Hoje,
às 14h, houve uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Manaus (CMM) com os
candidatos è Reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) proposta pelo
vereador Gilmar Nascimento (PDT). Não tive dúvidas de que o único tema que
interessava era contestar a Ufam por participar do Sistema de Seleção Unificada
(Sisu) do Ministério da Educação (MEC). Por meio deste Sistema, as
universidades federais brasileiras usam as notas do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) para selecionar parte dos estudantes que nelas ingressarão. Por
conta de apenas um caso raro, o do curso de Medicina, que este ano não teve
nenhum estudante do Amazonas nas 50% das vagas destinadas ao Sisu, criou-se uma
cantilena populista, oportunista e desonesta. Populista e oportunista, por ser,
exatamente, desonesta. A série história registrada pela Pró-reitoria de Ensino
de Graduação (Proeg) da Ufam é de uma clareza inquestionável: em 2010, foram
matriculados 85% do Amazonas e 15% de outros estados. Em 2011, o número ficou
em 70,50% para estudantes do Amazonas e 29,50% para estudantes de outros
estados. Em 2012, a relação foi de 89% para estudantes do Amazonas e 11% para
estudantes de outros estados. Em 2012 aconteceu, porém, o que muitos usam como
argumento para tentar forçar a Ufam a mudar a decisão do Conselho Universitário
(Consuni) que destinou 50% das vagas da Instituição para estudantes que fazem o
Enem, portanto, concorrem nacionalmente. Com isso, inclusive estudantes de uma
das mais famosas escolas particulares de Manaus, não conseguem ingressar no
curso de Medicina da Ufam. Trata-se, porém, de um caso isolado. Defender que a
Ufam volte a realizar o Processo Seletivo Macro (PSM) para "proteger"
estudantes do Amazonas é uma visão estreita e canhestra do papel da Educação
superior. Espero, sinceramente, que a comunidade da Ufam não se deixe enganar
por este "Canto da Sereia" de que se deve proteger estudantes do
Amazonas. O que o vereador Gilmar Nascimento deveria fazer era cumprir sua
obrigação como parlamentar e cobrar dos governos municipais, e solicitar dos
deputados da sua legenda que cobrem do governos do estado, que nada fizeram
para melhorar a qualidade da Educação no Amazonas desde o início da história,
providências. E não fazer lobby e tentar manipular audiências públicas para
defender interesses particulares. Quero ver o vereador convocar uma Audiência
Pública para discutir, de forma séria e honesta, a Educação no Estado e no
Município. Não com essa visão enviesada e estreita que ele tem. Patrocinar uma
visão xenofóbica em relação a estudantes de outros estados chega a ser
criminoso. Não conseguir enxergar um palmo além do nariz é um direito que todo
ser humano tem. E respeito o sagrado direito do vereador. Tentar interferir na
autonomia da Ufam e nas suas decisões, porém, merece meu repúdio. Ainda mais
manipulando audiência pública, como o fez Nascimento, em época de sucessão na
Ufam. Uma coisa me deixa aliviado: o vereador Nascimento não corre o risco,
nunca, de ter o meu voto.
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