Causa-me
estarrecimento e estupefação a reação das pessoas, nas redes sociais e fora
delas, em relação a dois fatos divulgados recentemente, que envolvem a
comunidade universitária brasileira: um deles foram os erros nas provas de
Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o outro o "Trote
inaceitável na Federal de Minas Gerais", comentado, ontem, neste mesmo
espaço. A mim ficou a nítida impressão, principalmente pelas "reações
indignadas", que o preconceito linguístico tem muito mais peso na
sociedade brasileira que o preconceito de raça e cor. Enquanto o "pessoal
do MEC" que corrige as redações do ENEM foi tratado de forma feroz, não
notei a mesma reação em relação aos calouros da Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Minas Gerais (UFMG) que pintaram uma colega de negro, mantiveram-na
acorrentada e circularam com ela, puxada pela corrente por um colega estudante.
Ao que parece, é mais grave cometer um erro gramatical e ser aceito que
praticar cenas de tamanha violência simbólica. Em mim fica uma sensação de
estarrecimento. A cena daquela estudante revoltou-me tanto que nem cheguei a
publicá-la. Quando vi as cópias das redações com receitas de miojo e partes do
hino do Palmeiras, que ganharam notas equivalentes a cinco serem massacradas e
reações tímidas à violência praticada pelos calouros de Direito da UFMG fiquei
a me perguntar: que universidade é esta que estamos a vivenciar? Equívocos no
uso da Língua-Padrão não podem ter peso maior que o preconceito racial e a
violência sexista cometida pelos estudantes mineiros. Se assim o for, estamos
fadados à intolerância como regra.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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