domingo, 3 de março de 2013

A crítica que não deve cegar


Uma das coisas que aprendi ao longo da vida é basilar para o comportamento que, aos poucos, molda minhas atitudes: ser crítico não significa fechar os olhos para o mundo. Embora muitos digam que já fui assim, não consigo me ver uma pessoa que se nos apresenta contra tudo. E se um dia assim fui, aprendi, não apenas com a vida, mas, principalmente, com os estudos, com a Ciência, com os autores. E dei um salto de qualidade na vida ao cair, de cabeça, nos estudos de Maturana e Varela, Edgar Morin, Fritjof Crapa e, sobretudo, Maria Luiza Cardinale Baptista. Ela me iniciou no mundo da "paixão-pesquisa", que passei a denominar "emoção-pesquisa", embalado pela afirmativa de Morin:"somos 100% razão e 100% emoção". Foi a partir dele, dos estudos mais profundos sobre a complexidade, que passei a entender que não há nenhum ser (humano ou não) que seja totalmente bom ou totalmente ruim. Temos falhas, faz parte da nossa própria condição de humanos, mas, não devemos cobrar dos outros, nem de nós, a perfeição. Nossa base educacional judaico-cristã, ao invés de ver, no erro, o critério fundamental para o processo de aprendizagem, encara-o como se fosse a variável essencial para a punição. E quando o erro é visto única e exclusivamente como base para a punição, geramos culpa e passamos até a nos punir quando consideramos que erramos. O crítico extremo, portanto, termina cego em função do próprio olhar crítico. Nem as verdades científicas podem ser tão extremas a ponto de nos cegar. A se levar em conta que Morin está certo, bondade e maldade existem em qualquer um de nós e convivem harmoniosamente como faces da mesma moeda. A vida, na academia como na sociedade, talvez seja menos dolorosa se tomarmos Morin como base para nossas decisões. Pelo menos torna-se menos sofrida.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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