Grande
parte das pesquisas (e dos textos delas advindos) sobre a Internet no Brasil e
no mundo está contaminada pelo fetiche da tecnologia. E isso provoca equívocos
que passam a se transformar em regra ao longo do tempo. Um dos mais graves, por
exemplo, é utilizar a expressão "mídias sociais" como se significasse
exatamente Twitter, Facebook e quetais. Há muito, no Programa de Pós-graduação
em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam)
e no Programa de Mídias Digitais (ECOEM/UFAM) mudamos essa abordagem. No ECOEM/UFAM (veja nosso portal ainda em
fase experimental) não somos contaminados pelo fetiche da tecnologia. Entendemos
que smartphones, tabletes e afins são "dispositivos móveis" por meio
dos quais os usuários promovem experiências receptoras, tanto das mídias
tradicionais (Rádio, TV, Jornal, Cinema), quanto das Mídias Digitais (todo o
tipo de tecnologia digital que existe ou que venha a existir capaz de otimizar
a circulação de informações digitalizadas). Acontece que nas Mídias Digitais
tanto se pode ter experiência receptoras dos mídias tradicionais quanto da
"nova mídia". Os dispositivos móveis são as plataformas, os
dispositivos tecnológicos que servem de base para a recepção. Mais nada! Assim
o é, também, com o que alguns teóricos chamam indistintamente de "redes
sociais", "mídias sociais" e coisas do gênero. Os sites do
Facebook, do Twitter, do FourSaquare e qualquer outra "rede" que
surgir não passam de ferramentas. São o suporte tecnológico para que os
usuários construam suas redes. A utilização a apropriação desses espaços sim se
constituem em redes sociais. Na prática, há uma rede social para cada um dos
usuários e em cada uma das plataformas que ele utilizar. Entendemos, portanto,
que os dispositivos móveis e as Mídias Digitais só fazem sentido se auxiliarem
a diminuir a solidão das pessoas. Se fizerem com que as pessoas, no mundo real,
se encontrem mais e aprendam a transformar a vida em uma "tremenda
curtição" como o fazem nos espaços individuais e nas redes (sociais) que
criam nas Mídias Digitais. Em assim não sendo, terminam por criar um exército
de solitários que não encontra mais prazer em outra coisa a não ser expandir o
número de seguidores das vossas redes. Passam a praticar uma espécie de ménage a
tróis de avatares. Com isso, os encontros e as interações virtuais ganham mais
importância do que as trocas da vida real. Ou criamos um grupo de Internautas
Anônimos (IA) para tratarmos coletivamente desse mal ou a prática do ménage a
tróis de avatares será a marca registrada dessa geração de zumbis digitais. E
nós, os pesquisadores da área, temos imensa responsabilidade para e com esses
zumbis. Isso se já não formos um deles.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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