Não
sei se trata de ingenuidade ou uma visão extremamente equivocada da realidade,
mas, os burocratas de Brasília, ao lançarem uma política pública, parecem
imaginar que a adesão será ampla, total e irrestrita em todas as universidades
públicas brasileiras. Promover a inclusão de pretos, índios e estudantes
oriundos nas escolas públicas nas universidades brasileiras não é algo que se
consiga apenas por decreto. A reação negativa enfrentada pela política de cotas
nas universidades brasileiras não parte apenas dos estudantes, que se
consideram prejudicados, mas também, de parte dos professores e professoras.
Há, inclusive, uma reação silenciosa, porém, manifesta por meio de políticos e
de pessoas ligadas à mídia, das escolas particulares. Isso porque, na visão dos
empresários dos negócios educacionais, ao limitar o ingresso de estudantes das
articulares nas universidades públicas, o Governo ataca o filão desses
empresários prestadores de serviços educacionais, representado, nas
universidades, pelas mesmas pessoas que reagem ferozmente em relação as
estudantes cotistas. Aparentemente os técnicos do Governo Federal não
perceberam que se trata de um problema muito mais complexo, portanto, mais
grave, do que se nos apresenta. Inegavelmente, uma política de ações
afirmativas é essencial nas universidades brasileiras. Ao que parece, no
entanto, não se pode resumir meramente à abertura de vagas, por meio de cotas,
levando-se em conta apenas o local de formação (a escola) e a cor da pele.
Deverasmente mais complexo, o problema tem inúmeras angulações que foram
deixadas de lado e, agora, estouram nas mãos dos reitores (e reitoras) como uma
bomba de efeito retardado. Como bem-frisou a Reitora licenciada da Universidade
Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Perales Mendes Silva, não se pode permitir
que haja uma divisão entre cotistas e não cotistas. Esse será o maior desafio
dos gestores das universidades brasileiras: não deixar que se crie essa espécie
de apartheid acadêmico.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
Visite
também o Blog Gilson Monteiro Em Toques
e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou
encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.