Não
tenho nenhum tipo de preconceito quanto ao uso das Mídias Digitais em sala de
aula. No Programa de Mídias Digitais da Universidade Federal do Amazonas (ECOEM/UFAM), inclusive, eu e o professor
Danilo Egle passamos a experimentar o Facebook como auxiliar ao processo de
aprendizagem durante este semestre. Ao final, publicaremos um artigo sobre a
experiência. Há, no País, porém, tanto por parte do Ministério da Educação, na
ânsia de aumentar suas estatísticas, quanto nas Instituições particulares, na
ânsia do lucro pelo lucro, um equívoco dos mais graves: considerar que a
Educação a Distância (EAD) solucionará os problemas da Educação Superior
brasileira. Não o fará! Pode, ao máximo, funcionar como uma excelente
"fábrica de diplomas", porém, os formados tendem a não ter o mesmo
nível dos formados presencialmente, como todos os problemas estruturais enfrentados
pelas universidades públicas brasileiras. E digo o porquê! Na EAD, o
comprometimento e a responsabilidade do estudante precisam ser dobradas. Mais
dedicação, mais estudo, mais leitura! Atualmente, nem na sala presencial se
consegue o comprometimento e a "entrega" da totalidade da turma. O
que se dirá de uma turma de 300 estudantes, à distância, mediados por tutores?
Outra premissa essencial para que a EAD dê certo? A capacidade de leitura,
interpretação de textos e de escrita. Não se precisa ser nenhum gênio para
saber que os estudantes de EAD ou são trabalhadores que não possuem tempo para
estudar na "escola" tradicional ou nela não conseguiram ingressar.
Por terem ficado pelo meio do caminho nos processos seletivos bem mais
refinados que os utilizados para a "formação das turmas" em EAD.
Resultado: nem se precisa ir muito longe para concluir que estudantes com esses
perfis possuem pouca possibilidade de realizar uma monografia, à distância, com
qualidade razoável. Como consequência de tudo isso, o que se tem hoje no Brasil
é um mercado de venda de "teses e dissertações", inclusive pela Internet,
que não para de crescer. Por conta da hipocrisia coletiva que reina, ninguém
quer discutir, com profundidade, o problema. Ao fim das contas, nos mais
longínquos rincões do País, há um exército de portadores de diploma de nível
superior, analfabetos funcionais, a engrossar as estatísticas positivas do MEC e
das Instituições particulares. E nós, tranquilamente, encostamos a cabeça no
travesseiro e fingimos que não temos nada com isso! Bem! Confesso que sinto um
pouco de vergonha e toparia rediscutir todo o processo. Quem aceita?!
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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