sexta-feira, 22 de março de 2013

O enterro do jornalismo no Jornal da Adua


Recebi, ontem, a cópia de uma carta indignada do diretor do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), professor Nélson Noronha, endereçada ao presidente da Adua, Belizário Neto. Tive o cuidado de entrar em contato com o professor Noronha para solicitar autorização para publicar o texto neste espaço a fim de provocar a reflexão da comunidade da Ufam, principalmente dos filiados à Adua, em relação ao ocorrido. No JORNAL DA ADUA, n  51, de fevereiro de 2013, publicaram uma "matéria" intitulada “Irregularidades: CGU aponta 33 falhas em procedimentos da UFAM”. Ao ler a matéria, chamou a atenção a coincidência das coincidências: o número de "falhas" ser, exatamente, o mesmo número de uma das chapas concorrentes à reitoria da Ufam, por um merco acaso, justamente o da chapa que faz oposição à reeleição da professora Márcia Perales e do professor Hedinaldo Narciso, que contam com o meu apoio. Conversei com os dois e me foi explicado que esse tipo de procedimento da CGU ocorre anualmente e que, detectada alguma falha, o procedimento da Administração Atual tem sido sempre o de corrigi-las. Diante das explicações e do quadro de disputa pela reitoria da Ufam, e da decisão dos dois candidatos de não interpelarem a Adua, preferi manter-me calado diante de tamanho absurdo perpetrado por meu colegas da Adua, pois, o que se tem ali sob aquele título eivado de coincidências, pode ser tudo, menos jornalismo. Diante da manifestação do professor Nélson Noronha, não fazia mais sentido esperar o fim do processo de consulta para me manifestar. Encaminhei o e-mail do professor Noronha ao presidente da Adua com o seguinte comentário: " Li, envergonhado, o texto publicado no Jornal da ADUA. Lastimável! O mínimo que aprendi com o meu querido colega e professor Antônio José Valle da Costa, o Tom Zé, ainda quando aluno dele, é que não se pode fazer uma denúncia de tamanha gravidade como aquela que foi feita, como bem disse o nosso colega, Nélson Noronha, pela ADUA, sem que a parte "acusada" seja ouvida. Só tenho a lamentar o "enterro" de qualquer resquício de jornalismo (ainda que sindical) praticado pela ADUA! Aquilo que foi publicado é um lixo. Um lixo manobrado em favor de um candidato! Pela primeira vez sinto vergonha de fazer parte desta ADUA VELHA DE GUERRA pela qual tanto trabalhei. Que cada um assuma suas preferências na disputa pela reitoria da Ufam, tudo bem. Aparelhar o Jornal da ADUA, sem o direito de manifestação de quem é acusado, é, além de tudo, criminoso!" Em seguinda, e com autorização do autor, publico a manifestação de protesto do Professor Nélson Noronha:
"CONTRA O APARELHAMENTO DA ADUA
Prezados Senhores Diretores da ADUA,
Dirijo-me a vossas senhorias para expressar meu veemente protesto contra a forma com foi publicada a matéria intitulada “Irregularidades CGU aponta 33 falhas em procedimentos da UFAM” no JORNAL DA ADUA, no. 51, de fevereiro de 2013.
Trata-se de matéria maculada por declarações infundadas. Além disso, sob a forma de notícia, o texto é, na verdade, um material de publicidade eleitoral travestido dos acessórios de seriedade que lhe são dados pela credibilidade da ADUA e de seu veículo de comunicação, construída ao longo de décadas por nossa categoria docente.
A referida “matéria” consiste tão somente em uma suposta análise de um “especialista” do qual se identificam as qualificações acadêmicas, mas ocultam-se as suas conhecidas ações em favor da candidatura do Professor Dr. Sylvio Puga.
Cada um de nós, associados, dirigentes ou não da ADUA, temos o dever de declarar e manifestar publicamente nossas escolhas nesse processo eleitoral a fim que os atos cometidos na esfera política sejam públicos. O que é um requisito essencial para a vida democrática.
Não foi o caso da matéria acima cogitada. Como se trata de texto não assinado, a responsabilidade de seu conteúdo recai integralmente sobre os ombros da Diretoria da ADUA.
Ora, gostaria de interrogar os senhores Diretores de nossa querida Associação se, em seu perfeito juízo, estão de acordo com aquelas declarações. Se os mesmo têm CORAGEM de levá-las diante de um tribunal?
Pergunto se, no tribunal de suas consciências, tais declarações têm alguma consistência?
O Jornal da ADUA, pelo que sei, é editado por uma equipe de jornalistas. Gostaria de perguntar a eles se a referida “reportagem” interrogou os dirigentes da UFAM sobre as supostas notícias da CGU? No que consta, para o público, uma “verdade” veio à luz. Ainda que possamos mostrar ou retificar a falta de fundamento de tal informação, o desastre já alcançou seus resultados.
Quais são tais resultados?
1.       Como ninguém engana o público, tornou-se claro, com essa “matéria”, que  a ADUA está sendo utilizada como aparelho para beneficiar uma candidatura a reitor.
2.       A intriga, que tem vida própria, haverá de se espalhar e, com isso, não será a atual administração que receberá a infâmia, mas toda a UFAM, malhada por sua associação de docentes.
3.       A VERDADE tornou-se vítima de um grave atentado a sua integridade factual e espiritual em um ambiente cujos habitantes supostamente são seus guardiães.
Justifico minha veemência, apesar de que isso não seja necessário, por motivos óbvios.
Aqui não venho em defesa de uma candidatura, mas em defesa da ADUA, nossa ADUA VELHA DE GUERRA. Tenho orgulho de ter cerrado fileiras junto aos companheiros em defesa de nossas causas históricas. O legado de seriedade e credibilidade de nossa Associação não pode ser jogado fora. No entanto, esse é o risco que corremos ao permitir que aquele ato infame tenha sido cometido.
Por isso, estou interpelando vocês, meus queridos amigos, a providenciarem uma rigorosa investigação da pertinência daquelas declarações, a abrir o espaço do Jornal da ADUA para o contraditório. Caso sejam provadas tais irregularidades, serei o primeiro a exigir que elas sejam corrigidas, que sejam advertidos ou punidos os responsáveis por seu cometimento.
Advirto, porém, que não será possível apagar a leviandade com que foi publicada a referida reportagem, pela falta do contraditório e pelo uso eleitoral de uma informação enviesada.
Com renovada amizade, reitero meu compromisso com nossas lutas históricas.
Atenciosamente,
Professor Dr. Nelson Matos de Noronha

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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