A
reitoria licenciada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Perales
Mendes Silva, que disputa a reeleição juntamente com o seu vice, Hedinaldo
Narciso Lima, ao ser perguntada, hoje, no debate realizado no Auditório do
Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), em Humaitá, sobre "o
que fazer para que os estudantes quotistas permaneçam na Instituição"
levantou um problema dos mais graves que já começo a sentir até mesmo na minha
sala de aula: a divisão entre cotistas e não cotistas. Ela foi enfática:
"Não se pode analisar o problema nem implementar políticas específica para cotistas criando uma divisão entre cotistas e não cotistas. Isso levaria a
uma posição discriminatória e a um apartheid que é tudo o que essa
administração não quer". O problema, aparamente simples, criado pela
política de cotas imposta pelo Governo federal às universidades públicas
brasileiras é de uma gravidade extrema. A Ufam tomou uma decisão prudente ao adotar
o percentual mínimo para avaliar os problemas que enfrentaria na adoção do
processo. E eles estão postos e demonstram, em alguns casos, uma ira latente da
classe média alta contra a possibilidade de conviver com pessoas das classe C,
D e E no espaço da universidade. É como se, com a política de cotas, parte de
uma "propriedade" tivesse sido surrupiada ou vilipendiada.
Implementada com a intenção de acolher pessoas e dar oportunidades de melhoria
na qualidade de vida, a política de cotas, se não for bem administrada nas
universidades, corre sim o risco de criar um apartheid que pode chegar ao
fundamentalismo e ao ódio extremo. Já tive de suspender o conteúdo das minhas
discussões em sala de aula para abordar o problema. Vejo que se começa a criar,
inclusive, por meio de deputados e vereadores mal intencionados, uma xenofobia
em relação aos "estudantes de fora", bem como aos
"cotistas". Esse tipo de ódio não pode ser fomentado. No entanto,
começa a se manifestar, em sala de aula, nos depoimentos de alguns estudantes. Esse
tipo de discurso odioso precisa ser combatido ferozmente. A Ufam não é
propriedade apenas das elites. Não se pode esquecer o mérito acadêmico e
implementar uma política de cotas meramente assistencialista. Acima de tudo,
porém, é preciso ter um ambiente de acolhimento para essas pessoas que leve em
conta, também, o mérito de elas terem conseguido ingressar na universidade. Acolhê-los
e cumprir a meta do Governo Federal de melhorar a qualidade de vida dessas
pessoas é fundamental. Sem que o ódio insano ganhe qualquer espaço.
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De fato, meu caro Gilson, a política de cotas é bem mais complexa do que aparentemente o leigo quer crer e o governo demonstrar. Requer dos gestores públicos competência em demonstrar para o Governo que, igualdade de direitos não se resume a abrir vagas-cotas e lavar as mãos como se fosse problema do gestor em particular, transferindo sua responsabilidade com à sociedade.
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