitor, que seja baseada no ataque pessoal (inclusive no ataque à família, como o fazem agora). Quero posições claras relativas, por exemplo, ao modelo de universidade que, afirmo e reafirmo, foi implantado nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, refinado nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e, aprofundado nos primeiros anos do Governo Dilma Rousseff. Temos o direito de saber o que pensam os candidatos a reitor sobre o uso desregrados dos recursos e equipamentos da universidade, que é pública, para a "prestação de serviços". É fundamental que deixem claro qual a posição, dos candidatos e dos grupos que representam, quanto à falta de condições de trabalho e a expansão desenfreada que, se ampliou vagas, ampliou, na mesma proporção, a necessidade de verbas para manutenção e custeio, que não vieram. Não posso aceitar que, às escuras, se viva como se fossem operadores de call-center a tentar apoio baseado na destruição do outro (ou da outra). Essa obsessão desmedida por destruir o outro me fez lembrar da tragédia ocorrida com a família Belota, quando, com requintes de crueldade, pai, tia, prima e até o cachorro da família foram trucidados. Não será o linchamento moral que se pratica hoje dentro da Ufam tão ou mais violento e chocante que o crime ocorrido na cidade? Não posso crer que sejamos exemplos para ninguém, muito menos para a sociedade, se aqui, intramuros, praticarmos uma espécie de Ultimate Fighting Championship (UFC) da Ufam. E o que é pior. Um UFC sem nenhuma regra mínima de respeito ao adversário. Terminada a consulta, vença quem vencer, seremos professores e técnicos a compartilhar com estudantes um ambiente no qual vale até golpe no fígado? Que sejamos menos obsessivos, menos doentes e mais respeitosos e dignos com todos os nossos pares. Que a disputa pela reitoria da Ufam não seja um UFC de décima quinta categoria é o que defendo. Ainda que, por mais que haja idolatrados e idolatrantes do UFC nos quatro cantos do planeta, eu não veja nenhuma luta. A mim me parece o nosso retorno à barbárie como civilização. É dever dos membros dignos da comunidade da Ufam lutar para que a consulta não se transforme em um UFC no qual mutilar o outro seja a regra básica.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

Visite também o Blog Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.