Sou
daqueles que não acredita que a avaliação ideal exista. E, se existe, está
ligada a metas e objetivos, geralmente numéricos, portanto, na linguagem
popular acadêmica, produtivista. O Movimento contra a Ciência Produtivista não
ocorre só no Brasil. Aliás, iniciou-se na Alemanha, é chamado de "slow
science", e prega que os cientistas precisam ter mais tempo para
pesquisar. É algo como se fosse uma ciência desacelerada. O Prêmio
Nobel de Física de 2013, Peter Higgs, é um clássico exemplo de que, se os
moldes atuais de se avaliar a produção científica fossem tão exatos (e
corretos) como dois mais dois são quatro, estaria fora de qualquer curso de
Pós-graduação das universidades brasileiras. O que não se pode esquecer é que a
avaliação, como a Educação, são processos que possuem metas. Sem contar que medição
não é avaliação. A medição deveria ser, na prática, um dos componentes da
avaliação. No Brasil, e em boa parte do mundo, a parte, medição, transformou-se
no todo, avaliação. A avaliação ideal, portanto, não passa de um ideal. Na
prática, é pouco provável que exista. Vejamos o próprio caso de Peter Higgs.
Ele previu, em 1964, há 49 anos, portanto, o chamado "Bosão de Higgs".
Era uma teoria de que partículas fundamentais seriam as responsáveis pelo mundo
e suas interações. Somente em 2012 se descobriu a existência de partículas com
as mesmas características propostas por ele. Quem de nós, em são consciência,
apostaria quantias astronômicas em uma ideia que, depois de quase 50 anos se
transformou em realidade? Não se pode encarar o investimento público em
pesquisa como recursos a fundo perdido. Parâmetros mínimos devem ser exigidos
sim. Porque acionista não tem bola de cristal. E o povo é o principal
acionista, o dono dos recursos públicos. Higgs é único. O que se precisa
discutir como pano de fundo de toda a questão é: há recursos públicos infinitos
para a pesquisa? A universidade, por ser pública, é um templo de iluminados que
podem, ou não, passar a vida inteira dedicados a uma ideia a espera de que,
dela, surja um Prêmio Nobel? Gênios são gênios. E devem ser tratados como tais.
Um sistema de Ciência e Tecnologia, porém, não possui Orçamento ad infinitum.
Há que se ter um processo de avaliação. Sem esquecer, porém, que a avaliação
ideal não passa de um ideal. Logo, o próprio processo de avaliação deve ser
permanentemente avaliado e não apenas medido.
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